Este poema melancólico é uma das composições
mais encantadoras de todo o Livro dos Salmos, justamente por seu poder
poético. Se não fosse inspirado, mesmo assim ocuparia um
lugar importante no gênero, especialmente a primeira parte dele,
que é muito terno e patriótico. Nos versos posteriores (Sl
137.7-9), temos expressões de indignação abrasadora
contra os principais adversários de Israel - uma indignação
tão justa quanto fervorosa. Que o critiquem aqueles que nunca viram
seu templo incendiado, sua cidade arruinada, suas esposas violadas, e depois
crianças assassinadas; poderiam não se exprimir, quem sabe,
de modo tão aveludado se tivessem sofrido desta maneira. Uma coisa
é falar do sentimento de amargura que perturbou os israelitas cativos
na Babilônia, e outra bem diferente é sermos prisioneiros
nós mesmos, oprimidos por um poder selvagem e desapiedado. Esse
canto poderia muito bem ser cantado no muro de lamentações
dos judeus. É um fruto do cativeiro na Babilônia, e muitas
vezes já serviu como expressão de tristezas que de outra
maneira teriam sido impossíveis de exprimir. É um salmo opalescente,
cujo brilho brando irradia um fogo que impressiona quem o olha com admiração.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1.
1. Uma obrigação que já foi a fonte de alegria: "lembrar-se
de Sião".
2. Circunstâncias que tornam a lembrança triste.
3. Pessoas específicas que sentem essa alegria ou tristeza: "nós".
VERS. 1.
1. A cidade de Sião esquecida na prosperidade. Seus cultos negligenciados;
seus sacerdotes desmoralizados; o culto de Baal e Astarote preferidos ao
culto do verdadeiro Deus.
2. Sião lembrado na adversidade. Na Babilônia, mais do que
em Jerusalém; nas margens do Eufrates mais do que nas margens do
Jordão; com lágrimas quando poderiam ter-se lembrado dele
com alegria: "Eu lhe falei na tua prosperidade, e tu disseste, eu
não ouvirei". "Senhor, na tribulação eu
te visitei. Eles derramaram uma prece quando tua disciplina estava sobre
eles" (G. R.).
VERS. 2.
1. Harpas - ou capacidade de louvor.
2. Harpas em salgueiros, ou canção suspensa.
3. Harpas devolvidas, ou alegrias a chegarem.
VERS. 2.
1. Uma confissão de alegria mudada em tristeza: "penduramos".
Os gemidos de suas harpas nos salgueiros combinavam melhor com suas emoções
do que quaisquer melodias que antes costumassem tocar.
2. O outeiro das lágrimas sendo transformado em alegria. Levaram
suas harpas consigo ao cativeiro, e penduraram-nas para uso futuro (G.
J.).
VERS. 2. Penduramos as nossas harpas.
1. Em lembrança de alegrias perdidas. Suas harpas estavam associadas
a um passado glorioso. Não podiam esquecer esse passado. Conservavam
o velho bom costume. Há sempre à mão os meios de recordar.
2. Em manifestação de tristeza atual. Não podiam tocar
por causa de:
(a) Sua pecaminosidade.
(b) Suas circunstâncias.
(c) Seu lar.
3. Em antecipação de bênção futura. Não
despedaçaram suas harpas. O tempo de exílio era limitado.
A volta foi predita expressamente. Vamos querer nossas harpas nos tempos
bons que virão. Pecadores tocam suas harpas agora, mas logo vão
precisar colocá-las de lado para sempre (W. J.).
VERS. 3 (última cláusul(a). Tirado do contexto, este é
um pedido muito agradável e digno de louvor. Por que desejamos uma
canção assim?
1. É claro que será puro.
2. Certamente vai elevar nosso espírito.
3. Provavelmente será alegre.
4. Servirá de consolo e nos animará.
5. Irá ajudar-nos a expressar nossa gratidão.
VERS. 3-4.
1. A exigência cruel.
(a) Um canto quando estamos aprisionados.
(b) Um canto para agradar nossos adversários.
(c) Um canto santo para propósitos nada santos.
2. A razão, o motivo dele. Às vezes ridicularizar meramente;
outras vezes, seria uma bondade equivocada, procurando por veemência
despertar-nos de desânimo depressivo; muitas vezes é mera
leviandade.
3. A resposta a isso: "Como poderíamos?".
VERS. 3-4.
1. Quando Deus pede alegria não devemos ficar entristecidos. As
canções de Sião deveriam ser cantadas em Sião.
Isto era:
(a) Um testemunho marcante do caráter alegre do culto a Jeová.
Mesmo os pagãos tinham ouvido sobre "as canções
de Sião".
(b) Um teste severo da fidelidade do Israel cativo. Poderia ter sido vantagem
terem concordado com o pedido.
(c) Um escárnio cruel pela condição triste e desanimada
dos cativos.
2. A recusa indignada. "Como poderíamos cantar as canções
do Senhor numa terra estrangeira?" Não há como serem
cantadas essas canções por israelitas verdadeiros.
(a) Não quando o coração está fora de sintonia,
como necessaria-mente estaria quando estão "em terra estranha".
(b) Em sociedade destoante - entre estranhos insensíveis.
(c) Para propósitos nada santos - para fazerem graça para
os pagãos. Muitos concertos chamados sacros ofendem cristãos
devotos tanto quanto a exigência de cantar a canção
ali ofendeu os israelitas piedosos. A música do Senhor deve ser
cantada só "para o Senhor" (W. H. J. P.).
VERS. 3-4. O nível ridículo de coisas santas.
1. Os servos de Deus estão em um mundo insensível.
2. A exigência é que haja coisa interessante e entretenimento.
Cantos religiosos para passar uma hora inativa! Tal é a demanda
popular no dia de hoje. Os homens querem que nós façamos
da religião um espetáculo para diverti-los.
3. A resposta justamente indignada de todas as pessoas verdadeiras: "Como
é possível isso?" Obreiros cristãos têm
uma agenda mais séria, ainda que menos popular (W. B. H.).
VERS. 5. A pessoa que se lembra; a coisa lembrada; a jura solene.
VERS. 5. Nenhuma harpa a não ser para Jesus.
1. A harpa consagrada. Na própria conversão.
"Uma espada, ao menos, teus direitos guardará,
Uma harpa fiel te louvará".
2. A harpa silenciosa:
"Teus cantos foram feitos para os bravos e os livres,
Nunca as cordas soarão na infame escravidão".
3. A harpa encordoada lá no céu:
"E eu ouvi a voz de harpistas,
Tocando com suas harpas no além" (W. B. H.).
VERS. 5-6.
1. Alegrar-se com o mundo é esquecer a igreja.
2. Para amar a igreja, temos que preferi-la a tudo mais.
3. Para servi-la, temos que estar dispostos a qualquer sofrimento.
VERS. 7. O ódio dos ímpios pela religião verdadeira.
1. Sua causa.
2. Sua extensão. "Arrasem-na".
3. Seu tempo de aparecer: "Quando Jerusalém foi destruída"
- aflições.
4. Sua recompensa: "Lembra-te, Senhor".