SALMO 131


TÍTULO
Um cântico de peregrinação de Davi. É composto por Davi e sobre Davi: ele é o autor e o tema, e muitos incidentes de sua vida podem ser usados para ilustrá-lo. Comparando os salmos a gemas preciosas, este seria uma pérola: quanta beleza adornará o pescoço da paciência. É um dos salmos mais curtos de ler, porém um dos mais longos para aprender. Trata de uma criança nova, mas contém a experiência de um homem maduro em Cristo. Despretensão e humildade estão aqui unidas em um coração santificado, uma vontade submissa à mente de Deus, e uma esperança dirigida somente ao Senhor - feliz o homem que pode sem falsidade fazer uso dessas palavras como suas; porque ele tem em torno de si a imagem de seu Senhor, que disse: "Eu sou manso e humilde de coração". Este salmo supera todos os cantos de peregrinação que o precederam; pois formosura é um dos mais altos resultados da vida divina. Há também degraus nesse Canto de Passos em Ascensão: é uma escada curta, se contamos as palavras; contudo chega a uma grande elevação, alcançando desde a profunda humildade até a confiança fixada. Le Blanc opinou que este é um canto dos israelitas que retornaram da Babilônia com corações humildes, desmamados de seus ídolos. Em todo caso, depois de qualquer cativeiro, que seja esta a expressão de nossos corações.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Humildade.
1. Uma profissão de fé que deve convir para todo filho de Deus.
2. Uma profissão, contudo, que muitos filhos de Deus não podem fazer honestamente. Aponta-se a prevalência do orgulho e da ambição mesmo na igreja.
3. Uma profissão que só se justifica pela posse do espírito de Cristo. (Mt 11.29-30, Mt 18.1-5) (C. A. D.).


VERS. 2. De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. O original tem um pouco a forma de um juramento, e portanto nossos tradutores mostram grande sensatez em introduzir a expressão "de fato"; não é uma versão literal, mas dá o sentido corretamente. O salmista tinha mostrado seu melhor comportamento, e tinha suavizado a rusticidade de sua vontade; por um esforço santo ele dominou o próprio espírito, de modo que para com Deus ele não foi rebelde, assim como para com o homem ele não foi arrogante. Não é nada fácil aquietar-se: mais facilmente pode um homem acalmar o mar, ou governar o vento, ou amansar um tigre, do que aquietar-se. Somos clamorosos, inquietos, petulantes; e nada senão a graça pode nos aquietar sob aflições, irritações e desilusões. Como uma criança recém-amamentada por sua mãe. Ele tinha ficado tão quieto e contente como uma criança completamente recém-amamentada. Os orientais adiavam o tempo do desmame muito mais do que nós, e podemos concluir que o processo não é mais fácil por ser adiado. Por fim é preciso dizer um basta para o período de amamentação, e então começa uma batalha: é negado à criança seu consolo, e ela chora e se irrita, ou fica amuada. Está enfrentando sua primeira grande tristeza e está aflita. Mas o passar do tempo traz não só alívio, mas o fim do conflito; o menino logo está comendo à mesa com seus irmãos e nem deseja retornar àquela fonte que lhe sustentava a vida. Não está mais zangado com a mãe, mas procura o aconchego no seu colo. Para a criança desmamada sua mãe é seu consolo, embora lhe tenha negado consolo.
"Minha alma. como a criança desmamada, descansa.
Eu paro de chorar.
Assim o colo da mãe, mesmo seco o seu peito
Pode embalar."
É bênção, um marco de crescimento, de sair da infância espiritual, quando podemos sacrificar as alegrias que um dia pareciam essenciais, e achar consolo naquele que as nega: isso é maturidade, e toda reclamação infantil se vai. Se o Senhor tira nosso mais apreciado deleite, curvamo-nos à sua vontade sem um murmúrio; fazemos isso com o prazer que vem da humildade, o cabo que sustenta a flor em que desabrocha a paz.
Não é todo filho de Deus que é logo desmamado. Alguns são infantes quando já deveriam ser pais; outros são difíceis de desmamar, choram, brigam contra a disciplina do pai celeste. Quando nos achamos desmamados descobrimos, para tristeza nossa, que os velhos apetites estão mais machucados do que mortos. Com certeza centenas já cantaram este salmo muito antes de compreendê-lo. Benditas são aquelas aflições que subordinam nossos sentimentos, que nos desmamam da auto-suficiência, que nos ensinam a maturidade cristã, que nos ensinam a amar Deus não meramente quando ele nos consola, mas mesmo quando ele nos sujeita a provações. Tal desmame de si emana da humildade suave declarada no verso primeiro, e em parte explica a sua existência. Se o orgulho acabou, a submissão com certeza virá; e por outro lado, se o orgulho deve ser afugentado, o "eu" também precisa ser vencido.
VERS. 2. A alma é como uma criança desmamada:
1. Na conversão.
2. Na santificação, que é um contínuo desmame do mundo e do pecado.
3. Na perda de uma pessoa querida.
4. Em aflição de toda espécie.
5. Na morte (G.R.).
VERS. 2.
1. A alma precisa ser desmamada assim como o corpo.
(a) Primeiro ela é alimentada por outras pessoas.
(b) Depois é deixada com seus próprios recursos.
2. A alma é desmamada de uma coisa ao dar atenção a outra coisa:
(a) De coisas mundanas, a celestiais.
(b) De justiça própria, à justiça de outrem.
(c) De pecado, a santidade.
(d) Do mundo, a Cristo.
(e) De si, a Deus (G. R.).
VERS. 2.
1. Uma condição desejável: "Como uma criança desmamada".
2. Uma tarefa difícil - sujeitar e aquietar a si próprio.
3. Um resultado deleitoso: "De fato... sou como uma criança desmamada por sua mãe" (W. H. J. P.)
VERS. 2.
1. Desassossego de alma: fraco, desonroso, rebelde.
2. Governo da alma; o trono muitas vezes abdicado; Deus dá a cada um o cetro do governo próprio; necessário à vida bem-sucedida.
3. A alma quieta: sua doçura; seu poder. Vem, Espírito Santo, sopra sobre nós! (W. B. H.)
VERS. 2. Foi sermão de Spurgeon: "A criança desmamada".


VERS. 2-3. A criança desmamada esperando no Senhor.
1. O primeiro desmamar da alma, o grande evento da história de um homem.
2. A alegria no Senhor que surge em cada alma desmamada: "Minha alma é como uma criança recém-amamentada pela mãe; a minha alma é como essa criança; ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!"
3. O desmamar diário da alma ao longo da vida toda.
4. Os desejos sinceros e a obra frutífera de toda alma desmamada (A. Moody Stuart).


VERS. 3.
1. O incentivo para esperar em Deus.
(a) Como Deus da aliança, "o Deus de Israel".
(b) Como Deus guardador de alianças: "Desde agora".
2. O efeito dessa esperança.
(a) A humildade e a dependência no primeiro verso.
(b) O contentamento e desmame do segundo verso. Será que Israel seria assim humilde e obediente como uma criancinha? "Ponha a sua esperança no Senhor" (G. R.).
VERS. 3. Espere mais, espere sempre.
1. Pois o passado autoriza tal confiança.
2. Pois o presente exige tal confiança.
3. Pois o futuro justificará tal confiança (W. H. J. P.)