SALMO 144


Embora este salmo seja até certo ponto muito semelhante ao Sl 18.1-50, ao mesmo tempo é um cântico novo e sua última parte é bem nova. Que o leitor o aceite como um novo salmo, e não como mera variação de um salmo antigo, ou como duas composições mal unidas. É verdade que seria uma composição completa se o trecho do Sl 144.12-15 fosse eliminado; mas há outras partes dos poemas de Davi que poderiam ser igualmente completos em si no caso de certos versículos serem omitidos; e o mesmo pode ser dito sobre muitos sonetos pouco inspirados. Não se pode concluir, portanto, que a parte final foi acrescentada por outra mão, nem mesmo que a parte final foi fragmento do mesmo autor, acrescentado ao primeiro cântico meramente para preservá-la. Parece-nos bastante provável que o salmista, lembrando-se de que tinha antes caminhado pelo mesmo terreno, sentiu sua mente despertar por um novo pensamento, e que o Espírito Santo usou essa sua disposição para altos propósitos. Certamente o adendo é digno do maior dos poetas hebreus, e é tão admirável na linguagem, e tão cheio de belas imagens, que pessoas de bom gosto que nem tinham sobrecarga de reverência o têm citado vezes sem conta, confessando assim sua excelência poética singular. Para nós, o salmo todo parece estar perfeito como ficou, portanto, consideramos um vandalismo literário, e um crime espiritual, alterar qualquer uma de suas partes.


TÍTULO
Seu título é "davídico" ou "de Davi". A linguagem é de Davi, se é que a língua pode pertencer a alguma pessoa. Tão certamente como podemos dizer de qualquer poesia, este é de Milton, ou de Shakespeare, podemos dizer, este é de Davi. Nada, a não ser a enfermidade que fecha o olho ao fato manifesto e o abre à imaginação, poderia ter levado críticos a atribuir este canto a qualquer pessoa que não fosse Davi. Alexander o diz bem: "A origem davídica deste salmo é tão marcante quanto a de qualquer um do Saltério".


É a Deus que o guerreiro devoto canta quando ele o exalta como sendo sua força e esteio (Sl 144.1-2). Ao homem ele dá pouco valor, e admira a consideração que o Senhor lhe atribui (Sl 144.3-4); mas ele se volta em sua hora de conflito ao Senhor, que declara ser "um homem de guerra", cuja interposição triunfal ele implora (Sl 144.5-8). Ele exalta e implora novamente em Sl 144.9-11 e então termina com um retrato deleitoso da obra do Senhor em favor de seu povo escolhido, que é parabenizado por ter um Deus como ele para ser o seu Deus.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1.
1. Duas coisas são necessárias em nossa guerra santa - força e habilidade; para as mãos e os dedos, para o difícil e o delicado.
2. De que modo Deus nos fornece ambos. Ele é o primeiro, e ensina o outro. O conceder e instruir. O ensinamento vem por iluminação, experiência, direção clara.
VERS. 1. Coisas que não devem ser esquecidas pelo soldado cristão.
1. A fonte verdadeira de sua força: "O Senhor é a minha rocha", a minha força. Se isso for lembrado:
(a) Ele não confiará na individualidade.
(b) Nunca lhe faltará coragem.
(c) Ele sempre esperará vitória.
(d) Nunca sairá derrotado do conflito.
2. Sua constante necessidade de instrução, e o mestre nunca se esquece dele."Que treina minhas mãos". Se lembrado:
(a) Ele se vestirá com a armadura providenciada e recomendada por Deus.
(b) Escolherá para ser sua arma a espada do Espírito.
(c) Estudará o manual divinamente dado de táticas e disciplina militares, para que possa aprender.
(1) As estratégias do inimigo;
(2) Os métodos de ataque e defesa;
(3) Como se conduzir no meio da batalha.
(d) Ele esperará no Senhor por entendimento.
3. O louvor devido a Deus, tanto por vitórias ganhas como habilidades demonstradas: "Bendito seja". Se lembrado:
(a) Ele mostrará suas honras humildemente.
(b) Glorificará a honra de seu rei.
(c) Provará duas vezes as doçuras da vitória na felicidade da gratidão (J. F.).


VERS. 2. Flores duplas.
1. O bem preservado do mal: "misericórdia" (Heb., ARA) ["meu aliado fiel" (NVI)], e "fortaleza".
2. Segurança estendida em liberdade: "torre", "libertador".
3. Seguridade acompanhada de descanso: "escudo, em quem me refugio".
4. Suficiência para manter a superioridade: "Subjuga a mim os povos". Ver Deus como operando tudo.
VERS. 2. Um grupo de títulos. Observe:
1. Em primeiro lugar: "Bondade." Heb. "Misericórdia."
(a) É certo e natural que um pecador salvo valorize muito a "miseri-córdia" e a coloque em primeiro plano.
(b) Misericórdia é a base e a razão dos outros títulos dados. Pois seja o que Deus for para nós, é uma manifestação especial de sua misericórdia.
(c) É bom ver um crente maduro na experiência fazer da misericórdia a nota que lidera seu canto de louvor.
2. E por último: "Aquele em quem me refugio". Sugere:
(a) Que o que Deus é o faz digno de confiança.
(b) Que meditar em quem ele é fortalece nossa confiança.
3. Que força peculiar a palavra "meu" dá a cada um (cinco vezes no versículo). Torna cada expressão:
(a) Um registro de experiência.
(b) Uma atribuição de louvor.
(c) Um abençoado motivo de orgulho.
(d) Um incentivo, suficiente para fazer com que outros anseiem o mesmo (J. F.).


VERS. 3. Uma nota de interrogação, exclamação e admiração.
VERS. 3. A pergunta.
1. Nega qualquer direito do homem de reclamar a estima de Deus.
2. Afirma a grande honra que Deus colocou sobre ele assim mesmo.
3. Sugere que a verdadeira razão do tratamento generoso de Deus é a afabilidade do seu grande coração.
4. Subentende a conveniência de gratidão e humildade para com ele.
5. Incentiva os mais indignos a depositarem sua confiança em Deus (J. F.).
VERS. 3.
1. O que era o homem quando veio das mãos de seu Criador?
(a) Racional.
(b) Responsável.
(c) Imortal.
(d) Santo e feliz.
2. O que é o homem em sua atual condição?
(a) Decaído.
(b) Culpado.
(c) Pecador.
(d) Infeliz e impotente em sua miséria.
3. O que é o homem quando ele acreditava em Cristo?
(a) Restaurado por um relacionamento correto com Deus.
(b) Restaurado por uma disposição correta para com Deus.
(c) Goza as influências do Espírito Santo.
(d) Está em processo de preparação para o mundo celestial.
4. O que o homem será quando for admitido no céu?
(a) Livre de pecado e tristeza.
(b) Elevado à perfeição de sua natureza.
(c) Associado aos anjos.
(d) Próximo de seu Salvador e seu Deus (George Brooks).
VERS. 3. O homem indigno é muito considerado pelo poderoso Deus (Ebenezer Erskine).
VERS. 3. É uma maravilha acima de todas as maravilhas, que o grande Deus dê tanto valor a algo como o homem.
1. Isso aparecerá se você considerar que grande Deus o Senhor é.
2. Que pobre coisa o homem é.
3. Em que grande estima o grande Deus tem esta pobre coisa, o homem (Joseph Alleine).


VERS. 4. Ele não é nada, ele tem planos de ser algo, ele logo se vai, ele termina em nada quanto a esta vida; contudo há uma luz em algum lugar.
VERS. 4. O mundo das sombras.
1. Nossa vida é como sombras.
2. Mas a luz de Deus ilumina essas sombras. Nosso ser está em Deus. A brevidade e mistério da vida fazem parte da providência.
3. O destino das sombras; noite eterna; ou luz eterna (W. B. H.).
VERS. 4. A brevidade de nossa vida terrena.
1. Um assunto proveitoso para meditação.
2. Uma censura para aqueles que providenciam apenas para esta vida.
3. Um chamado de trombeta para preparar-se para a eternidade.
4. Um incentivo para que o cristão aproveite esta vida para a glória de Deus (J. F.).


VERS. 5. Condescendência, visitação, contato e conflagração.


VERS. 7-8, 11. Repetições, não vãs. Repetições na oração são vãs quando resultam de aparência, de não pensar nas palavras, ou de superstição; mas não, por exemplo:
1. Quando são expressão de fervor genuíno.
2. Quando o perigo contra o qual se ora é iminente.
3. Quando o temor que motiva a oração é urgente.
4. Quando a repetição é motivada por um novo motivo, Sl 144.7-8; pela condescendência de Deus, Sl 144.3, 11; pelo livramento anterior de Deus, Sl 144.10; e pelos resultados que fluirão da resposta, Sl 144.12-14 (C. A. D.).


VERS. 8. O que é ter "uma mão direita de falsidade" (ARA), isto é, "lábios mentirosos"(NVI)? Pergunte ao hipócrita, ao intrigante, ao homem de doutrina falsa, ao vangloriador, ao difamador, ao homem que esquece o que promete, ao apóstata.


VERS. 9. Para o ouvido de Deus.
1. O cantor. Um coração agradecido.
2. A canção. Cheia de louvor. Nova.
3. O acompanhamento: O "saltério", instrumento antigo, ajuda na devoção. Dê a Deus o melhor.
4. O ouvinte e objeto do louvor: "A ti, ó Deus" (W. B. H.).


VERS. 11. Pessoas de quem é uma bênção escapar: aqueles que são opostos, não querem saber de Deus, vãos na conversa, falsos na ação.


VERS.s 11-12. A natureza e a necessidade da piedade cedo na vida. Um sermão pregado a uma sociedade de jovens (Robert Robertson).


VERS. 12. A mocidade assistida com desenvolvimento, estabilidade, capacidade de ser útil e saúde espiritual.
VERS. 12 (primeira cláusula). Para moços. Considerem:
1. O que é desejado a seu favor: "Serão como plantas".
(a) Para que sejam respeitados e valorizados.
(b) Para que vocês tenham princípios e virtudes estabelecidos. As plantas não são sopradas para lá e para cá.
(c) Para que vocês sejam vigorosos e fortes em força moral.
2. O que é exigido de sua parte para a realização deste desejo.
(a) Um bom enraizamento em Cristo.
(b) Constante nutrimento vindo da palavra de Deus.
(c) Os orvalhos da divina graça obtidos através de oração.
(d) Uma tendência decidida no seu interior para corresponder ao propósito apontado por Deus para sua existência (J. F.).
VERS. 12 (segunda cláusula). Para moças. Considerem:
1. A posição importante que podem ocupar na estrutura social: "Como pedras angulares... colunas de palácio".
(a) O tom moral e religioso da sociedade é determinado mais pelo caráter e influência delas do que pelo dos homens.
(b) A natureza da vida do lar será um reflexo de sua conduta e caráter, como filhas, irmãs ou esposas.
(c) A modelagem do caráter da próxima geração, lembrem-se, começa com a influência da mãe.
(d) Que esses fatos pesem em vocês como motivação para buscar a graça de Deus, sem a qual vocês nunca poderão cumprir sua missão dignamente.
2. A beleza que deve pertencer-lhes em sua posição, para ornar. "Esculpidas para ornar".
(a) Pureza de coração: "A filha do Rei é gloriosa no seu interior".
(b) Uma conduta nobre e modesta: "ouro puro", não imitação; ouro verdadeiro.
(c) Conduta graciosa e gentil.
3. Como se obtém tanto a posição certa quanto a beleza certa.
(a) Rendendo-se a Deus.
(b) Por Cristo habitar seu coração.
(c) Tornando-se pedras vivas e polidas sob a feitura do Espírito Santo (J. F.).


VERS. 14. Uma oração por nossos ministros, e pela segurança, unidade e felicidade da igreja.
VERS. 14. A Igreja próspera. Ali:
1. O trabalho é feito com alegria.
2. O inimigo é conservado fora de sua entrada.
3. Há pouca ou nenhuma desistência, saídas.
4. Fé e contentamento silenciam queixa.
5. Orem para que tal possa ser o nosso caso como igreja (W. B. H.).


VERS. 15. A felicidade peculiar daqueles cujo Deus é o Senhor.