TÍTULO
Um salmo de Davi. Da exatidão deste título não pode
haver dúvida, visto que nosso Senhor em Mt 22.43 diz "Então
como é que Davi, falando pelo Espírito, o chama 'Senhor'".
Contudo, alguns críticos gostam tanto de encontrar novos autores
para os salmos que ousam levantar pó contra o próprio Senhor
Jesus. Para evitar achar Jesus aqui, eles lêem o título, "salmo
de (ou sobre) Davi", como se não fosse tanto escrito por ele
como sobre ele, mas aquele que lê com entendimento verá pouco
de Davi aqui exceto como escritor. Ele não é o assunto do
salmo nem no menor grau, mas Cristo é tudo. Quanta coisa foi revelada
ao patriarca Davi! Como são cegos alguns sábios modernos,
mesmo em meio ao presente clarão de luz, comparado ao profeta poeta
da dispensação mais escura. Possa o Espírito que falou
pelo homem segundo o coração do próprio Deus dar-nos
olhos para ver os mistérios ocultos deste maravilhoso salmo, no
qual cada palavra tem uma infinidade de sentidos.
ASSUNTOS E DIVISÕES
O tema é O Rei sacerdote. Nenhum dos reis de Israel unificou essas
duas posições, mesmo que alguns o tenham tentado. Embora
Davi realizasse alguns atos que pareceram beirar o sacerdotal, não
foi nenhum sacerdote, e sim da tribo de Judá, "da qual Moisés
nada disse sobre o sacerdócio", e ele era um homem piedoso
demais para se lançar naquele ofício sem ser chamado. O Rei
Sacerdote aqui mencionado é o Senhor de Davi, um personagem misterioso
tipificado por Melquizedeque, e aguardado pelos judeus como o Messias.
Ele não é senão o apóstolo e sumo sacerdote
de nossa profissão de fé, Jesus de Nazaré, o Rei dos
Judeus. O salmo descreve a nomeação do rei sacerdote, de
seus seguidores, suas batalhas e sua vitória. Seu centro é
o versículo 4, e assim pode ser dividido, como sugere Alexandre,
em introdução, Sl 106.1-3; idéia central, versículo
4; e versículo suplementares, Sl 106.5-7.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Aqui o Espírito Santo começa com o reino de Cristo,
que ele descreve e magnifica:
1. Pela sua unção e ordenação pela palavra
ou decreto de seu Pai: "O Senhor disse".
2. Pela grandeza da pessoa dele em si, uma vez que é quase aliado
no sangue e na natureza a nós: "Meu Senhor".
3. Pela glória, poder e caráter celestial de seu reino, pois
na administração dele ele se assenta à mão
direita de seu Pai: "Senta-te à minha direita".
4. Pela continuação e vitórias: "Até que
eu faça dos teus inimigos um estrado" (Edward Reynolds).
VERS. 1. Meu Senhor.
1. A proximidade condescendente de Cristo a nós não destrói
nossa reverência: ele foi filho de Davi, e mesmo assim este o chama
de Senhor; ele é nosso irmão, noivo e contudo é nosso
Senhor.
2. A glória de Cristo não diminui sua proximidade de nós,
nem a familiaridade conosco. Sentado no trono como Senhor, ele é
ainda "meu Senhor".
3. É sob o aspecto duplo como Senhor, e assim mesmo nosso, que Jeová
o vê e fala com ele, e o ordena ao sacerdócio. Sempre nesses
dois aspectos devemos vê-lo.
VERS. 1. Senta-te.
1. A quietude de nosso Senhor em meio a acontecimentos.
2. A abundância de seu poder presente.
3. A operação de toda a história em direção
ao seu final, que será:
4. Sua vitória fácil: pisar sobre seus inimigos tão
prontamente como nós pisamos em uma banqueta para os pés.
VERS. 2.
1. O que é o cetro? É o evangelho (Ilustrado pela vara de
Moisés).
2. Quem o envia? "O Senhor".
3. De onde vem? Da igreja de Deus.
4. Qual é o resultado? Jesus reina.
VERS. 3. Um povo disposto e um Líder imutável.
1. A promessa feita a Cristo com respeito a seu povo: "O teu povo
se apresentará".
(a) Uma promessa temporal: "desde o romper da alvorada".
(b) De pessoas: "Teu povo".
(c) De disposição: "Voluntariamente".
(d) De caráter: "Nas belezas da santidade".
(e) A figura majestosa empregada (KJV): "Do ventre da manhã,
tu tens o orvalho de tua juventude". (ARA): "Como o orvalho emergindo
da manhã serão os teus jovens. (NVI): "Desde o romper
da alvorada os teus jovens virão como o orvalho".
VERS. 3. Esta é uma profecia dos súditos do reino de Cristo.
1. Quem são: "Teu povo".
(a) Um povo. Isso denota distinção, separação,
similaridade, orga-nização. Não é uma gentalha
confusa, mas uma comunidade unida.
(b) Seu povo. Por dádiva, por chamada efetiva.
2. O que são.
(a) Um povo leal: "voluntariamente" disposto.
(b) Um povo conquistado: "dominarás".
(c) Um povo santo: "trajando vestes santas".
(d) Um povo numeroso: "emergindo da manhã". O número
de con-vertidos na primeira proclamação do evangelho de Cristo
foi apenas o orvalho de sua mocidade (G. R.).
VERS. 3. Primeiro, a evidência interna do reino de Cristo está
na disposição de seu povo: "O teu povo se apresentará
voluntariamente" - todos voluntários, não homens pressionados.
Segundo, a evidência externa disso está na santidade de seu
povo; "as belezas da santidade", ou, como pode ser dito, "na
magnificência de seu santuário", pois os ornamentos do
santuário e as vestes dos sacerdotes eram muito esplêndidas.
Quando nos oferecemos a Deus, nos tornamos templos de Deus; e a santidade
deve adornar o coração que é um templo vivo do Espírito
Santo (J. Bennett, em um sermão, 1829).
VERS. 3. Todos os verdadeiros seguidores de Jesus são:
(1) Sacerdotes - belezas de santidade em suas vestes sacerdotais.
(2) Soldados - "quando convocares as tuas tropas", no dia do
teu poder.
(3) Voluntários.
(4) Benfeitores - como o orvalho.
VERS. 3. Aqui temos um grupo de assuntos - a disposição do
povo de Deus, a beleza da santidade, jovens convertidos à vida e
glória da igreja, o mistério da conversão, e assim
por diante.
VERS. 4. O sacerdócio eterno de Cristo. No que é fundada
a sua perpetuidade e os resultados abençoados que fluem dele.
VERS. 4. Estas palavras oferecem três pontos de observação
especial.
1. A cerimônia usada na consagração de nosso Senhor:
"O Senhor jurou".
2. A posição conferida a ele por esse rito ou cerimônia:
"Tu és sacerdote".
3. As prerrogativas de sua posição, cujo ofício é
aqui declarado ser:
(a) Perpétuo, "para sempre".
(b) Regular, "segundo a ordem".
(c) Real, "de Melquizedeque" (Daniel Featley).
VERS. 4. Melquizedeque: um assunto frutífero.
VERS. 5. A derrota certa de todo poder que se opõe ao evangelho.
VERS. 6. As calamidades temerosas que aconteceram a nações
através de sua rejeição pecaminosa do Senhor Jesus.
VERS. 7. A diligência de Cristo, a autonegação e simplicidade,
as causas de seu sucesso. Exemplo para ser imitado.
VERS. 7. A humilhação e exaltação de Cristo.