SALMO 103


TÍTULO
Um salmo de Davi. Sem dúvida por Davi; está no seu próprio estilo quando no seu auge, e devemos atribuí-lo a seus anos mais maduros, quando ele sentia mais a preciosidade do perdão, por ter um senso mais aguçado do pecado, do que quando mais moço. Seu senso claro da fragilidade da vida indica estar nos anos de mais fraqueza, assim como a própria imparcialidade de seu senso de louvor na gratidão. Como nos altos Alpes alguns picos sobem mais do que todos os outros, também nos salmos inspirados há alturas de cântico que superam os outros. Este salmo cento e três sempre nos pareceu ser o Monte Rosa da cadeia divina de montanhas de louvor, cintilando com uma luz mais rubra do que qualquer outra. É como a macieira em meio às arvores da mata, e seu fruto dourado tem um sabor como nenhuma outra a não ser que tenha amadurecido no sol pleno da misericórdia. É a resposta do homem à bênção de seu Deus, seu Canto no Monte respondendo o Sermão no Monte que seu Redentor apresentou. Nabucodonosor adorou seu ídolo com flauta, harpa, cítara, saltério, pífaro, e todo tipo de música, e Davi, em estilo bem mais nobre, acorda todas as melodias do céu e terra em honra do único Deus vivo e verdadeiro. Nossa tentativa de exposição começa sob um senso impressivo da completa impossibilidade de fazer justiça a tão sublime composição; invocamos nossa alma e tudo que está dentro de nós para ajudar-nos na tarefa agradável, mas, ai, nossa alma é finita, e toda nossa faculdade mental pequena demais para o empreendimento. Há demais no salmo para mil penas escreverem; é uma daquelas Escrituras que a tudo compreende, que é uma Bíblia em si mesmo, e que poderia sozinha quase ser suficiente para o hinário da igreja.


DIVISÃO
Primeiro, o salmista canta de misericórdias pessoais que ele mesmo recebeu, Sl 103.1-5; depois ele magnifica os atributos de Jeová como mostram seus tratos com seu povo, Sl 103.6-19; e ele completa invocando todas as criaturas do universo para adorarem o Senhor e juntarem-se a ele bendizendo Jeová, o sempre gracioso.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1.
1. Devemos bendizer o próprio Altíssimo. É possível que não o bendigamos, enquanto bendizemos suas dádivas, sua palavra, suas obras, seus modos.
2. Devemos bendizê-lo individualmente. "Minha alma". Não meramente a família através do pai, nem as pessoas através do pastor, nem a congregação através do coro; mas pessoalmente.
3. Devemos bendizê-lo espiritualmente: "alma". Não só com órgão, voz, oferta, obras.
4. Devemos bendizê-lo sem reservas: "todo o meu ser".
5. Devemos bendizê-lo resolutamente. Davi pregou a comunhão consigo mesmo, o incentivo de si e o comando de si (W. Jackson).
VERS. 1. Aqui está:
1. Converse consigo: "Ó minha alma". Muitos conversam bastante livremente com outros, mas nunca conversam consigo mesmo. São estranhos para si - estão "de mal" consigo próprios - não se interessam pelas próprias almas - ficam entorpecidos e melancólicos quando estão a sós.
2. Exorte a si: "Bendiga ao Senhor, ó minha alma". Teu Criador, teu Benfeitor, teu Redentor.
3. Encoraje a si. "Tudo que há em mim" - toda faculdade de meu ser mental, moral e espiritual: com dez cordas - toda corda em movi-mento. Não é preciso que uma faculdade diga a outro: "conheça o Senhor", pois todos o conhecerão do menor até mesmo o maior" (G. R.).
VERS. 1 (primeira cláusula, e Sl 103.22, última cláusula) Culto pessoal é o Alfa e Ômega da religião (C. Davis).


VERS. 2. Pesquise as causas de nosso freqüente esquecimento das misericórdias do Senhor, mostre o mal disso, e aconselhe remédios.


VERS. 3.
1. O perdão está em Deus: "Contigo há o perdão". É de sua natureza perdoar bem como punir o pecado.
2. Vem de Deus. Ninguém pode perdoar pecado a não ser Deus. Ninguém pode revelar perdão senão Deus.
3. É como Deus, pleno, de graça e para sempre - "todas as tuas iniqüidades" (G. R.).
VERS. 3. Cura todas as tuas doenças.
1. Por que o pecado é chamado de doença?
(a) Porque destrói toda a beleza moral da criatura. Porque suscita dor.
(b) Porque incapacita para o dever.
(c) Porque leva à morte.
2. A variedade de doenças pecaminosas à qual somos sujeitos, Mc 7.21-23; Gl 5.19.
3. O remédio com que Deus cura essas doenças.
(a) Sua misericórdia perdoadora através da redenção de Cristo.
(b) As influências santificadoras da graça.
(c) O meio da graça.
(d) A ressurreição do corpo. (De "O Estudo", 1873).
VERS. 3 (última cláusula) Nossas doenças por natureza, nosso grande Médico, a perfeita sanidade com que ele trabalha em nós, resultados desta sanidade.


VERS. 3-5. A Hexapla da Misericórdia (isto é, as seis colunas do templo, a misericórdia em seis colunas).
1. Três maldições tiradas.
(a) A culpa tirada.
(b) A corrupção tirada.
(c) A destruição evitada.
2. Três bênçãos dadas.
(a) Favores que podem gratificar.
(b) Prazeres que podem satisfazer.
(c) A vida que nunca pode morrer.
Ou
1. Perdão (Sl 103.3).
2. Purificação (Sl 103.4).
3. Redenção.
4. Coroação (Sl 103.5).
5. Abundância concedida.
6. Poder renovado (W. Durban).


VERS. 4. (primeira cláusula). A Redenção da vida de Davi da destruição.
1. Sua vida de pastor.
2. Sua vida militar.
3. Sua vida perseguida.
4. Sua vida real.
5. Sua vida espiritual (W. J.).
VERS. 4. O que é redimido, e de quê? Quem é redimido, e por quem?


VERS. 5.
1. Uma única condição - satisfação.
2. Uma única provisão - boas coisas.
3. Um único resultado - juventude renovada.
VERS. 5. Rejuvenescimento.


VERS. 7.
1. Deus quer que os homens o conheçam.
2. Ele é seu próprio revelador.
3. Há graus na revelação.
4. Nós podemos orar por mais conhecimento dele.


VERS. 8.
1. Misericórdia especificada: "Compassivo e misericordioso".
2. Misericórdia qualificada: "Mui paciente". Dificilmente se enfurece. A misericórdia pode se enfurecer, e então como é terrível a ira.
3. Misericórdia expandida: "Cheia de amor". "Ele perdoará abunda-ntemente; e só ele sabe o que perdão abundante significa" (G. R.).


VERS. 9.
1. O que Deus fará para seu povo. Ele por vezes admoesta - contende com eles.
(a) Do ponto de vista da providência, com provações externas.
(b) Do ponto de vista da experiência, com conflitos internos.
2. O que ele não fará a eles.
(a) Não os repreenderá continuamente nesta vida.
(b) Não os repreenderá nem um pouco no além.
(c) "Os dias de sua lamentação terão fim" (G. R.).


VERS. 11-13. A estatura, a extensão e a profundidade do amor divino.


VERS. 12. "Absolução completa".
VERS. 12.
1. A união que está implícita. Entre o homem e suas transgressões.
(a) Legalmente.
(b) Realmente.
(c) Experimentalmente.
(d) Eternamente, neles considerada.
2. A separação efetuada.
(a) Por quem? "Ele afasta".
(b) Como? Por seu próprio Filho ficar entre o pecador e seus pecados.
3. A "re-união" evitada. "Como o Oriente". Quando oriente e ocidente se encontram então, e não antes, a reunião se dará. Como as duas extremidades de uma linha reta nunca se podem encontrar, e não podem ser encompridadas sem se distanciar mais ainda uma da outra, assim sempre será com um pecador perdoado e seus pecados (G. R.).


VERS. 13-14 "A Terna Piedade do Senhor" (Sermão de Spurgeon).
VERS. 13-14.
1. De quem Deus se compadece; "daqueles que o temem".
2. Como ele se apieda "como um pai se compadece de seus filhos".
3. Por que ele se apieda? "Sabe do que somos feitos". Ele tem razão de conhecer nossa estrutura, pois ele nos estruturou, e tendo ele mesmo feito o homem do pó, "ele lembra de que somos pó" (Matthew Henry).


VERS. 14.
1. A constituição do homem.
2. A consideração de Deus (W. D.).


VERS. 15. A carreira terrena do homem. Seu surgimento, progresso, glória, queda, e oblívio.


VERS. 15-18.
1. O que o homem é quando deixado por conta própria? "A vida do homem".
(a) O que há aqui? Seus dias são como relva, sua glória como a flor da grama.
(b) O quê, depois? ... que se vai quando sopra o vento, por uma rajada de ira divina - não é mais conhecido na terra, conhecido só na perdição.
2. O que a misericórdia de Deus faz para ele:
(a) Faz uma aliança de graça a seu favor, uma flora eterna.
(b) Faz uma aliança de paz com ele nesta vida.
(c) Faz-lhe uma aliança de promessa por uma eternidade que virá.
3. Quem são os objetos desta misericórdia?
(a) Aqueles que temem a Deus.
(b) Que andam nos passos de ancestrais piedosos.
(c) Que confiam na misericórdia da aliança.
(d) Que são fiéis a seus compromissos da aliança (G. R.).


VERS. 18. A aliança, como podemos guardá-la, em que estado mental precisa ser guardada, e qual a prova real de estar fazendo isso.


VERS. 19. "Um discurso sobre o Domínio de Deus" (Charnock).
VERS. 19.
1. A natureza do trono.
2. A extensão do domínio.
3. O caráter do monarca.
4. A alegria conseqüente dos súditos: "Bendito seja o Senhor".


VERS. 20. O serviço dos anjos é instrutivo para nós.
1. Sua força pessoal é excelente. Como servos de Deus nós também devemos cuidar de nosso próprio rigor e saúde espiritual.
2. Eles são realistas em sua obediência, não teóricos.
3. Eles são atenciosos enquanto estão no trabalho, prontos a aprender mais, e mantendo comunhão com Deus, que fala pessoalmente com eles.
4. Eles fazem tudo no espírito de alegre louvor, bendizendo o Senhor.


VERS. 20-21,
1. O centro do louvor: "Bendizei o Senhor". Todo o louvor se centra nele.
2. O concerto de louvor.
(a) Anjos.
(b) As hostes dos redimidos.
(c) Ministros em especial.
(d) A criação em volta.
3. O clímax de louvor: "Bendizei o Senhor, ó minha alma. Isto tem grande direito sobre mim para gratidão e louvor. Vasto como pode ser o coro, não será perfeito sem a minha nota de louvor. Esta é a nota culminante: "Bendiga o Senhor, ó minha alma" (G. R.).


VERS. 21. Quem são os ministros de Deus? Qual é seu trabalho? Fazer a sua vontade. Qual é seu deleite? Bendizer o Senhor.


VERS. 21-22. Henry Melville tem um sermão notável sobre "O perigo do guia espiritual". Seu sentido pode ser constatado no trecho extraído que colocamos como uma observação sobre a passagem.


VERS. 22.
1. O coro.
2. O eco (W. D.).