SALMO 133


TÍTULO
Um cântico de degraus de Davi. Não vemos razão nenhuma de privar Davi da autoria desse soneto brilhante. Ele conhecia por experiência a amargura causada por divisões em famílias, e estava bem preparado para celebrar em finíssima salmodia a bênção da unidade pela qual suspirava. Dentre os "cânticos de peregrinação" este hino certamente chegou a um ótimo nível, e mesmo na literatura comum é citado com freqüência pelo seu perfume e orvalho. Neste salmo não há nenhuma palavra amarga, tudo é "doçura e luz" - uma elevação notável em contraste com o salmo 110 com o qual os peregrinos partiram. Aquele era cheio de guerra e lamentação, mas este canta a paz e a suavidade. Os visitantes a Sião estavam prestes a retornar, e este pode ter sido seu hino de júbilo por terem visto tanta união entre as tribos que se reuniram no altar que tinham em comum. O salmo anterior, que canta a aliança, também havia revelado o centro da unidade de Israel no ungido do Senhor e promessas feitas a ele. Não é de admirar que os irmãos habitem em união quando Deus habita no meio deles, e encontra neles o seu repouso. Nossos tradutores têm dado a este salmo um cabeçalho admirável: "O benefício da comunhão dos santos". Esses homens excelentes muitas vezes acertam o sentido de um texto em poucas palavras.


DICAS PARA O PREGADOR

VERS. 1. Unidade cristã.
1. Suas admiráveis excelências.
2. Os sinais de sua existência.
3. As causas de seu enfraquecimento.
4. Os meios de sua renovação.


VERS. 2. Contempla-se aqui os santos.
1. Na sua fraternidade
2. Em seu acordo.
3. Em sua felicidade (W. J.).


VERS. 1-3. Seis bênçãos que convivem com a unidade.
1. Bondade.
2. Prazer.
3. Unção.
4. Orvalho.
5. A bênção de Deus.
6. A vida eterna.
VERS. 1-3.
1. A contemplação: irmãos convivendo juntos em união.
(a) Em uma família.
(b) Em uma igreja cristã.
(c) Irmãos da mesma denominação.
(d) De diferentes denominações.
2. É recomendado
(a) Literalmente: "bom e agradável"
(b) Figurativamente: tão perfumoso como o ungir sacerdotal; frutuo-so como o orvalho no Hermom.
(c) Espiritualmente, tem uma bênção de Deus, que dá vida, e continua para sempre! (G. R.).
VERS. 1-3. Sobre cristãos habitarem juntos numa unidade como igreja.
1. A justeza disso, em razão do relacionamento fraterno: "os irmãos convivem". A irmandade cristã é tão singular, sagrada e duradoura, que uma falta de unidade depõe muito. São irmãos.
(a) Porque nasceram de Deus, que é "o Deus de paz". Sua vindicação de serem irmãos é dependente de eles serem semelhantes a ele: Mt 5.9.
(b) Porque são unidos a Cristo, que como irmão maior deseja unidade: Jo 17.20. Não buscar isso é virtualmente repudiá-lo.
(c) Porque "por um Espírito todos nós fomos batizados em um só corpo" (1Co 12.13), no qual a unidade precisa ser conservada: Ef. 4.3.
(d) Por sermos destinados a "habitar juntos em unidade" para sempre no céu; portanto devemos ter este alvo aqui.
2. Sua excelência singular: é tanto "boa como agradável".
(a) Faz bem em relação ao trabalho e à influência da igreja; à mútua edificação e crescimento na graça (2Co 13.11); ao sucesso na oração (Mt 18.19); à recomendação do evangelho a outras pessoas.
(b) É agradável como geradora de felicidade: que agrada a Deus.
3. Sua promoção e manutenção.
(a) Buscar a glória de Deus une; é o oposto de honrar a si mesmo, que divide.
(b) Amor a Cristo, como sendo poder que constrange, une cada um ao outro à medida que une todos bem perto de Cristo.
(c) Atividade em ministrar a outros, em vez de desejar que outros lhe ministrem: isso une um coração a outro (J. F.).


VERS. 2. Deve ter havido uma razão especial pela qual um ungir sacerdotal tenha sido escolhido para esta comparação, e pela qual a de Aarão, em vez de qualquer outro dos sacerdotes. São estes os motivos:
1. O ungüento era "santo", preparado de acordo com a receita divina: Êx 30.23-25. A união da igreja é sagrada. Precisa surgir do amor ordenado por Deus; ser baseado nos princípios prescritos por Deus; e existir para os fins determinados por Deus.
2. A unção era de Deus através de Moisés, que atuou por parte de Deus na matéria. A unidade da Igreja é do Espírito Santo (1Co 13.13), através de Jesus como mediador. Portanto deve-se orar por ela, e com gratidão reconhecê-la.
3. Pela unção, Aarão se tornava consagrado, e oficialmente qualificado para agir como sacerdote. Pela unidade, a Igreja, como um todo, vive sua vida de consagração, e ministra efetivamente no sacerdócio que lhe foi determinado.
4. O óleo era difusivo; não ficava na cabeça de Aarão, mas descia até as saias de suas vestes. A unidade, no passar do tempo, vai passando de algumas poucas pessoas, a todos, especialmente a todos os líderes de uma igreja e para o restante de seus membros. Portanto, é uma questão pessoal. Cada um deve reconhecê-la, e por meio de amor e conduta sábia difundi-la (J. F.).


VERS. 2-3. O amor cristão espalha bênçãos ao descer: "desce pela barba", "desce o orvalho sobre os montes" .
1. Deus a seus santos.
2. De um santo a outro.
3. De santo ao pecador.


VERS. 3. O lugar escolhido para bênção. Uma igreja; uma igreja unida, uma igreja molhada com orvalho do Espírito. Que bênção para o mundo que há um lugar ordenado para a bênção!
VERS. 3 (primeira cláusula). Esta deve ser colocada: "Como o orvalho de Hermom, que desce sobre as montanhas de Sião". Das neves sobre o alto Hermon, a umidade levantada pelo sol é carregada pelo vento, na forma de vapor, para as menores elevações de Sião, sobre o qual ela cai como um orvalho abundante. Portanto, acordo cristão na comunhão da igreja:
1. Não despreza os pequenos, isto é, os fracos, pobres e menos dotados. A comunhão fraterna:
(a) Reconhece que Deus é o Pai, e Cristo é o Redentor de todos os crentes igualmente.
(b) Reconhece a unidade na fé como sendo a verdadeira base de comunhão, não riqueza, posição social ou talento.
(c) Crê que o menor membro é essencial ao completamento do corpo de Cristo.
(d) Reconhece que tudo que faz a pessoa de alguma maneira superior a outra é dom de Deus.
2. Distribui de sua abundância para os necessitados: At 4.32-37.
(a) Os ricos para os pobres: 1Jo 3.17.
(b) Os sábios para os ignorantes.
(c) Os alegres para os entristecidos.
(d) Os firmes para os errados: Tg 5.19.
3. Mostra mais o seu valor por generosidade amorosa, do que por uma aparência "chamativa" diante do mundo. Como o Monte Hermom, era mais valiosa para Sião pelo seu orvalho do que por seu embelezamento do cenário.
(a) Uma atividade generosa demonstra e requer mais graça verdadeira do que uma arquitetura pomposa ou culto com ostentação.
(b) Através dela, a piedade floresce mais do que por uma prestigiada respeitabilidade. Sião era fertilizada pelo orvalho, não pela grandeza de Hermom.
(c) Com isso o coração de Cristo é tocado e o galardão assegurado: Mc 9.40, 42 (J. F.).
VERS. 3. A misericórdia é ordenada. Em outra parte a bondade é exercida, mas em Sião ela é ordenada.
1. Misericórdia ordenada subentende ser ela exercida necessariamente.
2. Misericórdia ordenada acompanha unidade ordenada.
3. Misericórdia ordenada assegura vida mais abundante, "vida para sempre" (W. B. H.).