SALMO 85


TÍTULO

Ao mestre da música. Um salmo para os filhos de Corá. Não há necessidade de repetir nossas observações sobre um título que ocorre tão freqüentemente; o leitor deve se reportar às anotações nos cabeçalhos de salmos anteriores. Contudo, podemos citar Ne 12.46: "Pois já outrora, nos dias de Davi e de Asafe, havia chefes dos cantores, cânticos de louvor e ações de graças a Deus."


OBJETIVO E OCASIÃO
O salmo é a oração de um patriota por seu país afligido, no qual ele pede as misericórdias anteriores do Senhor, e pela fé prevê dias mais claros. Cremos que Davi o escreveu, mas muitos questionam essa afirmação. Certos intérpretes parecem ter má vontade quanto a conceder que o salmista Davi seja autor de qualquer dos salmos, e se referem aos cantos sagrados indiscriminadamente aos tempos de Ezequias, Josias, o Cativeiro e os macabeus. Extraordinário é que, via de regra, quanto mais cético é um escritor, mais resoluto é ele concordar com Davi, enquanto os comentaristas puramente evangélicos, em sua maior parte, ficam contentes de deixar o poeta real na cátedra da autoria. Os encantos de uma nova teoria também operam grandemente por parte de escritores que nada teriam para dizer se não inventassem uma nova hipótese, e torcessem a linguagem do salmo a fim de justificá-la. O salmo presente tem sido, naturalmente, relacionado ao Cativeiro, pois os críticos não puderam resistir à tentação de fazer isso; embora, de nossa parte não vemos necessidade de fazê-lo. É verdade que um cativeiro é mencionado no Sl 85.1, mas isso não significa que a nação tenha sido levada ao exílio, visto que o cativeiro de Jó foi removido, e ele nunca saiu de sua terra natal; ademais, o texto fala do cativeiro de Jacó como terminado, ele trazido de volta; mas tivesse se referido à emigração babilônica, teria falado de Judá; porque Jacó ou Israel, como tal, não retornou. O primeiro versículo, ao falar da "terra" prova que o autor não era um exilado. Cremos, pessoalmente, que Davi escreveu esse hino nacional quando a terra esteve oprimida pelos filisteus, e no espírito de profecia ele predisse os anos de paz de seu próprio reinado e o repouso do governo de Salomão, o salmo tendo em todo o seu curso um sentido interno do qual Jesus e sua salvação são a chave. A presença de Jesus, o Salvador, reconcilia terra e céu, e nos assegura a idade de ouro, os balsâmicos dias de paz universal.


DIVISÃO
Em Sl 85.1-4, o poeta canta as misericórdias anteriores do Senhor e implora a ele que se lembre de seu povo; em Sl 85.5-7, ele pleiteia a causa do Israel afligido, e então, tendo escutado o oráculo sagrado em Sl 85.8, ele publica alegremente as notícias de um bom futuro, Sl 85.9-13.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Há:
1. Cativeiro.
(a) Do povo de Deus.
(b) Embora sejam povo de Deus.
(c) Porque são povo de Deus. Foste favorável à tua terra.
2. Restauração do cativeiro. Trouxeste restauração.
(a) O fato.
(b) O autor: Tu: por teu próprio poder; em tua própria maneira; em teu próprio tempo.
3. A causa da restauração; o favor de Deus: Tu tens sido favorável.
(a) Por causa de favor passado: "Foste".
(b) Por causa de favor em reserva.


VERS. 2.
1. Os objetos de perdão: Teu povo.
(a) Por escolha.
(b) Por redenção.
(c) Por chamada efetiva.
2. A hora de perdão: Perdoaste.
3. O método de perdão.
(a) Perdoado. Em hebraico, levado, a mesma palavra de Lv 16.22: "O bode levará consigo todas as iniqüidades deles".
(b) Coberto; como o propiciatório cobria a lei que tinha sido transgredida. IV. Até onde se estende o perdão: todos os seus pecados.


VERS. 3.
1. A linguagem da penitência. Está implícito aqui que a ira era:
(a) Grande.
(b) só tua ira.
2. A linguagem da fé.
(a) Na graça do perdão: (...) te afastaste da tua ira. Nós não podíamos, por nada que pudéssemos fazer ou sofrer.
(b) No método do perdão: Afastaste. Fizeste-o desviar. Afastaste-o de nós para nossa segurança.
3. A linguagem do louvor: Retiraste... afastaste... Por isso te louvamos.


VERS. 4.
1. Em que consiste a salvação.
(a) Da remoção da inimizade de Deus para conosco.
(b) Da remoção da nossa inimizade para com ele.
2. Por quem é realizada. Pelo Deus da salvação.
(a) Ele faz com que a ira dele para conosco cesse, e
(b) Nossa ira para com ele.
3. Como isso é obtido? Por oração: "Restaura-nos".


VERS. 6.
1. Restaurações deixam implícito declínio.
(a) Que existe graça para ser avivada.
(b) Que essa graça declinou.
2. Avivamentos são de Deus: Restaura-nos mais uma vez (v. 4).
3. Avivamentos são necessários freqüentemente. Não nos renovarás de novo?
4. Avivamentos são em resposta a oração: Não nos renovarás.
5. Avivamentos são ocasiões de grande júbilo.
(a) Para os santos.
(b) Em Deus.


VERS. 7.
1. Salvação é obra de Deus: Tua salvação.
(a) O plano é dele.
(b) A provisão é dele.
(c) A condição é dele.
(d) A aplicação é dele.
(e) A consumação é dele.
2. Salvação é doação de Deus.
(a) De sua misericórdia: Mostra-nos o teu amor.
(b) De sua graça: Concede-nos.
3. Salvação é a resposta de Deus à oração.
(a) É o primeiro alvo de oração.
(b) Inclui todos os demais.


VERS. 8.
1. Nós devemos procurar uma resposta à oração. Tendo falado com Deus, devemos ouvir o que ele tem a nos dizer em resposta:
(a) Em sua palavra.
(b) Em sua providência.
(c) Pelo seu Espírito em nossas próprias almas.
2. Devemos procurar uma resposta de paz: Ele pronunciará paz.
3. Devemos evitar tudo que poderia nos privar dessa paz: Não voltem eles à insensatez.
VERS. 8. Thomas Goodwin tem três sermões sobre este versículo. (Primeira cláusula), com o título de "A volta das orações". (Segunda cláusula), "Boas novas de paz". (Última cláusula), "A insensatez da reincidência depois de se ter alcançado a paz".
VERS. 8. (última cláusula). Não se devem ser insensato novamente.
1. Porque será um agravamento maior pecar. Foi mostrado como agravamento do pecado de Salomão (1Re 11.9) que "Deus lhe havia aparecido duas vezes".
2. A segunda razão é intimada na palavra tolice: como se o Senhor houvesse dito "Coloquem de lado a descortesia e injustiça que vocês fazem a mim; contudo vocês nisso enganam a si mesmos; caberá a vocês o pior disso" (T. Goodwin).


VERS. 10.
1. Os atributos demonstrados na salvação do homem.
(a) Misericórdia na promessa.
(b) Verdade em seu cumprimento.
(c) Justiça na maneira de seu cumprimento.
(d) Paz em seus resultados.
2. Esses atributos são harmonizados na salvação do homem.
(a) Como? Se encontrarão - se beijarão.
(b) Por quê? Cada um por causa de si mesmo. Todos eles, um por causa do outro.
(c) Onde? Encontrados e beijados
(1) No pacto.
(2) Na encarnação.
(3) Na cruz.
(4) Na conversão de cada pecador.
(5) No completamento dos santos no céu (G. R.).
VERS. 10. Em um sermão de R.W. Sibthorpe, o pregador:
1. Considera a harmonia das perfeições divinas na redenção de um pecador.
2. A sabedoria dos tratamentos divinos no chamado e direcionamento do crente; para que a misericórdia, verdade, cada um por sua vez se torne visível em nossa experiência.
3. A integralidade da imagem divina na alma santificada, de modo que o santo aperfeiçoado se encha de amor fiel e verdade, esteja pleno de paz, e tome a forma de seu Senhor justo e reto.


VERS. 12.
1. Todo bem espiritual vem de Deus: O Senhor trará bênçãos.
2. A sabedoria do trato divino na chamada e direcionamento do crente; para que a misericórdia, verdade se tornem por sua vez aparentes em nossa experiência.
3. O completamento da imagem divina na alma santificada, de forma que o santo aperfeiçoado abunde em misericórdia e verdade, seja cheio de paz e adquira a forma de seu justo Senhor.
VERS. 12.
1. Todo bem espiritual vem de Deus: O Senhor nos trará.
(a) O arrependimento é boa coisa? O Senhor dará arrependimento.
(b) O perdão é coisa boa? O Senhor.
(c) A fé é coisa boa?
(d) A justificação é coisa boa?
(e) A regeneração é coisa boa?
(f) O crescimento em graça é coisa boa?
(g) A preservação até o final é coisa boa?
(h) A glória eterna é coisa boa? O Senhor dará.
2. Todo bem temporal vem de Deus. Nossa terra.
(a) De uma forma legal nossa terra.
(b) No uso de meios designados: Dará a sua colheita.
(c) Na dependência da bênção divina. "Deus... dando-vos estações frutíferas" (At 14.17, ARA). O bem espiritual não é dado menos no uso dos meios designados (G. R.).
VERS. 12. A fertilidade de nossas esferas de trabalho é dom de Deus.


VERS. 13.
1. A justiça pela qual somos justificados precedeu em muito a nossa justificação: esta justiça veio antes.
2. Nossa justificação por aquela justiça precede a nossa santificação.
3. A justiça da santificação invariavelmente segue a da justificação (G. R.).