Este salmo está em seu lugar apropriado, e tão sabiamente
segue ao 139 que quase se pode continuar a ler e não fazer quebra
alguma entre os dois. Um dano sério resultaria para todo o Livro
de Salmos se a ordem fosse mexida como certos pretensiosos propõem.
Este salmo é O grito de uma alma perseguida, a súplica de
um crente incessantemente perseguido e acossado por inimigos astuciosos,
ávidos por sua destruição. Davi foi perseguido como
perdiz sobre as montanhas, e raramente obtinha um momento de paz. Este
é seu comovente apelo a Jeová por proteção,
um apelo que aos poucos se intensifica em uma denúncia de seus inimigos
mordazes. Com este sacrifício de oração ele oferece
o sal da fé; pois de maneira muito marcante e enfática ele
expressa sua confiança pessoal no Senhor como o Protetor dos oprimidos,
e como seu próprio Deus e Defensor. Poucos salmos curtos são
tão ricos em jóias de fé preciosa.
AO MESTRE DA MÚSICA
O escritor quis que este hino experimental estivesse sob o cuidado do principal
mestre do canto, para que não houvesse perigo de não ser
cantado, nem que fosse apresentado sem qualidade, levianamente. Tais provações
e tais salvamentos mereciam ser lembrados, e serem colocados entre a fina
flor dos memoriais da bondade do Senhor. Nós também temos
nossos cantos especiais de boa qualidade, e estes precisam ser cantados
com nossos melhores recursos de coração e voz. Nós
os ofereceremos ao Senhor através de nenhuma mão que não
seja a do "Mestre da música".
UM SALMO DE DAVI
A vida de Davi quando ele vem em contato com Saul e Doegue é a melhor
explicação deste salmo; e certamente não pode haver
nenhuma dúvida de que foi Davi quem o escreveu, e de tê-lo
escrito na época de seu exílio e perigo. A tremenda explosão
no final tem o fervor que era tão natural em Davi, homem que nunca
foi morno, indiferente em nada; contudo deve-se notar que em relação
a seus inimigos ele freqüentemente era ardente nas palavras de indignação,
mas frio na ação, porque não era vingativo. Não
tinha malícia mesquinha, e sim uma ira justa: ele previu, predisse
e até desejou a justa vingança de Deus sobre os orgulhosos
e maus, contudo não se valia de oportunidades para vingar-se daqueles
que lhe tinham feito mal. Pode ser que seus apelos ao grande Rei esfriassem
sua raiva, e permitissem que deixasse sem resposta as vezes que lhe fizeram
mal por qualquer ato de violência. "A vingança é
minha; eu pagarei, diz o Senhor"; e Davi mesmo machucado por perseguição
imerecida e mentira maldosa gostava de deixar seus problemas ao pé
do trono, onde ficariam a salvo com o Rei dos reis.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1-5.
1. A fonte exata da aflição de Davi: vinha de homens. Nisso
ele foi um protótipo de Cristo.
(a) A maldade deles: "o homem ímpio".
(b) Sua violência: "o homem violento".
(c) Seus desígnios maldosos: "que no seu coração
tramam planos perversos".
(d) Suas alianças: "e estão sempre provocando guerra".
(e) Suas acusações falsas: "Veneno de víbora
está em seus lábios" (Sl 140.5).
(f) Seu desígnio proposto: "pretendem fazer-me tropeçar"
(Sl 140.4).
(g) Suas intrigas (Sl 140.5).
2. O remédio universal: "Protege-me Senhor"; "preserva"
e ajuda-me. Sua defesa está:
(a) Em Deus.
(b) Na oração a Deus (G. R.).
VERS. 1-5. Em nossa posição, época e país,
[em geral] não estamos em perigo de violência da parte dos
homens, como Davi estava; ainda assim, nenhuma pessoa está absolutamente
a salvo do perigo.
1. Mencionar alguns casos ainda não é impossível.
(a) Um trabalhador cristão, porque não pode concordar com
costumes injustos, levanta a animosidade de colegas de serviço.
Eles lhe farão mal, estragarão seu serviço, sumirão
com suas ferramentas, falarão mal dele, até que o empregador
o despede para restaurar a paz na fábrica.
(b) Um vendedor ou balconista cristão, porque sua presença
empata os companheiros errados, pode ver ciladas armadas contra ele.
2. Sugira conselhos que sejam úteis para o caso de tal comportamento
aparecer.
(a) Recorra a Deus com um "Livra-me" e um "Salva-me".
(b) Mantenha a integridade e a retidão.
(c) Se os maus conseguirem, confie ainda em Deus, que pode fazer a perseguição
deles redundar em proveito seu, e fazer com que a bondade dele vença
as astúcias deles (J. F.).
VERS. 3. O estado depravado do homem natural quanto à sua fala.
VERS. 4 (primeira cláusula). Uma oração sábia.
Os maus difamam e oprimem, ou enganam, lisonjeiam e pervertem. Ninguém
pode nos guardar senão o Senhor.
VERS. 5. Os perigos da sociedade.
1. A perfídia dos ataques dos ímpios: "armaram ciladas".
2. A variedade de suas armas: "redes".
3. A escolha pérfida de posição: "no meu caminho".
4. O objetivo de seus planos: "contra mim": desejam destruir
o próprio homem.
VERS. 5. A rede junto ao caminho ou tentações encobertas;
tentações levadas para bem perto, e aplicáveis à
vida cotidiana.
VERS. 6.
1. A linguagem da afirmação segura.
2. O pedido por aceitação em oração.
VERS. 6-7. Davi se consolou:
1. Em seu interesse em Deus: "Eu declaro ao Senhor: Tu és o
meu Deus".
2. Em seu acesso a Deus: ele tinha permissão de falar com ele, e
podia esperar uma resposta de paz: "Ouve, Senhor".
3. Na certeza que ele tinha de ter auxílio de Deus e alegria nele
(Sl 140.7).
4. Na experiência passada do cuidado que Deus lhe teve: "Tu
me protegeste no dia da batalha" (Matthew Henry).
VERS. 6-8. Três argumentos para apresentar numa oração
por proteção.
1. Seu interesse em Deus: "Eu declaro... Tu és o meu Deus".
2. As anteriores misericórdias de Deus. "Tu me proteges a cabeça".
3. A impropriedade de os maus serem estimulados em sua maldade, Sl 140.8
(J. F.).
VERS. 6-12. As consolações do crente em tempo de aflição.
1. O que ele pode dizer.
2. Do que pode lembrar-se.
3. Do que pode ter certeza.
VERS. 6-7, 12-13. Tempos de assalto, calúnia e tentação
devem ser tempos especiais de oração e fé. Aqui Davi
dá importância a cinco coisas.
1. A posse afirmada.
(a) A possessão: "Meu Deus". Oposto a ídolos. É
amado por mim.
(b) A reivindicação publicada.
(c) A testemunha escolhida. Secretamente. É santo. É perscrutador.
(d) A ocasião escolhida.
2. A petição apresentada.
(a) Suas orações eram freqüentes.
(b) Suas orações eram cheias de sentido.
(c) Suas orações eram intencionadas para Deus.
(d) Suas orações precisavam de atenção divina.
3. A preservação foi vivida.
(a) Deus tinha sido seu escudeiro.
(b) Deus guardara o mais vital dele.
(c) Deus o salvara.
(d) A força de Deus fora demonstrada.
4. A proteção esperada
(a) Deus é um juiz justo.
(b) Deus é um amigo compassivo.
(c) Deus é um guardião bem conhecido.
5. O louvor é predito.
(a) O louvor é assegurado pela gratidão.
(b) O louvor é expressado em palavras.
(c) O louvor é subentendido pela confiança.
(d) O louvor é praticado por comunhão.
VERS. 9. Como o pecado de faladores maus os atinge (W. B. H.).
VERS. 11 (primeira cláusula).
1. Observe alguns tipos de oradores do mal:
(a) Mentirosos; o mentiroso comum, o mentiroso do comércio, o mentiroso
da bolsa de valores, o mentiroso político.
(b) Boateiros.
(c) Blasfemadores e praguejadores.
(d) Céticos e inventores de novas teologias.
2. A boa conduta da oração.
(a) Porque falar mal é intrinsecamente ruim.
(b) É amplamente injurioso.
(c) Quem quer ver a verdade de Deus estabelecida precisa desejar o fim
da fala maldosa.
3. A limitação da oração: "Na terra".
(a) É certo que um falador mau não pode ser estabelecido
no céu, nem no inferno.
(b) A terra é a única esfera de sua influência; mas,
que tristeza! os homens na terra são demasiado influenciados por
ele.
(c) Então, torne-se você reto e verdadeiro, por fé
no Justo, na "Verdade" (J. F.).
VERS. 11 (segunda cláusula). O caçador cruel perseguido por
seus próprios cães.
VERS. 11 (segunda cláusula). Tema - Pecados cometidos, sem haver
arrependimento, perseguem os homens até sua ruína.
l. Para ilustrar:
(a) Eles podem levantar uma força de oposição de homens.
Tarquim, Napoleão.
(b) Podem precipitar ruína, como Hamã foi perseguido pelo
próprio pecado até a forca.
(c) Podem despertar remorso destrutivo, como em Judas.
(d) Certamente perseguirão até o juízo final, e perseguirão
a alma até o inferno.
2. Para aplicar:
(a) Que coisa horrível é o pecado.
(b) É mais terrível ainda por se autogerar.
(c) Fujam dos vingativos perseguidores de Cristo, o único refúgio,
o refúgio seguro (J. F.).
VERS. 11 (segunda cláusula). A caça e a perseguição
do pecador violento.
1. O progresso da perseguição.
(a) A princípio a vítima a desconhece.
(b) Mas não demora achar a Bíblia, a consciência, Deus,
a morte, no seu encalço.
(c) Seus próprios pecados é que clamam mais alto atrás
dele.
2. O resultado da caçada. Cercado, derrotado, perdido para sempre,
a não ser que se arrependa.
3. Outro Caçador: "O Filho do homem veio buscar e salvar o
que estava perdido" (W. B. H.).
VERS. 12.
1. O fato conhecido.
2. As razões de estar tão certo disso.
3. A conduta que surge desse conhecimento.
VERS. 12. Algo que vale a pena ser sabido.
1. Pelos aflitos e os pobres que confiam no Senhor.
2. Pelos opressores que afligem e cometem erro.
3. Por todos os homens, para que possam confiar no Senhor, e louvá-lo
por sua compaixão para com os necessitados e por sua justiça
equânime (J. F.).
VERS. 12-13.
1. Confiança sob todas as circunstâncias (Sl 140.12).
2. Gratidão por todas as coisas: "Os justos darão graças
ao teu nome".
3. Segurança em todos os tempos: "Os retos habitarão
na tua presença" (G. R.).
VERS. 13. Uma das formas mais nobres de louvor - habitar na presença
de Deus.Ou, olhar com reverência a presença de Deus, a comunhão
santa com o Senhor, a tranqüilidade confiante nas operações
de Deus, obediência no fazer a vontade divina - o melhor modo de
dar graças a Deus.
VERS. 13. Duas afirmações que estão além de
qualquer contradição.
1. Os retos darão graças a Deus com certeza, mesmo que outros
sejam tão mal agradecidos quanto forem. Pois:
(a) Eles reconhecem todo seu bem como vindo de Deus.
(b) Eles se reconhecem indignos do bem que recebem.
(c) Estão ansiosos por fazer o bem, porque são justos; e
isso envolve ações de graça.
(d) Gratidão é parte da alegria recebida por aquilo em que
eles têm prazer.
2. Os retos estão certos de habitarem na presença de Deus.
(a) No sentido de colocar o Senhor diante deles.
(b) No sentido de uma comunhão constante e presente com Deus.
(c) No sentido de gozar da aprovação de Deus.
(d) No sentido de habitar no céu para sempre.