Este é um dos salmos alfabéticos, compostos com muita arte,
e, sem dúvida, organizado dessa forma para auxiliar a memória.
O Espírito Santo condescende em usar até os métodos
mais artificiais do poeta, a fim de ajudar a atenção e gravar
suas palavras no coração.
TÍTULO
Salmo de louvor de Davi. É de Davi, do próprio Davi, o seu
favorito. É o louvor de Davi assim como o outro (Sl 86.1-17) é
a oração de Davi. É todo louvor, e louvor em alto
e bom som. Davi bendisse a Deus muitas vezes em outros salmos, mas este
é visto como a própria jóia real de seus louvores.
Certamente o louvor de Davi é o melhor dos louvores, pois é
de um homem de experiência, de sinceridade, de modos calmos e de
coração intensamente fervoroso. Não é para
qualquer um de nós proferirmos o louvor de Davi, pois só
Davi podia fazer isso, mas podemos tomar o salmo de Davi como um modelo,
e procurar fazer nossa adoração pessoal o mais parecida possível:
vai demorar para conseguirmos igualar nosso modelo. Que cada leitor cristão
apresente um louvor próprio ao Senhor, e lhe dê o próprio
nome. Que rica variedade de louvores será assim apresentado através
de Jesus Cristo!
DIVISÃO
O salmo não apresenta divisões nítidas, mas é
uno e indivisível. Nossos outros tradutores têm mapeado esse
cântico com bastante discernimento. Não se trata de um arranjo
perfeito, mas presta-se à nossa conveniência na exposição.
Davi louva Deus por sua fama ou glória (Sl 145.1-7), por sua bondade
(Sl 145.8-10), por seu reino (Sl 145.11-13), por sua providência
(Sl 145.14-16), por sua misericórdia salvadora (Sl 145.17-21).
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1-2. Louvor.
1. Louvor pessoal.
2. Louvor diário.
3. Louvor entusiástico.
4. Louvor perpétuo.
Ou:
1. O tema atraente do canto.
2. A plenitude crescente do canto.
3. A vida sem fim - do cantor (C. A. D.).
VERS. 1-2. As quatro "decisões" do louvor. Louvarei ao
Rei; louvarei a pessoa divina; louvarei por todo o tempo; louvarei por
toda a eternidade.
VERS. 2. Todos os dias; para sempre.
1. Dia a dia para sempre Deus e eu duraremos.
2. Dia a dia para sempre nosso relacionamento presente continuará.
Ele - Deus, eu, o abençoado.
3. Dia a dia para sempre ele terá o meu respeito, a minha homenagem.
VERS. 3.
1. A dignidade do homem está implícita aqui em sua capacidade
de louvar Deus grandemente (G. R.).
2. Sua imortalidade em sua capacidade de louvar a grandeza insondável
dele (G. R.).
VERS. 3 (última cláusula). A insondável grandeza de
Deus. Considere-a:
1. Como fato amplamente demonstrado.
2. Como repreensão ao desânimo: ver Is 40.28.
3. Como apoio de uma alma oprimida por mistérios.
4. Como indicando um assunto para nosso estudo para sempre (J. F.).
VERS. 4.
1. Nossa obrigação para com as gerações passadas.
2. Nossa obrigação para com gerações que virão
(G. R.).
VERS. 5-7. A antífona.
1. Para louvar Deus como dever pessoal: "Eu louvarei".
2. Realizar isso de modo certo estimulará outros a fazerem o mesmo:
"E eles louvarão".
3. O acompanhamento de outros no louvor reagirá sobre nós
mesmos. "E eu louvarei"; "E eles louvarão abundantemente".
4. Tal louvor alarga e expande à medida que prossegue. Começando
com a majestade e obras de Deus, estende-se a seus atos, grandeza, bondade
e justiça (C. A. D.).
VERS. 5-7.
1. Assuntos para louvor.
(a) Divina majestade.
(b) Divinas obras.
(c) Divinos juízos.
(d) Divina grandeza.
(e) Divina bondade.
(f) Divina justiça.
2. De quem é exigido.
(a) Pessoal; "Eu falarei".
(b) Universal; "homens falarão" (G. R.).
VERS. 6-7.
1. A fala intimidada. Silenciosos quanto a misericórdias e promessas,
os homens têm que falar quando os terríveis atos de Deus estão
no meio deles.
2. A confissão ousada. Um indivíduo declara a grandeza de
Deus em poder, sabedoria, verdade e graça. Isso leva outros à
mesma conclusão, e por isso:
3. A torrente de gratidão. Muitos bendizem a grande bondade do Senhor
num cântico novo, livre, constante, alegre, refrescante, abundante,
como o jato d'água de uma fonte.
4. O cântico seleto. Eles falam bondade, mas cantam sobre retidão.
É um tópico digno de nota para uma conversação.
VERS. 8.
1. Graça para os indignos.
2. Compaixão para os afligidos.
3. Paciência com os culpados.
4. Misericórdia para os penitentes (G. R.).
VERS. 9. A bondade universal de Deus em nenhum grau contradiz a eleição
especial da graça.
VERS. 11. A glória do reino de Cristo. A glória deste reino
é manifesta:
1. Em sua origem.
2. Na maneira e espírito de sua administração.
3. No caráter de seus súditos.
4. Nos privilégios ligados a ele (Robert Hall).
VERS. 11-12. Conversa transfigurada.
1. A capacidade da fala é possuída em larga escala.
2. É comum ser mal empregada.
3. Pode ser empregada nobremente.
4. Então será gloriosamente útil (C. A. D.).
VERS. 11-13. Para mostrar a grandeza do reino de Deus, Davi observa:
1. A sua pompa. Se nós pela fé olhássemos atrás
do véu, "falaríamos da glória de seu reino"
(Sl 145.11); "e do glorioso esplendor dele" (Sl 145.12).
2. O poder dele. Quando "eles falam da glória do reino de Deus",
precisam "falar de seu poder", da sua extensão, da eficácia
dele.
3. A perpetuidade dele (Sl 145.13). Os tronos de príncipes da terra
se abalam, e as flores de suas coroas murcham, monarcas chegam a um fim;
mas, ó Senhor, "teu reino é um reino eterno" (Matthew
Henry).
VERS. 14. A graça de Deus em sua bondade para com os que nada merecem,
e os miseráveis, que buscam nele auxílio.
1. O Senhor "ampara todos os que caem".
(a) Uma descrição, que abraça
(1) Pecadores que decaíram mais fundo;
(2) Apóstatas que tropeçaram mais.
(b) Um ato que dá a entender
(1) Piedade que atrai para perto;
(2) Poder que coloca em pé os caídos;
(3) Preservação que os conserva de pé.
2. Ele "levanta todos os que estão prostrados". Consolação
para aqueles que estão:
(a) Curvados de vergonha e arrependimento.
(b) Oprimidos por perplexidades e cuidados.
(c) Sobrecarregados por sentirem fraqueza na presença de obrigações
onerosas.
(d) Deprimidos por causa de erro e pecado predominante em volta deles (J.
F.).
VERS. 14. Ajuda para os falíveis.
1. Seja qual for nossa posição atual, estamos sujeitos a
decair. Doença. Perda. Falta de amizades. Pecado.
2. Por mais baixo que caiamos não estamos abaixo do alcance da mão
de Deus.
3. Ao alcance da mão de Deus nós experimentaremos a ação
do amor de Deus. Ele "ampara". "Levanta" (C. A. D.).
VERS. 15-16. Dependência universal e apoio divino. O salmista aqui
ensina:
1. A universalidade da dependência entre as criaturas: "Os olhos
de todos estão voltados para ti". Nós dependemos de
Deus para "a vida, o fôlego, e todas as coisas". Dependência
completa deve gerar humildade profunda.
2. A infinidade dos recursos divinos: "E tu lhes dás o alimento".
Os recursos dele precisam ser:
(a) Infinitamente vastos.
(b) Infinitamente variados. Suficientes e adaptados para todos.
3. O acerto da momento exato para as comunicações divinas:
"No devido tempo". É motivo para paciência se as
dádivas parecem atrasadas.
4. A sublime facilidade dos recursos divinos: "Tu abres a tua mão"
e as necessidades sem conta do universo são satisfeitas. É
um incentivo para a oração do que crê.
5. A suficiência das divinas comunicações. "E
satisfazes o desejo de todo ser vivo". "Deus dá a todos
liberalmente". Nosso assunto insiste com todas as pessoas a favor
da:
(a) Gratidão. Provisão constante deve levar a gratidão
e consagração constantes.
(b) Confiança.
(1) Em ter suprimentos temporais.
(2) Em ter suprimentos espirituais. "Graça para ajudar-nos
em tempo de necessidade" certamente será dada para todos que
a procuram nele (William Jones).
VERS. 17.
1. O que Deus se declara ser.
2. O que seu povo descobre que ele é.
3. O que todas as criaturas por fim reconhecerão que ele é
(G. R.).
VERS. 18-20. Deduza desses versículos o caráter do povo de
Deus.
1. Chamam, invocam o Senhor Deus.
2. Temem a Deus.
3. Têm desejos para Deus.
4. Têm respostas de Deus.
5. Amam Deus.
VERS. 18 (última cláusula). Verdadeira oração,
naquilo em que difere essencialmente de um mero formalismo.
VERS. 18. Nas portas do palácio.
1. Instruções para quem clama.
(a) "Grite por socorro"; que a repetição no texto
sugira importunação.
(b) Chame "em verdade", sinceramente, com promessas, na forma
indicada.
2. Incentivo para quem chama. Jeová está perto, com seu ouvido
disposto, mostrando simpatia de coração e mão auxiliadora
(W. B. H.).
VERS. 18-19. A bem-aventurança, a felicidade da oração.
1. Definição de oração: "clamar a Deus".
2. Variedade na oração: "invocar (chamar), desejar,
clamar com choro".
3. Característica essencial da oração: "verdade".
4. Deus tão perto na oração.
5. Sucesso certo da oração. "Ele cumprirá, ouvirá,
salvará" (C. A. D.).
VERS. 20. Aqueles que amam Deus são preservados de tentação
excessiva, de cair no pecado, de desesperar, de apostasia, de remorso,
de fome; preservados em provação, perseguição,
depressão, morte; preservados para atuar, santidade, vitória,
glória.
VERS. 20. Contrastes Solenes.
1. Entre personagens humanos. "Aqueles que o amam". "Os
maus".
2. Entre destinos humanos. "Preserva". "Destrói"
(C. A. D.).
VERS. 20. Como o amor de Deus é o oposto da maldade, e a maldade,
incompa-tível com o amor de Deus.
VERS. 21. Louvor individual sugere o desejo de louvor universal. Gostamos
de companhia numa boa ação; percebemos a imperfeição
de nossa própria música; desejamos que outros fiquem contentes;
ansiamos por ver que seja feito aquilo que é certo e bom.