40. UM RETRATO DE JESUS

Ao ver as multidões, ele teve compaixão delas (Mateus 9.36).

 

A expressão é muito forte no original. Tudo o que estava dentro dele foi comovido por aquilo que ele estava vendo. Ele estava cheio de emoção, e mostrava isso em toda a sua pessoa.

Sua compaixão anelante se reuniu em torno das pessoas.

- Mostre o quadro de Jesus sob forte emoção.

- Este é o retrato dele quando ele apareceu em muitas ocasiões.

- Na verdade, as palavras diante de nós podem resumir sua vida inteira.
Vamos contemplar a compaixão dele como manifesta em:


I. AS GRANDES TRANSAÇÕES DE SUA VIDA.

1. O pacto eterno, em sua concepção, organização, provisões é cheio de compaixão.

2. A encarnação de nosso Senhor mostra compaixão sem igual.

3. Sua vida na carne entre os homens declara isso.

4.Ter ele suportado a penalidade de morte é o fruto maior disso.

5. Sua intercessão por pecadores prova a continuação disso. O assunto é amplo. Em cada ato de sua graça, o Senhor do amor manifesta terna piedade aos homens.

 

II. OS EXEMPLOS ESPECIAIS REGISTRADOS PELOS EVANGELISTAS.

1. Em Mateus 15.32, nós vemos uma multidão desfalecendo, faminta.

- Uma multidão é um espetáculo triste: um povaréu, quando desfalecendo, é mais ainda.

- Tais multidões estão perecendo em nossas cidades hoje.

2. Em Mateus 14.14, os doentes são os mais visíveis na multidão.

- Jesus viveu num vasto hospital, ele mesmo sofrendo, bem como curando, as doenças dos homens.

- Ninguém pode contar o quanto foi profunda a sua piedade por humanidade sofredora.

3. No caso mencionado no texto, ele viu uma multidão ignorante, negligenciada e perecendo.

- As tristezas, os perigos e os pecados de ignorância espiritual são grandes.

- O Senhor Jesus é o pastor dos não pastoreados.

4. Em Mateus 20.34, nós vemos os cegos. Jesus tem compaixão dos espiritualmente cegos.

- Demore nos detalhes interessantes dos dois homens cegos.

5. Em Marcos 1.41, nós vemos o leproso. Cristo tem dó de homens poluídos pelo pecado.

- Jesus compadeceu-se do homem que disse: "Se quiserdes, podes purificar-me."

6. Em Marcos 5.19, temos o demoníaco. Jesus tem piedade de almas tentadas.

- O homem de quem ele expulsou uma legião de demônios era para ser temido, mas o Senhor nada deu-lhe senão compaixão.

- Ele tem piedade em vez de culpar aqueles que são muito atormentados pelo diabo.

7. Em Lucas 7.13, encontramo-nos com a viúva de Naim. Os desolados por perda de parentes, a viúva e os que não têm pai são especialmente chegados ao coração de Jesus.

Estes exemplos devem incentivar casos semelhantes a esperar em nosso Senhor.

 

III. AS PREVISÕES DA COMPAIXÃO.

Conhecendo a nossa ignorância, necessidades, tristezas, o Senhor Jesus já providenciou de antemão para nossas carências:

1. A Bíblia para o nosso direcionamento e consolo.

2. O pastor para falar de homem para homem, ternamente, experimentalmente.

3. O Espírito Santo para consolar-nos e ajudar em nossa enfermidade em oração.

4. O propiciatório (Êx. 24.12) como nosso recurso constante: a presença de Deus para nossa oração.

5. As promessas para serem nosso alimento perpétuo.

6. As ordenanças para ajudarem nossas memórias e tornarem a verdade vívida para nós. Todo o sistema revela um Salvador muitíssimo compassivo.

 

IV. NOSSAS RECORDAÇÕES PESSOAIS PROVAM ESTA COM-PAIXÃO.

Vamos nos lembrar de quão ternamente ele trata conosco.

1. Ele moderou nossas convicções com intervalos de esperança.

2. Ele os terminou antes que nos levassem ao desespero.

3. Ele tem moderado nossas aflições, e nos tem sustentado sob o peso delas.

4. Ele nos tem ensinado, à medida que somos capazes de suportar a carga: "Tenho muitas coisas para dizer a vós, mas não as podeis suportar agora."

5. Ele nos deu tarefas graduadas, para assumirmos gradativamente.

6. Ele tem voltado a nós em amor depois de nossos passos para trás (nossas apostasias). Confiemos nesse misericordioso tratamento divino para conosco. Vamos recomendá-lo a outros à nossa volta. Imitemos isso tratando com compaixão os nossos companheiros.

 

DETALHES PARA O RETRATO

A tradução literal é "todas as suas vísceras estavam agitadas e tremiam com simpatia e compaixão." Os antigos acreditavam que os intestinos (ou vísceras) eram o assento da afinidade ou compaixão, misericórdia. A palavra grega usada aqui para indicar compaixão é a mais expressiva que a linguagem humana é capaz de empregar, tanto que nossa versão deixa completamente de transmitir a vastidão e plenitude do sentido do original (Dr. Cumming).

Compare a impressão produzida em Xerxes ao contemplar seu exército enorme. "Seu coração dilatou-se dentro dele à vista de tão vasta assembléia de seres humanos, mas seus sentimentos de orgulho e prazer logo cederam à tristeza, e ele caiu no choro com a reflexão de que em cem anos nem um só deles estaria vivo."

Como uma mãe de coração terno rogaria com um juiz a favor de seu filhinho que está ali pronto para ser condenado! Ah, como suas vísceras trabalhariam, como suas lágrimas rolariam; que retórica de choro ela usaria diante do juiz por misericórdia! Assim, o Senhor Jesus é cheio de empatia e ternura (Hb 2.17), para que possa ser um Sumo Sacerdote misericordioso. Embora ele tenha deixado a sua paixão, contudo, não deixou a sua compaixão. Um advogado comum não é afetado pela causa que ele advoga, nem ele se importa em como se sai; o lucro faz com que ele suplique, não a afeição. Mas Cristo intercede com sentimento, e o que o faz interceder com afeto é que é a sua própria causa que ele roga na causa de seu povo (Thomas Watson).

"Cinco centenas de milhões de almas", exclamou um missionário (há muitos anos atrás), "são representados como incultos, ignorantes! Eu não posso, mesmo que quisesse, desistir da idéia de ser um missionário, enquanto eu estiver refletindo neste vasto número de meus companheiros em pecados, que estão perecendo por falta de conhecimento. 'Cinco centenas de milhares' se intrometem em minha mente onde quer que eu vá, e seja como for que eu esteja ocupado. Quando me deito, é a última coisa que volta à minha memória; se acordo dentro da noite, é para meditar nisso somente e, pela manhã, em geral, é a primeira coisa que ocupa meus pensamentos."

Podemos supor que nada havia na aparência externa destas multidões que, ao olho comum, indicaria sua triste condição. Podemos supor que eles eram "bem-alimentados e bem-vestidos", e que seus corações, sob a influência de números, como é geralmente o caso, estavam animados com excitamento aprazível, que bom humor iluminava seus rostos, e avivava sua conversa, e que--tanto para si mesmos como para o espectador comum--eles eram um povo feliz. Mas ele, que não vê como o homem vê, baixou o olhar através da corrente superficial de excitamento animado que agora fluía e brilhava, e via--o quê? Intelecto escravizado, razão cega, faculdades morais paralisadas, almas fracas e perdidas, "espalhadas por aí como ovelhas que não têm pastor "(David Thomas).