31. UM POVO QUE NÃO ERA POVO

Tratarei com amor aquela que chamei "Não-amada", Direi àquele chamado "Não-meu-povo": Você é meu povo, e ele dirá: "Tu és o meu Deus" (Oséias 2.23).

 

Como ele diz em Oséias, "Chamarei 'meu povo' a quem não é meu povo e chamarei 'minha amada' a quem não é minha amada" (Romanos 9.2526).

Nós aceitamos a suprema autoridade da Escritura Sagrada: cada palavra dela é verdade para nós.

Contudo, atribuímos peso especial a palavras que são a fala pessoal do Senhor Deus; como neste caso em que Deus é o orador na primeira pessoa.

Ficamos ainda mais impressionados quando uma mensagem divina é repetida, como neste caso, em que Paulo escreve "Como ele diz em Oséias".

Deus "diz" ainda o que disse há muito tempo.

Venham então, almas ansiosas, e ouçam a história da graça de Deus aos seus escolhidos, na esperança de que ele possa fazer o mesmo para vocês.

Observe com atenção, com respeito às pessoas de Deus:

 

I. SEU ESTADO ORIGINAL:

"Não-amados - não meu povo."

1. Eles não só não eram "amados", como eles foram expressamente renegados. Foi dito para eles, vocês não são povo meu. Sua reivindicação, se fizeram alguma, foi "negativada".

- Este é o pior caso que pode haver: pior do que ser deixado sozinho.

- É isso que a consciência, a providência e a Palavra de Deus parecem dizer para as pessoas que persistem em pecar.

2. Eles não tiveram nenhuma aprovação de Deus.

- Eles não foram numerados com o povo dele. Não foram contados.

- Eles não foram "amados" no sentido do amor de complacência, de satisfação.

3. Eles não tinham, no mais amplo sentido, obtido misericórdia.

- Pois eles estavam sob julgamento providencial.

- Esse julgamento não tinha se tornado uma bênção para eles.

- Eles nem tinham procurado misericórdia.

4. Eles eram um povo que por enquanto:

- Não tinha sentido nenhuma aplicação do sangue de Jesus.

- Não conheceu nenhuma obra renovadora do Espírito.

- Não tinha obtido nenhum alívio por meio de oração; talvez não tenham orado.

- Não tem apreciado nenhum consolo das promessas.

- Não tem conhecido nenhuma comunhão com Deus.

- E não possui nenhuma esperança do céu ou preparação para ela.
É uma descrição terrível, que inclui todos os não-salvos. Com certeza, é com respeito a estas pessoas que a promessa incondicional é feita no texto: "Eu os chamarei meu povo." Quem são estes será visto no devido tempo pelo seu arrependimento e fé, que serão operados neles pelo Espírito de Deus. Existem essas pessoas, e esse fato é nosso encorajamento na pregação do evangelho, pois percebemos que nosso trabalho não será em vão.

II. SUA NOVA CONDIÇÃO:

"Chamarei meu povo."

1. Misericórdia é prometida: "[...] antes eram desobedientes a Deus mas agora receberam misericórdia, graças à desobediência deles" (Rm 11.30). Isso é absolutamente livre.

2. A revelação divina é pronunciada: "Eu direi, tu és o meu povo."

- Isto é feito pelo Espírito de Deus no coração.

- Isto é apoiado pelos tratamentos graciosos na vida.

3. Uma resposta entusiasta será dada: "eles dirão, Tu és o meu Deus." O Espírito Santo o levará a esta livre aceitação.

- Como um todo, dirão isso com uma só voz.

- Cada indivíduo o dirá para si no singular, "Tu".

4. Uma declaração de amor será feita: "Eu chamarei 'minha amada' a quem não era minha amada" (Rm 9.25). O amor será apreciado.

5. Isso será percebido por outros: "Eles serão chamados os filhos do Deus vivo." Sua semelhança com Deus fará com que sejam chamados os filhos de Deus, assim como os pacificadores em Mateus 5.9. Assim toda bênção será deles com certeza, pessoalmente, para sempre. Reflexões que surgem de tudo isso:

- Não podemos desistir de ninguém como se não houvesse esperança, mesmo que sejam marcados por provas terríveis de não serem povo de Deus.

- Ninguém pode desistir, nem em desespero.

- A graça soberana é a última esperança dos caídos.

- Que estes confiem em um Deus que é tão livremente gracioso, tão onipotente para salvar, tão resolvido a trazer para si aqueles que pareciam que até ele próprio havia rejeitado, a que todo mundo havia abandonado como não sendo povo de Deus.

 

ANOTAÇÕES

"Você já ouviu o evangelho antes?" perguntou um senhor inglês, em Ningpo, a um chinês respeitável que não tinha visto em sua sala-missionária antes.

"Não", ele respondeu, "mas eu já o vi. Conheço um homem que era o terror de sua vizinhança. Se você lhe desse uma palavra dura, ele atirava em você, e amaldiçoava a você por dois dias e noites sem parar. Ele era tão perigoso como um animal feroz, e um mau fumador de ópio; mas quando a religião de Jesus o prendeu, ele ficou completamente mudado. Ele é calmo, moral, não fica mais zangado rapidamente e abandonou o ópio. Na verdade, o ensino é bom!" (Word and Work).

Dará uma espécie de exaltação à felicidade do santo contemplar aquela fundura moral da qual ele foi tirado. Um homem à beira de um precipício, à noite, não pode vê-lo claramente; mas quando o dia amanhece, ele poderá ver o perigo do qual esteve próximo. Assim, o santo não pode, enquanto está na terra, conceber a profundidade do pecado do qual ele foi erguido, mas ele poderá medi-la pela luz do céu, e poderá voltar eras antes que chegue ao lugar onde ele um dia esteve e então pensar no que ele é--e quanto esteve no fundo um dia, mas quão alto agora--e isso aumentará a emoção de felicidade e glória--e então poderá reconhecer quem foi a causa--e toda vez que ele abaixa os olhos para o que foi, isso dará maior ênfase à declaração: "àquele que nos amou, e lavou-nos de nossos pecados em seu próprio sangue, e nos fez reis e sacerdotes para seu Deus e Pai: a ele seja a glória e o domínio para sempre e sempre" (John Foster).

O anúncio feito por Brownlow North aos seus velhos amigos sobre sua mudança repentina, quer oralmente ou por escrito, criou certa sensação entre eles. Alguns acharam que ele tinha perdido a cabeça, outros acharam que era uma impressão ou entusiasmo temporário, e que logo passaria; foi o caso especialmente com quem conhecia bem as convicções anteriores, e a reforma temporária, enquanto que, em alguns dos jornais, foi até dito, depois que ele começou seu trabalho público, que a coisa toda foi feita por uma aposta, e que ele tinha feito uma aposta para reunir um certo número de milhares ou dezenas de milhares de ouvintes de uma só vez. Os homens carnais pouco entendem as operações do Espírito de Deus, mesmo quando vêem as provas mais marcantes e manifestas delas (Da biografia de Brownlow North, reverendo K. Moody-Stuart, M.A.).