SALMO 51


TÍTULO
Ao mestre da música. Logo, não foi escrito apenas para meditação particular, mas para o culto público de cântico. Adequado para a solidão da penitência individual, este salmo ímpar é igualmente adaptável para uma assembléia dos pobres de espírito. Um salmo de Davi. É de se maravilhar, embora seja fato que haja quem negue a autoria de Davi para este salmo, mas suas objeções são frívolas, pois o salmo é Davi em tudo. Seria muito mais fácil imitar Milton, Shakespeare ou Tennyson, do que Davi. Seu estilo é totalmente sui generis, e tão facilmente distinguido como o toque de Rafael ou o colorido de Rubens. "Quando o profeta Natã veio falar com Davi, depois que este cometeu adultério com Bate-Seba." Quando a mensagem divina acordou sua consciência dormente e o fez ver a enormidade de sua culpa, ele escreveu este salmo. Ele tinha esquecido sua salmodia enquanto cedia à carne, mas voltou à sua harpa quando sua natureza espiritual foi despertada, e ele extravasava seu canto ao acompanhamento de suspiros e lágrimas. O grande pecado de Davi não é para ser desculpado, mas é bom lembrar que seu caso tem uma coleção excepcional de especialidades. Era um homem de paixões muito fortes, um soldado, e um monarca oriental que tinha poder de déspota! Nenhum outro rei de sua época teria sentido qualquer dor de consciência por agir da forma que ele agiu, e, portanto, não havia ao redor dele aquelas restrições de costume e a associação que, quando quebradas, deixam a ofensa tanto mais monstruosa. Ele nunca sugere nenhuma forma de atenuação, nem nós mencionamos esses fatos a fim de desculpar o seu pecado, que foi detestável no último grau, mas para deixar avisadas outras pessoas para que reflitam que a licenciosidade neles próprios hoje poderia ter maior culpa ainda do que no errar do rei de Israel. Quando nos lembramos de seu pecado, lembremo-nos mais de seu arrependimento, e da longa série de castigos que fizeram do prosseguimento de sua vida uma história tão lamentosa.


DIVISÃO
O mais simples será notar nos primeiros doze versículos as confissões do penitente e rogo por perdão, e depois nos últimos sete sua gratidão antecipada, e a maneira pela qual ele resolve demonstrá-la.


DICAS PARA O PREGADOR
Aparentemente, este salmo é tão cheio de sugestões para sermões que não procurei oferecer nenhuma outra, apenas inseri uma seleção de G. Rogers e outros.
VERS. 1.
1. A oração.
(a) Por misericórdia, não justiça. Misericórdia é o atributo do pecador--faz parte da natureza divina como a justiça. A possibilidade de pecado está subentendida em sua existência. A comissão real do pecado é sugerida em sua exposição.
(b) Para perdão, não meramente piedade, mas perdão.
2. A súplica.
(a) Pelo perdão de grandes pecados por causa de grandes misericórdias e amor.
(b) Muitos pecados por conta da multidão de misericórdias.
3. Pecados que merecem o inferno computados contra misericórdias ternas e amor fiel. Nós que temos pecados somos humanos, ele que perdoa é divino.

"Grandioso Deus, de natureza ilimitada,
que em perdão tua graça seja encontrada".


VERS. 3.
1. Confissão. "Pois eu mesmo reconheço".
2. Humilhação, não uma mera confissão com os lábios, mas sempre diante de mim - na culpa - aviltamento -, conseqüências nesta vida e além.


VERS. 3-4, 11-12, 17.
1. Estimativa bíblica do pecado.
(a) Responsabilidade pessoal - Meu pecado.
(b) Estimado como odioso a Deus - Contra ti.
(c) Pecado calculado como separação de Deus.
2. Restauração espiritual. Primeiro passo - sacrifício de um espírito quebrantado. Último passo - espírito livre, libertado (Thy free spirit, F. W. Robertson).


VERS. 7. Aqui há:
1. Fé no ato de uma expiação por pecado. "Ficarei limpo."
2. Fé no método de sua aplicação. "Limpa-me". Aspergido como o sangue dos sacrifícios.
3. Fé na sua eficácia. "Serei mais branco".


VERS. 10.
1. A mudança a ser efetuada.
(a) Um coração limpo.
(b) Um espírito estável, reto.
2. O poder pelo qual é efetuado.
(a) Um poder criativo, tal como aquele que criou o mundo no princípio.
(b) Um poder renovador, tal como o que continuamente renova a face da terra.
(c) A aquisição dessas bênçãos. A prece, "Cria".


VERS. 12-13. Um desejo tríplice.
1. Ser feliz - "Renove".
2. Ser coerente - "Sustente".
3. Ser útil - "Então ensinarei" (W. Jackson).


VERS. 13.
1. Não é nosso dever buscar a conversão de outros enquanto nós mesmos não somos convertidos.
2. Quanto maior prazer temos nos caminhos de Deus, tanto mais fiel e sinceramente nós os tornaremos conhecidos a outros.
3. Quanto mais fiel e sinceramente nós os tornamos conhecidos a outros, tanto mais eles serão influenciados por esses caminhos.


VERS. 15.
1. Confissão. Seus lábios são selados por causa de:
(a) sua queda - e bem poderiam estar.
(b) sua timidez natural.
(c) falta de zelo.
2. Petição, "Abre tu". Não meramente meu entendimento e coração, mas os "lábios".
3. Decisão. Então, ele falaria livremente em louvor de Deus.
VERS. 15.
1. Quando Deus não abre nossos lábios, é melhor nós os conservarmos fechados.
2. Quando ele os abre, não devemos fechá-los.
3. Quando ele abre os lábios não é para falar em nosso próprio louvor, e poucas vezes em louvor de outros, mas sempre em louvor dele próprio.
4. Devemos usar esta oração sempre que formos falar em nome dele: "Ó Senhor, abre".


VERS. 16-17.
1. Os homens fariam algo em prol de sua própria salvação alegremente, se pudessem: "Não te deleites" porque "se não eu os traria".
2. Tudo o que podem fazer de nada adianta. Todas as observâncias das igrejas judaicas ou gentias não podem conseguir perdão pela menor transgressão da lei moral.
3. A única oferta do homem que Deus não desprezará é um coração quebrantado e contristo.
4. Todas as outras exigências para a sua salvação Deus mesmo proverá.


VERS. 18.
1. Por quem a oração é oferecida - pela igreja ou por Sião?
(a) Depois de nosso próprio bem, devemos procurar o bem de Sião.
(b) Todos devem buscá-lo por meio de orações.
2. Pelo que a oração é oferecida?
(a) O tipo de bem, não terreno ou eclesiástico, mas sim espiritual.
(b) A medida do bem. "Por tua boa vontade". Teu prazer. Teu próprio amor pela igreja, e o que tu já tens feito em seu favor.
(c) A continuação do bem. "Ergue os muros". Suas doutrinas, graças, zelo.


VERS. 19.
1. Quando somos aceitos por Deus nossas ofertas são aceitas. "Então".
2. Devemos então fazer as mais ricas ofertas que estão em nosso poder, nosso tempo, talentos, influência.
(a) Obediência santa.
(b) Sacrifícios de si, não ofertas de metades, mas "ofertas queimadas" inteiras; não meras ovelhas, mas "novilhos".
(c) Zelo por ordenanças divinas. "Sobre o teu altar."
3. Deus se agradará de tais cultos. "Então te agradarás."
(a) Porque vêm de seus próprios redimidos.
(b) Porque são dados no nome do Redentor. Com tais sacrifícios, Deus se agrada muito.