TÍTULO
Um cântico de peregrinação. É difícil
perceber qualquer ascensão do salmo para este, pois talvez os degraus
ou avanços estejam no próprio canto: é evidente que
ele se eleva rapidamente das profundezas da angústia às alturas
da afirmação. É bem apropriado vir logo depois do
129; quando superamos as aflições próprias da condição
humana, nos tornamos mais preparados para encontrar as tristezas mais profundas
próprias de nossos assuntos com Deus. Quem suportou os flagelos
dos maus treinou a paciência para ocupar-se dos procedimentos do
Senhor Santo. Chamamos este o SALMO DE PROFUNDIS: "Das profundezas"
é sua palavra-chave: daquelas profundezas nós clamamos, aguardamos,
vigiamos e esperamos. Neste salmo ouvimos a pérola da redenção,
Sl 130.7-8: quem sabe o doce cantor nunca teria encontrado algo de precioso
se não tivesse sido lançado nas profundezas. "As pérolas
se encontram bem no fundo".
DIVISÃO
Os primeiros dois versículos (Sl 130.1-2) revelam um desejo intenso;
e os dois seguintes são uma confissão humilde de arrependimento
e fé, Sl 130.3-4. Em Sl. 130.5-6 resolve-se aguardar em vigia; e
em Sl 130.7-8, tanto para si como para Israel a expectativa alegre encontra
expressão.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. A afirmação do crente experiente:
1. Eu clamei - isto é, eu orei sincera, constante e verdadeiramente.
2. Só clamei a ti. Nada poderia me atrair a outras confidências,
ou fazer-me perder a esperança em ti.
3. Clamei na aflição. No pior momento, tanto por aflição
temporal como espiritual, clamei das profundezas.
4. Portanto eu deduzo - que sou teu filho, não hipócrita,
não apóstata; e que tu me ouviste e me ouvirás sempre
e sempre.
VERS. 1.
1. O que deveremos entender por "as profundezas". Grande desalento
e aflição.
2. Como os homens entram nas "profundezas". Por pecado e falta
de fé.
3. Que fazem as almas clementes quando estão "nas profundezas".
Clamam ao Senhor.
4. Como o Senhor eleva almas em oração das "profundezas";
"Ele próprio redimirá", Sl 130.8 (W. H. J. P.).
VERS. 1.
1. Na fossa.
2. A estrela da manhã é vista: "Tu, ó Senhor".
3. A oração vai se elevando "das profundezas" (W.
B. H.).
VERS. 1-2.
1. As profundezas de onde pode se elevar a oração.
(a) De aflição.
(b) De convicção.
(c) De deserção.
3. A altura à qual pode se elevar.
(a) À audição de Deus.
(b) A uma audição paciente. "Ouve a minha voz".
(c) A uma audição atenciosa.
Ou:
1. Devemos orar em todos os tempos.
2. Devemos orar para que sejam ouvidas as nossas orações.
3. Devemos orar até sabermos que somos ouvidos.
4. Devemos orar com fé pois quando somos ouvidos teremos aquilo
que pedimos. "Aquilo que oraste a mim contra o Rei da Assíria
eu ouvi". Deus tinha ouvido. Era o suficiente. Houve a morte de Sena-queribe
e a derrota de seu exército (G. R.).
VERS. 1-2. Considere:
1. A condição do salmista na ótica de uma advertência.
Evidentemente, por pecado, ele chegou às profundezas; ver Sl 130.3-4.
Aprenda:
(a) A necessidade de vigilância por parte de todos.
(b) Que a apostasia irá causar, mais cedo ou mais tarde, grande
dificul-dade de alma.
2. Ele teria em alguma época continuado naquela condição,
na luz de um juízo Divino: "clamo" ("venho clamando").
Por certo seu primeiro clamor não lhe tinha trazido livramento.
(a) O reconhecimento do perdão é uma obra divina, que depende
do que apraz ao Senhor, Sl 85.8.
(b) Mas ele nem sempre perdoará ante a primeira súplica;
pois ele fará com que seu povo reverencie sua santidade, sinta a
amargura de pecar, aprenda a cautela.
3. A conduta da pessoa nessa condição, sob a luz de uma orientação.
Ela:
(a) Busca livramento só com Deus.
(b) Ela é intensamente sincera em sua solicitação:
"Eu clamo".
(c) É importuna em seu rogo: "Ouve, Senhor, a minha voz!"
(J. F.).
VERS. 2. A atenção de Deus para conosco - como ganhá-la.
1. Que nós clamemos o nome que exige atenção.
2. Que nós mesmos prestemos atenção à palavra
de Deus.
3. Que saibamos dar atenção sincera àquilo que pedimos,
e como pedimos.
4. Que vigiemos atentamente por uma resposta.
VERS. 2. Ouve, Senhor, a minha voz.
1. Embora seja débil por causa da distância - ouve-a.
2. Embora titubeante por causa de minha aflição - ouve-a.
3. Embora seja indigna por causa de minhas iniqüidades - ouve-a (W.
H. J. P.).
VERS. 3.
1. A suposição: "Se tu, Soberano Senhor, registrasses
os pecados".
(a) É bíblica.
(b) É lógica. Se Deus não é indiferente para
com os homens, ele deve observar seus pecados. Se ele é santo, precisa
manifestar indignação contra o pecado. Se ele é o
Criador da consciência, ele certamente precisa sustentar seu veredito
contra o pecado. Se ele não está totalmente do lado do pecado,
como pode ele não castigar os males e misérias que o pecado
tem causado?
2. A pergunta que isso sugere é: "Quem se manterá?"
É uma pergunta, que:
(a) não é difícil de responder.
(b) É de importância solene para todos.
(c) Que deve ser meditada seriamente, sem demora.
3. A possibilidade que sugere: "Se tu, Soberano Senhor". O "se"
sugere a possibilidade de que Deus poderá não registrar o
pecado. A possibilidade:
(a) É razoável, contanto que possa ser sem estrago para a
justiça de Deus; pois o Criador e Preservador dos homens não
pode se deleitar em condenar e punir.
(b) É uma realidade que honra a Deus, através do sangue de
Cristo, Rm 3.21-26.
(c) Torna-se uma certeza gloriosa na experiência de almas penitentes
e crentes (J. F.).
VERS. 3-4.
(a) A confissão. Ele não poderia ficar de pé.
(b) A confiança. "Há perdão".
(c) A conseqüência. "Para que sejas temido".
VERS. 3-4.
(a) A temível suposição
(b) A solene interrogação.
(c) A Divina consolação (W. J.).
VERS. 4. Perdão com Deus.
1. As provas disso.
(a) Declarações divinas.
(b) Convites e promessas, Is 1.18.
(c) A concessão de perdão tão eficazmente, a ponto
de dar segurança e alegria, 2Sm 12.13, Sl 32.5, Lc 7.47-8, 1Jo 2.12.
2. A razão disso.
(a) Na natureza de Deus há o desejo de perdoar; o dom de Cristo
é suficiente prova disso.
(b) Mas, o texto não fala tanto de um desejo, como afirma a existência
de um perdão estar "com" Deus, portanto pronto a ser dispensado.
O sangue de Cristo é a razão (Cl 1.14); por ele a disposição
de perdoar justamente se manifesta no ato de perdão: Rm 3.25-26.
(c) Portanto, o perdão para todos os que crêem é certeza:
Rm 3.25, 1Jo 2.1-2.
3. O resultado de sua realização: "Para que sejas temido":
com temor reverente e culto espiritual.
(a) A possibilidade de perdão gera, numa alma ansiosa, a verdadeira
penitência, como oposto do terror e do desespero.
(b) A esperança de recebê-lo gera busca sincera e espírito
de oração.
(c) Uma recepção crente dele dá paz e descanso, e,
ao suscitar amor agradecido, leva ao culto espiritual e serviço
filial (J. F.).
VERS. 4. Existe perdão.
1. É necessário.
2. Só Deus pode concedê-lo.
3. Pode ser recebido.
4. Podemos saber que o temos.
VERS. 4.
1. Um aviso que alegra demais: "Contigo está o perdão".
(a) É um fato certo.
(b) Um fato no tempo presente.
(c) Um fato que surge do próprio Deus.
(d) Um fato declarado em termos genéricos.
(e) Um fato a ser meditado com deleite.
2. Um plano muitíssimo admirável: "Para que sejas temido".
(a) Contrário ao abuso que dele se tem feito por rebeldes, frívolos
e procrastinadores.
(b) Muito diferente dos pretensos temores de legalistas.
(c) Nenhum perdão, nenhum temor de Deus - demônios, réprobos.
(d) Nenhum perdão, ninguém sobrevive para temê-lo.
(e) Mas os meios de perdão incentivam a fé, o arrependimento,
a oração; e o recebimento do perdão cria amor, sugere
obediência, inflama zelo.
VERS. 4. "Redenção plena" (Sermão de Spurgeon).
VERS. 4. Luz terna.
1. O anjo junto ao trono: "Perdão contigo".
2. A sombra que realça sua doce majestade: "Se", "Mas".
3. A homenagem que resulta de seu ministério é universal,
do mais alto ao menor (W. B. H.)
VERS. 5-6. Três posturas: a de aguardar, ter esperança, vigiar.
VERS. 5-6.
1. O pecador que procura.
2. O lamentador cristão.
3. O amoroso intercessor.
4. O trabalhador espiritual.
5. O crente moribundo (W. J.).
VERS. 5-6.
1. Devemos servir a Deus.
(a) Pela fé: "Na sua palavra ponho a minha esperança".
(b) Pela oração. A oração pode aguardar quando
tem uma promessa em que repousar.
2. Devemos servir a Deus: "Espero pelo Senhor". "Minha alma
espera pelo Senhor mais do que".
(a) Porque ele tem seu próprio tempo para dar.
(b) Porque vale a pena esperar pelo que ele oferece (G. R.).
VERS. 6. Mais do que eles.
1. Pela tristeza mais sombria que sua ausência causa.
2. Pelo mais rico esplendor que a luminosidade de sua vinda certamente
trará.
3. Pelo maior poder do amor que temos habitando em nós (W. B. H.).
VERS. 6.
1. Uma longa noite escura: O Senhor ausente.
2. Um vigia animado, esperançoso: Aguardando a volta do Senhor.
3. Uma manhã brilhante, abençoada: O tempo do aparecimento
do Senhor (W. H. J. P.).
VERS. 7. A graça redentora é a única esperança
dos mais santos (W. B. H.).
VERS. 7.
1. Uma exortação divina: "Que Israel ponha a sua esperança
no Senhor".
2. Um motivo espiritual: "pois no Senhor há misericórdia".
3. Uma promessa graciosa: "Ele remirá Israel de todas as suas
culpas" (J.C. Philpot).
VERS. 7-8. É sabedoria nossa cuidar de tratar pessoalmente com Deus.
1. O primeiro exercício da fé precisa ser crer no próprio
Senhor. Esta é a ordem natural, a ordem necessária, a mais
fácil, mais sábia e mais proveitosa. Comece onde tudo começa.
2. Exercícios de fé sobre outras coisas ainda precisam ser
relacionados ao Senhor. Amor leal e plena redenção há
"no Senhor".
3. Exercícios de fé, qualquer que seja o objetivo, precisam
todos repousar sobre ele. "Ele redimirá".
VERS. 8.
1. A Redenção: "De todas as iniqüidades".
2. O Redentor: "O Senhor". Ver Tt 2.14.
3. Os Redimidos: "Israel" (W. H. J. P).