17. O MELHOR AMIGO

"Não abandone o seu amigo nem o amigo de seu pai" (Provérbios 27.10).

 

O homem pode ter muitos conhecidos, mas ele terá poucos amigos; ele pode considerar-se feliz se tem um que lhe será fiel em tempo de dificuldade. Se aquela pessoa tem também sido bondosa com seu pai antes dele, ela nunca deve ser menosprezada, muito menos alienada. Amigos verdadeiros são para ser mantidos com grande cuidado, e, se necessário for, com grande sacrifício. A sabedoria do mundo ensina isso, e a inspiração o confirma.

Se subimos a uma esfera mais alta, é muito mais então. Ali, temos um amigo--o Amigo de pecadores, o qual em infinita condescendência tem nos chamado de amigo e tem mostrado o amor maior do que todo amor dando sua vida pelos seus amigos. A ele nós nos devemos apegar na vida e na morte. Abandoná-lo seria uma horrível ingratidão.

 

I. TÍTULO DESCRITIVO.

"Seu próprio amigo e amigo de seu pai".

1. "Amigo": isso dá a entender bondade, conexão, auxílio.

2. "Amigo do pai": um que tem sido fiel, constante, paciente, sábio e experimentado, e esta é a experiência de nosso próprio pai, na sensatez de quem podemos depender. Em muitos casos, o melhor médico que você pode ter é o médico da família, que conhece a constituição física dos seus pais, além da sua. O amigo da família deve ser sempre um visitante bem-vindo.

3. "Teu próprio amigo", com quem você já apreciou e aprecia conversar, com quem você pode se sentir seguro e confiante, com quem você tem objetivos em comum, a quem você já fez revelações particulares.

4. Não se esqueça do outro lado da amizade: você precisa ser um amigo para aquele que você chama de amigo. "Aquele que tem amigos precisa mostrar-se amigo." Em todos estes pontos nosso Senhor Jesus é o melhor exemplo de um amigo, e é bom para nós colocarmos este amigo na frente, como um "Amigo mais próximo do que um irmão." "Este é o meu amado, e este é meu amigo."

 

II. CONSELHO SUGESTIVO.

"Não abandone."

1. O que não sugere. Não dá nenhuma dica de que ele vai em algum tempo nos abandonar. Pois ele já não disse: "Eu nunca o deixarei nem o abandonarei"?

2. Em que sentido podemos nós abandoná-lo? Ai, ai, alguns que professam ser amigos de Jesus se tornam traidores, outros seguem de longe, esfriam, voltam-se para o mundo, perdem comunhão de amigos, não defendem a causa dele.

3. Que épocas nos tentam a isso? Tanto a prosperidade como a adversidade. Tempos de espalhar heresia, mundanismo, infidelidade.

4. Qual é o processo de abandono? Esfriamento gradual leva a completo abandono. De grau em grau, vemos suas pessoas pobres desprezadas, sua doutrina duvidada, seus caminhos esquecidos, sua causa não mais auxiliada, e, por fim, a profissão de fé abandonada.

5. Quais são os sinais deste abandono? Podem ser vistos no coração, ouvidos na conversa, notados na ausência de zelo e liberalidade e, por fim, detectados em pecados reais.

6. Que razões causam o abandono? Orgulho, coração amortecido, negligência de oração, amor do mundo, medo do homem.

7. Que argumentos deveriam evitá-lo? Nossas obrigações, a fidelidade dele, nossos votos, nosso perigo longe dele.

8. O que, por fim, resulta de tal abandono? Toda sorte de males segue, para nós mesmos, para a causa dele, para outros amigos, para os mundanos à nossa volta.

 

III. A DECISÃO CONSEQÜENTE.

Eu me apegarei a ele.

Vamos nos apegar a Jesus.

- Em fé, descansando somente nele.

- Em credo, aceitando cada ensino dele.

- Em confissão, declarando nossa lealdade a ele.

- Na prática, seguindo os seus passos.

- No amor, permanecendo em comunhão com ele. Não abandone Cristo quando ele é perseguido e blasfemado. Não o abandone quando o mundo oferece lucro, honra, bem-estar, como preço de seu abandono. Não o abandone quando todos os homens parecem desertá-lo, e a igreja estiver decadente e pronta para morrer.

 

BOAS PALAVRAS

Hewitson escreve: "Creio que eu conheço mais de Jesus Cristo do que de qualquer amigo terreno."

Por isso, alguém que o conheceu bem comentou: "Uma coisa me marcou com respeito ao sr. Hewitson: ele parecia não ter nenhuma lacuna, nenhum intervalo em sua comunhão com Deus" (G. S. Bowes).

O primeiro-ministro de Madagascar presidindo uma reunião missionária, em 11 de julho de 1878, disse: "Eu não gosto de falar sobre meu próprio pai aqui diante de todos vocês, mas eu me lembro de uma jovem senhora a quem meu pai ensinou a ler a Bíblia, e treinou para ser uma cristã. Quando veio a perseguição de novo, ela foi acusada e condenada à morte por ser uma cristã. Ela foi trazida aqui para ser jogada em cima dessa rocha, e no último momento foi-lhe oferecida a vida se ela retratasse. Mas ela recusou, gritando, 'Não, joguemme, pois eu sou de Cristo'" (Chronicle of the London Missionary Society).

Não podemos abandonar nosso próprio amigo, pois isso seria abandonar nosso segundo eu, e nós não podemos abandonar o amigo de nosso pai, porque isso nos faria culpados de uma dupla ingratidão do tipo mais vil que podemos praticar com homens. Os amigos de nossos pais, se são honestos, são as melhores posses que eles podem nos legar, e se Nabote não venderia por preço nenhum a herança que seu pai lhe deixou, mas guardou-a apesar de um Acabe e uma Jezebel, até ele ser apedrejado--vamos nós mostrar tal irreverência à memória de nossos pais, a ponto de abandonar, sem qualquer preço, as posses mais preciosas que eles nos legaram? Salomão teria sido um homem mais sábio e mais feliz se tivesse seguido o exemplo e preceito de seu pai (Dr. G. Lawson).

Velhos amigos da família. I. Considere alguns dos velhos amigos de nossos pai: (1) o dia do sábado, (2) o santuário, (3) o Salvador, (4) as Escrituras. II. Considere alguns motivos para ser leal a eles: (1) o que fizeram por aqueles que são queridos para nós, (2) o que prometem fazer por nós, (3) o que já fizeram por alguns de nós (Biblical Museum).

Um dia, o púlpito do reverendo G. Cowie, de Huntley, foi ocupado por um ministro que falou como se o Espírito Santo não fosse necessário nem a santos nem a pecadores. Depois do sermão, o senhor Cowie se pôs em pé na escada do púlpito e disse: "Senhores, segurem seu velho amigo, o Espírito Santo; porque se uma vez vocês o entristecem e saem, vocês não vão conseguilo de volta tão facilmente."