TÍTULO
Um cântico de peregrinação de Davi. É composto
por Davi e sobre Davi: ele é o autor e o tema, e muitos incidentes
de sua vida podem ser usados para ilustrá-lo. Comparando os salmos
a gemas preciosas, este seria uma pérola: quanta beleza adornará
o pescoço da paciência. É um dos salmos mais curtos
de ler, porém um dos mais longos para aprender. Trata de uma criança
nova, mas contém a experiência de um homem maduro em Cristo.
Despretensão e humildade estão aqui unidas em um coração
santificado, uma vontade submissa à mente de Deus, e uma esperança
dirigida somente ao Senhor - feliz o homem que pode sem falsidade fazer
uso dessas palavras como suas; porque ele tem em torno de si a imagem de
seu Senhor, que disse: "Eu sou manso e humilde de coração".
Este salmo supera todos os cantos de peregrinação que o precederam;
pois formosura é um dos mais altos resultados da vida divina. Há
também degraus nesse Canto de Passos em Ascensão: é
uma escada curta, se contamos as palavras; contudo chega a uma grande elevação,
alcançando desde a profunda humildade até a confiança
fixada. Le Blanc opinou que este é um canto dos israelitas que retornaram
da Babilônia com corações humildes, desmamados de seus
ídolos. Em todo caso, depois de qualquer cativeiro, que seja esta
a expressão de nossos corações.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Humildade.
1. Uma profissão de fé que deve convir para todo filho de
Deus.
2. Uma profissão, contudo, que muitos filhos de Deus não
podem fazer honestamente. Aponta-se a prevalência do orgulho e da
ambição mesmo na igreja.
3. Uma profissão que só se justifica pela posse do espírito
de Cristo. (Mt 11.29-30, Mt 18.1-5) (C. A. D.).
VERS. 2. De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. O original
tem um pouco a forma de um juramento, e portanto nossos tradutores mostram
grande sensatez em introduzir a expressão "de fato"; não
é uma versão literal, mas dá o sentido corretamente.
O salmista tinha mostrado seu melhor comportamento, e tinha suavizado a
rusticidade de sua vontade; por um esforço santo ele dominou o próprio
espírito, de modo que para com Deus ele não foi rebelde,
assim como para com o homem ele não foi arrogante. Não é
nada fácil aquietar-se: mais facilmente pode um homem acalmar o
mar, ou governar o vento, ou amansar um tigre, do que aquietar-se. Somos
clamorosos, inquietos, petulantes; e nada senão a graça pode
nos aquietar sob aflições, irritações e desilusões.
Como uma criança recém-amamentada por sua mãe. Ele
tinha ficado tão quieto e contente como uma criança completamente
recém-amamentada. Os orientais adiavam o tempo do desmame muito
mais do que nós, e podemos concluir que o processo não é
mais fácil por ser adiado. Por fim é preciso dizer um basta
para o período de amamentação, e então começa
uma batalha: é negado à criança seu consolo, e ela
chora e se irrita, ou fica amuada. Está enfrentando sua primeira
grande tristeza e está aflita. Mas o passar do tempo traz não
só alívio, mas o fim do conflito; o menino logo está
comendo à mesa com seus irmãos e nem deseja retornar àquela
fonte que lhe sustentava a vida. Não está mais zangado com
a mãe, mas procura o aconchego no seu colo. Para a criança
desmamada sua mãe é seu consolo, embora lhe tenha negado
consolo.
"Minha alma. como a criança desmamada, descansa.
Eu paro de chorar.
Assim o colo da mãe, mesmo seco o seu peito
Pode embalar."
É bênção, um marco de crescimento, de sair da
infância espiritual, quando podemos sacrificar as alegrias que um
dia pareciam essenciais, e achar consolo naquele que as nega: isso é
maturidade, e toda reclamação infantil se vai. Se o Senhor
tira nosso mais apreciado deleite, curvamo-nos à sua vontade sem
um murmúrio; fazemos isso com o prazer que vem da humildade, o cabo
que sustenta a flor em que desabrocha a paz.
Não é todo filho de Deus que é logo desmamado. Alguns
são infantes quando já deveriam ser pais; outros são
difíceis de desmamar, choram, brigam contra a disciplina do pai
celeste. Quando nos achamos desmamados descobrimos, para tristeza nossa,
que os velhos apetites estão mais machucados do que mortos. Com
certeza centenas já cantaram este salmo muito antes de compreendê-lo.
Benditas são aquelas aflições que subordinam nossos
sentimentos, que nos desmamam da auto-suficiência, que nos ensinam
a maturidade cristã, que nos ensinam a amar Deus não meramente
quando ele nos consola, mas mesmo quando ele nos sujeita a provações.
Tal desmame de si emana da humildade suave declarada no verso primeiro,
e em parte explica a sua existência. Se o orgulho acabou, a submissão
com certeza virá; e por outro lado, se o orgulho deve ser afugentado,
o "eu" também precisa ser vencido.
VERS. 2. A alma é como uma criança desmamada:
1. Na conversão.
2. Na santificação, que é um contínuo desmame
do mundo e do pecado.
3. Na perda de uma pessoa querida.
4. Em aflição de toda espécie.
5. Na morte (G.R.).
VERS. 2.
1. A alma precisa ser desmamada assim como o corpo.
(a) Primeiro ela é alimentada por outras pessoas.
(b) Depois é deixada com seus próprios recursos.
2. A alma é desmamada de uma coisa ao dar atenção
a outra coisa:
(a) De coisas mundanas, a celestiais.
(b) De justiça própria, à justiça de outrem.
(c) De pecado, a santidade.
(d) Do mundo, a Cristo.
(e) De si, a Deus (G. R.).
VERS. 2.
1. Uma condição desejável: "Como uma criança
desmamada".
2. Uma tarefa difícil - sujeitar e aquietar a si próprio.
3. Um resultado deleitoso: "De fato... sou como uma criança
desmamada por sua mãe" (W. H. J. P.)
VERS. 2.
1. Desassossego de alma: fraco, desonroso, rebelde.
2. Governo da alma; o trono muitas vezes abdicado; Deus dá a cada
um o cetro do governo próprio; necessário à vida bem-sucedida.
3. A alma quieta: sua doçura; seu poder. Vem, Espírito Santo,
sopra sobre nós! (W. B. H.)
VERS. 2. Foi sermão de Spurgeon: "A criança desmamada".
VERS. 2-3. A criança desmamada esperando no Senhor.
1. O primeiro desmamar da alma, o grande evento da história de
um homem.
2. A alegria no Senhor que surge em cada alma desmamada: "Minha alma
é como uma criança recém-amamentada pela mãe;
a minha alma é como essa criança; ponha a sua esperança
no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!"
3. O desmamar diário da alma ao longo da vida toda.
4. Os desejos sinceros e a obra frutífera de toda alma desmamada
(A. Moody Stuart).
VERS. 3.
1. O incentivo para esperar em Deus.
(a) Como Deus da aliança, "o Deus de Israel".
(b) Como Deus guardador de alianças: "Desde agora".
2. O efeito dessa esperança.
(a) A humildade e a dependência no primeiro verso.
(b) O contentamento e desmame do segundo verso. Será que Israel
seria assim humilde e obediente como uma criancinha? "Ponha a sua
esperança no Senhor" (G. R.).
VERS. 3. Espere mais, espere sempre.
1. Pois o passado autoriza tal confiança.
2. Pois o presente exige tal confiança.
3. Pois o futuro justificará tal confiança (W. H. J. P.)