59. A GARANTIA

O Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança (Efésios 1.13-14).

 

O céu é nosso por herança. Não é comprado por merecimento, nem ganho pela força, mas obtido por direito inato.

Dessa herança, temos um gostinho aqui em baixo, e esse antegosto é da natureza de um direito de herança, garantindo-nos entrar em completa posse dela.

Uma garantia é da mesma natureza como a bênção final da qual é uma fiança. Uma caução é da mesma natureza da bênção final da qual é caução. Uma garantia é devolvida, mas uma caução é retida como parte da coisa prometida.

Grande prazer atende à posse da caução de nossa herança quando corretamente entendida.

 

I. O ESPÍRITO SANTO É ELE MESMO A CAUÇÃO DO CÉU POR HERANÇA.

Ele não é só a caução, a garantia, mas também o antegosto da felicidade eterna.

1. Sua entrada na alma traz consigo aquela mesma vida que entra no céu, a saber, a vida eterna.

2. Sua habitação em nós consagra-nos ao mesmo propósito ao qual seremos devotados através da eternidade, a saber, o servir ao Senhor nosso Deus.

3. Seu trabalho em nós cria essa mesma santidade que é essencial para o desfrutar do céu.

4. Sua influência sobre nós traz aquela mesma comunhão com Deus que desfrutaremos para sempre no céu.

5. Ele ser nosso é como o céu ser nosso, se não mais; pois se possuímos o Deus do céu, nós possuímos céu e mais do que céu.
A posse do Espírito é a aurora da glória.

II. O ESPÍRITO SANTO TRAZ-NOS MUITAS COISAS QUE SÃO ANTEGOZOS BENDITOS DA HERANÇA CELESTIAL.

1. Descanso. Esta é uma qualidade principal de céu, e nós temos descanso neste momento em Jesus Cristo (Hb. 4.3).

2. Deleite no servir. Servimos ao Senhor com alegria mesmo agora.

3. Alegria a respeito de pecadores se arrependendo. Isso podemos conseguir agora.

4. Comunhão com santos. Que doce mesmo no estado imperfeito!

5. Conhecimento ampliado de Deus e de todas as coisas divinas. Aqui também conhecemos em parte as mesmas coisas que são conhecidas em cima.

6.Vitória sobre o pecado, Satanás e o mundo.

7. Segurança em Jesus Cristo.

8. Proximidade de nosso amado. Por estas janelas, nós enxergamos as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam. "Ele nos revela essas coisas por meio de seu Espírito."

 

III. HÁ UM CONTRASTE MUITO ESCURO PARA ESTE TEMA BRILHANTE.

Há sinais evidentes de perdição, penhores de pesar.
Também há cauções e antegozos do estado eterno de miséria.
Homens ímpios podem adivinhar com maior ou menor clareza a que o pecado os levará quando amadurecer. Que aprendam eles sobre:
1. O fruto de alguns pecados nesta vida: vergonha, trapos, doença.

2. Seu medo da morte, alarme no pensar nela.

3. Sua inquietação e pressentimento freqüentes. "Eles fogem quando nenhum homem persegue", são "lançados para cá e para lá como os gafanhotos"!

4. Decepções com os companheiros, brigas e ódios mútuos. O que será ser fechado com pessoas como essas para sempre?

5. Seu desagrado por coisas boas, incapacidade de orar, todas cauções da impossibilidade de eles se unirem a santos e anjos no céu. Ah, que beleza ser preenchido do Espírito para encontrar o céu começado em baixo.

 

EXTRATOS MARCANTES

Há uma grande semelhança entre uma caução e a habitação do Espírito com as graças que ele trabalha dentro de nós. (1) A caução é parte da soma inteira, que deve em uma certa conta ser paga no tempo devido. Assim o Espírito que temos e sua graça são o princípio daquele glorioso ser que no final recebemos--o mesmo na substância, embora diferindo no grau. (2) Uma caução é apenas pouco em comparação com o todo. Vinte xelins em caução é suficiente para assegurar cem libras; assim, toda a graça que temos é apenas uma pequena coisa em comparação com a plenitude que buscamos, assim como os primeiros frutos foram em comparação com a colheita toda. (3) Uma caução assegura àquele que a recebe a intenção honesta daquele com quem ele faz contrato, assim o Espírito e a graça que nós recebemos de Deus nos asseguram de seu propósito assentado de nos levar à glória eterna (Paul Bayne).

Cristãos! Deus está mais perto de nós do que nosso amigo mais próximo, mais perto de nós como Cristo estaria se nós apenas sentíssemos o toque de sua mão e o passar de sua vestimenta; pois ele vem habitar dentro de nós. Platão pareceu ter um relance dessa verdade gloriosa quando disse: "Deus é mais interno para nós do que nós somos para nós mesmos." O que para ele era uma bela especulação é para nós uma realidade inspiradora; pois nós somos o "templo do Espírito Santo" (Dr. Charles Stanford).

Assim que nos pomos a caminho na viagem para casa, nossa casa por gostos antecipados vem encontrar-se conosco. A paz de nossa casa nos abraça, o Espírito, como uma pomba, se aninha em nosso coração, a glória de nosso lar nos seduz; e servos anjos de nosso lar nos fazem companhia e nos ajudam em nossa estrada. Ah, que doce lar o nosso deve ser que pode nos mandar tais penhores de sua doçura enquanto ainda estamos a grande distância dele! (John Pulsford).

"A fiança ou carta de garantia." A palavra grega é arrhabon. É hebraica (pelo menos semita) por derivação; em hebraico, a palavra idêntica aparece em Gênesis 38. Por derivação, tem a ver com troca, e então primeiro significa uma garantia; mas o uso a trouxe ao sentido aparentado de uma caução. Foi empregada para os presentes de noivado do noivo para a noiva, um caso exatamente aplicável aqui. Em latim eclesiástico, aparece na forma mais curta, arra. Sobrevive no francês arrhes, o dinheiro pago para se fazer uma barganha. Arrhabon ocorre em outros lugares no Novo Testamento: 2Co 1.22; 5.5. Ali, como aqui, denota os dons do Espírito Santo dados aos santos, como o pagamento parcial de "peso de glória" vindouro, a essência mais interior do qual é a obtenção completa (1João 3.2) daquela semelhança ao Senhor que o Espírito começa e desenvolve aqui (2Co 3.18). Uma expressão semelhante é "os primeiros frutos do Espírito" (Rm 8.23). (Em Cambridge Bible for Schools and Families, obra que recomendamos a todos os pastores.)