Capítulo 11: Instruções para professores e pais

A primeira coisa a ser feita, é providenciar para que as crianças venham à sua escola. A grande queixa de alguns professores é que eles não têm alunos. Em Londres, estamos fazendo um levantamento das crianças; essa é uma boa idéia, e deve-se fazer um levantamento em todo lugar, mesmo que seja um vilarejo, uma comunidade rural, e se esforçar para que toda criança que você conseguir possa ir à Escola Dominical. Mas para isso, eu o aconselho a fazê-lo por meios legítimos e certos. Não influencie as crianças com promessas; esse é um plano ao qual fazemos forte objeção, e só é adotado em escolas de natureza tão inferior que até os pais e mães das crianças são suficientemente sensatos para mandá-las até lá. "Mas vocês podem não conseguir mais trabalho, ou, o patrão pode não renovar o contrato da família; ou, se as crianças não vão à escola aos domingos, não podem ir nos dias de semana." Esse é um truque desprezível; só mostra fraqueza, miséria e abominação de uma seita que não pode ter êxito sem usar um sistema tão degradante. E também não seja tão rabugento. Se eu não puder trazer as pessoas até a minha capela usando um casaco preto, usaria um uniforme militar amanhã--eu teria uma congregação de alguma forma. Melhor fazer coisas estranhas do que ter uma capela vazia, ou uma sala de aula vazia. Quando eu estava na Escócia, nós mandávamos um homem com um sino na mão dar a volta nas ruas da vila para conseguir um público, e o plano foi muito bem-sucedido. Não poupe os meios certos, mas faça com que as crianças entrem. Já conheci ministros que saíam às ruas nas tardes do domingo e, conversando com as crianças que estavam brincando ali, as convencia de irem à escola. É dessa forma que agirá um professor sincero; ele dirá: "João, venha à nossa escola; você não imagina que lugar ótimo é." Então, ele consegue que as crianças entrem, e com seu modo bondoso e atraente, conta-lhes histórias e casos sobre meninas e meninos que amaram ao Salvador, e desse jeito a escola se enche. Vá e arrebanhe as crianças. Não há lei contra isso; tudo é justo na guerra contra o diabo.

Em seguida, faça com que as crianças o amem, se puder. "Venham, meninos, ouçam-me." Você sabe como éramos ensinados na nossa escolinha antiga, como ficávamos em pé com as mãos para traz para repetir nossas lições. Esse não era o plano de Davi. "Ah! Como é bom ter um professor assim, um professor que me deixa chegar pertinho dele, um professor que não diz 'Vai', e sim 'Venha!'", pensa a criança. O defeito de muitos professores é que não chamam as crianças para perto deles; mas tentam criar em seus estudantes um tipo de respeito venerável. Antes que possa ensinar crianças, você deve conseguir a chave reluzente da bondade para destravar o coração delas e, assim, assegurar sua atenção. Diga: "Venham, crianças". Nós já conhecemos alguns homens bons que eram detestados por crianças. Você se lembra da história de dois garotinhos que, quando lhes perguntaram se gostariam de ir para o céu, para grande surpresa de seu professor, disseram que realmente não gostariam. Quando lhes perguntaram a razão, um deles disse: "Eu não gostaria de ir para o céu porque o vovô está lá e na certa ele diria: 'Vão andando, meninos; vão embora, vão andando!'" Então, se um menino tem um professor que lhe fala sobre Jesus, mas que está sempre de cara fechada, o que ele vai pensar? "Será que Jesus é como você; se for, eu não iria gostar dele." Depois há outro professor que, se é provocado por um nadinha, dá uns tabefes nas orelhas da criança; e ao mesmo tempo lhe ensina que ela deve perdoar os outros e ser bondosa para com eles. "Bem, "isso é muito bonito, sem dúvida, mas meu professor não me mostra como fazer isso", pensa o garoto. Se você afasta um menino, sua influência sobre ele se foi, pois você não poderá lhe ensinar nada. Não adianta tentar ensinar os que não têm amor para com você; por isso, tente e faça com que o amem, e então aprenderão qualquer coisa com você.

Em seguida, consiga a atenção das crianças. "Venham, crianças, prestem atenção". Se não lhe escutarem, você pode falar, mas falará sem propósito nenhum. Se não escutarem, você executa seu trabalho como uma tarefa sem sentido para você e para seus pupilos também. "Isso é justamente o que não posso fazer", diz alguém. Bem, isso depende de você - se você lhes der algo a que vale a pena prestar atenção, eles certamente o ouvirão. Essa regra pode não ser universal, mas é quase absolutamente segura. Não se esqueça de contar-lhes alguns casos engraçados. As anedotas são muito criticadas por avaliadores de sermões, que dizem que não devem ser usadas no púlpito; mas nós sabemos que não é bem assim, sabemos que uma boa brincadeira pode acordar uma congregação e despertar a atenção das pessoas. Por isso, colete durante a semana boas brincadeiras. Onde quer que estiver, se você é realmente um professor sábio, sempre poderá encontrar alguma coisas para transformar em história para contar às suas crianças. Então, quando estiver perdendo a atenção dos seus alunos, diga-lhes: "Vocês conhecem os Cinco Sinos?" Se esse lugar existir na cidade ou na vila, todos abrirão os olhos imediatamente. Ou, então, você pode perguntar: "Sabem a curva em frente do 'Leão Vermelho'?" Depois, conte-lhes algo que você leu ou ouviu sobre o assunto que prenda a atenção deles à lição. Uma criança disse uma vez: "Pai, eu gosto de ouvir o sr. Fulano pregar porque ele dá tantos exemplos." As crianças adoram exemplos. Faça parábolas, desenhos, e você conseguirá ir em frente. Tenho certeza de que, se eu fosse uma criança, a não ser que me contassem uma história de vez em quando, eu apareceria pouco na escola. E se eu estivesse sentado numa sala de aula quente, eu poderia cochilar, ou brincar com a criança sentada à minha esquerda, e mexer com tanta coisa como os outros, se você não trabalhasse para me interessar. Lembre-se, então, de fazer seus alunos escutarem.