TÍTULO
Salmo de Davi, quando ele mudou seu comportamento diante de Abimeleque,
que o mandou embora, e ele partiu. Dessa transação, que não
soma ponto positivo em nossa lembrança de Davi, nós temos
um relato breve em 1Sm 21.1-15. Embora a gratidão do salmista o
tenha feito registrar com reconhecimento a bondade do Senhor em lhe dar
um livramento que não merecia, ele não aborda nenhum dos
incidentes do escape para constar dessa narrativa, mas se fixa só
no grande fato de ter sido ouvido na hora do perigo. Com seu exemplo, podemos
aprender a não alardear nossos pecados diante de outros, como certos
vangloriosos confessores costumam fazer que parecem tão orgulhosos
de seus pecados como velhos pensionistas militares o são de suas
batalhas e suas cicatrizes. Davi fez o papel de louco com destreza singular,
mas não foi um tolo tão real que cantasse suas próprias
façanhas de tolice. No original, o título não nos
ensina que o salmista compôs este poema na ocasião em que
escapou de Aquis, o rei ou Abimeleque de Gate, mas que pretende comemorar
esse evento, e foi sugerido por ele. É bom marcar nossas misericórdias
com memoriais bem esculpidos. Deus merece o melhor de nossa arte criativa.
Davi, em vista do perigo especial do qual foi salvo, caprichou neste salmo
e o escreveu com considerável regularidade, quase de acordo perfeito
com as letras do alfabeto hebraico. Este é o segundo salmo que segue
a ordem alfabética; o salmo 25 foi o primeiro.
DIVISÃO
O salmo apresenta duas grandes divisões, no final de Sl 34.10, quando
o salmista, tendo expressado seu louvor a Deus, se volta em discurso direto
aos homens. Os primeiros dez versículos são um hino, e os
últimos doze um sermão. Para auxiliar o leitor podemos subdividi-lo
da seguinte forma: Em Sl 34.1-3, Davi professa bendizer ao Senhor, e convida
o louvor de outros; de Sl 34.4-7, ele relata sua experiência, e,
em Sl 34.8-10, ele exorta os piedosos à constância da fé.
Em 34.1-14, ele faz a exortação direta, e dá seguimento
com ensinos didáticos de Sl 34.15-22 até o final.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Decisão firme, dificuldades sérias para desempenhá-la,
ajuda para sua realização, excelentes conseqüências
de assim fazer. Seis perguntas: Quem? "Eu." O quê? "Bendirei."
A quem? "Ao Senhor." Quando? "Em todo o tempo." Como?
Por quê?
VERS. 1. Instrução para se fazer um céu aqui embaixo.
VERS. 2. O gloriador simpático e seu auditório edificado.
Podemos nos gloriar no Senhor, nele mesmo, nas manifestações
que ele faz de si, seu relacionamento conosco, nosso interesse nele, nas
expectativas que temos dele. É dever dos crentes relatar sua experiência
para a edificação de outros.
VERS. 3. Convite para se louvar em união.
VERS. 3. Magnificar, ou engrandecer, a obra de Deus, um exercício
nobre.
VERS. 4. Confissões de uma alma redimida. Que sejam simples, que
honrem a Deus, não procurem mérito e animem outros a buscá-lo
também.
VERS. 4. Quatro estágios: "temores", "buscas",
"prestar atenção", "libertação".
VERS. 5. O poder de um olhar com fé.
VERS. 6.
1. A herança do pobre: "tribulações".
2. O amigo do pobre.
3. O clamor do pobre.
4. A salvação do pobre.
VERS. 6. A riqueza do pobre.
A posição da oração na economia da graça,
ou a história natural da misericórdia na alma.
VERS. 7. Castra angelorum, salvatio bonorum.
VERS. 7. O ministério de anjos. Em que sentido é Jesus "o
anjo do Senhor".
VERS. 8. A experiência é o único teste verdadeiro de
verdade religiosa.
VERS. 8. Paladar. O paladar santificado, a provisão preciosa (fr.
recherché), o veredicto gratificante, a hoste celestial.
VERS. 9. A condição abençoada de um homem temente
a Deus.
VERS. 9. Temor expulsando temor. Similia similibus curantur.
VERS. 10. Leões passando falta, mas os filhos satisfeitos. (Sermão
de Spurgeon.)
1. A descrição de um cristão verdadeiro, "busca
o Senhor".
2. A promessa apresentada por um contrato (pacto).
3. A promessa cumprida.
VERS. 10. O que é uma boa coisa?
VERS. 11. Um professor de fina estirpe, seus discípulos jovens,
seu modo de instruir. "Vem"; sua matéria predileta.
VERS. 11. Trabalho de Escola Dominical.
VERS. 12-14. Como tirar o maior proveito dos dois mundos.
VERS. 13. Pecados da língua - seus males, suas causas, sua cura.
VERS. 14. (primeira cláusula). A relação entre o negativo
e as virtudes positivas.
VERS. 14. (segunda cláusula). A caçada real. Os animais caçados,
as dificuldades da caçada, os caçadores, seus métodos
e suas recompensas.
VERS. 15. Nosso Deus observador. Olhos e ouvidos, ambos atentos em nós.
VERS. 16. O homem mau sofrendo xeque-mate na vida, e esquecido na morte.
VERS. 17. Aflições e a bênção tríplice
que oferecem.
1. Obrigam-nos a orar.
2. Levam-nos ao ouvido atento do Senhor.
3. Dão-nos espaço para a experiência alegre do livramento.
VERS. 18. Deus está bem próximo de corações
quebrantados, e há certeza de sua salvação.
VERS. 19. Preto e branco, ou seja, ruína e antídoto. Pessoas
especiais, tribulações especiais, libertações
especiais, fé especial como dever.
VERS. 20. A verdadeira segurança de um crente quando está
em grande perigo. Sua alma, sua vida espiritual, sua fé, esperança,
amor; seu interesse em Jesus, sua adoção, justificação,
todos guardados.
VERS. 21. Maldade, seu próprio algoz, seu próprio carrasco,
ilustrado por casos bíblicos, pela história, pelos perdidos
no inferno. Lições deste fato solene. A condição
triste do homem de espírito malicioso.
VERS. 21-22. Quem ficará e quem não ficará desolado.
VERS. 22. Redenção em seus vários sentidos; fé
em sua preservação universal; o Senhor em sua glória
sem rival na obra da graça.