Capítulo 13: "Venham, crianças"--Três advertências

A primeira delas: lembre-se de quem você está ensinando: "Venham, crianças". Creio que devemos sempre respeitar nossos espectadores. Não quero com isso dizer que devemos nos importar se estamos pregando a pessoas ilustres ou não, ao doutor Fulano de Tal, ao Excelentíssimo Senhor Sicrano, porque à vista de Deus tais títulos são meros detalhes; mas devemos lembrar que estamos pregando a homens e mulheres que têm alma, de modo que não devemos ocupar seu tempo com coisas que não vale a pena ouvirem. Mas quando ensinamos em Escolas Dominicais, a nossa situação é até de maior responsabilidade que a de um ministro, se é que isso é possível. Ele prega a adultos, homens e mulheres de juízo feito que, se não gostam do que ele prega, podem ir a outro lugar; mas você ensina crianças que não têm a opção de ir a outra parte. Se você as ensina de maneira errada, ela crê em você; se você ensinar heresias, ela as recebe; o que você lhe ensinar agora, será lembrado. Você não está semeando, como alguns dizem, em solo virgem, porque há muito já foi ocupado pelo diabo; mas você está semeando num solo mais fértil agora do que será daqui para a frente--solo que produzirá fruto muito melhor do que fará em dias posteriores. Você está semeando num coração novo, e o que você semeia é bem capaz de ficar lá, especialmente se você ensina o mal, pois isso nunca será esquecido. Você está começando com a criança; cuidado com o que você faz com ela. Não a estrague. Muita criança já foi tratada como as crianças indígenas que tiveram chapas de cobre colocadas na testa para que não crescessem. Há muitos que são simplórios agora porque quem cuidou deles quando pequenos não lhes deram oportunidades de ganhar sabedoria, de modo que, à medida que ficaram adultos, não se importaram com ela.

Cuide bem daquilo que você busca; você está ensinando crianças, importe-se com o que você lhes ensina. Coloque veneno na fonte e contaminará todo o ribeirão. Cuidado com o resultado que você busca! Você está torcendo a árvore nova, e o carvalho velho vai estar curvado por isso. Cuide bem, é com a alma de uma criança que você está mexendo; é a alma de uma criança que você está preparando para a eternidade, se Deus está com você. Minha advertência solene vem da parte de todas as crianças. Realmente, se é assassinato administrar veneno a quem está morrendo, deve ser muito mais criminoso dar veneno à vida juvenil. Se é errado conduzir mal um idoso de cabeça branca, deve ser muito mais, dirigir mal os pés dos jovenzinhos na estrada do erro onde pode ser que caminhem para sempre.

A segunda: lembre-se também de que você está ensinando para Deus. "Venham, crianças, ouçam-me, eu lhes ensinarei o temor do Senhor." Se, como professores, você estivesse ensinando geografia, talvez não os ferisse eternamente você lhes dizer que o pólo Norte fica perto do Equador; ou que a extremidade da América do Sul fica pertinho do litoral da Europa; ou que a Inglaterra fica no meio da África. Mas você não está ensinando geografia, nem astronomia, nem está treinando as crianças para uma vida no comércio deste mundo; está, ao contrário, dando o melhor que pode para ensiná-las para Deus. Fira a mão da criança se for o caso, mas por amor de Deus não fira seu coração. Diga o que quiser sobre coisas temporais; mas em assuntos espirituais, eu lhe rogo, tenha muito cuidado com a maneira como você o dirige. Tome cuidado para ensinar apenas a verdade, só a verdade. Com essa responsabilidade, como é sério o seu trabalho! Aquele que trabalha para si, pode fazer como quiser; mas aquele que trabalha para outras pessoas, precisa cuidar de agradar seu mestre; quem é contratado por um monarca precisa tomar cuidado com o modo como desempenha sua obrigação; mas quem trabalha para Deus deve tremer para não fazer sua tarefa malfeita. Lembre-se de que você está trabalhando para Deus, se você é o que professa ser. Ai! temo que muitos estejam longe de ter essa visão séria do trabalho de um professor de Escola Dominical.

E a terceira: lembre-se de que suas crianças precisam de ensino. "Venham, meus filhos, ouçam-me: eu lhes ensinarei o temor do Senhor." Isso faz seu trabalho um tanto mais solene. Se as crianças não precisassem ser ensinadas, eu não teria motivos para me preocupar que você as ensinasse do modo certo. Trabalhos de super-rogação, trabalhos que não são necessários, os homens podem fazer como quiserem, mas esse trabalho é absolutamente necessário. Sua criança precisa ser ensinada. Nasceu na iniqüidade; no pecado sua mãe a concebeu. Ela tem um coração mau; não conhece Deus, e nunca conhecerá o Senhor a não ser que seja ensinada a conhecê-lo. Ela não é como uma terra da qual ouvimos falar, que tem semente boa escondida em seus recessos; em vez disso, ela tem semente má em seu coração. Deus pode semear nele uma boa semente. Vocês professam ser instrumentos dele para espalhar a boa semente no coração dessas crianças; lembrem-se, se essa semente não for semeada, a criança será perdida para sempre, sua vida será uma vida de alienação de Deus; e na sua morte o castigo eterno terá que ser sua porção. Muito cuidado, então, como ensinam, lembrando-se da urgente necessidade do caso. Esta não é uma casa que pegou fogo e que precisa de sua ajuda com o hidrante, nem é um navio naufragado que exige seu remo no bote salva-vidas; mas é um espírito imortal clamando para você em voz alta: "Venha e me ajude." Por isso, eu lhe rogo, ensine o temor ao Senhor, e unicamente isso; tenha ansiedade em dizer, e dizer de verdade: "Eu lhe ensinarei o temor ao Senhor."