42. JESUS CHAMANDO

"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu lhes darei descanso" (Mateus 11.28).

 

Este texto é freqüentemente usado para sermão, mas nunca é demais, visto que as tristezas com as quais trata sempre são encontradas, e o remédio é sempre eficaz.

Desta vez, o objetivo é olhá-lo do ponto de vista de nosso Senhor.

Ele roga aos cansados que venham a ele. Ele implora para que aprendam com ele. Ele não só recebe aqueles que vêm, como implora que venham. Que desejo é esse que queima em seu seio? E de onde vem?

Vamos considerar isso cuidadosamente:

 

I. QUEM É ELE?

1. Alguém que foi rejeitado, contudo, clama "Venham a mim."

2. Alguém cuja rejeição nos envolve em temerosa culpa, contudo, se dispõe a perdoar e a conceder descanso se viermos.

3. Quem conhece o propósito de seu Pai, mas não teme dar um convite urgente para todos os que trabalham e estão sobrecarregados.

4. Quem tem todo o poder para receber os que vêm, e dar descanso a todos eles. Esse não é um convite em vão, que diz mais do que significa.

5. Quem como filho de Deus é infinitamente bendito e, contudo, encontra nova alegria em dar descanso a homens cansados, desassossegados.

 

II. QUEM ELE CHAMA E POR QUÊ?

1. Trabalhadores que têm mais do que podem fazer, inquietos, infelizes.

- Estes ele chama a si para que lhes possa dar descanso, e fazer com que possam achar repouso.

2. Os sobrecarregados, com mais do que agüentam: oprimidos, tristes, prontos para morrer.

3. Os pobres e analfabetos que precisam ser ensinados.

4. Os espiritualmente carregados, que precisam muito de uma mão que os ajude, e só conseguem achá-la nele.

 

III. QUE É QUE CAUSA O SEU DESEJO POR ELES?

Não sua própria necessidade deles.

Não o valor pessoal deles.

Nem algo que eles são ou podem um dia ser. Mas:

1. Ele tem amor por nossa raça: "Eu me alegrava com o mundo... e a humanidade que ele criou" (Pv 8.31). Ele queria tê-los descansando consigo.

2. Ele mesmo é um homem, e conhece as necessidades de homens.

3. Ele fez tanto para comprar-nos o descanso que ele desejou dá-lo a nós.

4. Ele se deleita em fazer cada vez mais por nós: é sua alegria dar boas coisas aos homens.

5. Ele sabe qual será nossa ruína a não ser que encontremos descanso nele.

6. Ele conhece qual será nossa felicidade se nos chegarmos a ele.

 

IV. COMO É ENTÃO QUE VAMOS TRATAR ESTE CHAMADO?

1. É muito sincero, vamos atendê-lo.

2. É muito simples; que mesmo os mais pobres se apeguem a ele.

3. Isso nos convém exatamente. Não satisfaz também a você?

4. É muito agradável, vamos aceitá-lo.

 

ECOS

A mais condescendente afeição que ele demonstrou, os mais graciosos convites que ele fez, foram naquelas ocasiões em que ele teve uma percepção de sua glória de maneira toda particular, para mostrar sua intenção em possuíla.

Quando ele falou de todas as coisas serem entregues a ele por seu pai, um convite a homens para se chegarem a ele é o uso que ele faz disso (Mt 11.2728). Se esse é o uso que ele faz de sua glória, convidar-nos, então deve ser o uso que cabe a nós nos pensamentos a respeito, o de aceitarmos a sua oferta.

"Venham a mim" é o convite do abençoado, tão intensamente humano, embora tão gloriosamente divino, "A mim", em cujos braços criancinhas foram abraçadas, em cujo peito um fraco mortal recostou: "a mim", que sou um que teve fome, sede, que ficava cansado, lamentava, e mesmo assim cujo amor, e pesar, e dores, e lágrimas, foram a expressão de emoções sentidas no poderoso coração de Deus (Caird).

Senhor, eu convidei a todos,
E eu irei
Ainda convidar, ainda chamar a ti:
Pois parece apenas justo e direito ao meu ver,
Que onde está tudo, ali tudo deva estar (George Herbert).

Corra assim--de você para mim, e eu para você. Aqui há uma comunhão dupla montada. Isso é totalmente vantagem nossa e a demonstração da grande graciosidade de nosso Senhor. Nós chegamos, e nisso ele obtém a companhia de um pedinte, um leproso, um paciente, um rebelde repelente: isto não é ganho para ele em nada exceto sua compaixão. Mas certamente ele espera algo de nós para recompensá-lo por nos receber? De modo algum. É para virmos a ele, não para que lhe possamos dar algo, mas para que ele possa dar tudo a nós. Que Senhor este é!