SALMO 118


AUTOR E ASSUNTO
No livro Ed 3.10-11, nós lemos que "quando os construtores lançaram os alicerces do templo do Senhor, os sacerdotes, com suas vestes e suas trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, tomaram seus lugares para louvar o Senhor, conforme prescrito por Davi, rei de Israel. Com louvor e ações de graças, cantaram responsivamente ao Senhor; porque ele é bom, e seu amor a Israel dura para sempre. E todo o povo louvou o Senhor em alta voz, pois haviam sido lançados os alicerces do templo do Senhor". Ora, as palavras mencionadas em Esdras são a primeira e a última sentenças deste salmo, e nós concluímos, portanto, que o povo salmodiou todo este canto sublime, e mais ainda, que o uso desta composição em tais ocasiões foi ordenado por Davi, que concebemos ter sido seu autor. O próximo passo leva-nos a crer que ele é seu tema, pelo menos em algum grau; pois está claro que o escritor fala de si mesmo em primeiro lugar, embora possa não ter se limitado a todos os detalhes da própria experiência pessoal. Que o salmista tinha uma visão profética de nosso Senhor Jesus é muito manifesto; as freqüentes citações deste salmo no Novo Testamento não deixam nenhuma dúvida; mas ao mesmo tempo não podia ter sido tencionado que toda frase e sentença fosse lida em referência ao Messias, pois isso requer muita engenhosidade, e interpretações engenhosas dificilmente são verdadeiras. Certos expositores devotos já conseguiram torcer a expressão de Sl 118.17, "Não morrerei; mas vivo ficarei", para fazê-la aplicável ao nosso Senhor, que realmente morreu, e cuja glória é que ele morreu; mas não conseguimos dedicar nossa mente a cometer tal violência contra as palavras da Escritura Sagrada.


O salmo parece-nos descrever Davi ou algum outro homem de Deus que foi nomeado pela opção divina a um cargo alto e honrável em Israel. Este herói eleito viu-se rejeitado por seus amigos e compatriotas, e ao mesmo tempo sofreu violenta resistência de seus inimigos. Com fé em Deus, ele luta por seu espaço designado, e no tempo devido consegue obtê-lo de tal forma a demonstrar o poder e a bondade do Senhor. Ele então sobe à casa do Senhor para ofertar sacrifício e expressar sua gratidão pela divina interposição, todo o povo abençoando-o, e desejando-lhe abundante prosperidade. Este personagem heróico, que é difícil não crer que seja o próprio Davi, tipificou amplamente o nosso Senhor, mas não de forma tal que em todas as minúcias de suas lutas e orações devamos procurar paralelos. A sugestão de Alexander, de que quem fala é um indivíduo simbólico da nação, é bastante digna de atenção, mas não é incoerente com a idéia de que um líder pessoal possa ser pretendido, visto que aquilo que descreve o líder será em grande parte verdade com respeito aos seguidores. A experiência do líder é a dos membros, e pode-se falar de ambos em termos bastante iguais. Alexander acha que a libertação celebrada não pode ser identificada com nenhum incidente em particular, mas que é vê-lo como um canto nacional, adaptado igualmente para o surgimento de um herói selecionado e a edificação de um templo. Se uma nação é fundada de novo por um príncipe vitorioso, ou um templo fundado pela colocação de sua pedra fundamental num clima de alegria, o salmo é igualmente aplicável.


DIVISÃO
Propomos dividir este salmo assim: em Sl 118.1-4, os fiéis são chamados para magnificar o amor eterno do Senhor; em Sl 118.5-18, o salmista expõe a narrativa de sua experiência, e uma expressão de sua fé; em Sl 118.19-21, ele pede entrada na casa do Senhor, e começa o reconhecimento da salvação divina. Em Sl. 118.22-27, os sacerdotes e povo reconhecem quem os governa, engrandecem o Senhor por ele, declaram-no abençoado, e mandam que ele se aproxime do altar com seu sacrifício. Em Sl 118.28-29, o próprio herói agradecido exalta Deus, o eternamente misericordioso.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1-4.
1. O assunto dos cantos: "Dêem graças ao Senhor porque ele é bom".
2. O coro - "O seu amor dura para sempre".
3. O coro - "Que Israel diga"; "Os sacerdotes digam"; Os que temem o Senhor digam".
4. O ensaio - "Os que temem o Senhor digam" "agora" (KJV), para que estejam mais bem preparados para louvor universal no futuro.


VERS. 5.
1. O tempo para oração - "em angústia".
2. A resposta no tempo certo - "O Senhor me respondeu".
3. A resposta além do pedido - "dando-me ampla liberdade".


VERS. 6.
1. Quando pode um homem saber que Deus está a favor dele?
2. Que confiança pode gozar aquele homem que está seguro do auxílio divino?


VERS. 7.
1. O valor de amigos verdadeiros.
2. O valor maior de ajuda lá de cima.


VERS. 8-9. Melhor. É mais sábio, mais certo, moralmente mais direito, mais enobrecedor, mais feliz no resultado.


VERS. 10. Observe um raio de ação amplo e considere o que já foi feito, deve ser feito, e pode ser feito "em nome do Senhor".


VERS. 12.
1. As irritações inúmeras à fé.
2. Têm fim rápido.
3. A completa vitória da fé.


VERS. 13.
1. Nosso grande antagonista.
2. Seus ataques ferozes.
3. Seu objetivo evidente: "a minha queda".
4. Seu fracasso: "mas o Senhor me ajudou".


VERS. 14.
1. Força sob aflição.
2. Cântico na esperança de livramento.
3. Salvação, ou escape real de uma provação.


VERS. 15. A alegria de casas cristãs. É alegria na salvação: é expressa. - "A voz: ela permanece; "a voz é": ela é alegria na proteção e honra dada pela mão direita do Senhor.


VERS. 15-16.
1. Verdadeira alegria é especial aos justos.
2. Em seus tabernáculos: em seu estágio de peregrinação.
3. Para salvação: regozijo e salvação vão juntos.
4. De Deus: "a mão direita": três mãos direitas; tanto a salvação como a alegria são da mão do Pai e do Filho e do Espírito Santo; a mão direita de cada um age valorosamente (G. R.).


VERS. 17.
1. Homens bons muitas vezes estão em perigo especial: José no poço; Moisés no cesto de juncos, Jó no monturo, as fugas perigosas de Davi da mão de Saul, Paulo descido em um cesto; que cesto de frutos foi aquele! Quanto estava suspenso naquela corda! A salvação de inúmeros!
2. Homens bons muitas vezes têm um pressentimento de sua recupe-ração de perigo especial: "Eu não morrerei, mas viverei".
3. Homens bons têm um desejo especial pela preservação de suas vidas: "vivo ficarei para anunciar os feitos do Senhor" (G. R.).


VERS. 17, 19, 22. A vitória do Salvador ressurreto e suas conseqüências que alcançam longe.
1. A morte é vencida.
2. As portas da justiça são abertas.
3. A pedra fundamental da igreja é colocada (Deichert, no Comentário de Lange).


VERS. 18.
1. As aflições do povo de Deus são castigos: "O Senhor me castigou".
2. Aqueles castigos são muitas vezes severos: "castigou com severidade".
3. A severidade é limitada: "não me entregou à morte" (G. R.).


VERS. 19.
1. Acesso a Deus desejado.
2. Pedido humildemente: "Abram as portas para mim".
3. Ousadamente aceito: "quero entrar".
4. Agradecidamente apreciado: "para dar graças ao Senhor".


VERS. 22. Nestas palavras podemos notar os seguintes particulares:
1. A visão metafórica na qual a igreja é aqui representada, a saber, a de uma casa ou edifício.
2. O caráter que nosso Emanuel tem em relação a este edifício; ele é a pedra em uma maneira de eminência, sem a qual não pode haver prédio, nenhuma casa em que Deus habite entre os filhos dos homens.
3. O caráter dos homens empregados nesta estrutura espiritual; são chamados construtores.
4. Um erro fatal com que são criticados em construir a casa de Deus; eles recusam a pedra que Deus escolhe; não lhe permitem um lugar em sua própria casa.
5. Observe o lugar que Cristo deveria e deverá ter neste edifício, mesmo que os construtores façam o pior: ele é feito a pedra angular de esquina. As palavras que seguem imediatamente a isso declaram como isso é efetuado, e como os santos são afetados com a notícia de sua exaltação, não obstante a malícia do inferno e da terra: "Isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós" (Ebenezer Erskine).


VERS. 22-23.
1. O mistério declarado.
(a) Aquilo que é menos estimado pelos homens como meio de salvação é o mais estimado por Deus.
(b) Aquilo que é mais estimado por Deus quando conhecido é menos estimado pelo homem.
2. O mistério explicado. O caminho da salvação é coisa feita pelo Senhor, portanto é maravilhoso aos nossos olhos (G. R.).


VERS. 22-25.
1. Cristo rejeitado.
2. Cristo exaltado.
3. Sua exaltação é devida a Deus somente.
4. Sua exaltação começa uma nova era, uma nova época.
6. Sua exaltação sugere uma nova oração (Sermão de Spurgeon).


VERS. 24.
1. Falado como sendo:
(a) O dia do evangelho.
(b) O dia do sábado.
2. O que é dito sobre ele.
(a) É dado por Deus.
(b) Para ser alegremente recebido pelo homem (G. R.).


VERS. 25. O que é a prosperidade da igreja? De onde precisa vir? Como podemos obtê-la?
VERS. 25.
1. O objetivo da oração.
(a) Salvação do pecado.
(b) Prosperidade na justiça.
2. A sinceridade da oração. "Eu te imploro. Eu te imploro".
3. A urgência da oração: "agora - agora" - agora que as portas da justiça estão abertas, agora que a pedra de alicerce está colocada, agora que o dia do evangelho chegou - agora, Senhor! agora! (G. R.).


VERS. 27. "Amarre o sacrifício com cordas". [Segundo a tradução (KJV) de uma frase, lembrando o holocausto do templo de Jerusalém.] Devoção é a mãe, e ela tem quatro filhas.
1. Constância: "Amarre o sacrifício".
2. Fervor: Amarre-o "com cordas".
3. Sabedoria: Amarre-o "ao altar".
4. Confiança: Até as "pontas" do altar (Thomas Adams).
VERS. 27. Amarre o sacrifício com cordas.
1. O que é o sacrifício? Toda a nossa pessoa, todo talento, todo nosso tempo, propriedade, posição, mente, coração, temperamento, vida até o fim.
2. Por que isto precisa ser atado? É naturalmente irrequieto. Demoras longas, tentações, riqueza, status, desânimo, ceticismo, tudo tende a distanciá-lo do altar.
3. Ao quê está atado? À doutrina da expiação. A Jesus e sua obra. A Jesus e nosso trabalho.
4. Que são as cordas? São os nossos próprios votos. A necessidade das almas. Nossa alegria no trabalho. A grande recompensa. O amor de Cristo operando sobre nós pelo Espírito Santo.


VERS. 28.
1. O fato mais alegre de todo o mundo: "Tu és o meu Deus".
2. A forma correta em que apreciar isto: "Eu te exaltarei".
VERS. 28.
1. O efeito de Cristo ser sacrificado por nós: "Tu és o meu Deus".
2. O efeito de nós sermos oferecidos como um sacrifício aceitável a ele. "Eu te louvarei.. Eu te exaltarei".
Ou:
(a) A bênção da aliança: "Tu és meu Deus".
(b) A obrigação pactual: "Eu te louvarei" (G. R.).


VERS. 29.
1. O começo e o fim da salvação é misericórdia.
2. O começo e o fim de seus requisitos é ações de graças (G. R.).