SALMO 107


ASSUNTO
Este é um cântico seleto para os remidos do Senhor (Sl 107.2). Embora celebre livramentos providenciais, e portanto possa ser cantado por qualquer homem que já foi preservado em tempo de perigo; contudo, sob esse pretexto, ele principalmente magnifica o Senhor por bênçãos espirituais, das quais os favores temporais são apenas sombras. O tema é a gratidão e seus motivos. A construção do salmo é bastante poética, e só como composição já seria difícil achar um à sua altura entre as produções humanas. Os poetas da Bíblia não ficam atrás entre os filhos da arte.


DIVISÃO
O salmista começa dedicando seu poema aos remidos que foram reunidos do cativeiro, Sl 107.1-3; ele então compara sua história àquela dos viajantes perdidos no deserto, Sl 107.4-9; à de prisioneiros em ferros, Sl 107.10-16; à de homens doentes, Sl 107.17-22; e à de marinheiros sacudidos por tempestades, Sl 107.23-32. Nos versículos finais o juízo de Deus sobre os rebeldes, e as misericórdias de Deus pelo seu próprio povo afligido levam o ônus do canto, Sl 107.33-42, e então o salmo conclui com um tipo de sumário, em Sl 107.43, que declara que aqueles que estudam as obras e modos do Senhor certamente verão e louvarão a sua bondade.


DICAS PARA O PREGADOR
O salmo todo. Este salmo é como a casa do Intérprete no livro O Peregrino de Bunyan. É dito a Peregrino que ele verá ali coisas excelentes e proveitosas. A mesma promessa é feita na introdução deste salmo, quando temos:
1. A fonte destas coisas excelentes - a bondade e toda a misericórdia duradoura de Deus; misericórdia não exaurida pelo desmerecimento de seus objetos.
2. Seu reconhecimento: "Assim o digam os que o Senhor resgatou". Os homens não o confessam, mas os remidos do Senhor o confessarão. É a experiência destes que é representada visualmente neste salmo. Que cada um fale de Deus como pensa. Será Deus tão bom quando ele tira como quando dá? "Assim o digam os que o Senhor resgatou". Ele é tão misericordioso quando fecha o sobrolho como quando sorri? "Assim o digam os que o Senhor resgatou". Ele faz todas as coisas agirem juntas para o bem daqueles que o amam? "Assim o digam os que o Senhor resgatou".
3. Seu fim. Louvor e ações de graças: "Que eles dêem graças":
(a) Por misericórdias gerais.
(b) Por redenção.
(c) Por livramentos especiais (G. R.).


VERS. 1-2. O dever do louvor é universal, a apresentação verdadeira dela fica com os resgatados. Redenção particular deve levar a louvor específico, testemunho especial da verdade e fé especial em Deus: "Assim o digam os que o Senhor resgatou".


VERS. 3. O ajuntamento dos escolhidos.
1. Todos se desviaram.
2. Seus caminhos foram diferentes.
3. Todos foram observados pelo Senhor.
4. Todos foram trazidos a Jesus como para um só ponto central. Note os caminhos, e os tempos das reuniões.


VERS. 4. Judeus errantes. Ilustram o perambular de uma mente em busca de verdade, paz, amor, pureza.
VERS. 4. As palavras contém uma breve história da queda e da infelicidade do homem e de sua restauração por Jesus Cristo, que é descrita sob os seguintes aspectos:
1. O estado perdido dos homens, por natureza.
2. Eles chegam a uma percepção correta disso, e clamam ao Senhor Jesus por livramento.
3. Ele os ouve e os livra de todas as suas aflições.
4. O tributo de gratidão que é devido a ele por esse grande livramento (W. Romaine).


VERS. 5. Fome espiritual é a causa de fraqueza. Necessidade de alimentar a alma.


VERS. 7. Graça divina estimulando nossas exerções. "Ele os conduziu ...para que pudessem ir".


VERS. 8. Aquele que apreciou o auxílio de Deus deve marcar bem:
1. Em que aflição esteve.
2. Como chamou por Deus.
3. Como Deus o ajudou.
4. Que agradecimentos ofereceu; e,
5. Que ações de graças ele ainda deve render (Lange's Commentary).


VERS. 9. Um grande fato geral. A condição, o benfeitor, a bênção - bondade, o resultado sacia. Mais o resultado de louvor visto em Sl 107.8.


VERS. 12-13.
1. A condição miserável da alma declarada culpada - humilhada, exausta, prostrada, abandonada.
2. Seu livramento rápido. Chorou, chorou ao Senhor enquanto em problemas. Ele salvou destas aflições.


VERS. 13. O trabalho do homem e o trabalho de Deus. Eles clamaram e ele salvou.


VERS. 14. Deus dá luz, vida, liberdade.


VERS. 20. Recuperação do mal deve ser atribuída ao Senhor, e a gratidão deve jorrar por causa disso. Mas o texto descreve o mal espiritual e mental. Observe:
1. O paciente em sua situação extrema.
(a) Ele é um tolo: por natureza inclinado ao mal.
(b) Ele fez papel de tolo (ver Sl 107.17), "rebeldia", "maldades".
(c) Ele agora perdeu todo o apetite e não tem condições de ser curado.
(d) Ele está às portas da morte.
(e) Mas ele começou a orar.
2. A cura em sua simplicidade.
(a) Cristo a Palavra é a cura essencial. Ele cura a culpa, o hábito, a depressão, e maus resultados do pecado. Para cada forma de enfermidade Cristo tem cura; por isso os pregadores devem pregá-lo muito e todos devem meditar muito sobre ele.
(b) A palavra no Livro é a cura instrumental: seus ensinos, doutrinas, preceitos, promessas, incentivos, convites, exemplos.
(c) A palavra do Senhor pelo Espírito Santo é a cura que se aplica. Ele nos leva a crer. Ele deve ser procurado pela alma doente. Nele é que devem confiar aqueles que querem trazer outros ao Grande Médico.


VERS. 26. Os altos e baixos da experiência de um pecador convicto.


VERS. 27. O pecador despertado, cambaleante e tonto.


VERS. 33-34. A cena aqui, que se abre com uma paisagem de beleza e fertilidade, é de repente transformada em lugar desértico e estéril. Os rios secam, as fontes não correm mais entre os morros, e os campos verdejantes estão queimados e vazios. A razão dada é "a maldade dos moradores". O quadro não precisa de interpretação para o povo de Deus. É precisamente o que acontece dentro deles quando já caíram no pecado (G. R.).


VERS. 34. A maldição, causa e cura da secura numa igreja.


VERS. 35. A esperança para igrejas em decadência está em Deus; ele pode operar uma mudança maravilhosa, ele faz isso - "Transforma": ele o faz quando a causa da secura é removida por arrependimento.


VERS. 35-38. Aqui a cena muda de novo. As fontes tornam a jorrar, lagos calmos repousam em meio a folhagens e flores, os morros estão cobertos de vinhas exuberantes, e os campos estão cobertos de milharais; abundância tanto na cidade como no campo, e aumentam tanto homens como gado. Este quadro tem também sua contrapartida em piedade experimental. "No lugar do espinheiro crescerá", "O deserto e o lugar solitário se alegrará por eles". Uma cena precede a oração, a outra a segue. Um deserto desolado antes, o jardim do Éden em seguida (G. R.).


VERS. 39-41. A cena se inverte novamente. Há nova mudança - de liberdade à opressão, de abundância à carência, de honra à desprezo. Depois aparece novo avivamento, igualmente repentino. Os pobres e afligidos são erguidos e os enlutados têm "suas famílias como rebanhos". Tais são as cenas em mudança pelas quais o povo de Deus é guiado; e tal a experiência pela qual são preparados apropriadamente para as alegrias puras, perfeitas e perpétuas do céu (G. R.).


VERS. 42-43. Tais voltas surpreendentes são úteis:
1. Para o consolo dos santos; eles observam essas dispensações com prazer: "Os justos vêem tudo isso e se alegram", no glorificar dos atributos de Deus, e a manifestação de seu domínio sobre os filhos dos homens.
2. Para o silenciar de pecadores: "todos os perversos se calam": isso será uma convicção da loucura daqueles que negam a presença divina.
3. Para satisfazer todos com respeito à bondade divina: "Reflitam nisso os sábios e considerem" estas coisas - estas várias dispensações da divina providência; mesmo eles compreenderão o amor leal do Senhor (M. Henry).


VERS. 43. A melhor observação e a mais nobre compreensão.