68. NUNCA, NÃO NUNCA

"Deus mesmo disse: Nunca o deixarei, nunca o abandonarei" (Hebreus 13.5).

 

Aqui está uma palavra divina, vinda diretamente da boca do próprio Deus. "Porque Deus mesmo disse."

Eis uma promessa feita com freqüência. "Deus disse." Essa promessa ocorre repetidas vezes.

Aqui estão algumas das coisas cheias de tutano. A sentença tem tanto sentido como está livre de palavras desnecessárias.

Aqui está a essência de carne, a quintessência de medicamento.

Possa o Espírito Santo mostrar-nos o tesouro oculto nessa sentença sem paralelos!

 

I. VEJA AS PALAVRAS COMO UMA CITAÇÃO.

O Espírito Santo levou Paulo a citar as Escrituras, embora pudesse ter falado palavras novas. Assim, ele honrou o Antigo Testamento. E ensinou que palavras faladas a antigos santos nos pertencem.

Nosso apóstolo cita o sentido, não as palavras exatas, e assim nos ensina que o espírito de um texto é o principal.

Nós achamos as palavras que Paulo havia citado:

- Em Gênesis 28.15: "Não lhe deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi." Isso foi falado a Jacó quando ele deixou seu lar, e portanto para jovens santos que estão começando na vida.

- Em Deuteronômio 31.8: "Ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo. Não desanime." Para Josué, e assim com todos que perderam um líder, e estão para liderar eles mesmos, e entrar em grandes guerras e acertos, nos quais a coragem será experimentada.

- Em Isaías 41.10: "Por isso, não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus." Para Israel, e assim para o povo provado e afligido.

 

II. VEJA ESTAS COMO PALAVRAS FAMILIARES VINDAS DA PARTE DE DEUS.

1. São peculiarmente um dizer de Deus. "Ele disse." Isso foi dito não tanto por inspiração como pelo próprio Deus.

2. São palavras notavelmente fortes sendo delas cinco negativas no grego.

3. Relacionam-se com Deus e seu povo: "Eu"; "ti".

4. Asseguram a presença dele e sua ajuda. Ele não estaria conosco para ser inativo.

5. Garantem o maior bem. Deus conosco significa tudo bem.

6. Evitam um terrível mal que nós merecemos e poderíamos temer com justiça, a saber, ser desertados por Deus.

7. São tais como só ele poderia pronunciar e fazer acontecer. Ninguém mais pode estar conosco efetivamente na agonia, na morte, no juízo.

8. Providenciam para todos os problemas, perdas, deserções, fraquezas, dificuldades, lugares, estações, perigos, no tempo e na eternidade.

9. São substanciados pelo amor divino, imutabilidade e fidelidade divina.

10. São ainda confirmados por nossa observação dos procedimentos divinos com outros e conosco.

 

III. VEJA-AS TAMBÉM COMO MOTIVO PARA CONTENTAMENTO.

"Que sua conversação seja sem cobiça, e fiquem contente com as coisas que têm." Estas palavras tão graciosas:

- Levam-nos a viver acima de coisas visíveis quando temos lojas à disposição.

- Levam-nos à satisfação no presente por pouco que esteja guardado em casa.

- Levam-nos a ver provisão para todas as emergências futuras.

- Levam-nos a uma segurança que satisfaz mais, que é certa, e enobrece, e é mais divina do que toda a riqueza que poderia vir do estrangeiro.

- Levam-nos a medir descontentamento como uma espécie de

blasfêmia contra Deus. Visto que Deus está sempre conosco, de que mais podemos sentir falta?

 

IV. VEJA-AS COMO UMA RAZÃO PARA TER CORAGEM.

"Para que possamos dizer ousadamente: O Senhor é meu auxiliador, e eu não temerei o que o homem pode me fazer."

1. Nosso Auxiliador é mais importante do que os nossos inimigos. "Jeová é meu auxiliador."

2. Nossos inimigos estão inteiramente na mãos dele. "Não temerei o que o homem pode fazer."

3. Se Deus permite que nos aflijam, Deus nos sustentará sob a malícia deles. Que abençoado livramento de preocupações e temores nós temos nessas poucas palavras! Que nós não demoremos em seguir a linha de coisas que o Espírito evidentemente aponta para nós.

 

NOTAS SOBRE OS "NÃOS"

Senhor, o apóstolo dissuade os hebreus de serem cobiçosos com esse argumento, porque Deus diz: "Eu não te deixarei, nem abandonarei." Contudo, eu não descubro que Deus fez algum dia essa promessa para todos os judeus; mas ele a disse só para Josué, quando primeiro o fez comandante contra os cananitas, contudo isso (sem violência à analogia de fé) o apóstolo aplica a todos os homens bons em geral! É assim que nós somos herdeiros aparentes de todas as promessas feitas a teus servos na Bíblia: Serão as cartas de graça concedidas a eles boas para mim também? Então, eu direi com Jacó: "eu tenho o bastante." Mas como eu não estou autorizado às tuas promessas a eles a não ser que eu imite a piedade deles a ti, concede que eu possa cuidar tanto de seguir uma coisa como de receber consolo na outra (Thomas Fuller).

Nosso amigo, o dr. William Graham de Bonn, há pouco partiu dessa vida, e é-nos dito que no leito da morte alguém lhe disse: "Deus disse: 'Nunca te deixarei, nem te abandonarei,' a que o bom homem respondeu, com seu último fôlego: "Sem dúvida nenhuma! Sem dúvida nenhuma!" (C.H.S., em The Sword and the Trowel, 1884).

É direito ser contentado com o que temos, nunca com o que somos (Mackintosh).

Eu li, diz Brooks, sobre uma companhia de pobres cristãos que foram banidos para algum lugar remoto; uma pessoa em pé perto deles, vendo-os passar, disse que era uma condição muito triste aquela desses pobres, de serem assim afastados rapidamente da sociedade de homens, e feito companheiros das bestas do campo. "Verdade," disse outro, "seria uma condição triste mesmo se fossem levados a um lugar onde não encontrariam seu Deus. Mas que sejam de bom ânimo. Deus vai junto com eles, e mostrará os consolos de sua presença onde quer que eles vão."

Um sábio pagão disse a um de seus amigos: "Não reclame de seus infortúnios, enquanto César for seu amigo. O que diremos àqueles a quem o príncipe dos reis da Terra chama de seus filhos e irmãos?" "Nunca te deixarei, nem abandonarei." Será que estas palavras não lançam ao chão todo temor e cuidado para sempre? Aquele que o tem, a quem tudo pertence, possui todas as coisas (F. W. Krummacher).

A alma que em Jesus se chegou por repouso,
Eu nunca aos inimigos vou abandonar,
Aquela alma, embora o inferno a queira abalar
Eu nunca, não nunca, deixarei de amar (George Keith).