TÍTULO
Uma oração de Moisés, o homem de Deus. Muitas tentativas
já foram feitas para provar que Moisés não escreveu
este salmo, mas nós permanecemos firmes na convicção
de que ele seja o seu autor. A condição de Israel no deserto
é tão eminentemente ilustrativa de cada versículo,
e as palavras tão semelhantes a tantas do Pentateuco, que as dificuldades
sugeridas são, à nossa mente, leves como o ar em comparação
com as evidências em favor de sua origem mosaica. Moisés foi
poderoso na palavra bem como na ação, e cremos ter sido este
salmo um de seus pronunciamentos de peso, digno de se colocar ao lado de
seu glorioso discurso registrado em Deuteronômio. Moisés era
de modo todo especial um homem de Deus e de Deus um homem, escolhido por
Deus, inspirado por Deus, honrado por Deus, e fiel a Deus em toda a sua
casa, bem merecendo o nome que aqui lhe é dado. O salmo é
chamado de oração, pois os pedidos finais entram em sua essência,
e os versículos anteriores são uma meditação
preparatória à súplica. Homens de Deus certamente
serão homens de oração. Esta não foi a única
oração de Moisés. De fato, é apenas uma amostra
da maneira em que o vidente de Horebe se inclinava a estar em comunhão
com o céu e a interceder pelo bem de Israel. Este é o mais
antigo dos salmos, e se acha entre dois livros de salmos como uma composição
única em sua grandeza, e sozinha em sua antigüidade sublime.
Muitas gerações de lamentadores escutaram este salmo enquanto
rodeavam de pé um túmulo aberto, e foram consolados por ele,
mesmo quando não perceberam como se aplicava de modo especial a
Israel no deserto e esqueceram-se de lembrar o terreno muito mais alto
sobre o qual os crentes agora estão de pé.
ASSUNTO E DIVISÃO
Moisés canta a fragilidade do homem e a brevidade da vida, contrastando
com isso a eternidade de Deus, e fazendo apelos sinceros por compaixão.
A única divisão que será útil separa a contemplação
em Sl 90.1-11 de Sl 90.12-17. Não há necessidade nem dessa
quebra, porque a unidade é bem preservada em todo o salmo.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. O relacionamento próximo e afetivo entre Deus e seu povo,
de modo que habitam mutuamente um no outro.
VERS. 1. A habitação da igreja é a mesma em todas
as épocas; seu relacionamento com Deus nunca muda.
VERS. 1.
1. A alma está em casa em Deus.
(a) Originalmente. Seu lugar de nascimento - sua atmosfera natural, seu
ar - o lar de seus pensamentos, vontade, consciência, afetos, desejos.
(b) Experimentalmente. Quando volta aqui, sente-se em casa. "Volte
ao seu descanso".
(c) Eternamente. A alma, quando retorna a esse lar, nunca o deixa: "não
sairá mais nunca para sempre".
2. A alma não está em casa em qualquer parte. "nosso
refúgio".
(a) Para todos os homens.
(b) Em todos os tempos. Ele é sempre o mesmo, e os desejos da alma
são substancialmente sempre os mesmos (G. R.).
VERS. 2. Um discurso sobre a eternidade de Deus (S. Charnock, Works, p.
344-373, edição de Nichol).
VERS. 2 (última cláusula). A consideração da
eternidade de Deus pode servir:
1. Para o sustento de nossa fé; em referência à nossa
própria condição para o futuro; em referência
a nossa posteridade, e à condição da igreja de Deus
até o fim do mundo.
2. Para o incentivo de nossa obediência. Servimos ao Deus que nos
pode dar uma recompensa eterna.
3. Para o terror de homens ímpios (Sermão de Tillotson sobre
a eternidade de Deus).
VERS. 3.
1. A causa da morte - "fazes os homens voltarem".
2. A natureza da morte - "voltar".
3. As necessidades da morte - reconciliação com Deus e a
preparação para voltar.
VERS. 4.
1. Contempla o período alongado com todos os seus eventos.
2. Considera o que ele deve ser para quem tudo isso é como nada.
3. Considera como nós estamos para com ele.
VERS. 5. Comparação da vida mortal ao sono (Ver comentário
de William Bradshaw).
VERS. 5-6. A lição dos campos.
1. Relva em crescimento é emblema da juventude.
2. Relva florescendo - ou o homem no vigor dos anos.
3. Relva cortada - ou o homem à morte.
VERS. 7.
1. As principais dificuldades do homem são o efeito da morte.
(a) Sua própria morte.
(b) A morte de outros.
2. A morte é o efeito da ira divina: "Somos consumidos por".
3. A ira divina é o efeito do pecado. Morte por pecado (G. R.).
VERS. 8.
1. A atenção que Deus dá ao pecado.
(a) Individual. "Nossas iniqüidades".
(b) Atenção universal - "iniqüidades", não
só uma, mas todas.
(c) As pequenas, até as mais secretas.
(d) Constantes: colocadas diante dele, "à luz".
2. A atenção que nós devemos dar a eles por causa
disso.
(a) Em nossos pensamentos. Coloque-os diante de nós.
(b) Em nossas consciências. Condenemos a nós mesmos por causa
deles.
(c) Em nossas vontades. Afastemo-nos deles por arrependimento - voltemos
a um Deus perdoador pela fé (G. R.).
VERS. 9.
1. Todo homem tem uma história. Sua vida é um conto - um
conto à parte - para ser contado.
2. A história de cada homem tem nela uma mostra de Deus. Todos os
nossos dias, dizem alguns, são passados em tua ira; todos, outros
poderão dizer, em teu amor;
3. e outros, alguns de nossos dias em ira e alguns, em amor.
4. A história de cada homem será contada. Na morte, no juízo,
por toda a eternidade (G. R.).
VERS. 10.
1. O que a vida é para a maioria. Poucas vezes chega a seus limites
naturais. A metade morre na infância; mais de metade da outra metade
morre na idade madura, poucos chegam à idade da velhice.
2. O que a vida é no máximo. "Setenta anos".
3. O que é para a maioria além daquele limite. "São
anos difíceis".
4. O que é para todos. "A vida passa depressa".
VERS. 11.
1. A ira de Deus contra o pecado não é plenamente conhecida
por seus efeitos nesta vida. "Quem conhece o poder". Aqui vemos
o esconder de seu poder.
2. A ira de Deus contra o pecado é igual aos nossos maiores medos:
"tão grande como o temor que te é devido" (G. R.).
VERS. 12.
1. O ajuste de contas.
(a) Qual é seu número usual.
(b) Quantos já foi gasto.
(c) O quanto é incerto o número que resta.
(d) Quantos deles devem ser ocupados com os deveres necessários
desta vida.
(e) Quais as aflições e desamparo que podem decorrer neles.
2. O uso que se pode fazer desta vida.
(a) "Buscar sabedoria" - não riqueza, honras mundanas,
nem prazeres - e sim sabedoria; não a sabedoria do mundo, mas a
de Deus.
(b) "Aplicar o coração" a isso. Não sabedoria
mental, meramente, e sim sabedoria moral; não especulativo, meramente,
mas experi-mental; não meramente teórico, e sim prático.
(c) Buscá-la imediatamente.
(d) Buscá-la constantemente - "aplicar nossos corações".
3. A ajuda a ser procurada nisto. "Ensina-nos".
(a) Nossa própria capacidade é insuficiente pela perversão
tanto da mente como do coração por causa do pecado.
(b) Ajuda divina pode ser conseguida. "Se algum de vocês tem
falta de sabedoria" (Tg 1.5) (G. R.).
VERS. 12. - A percepção da mortalidade. Mostre a variedade
de bênçãos dispensadas às diferentes classes
por meio do uso certo da percepção da mortalidade.
1. Pode ser um antídoto para os tristes. Refletir, "existe
um fim".
2. Deve ser um restaurador para os trabalhadores.
3. Deve ser um remédio para os impacientes.
4. Como bálsamo para os feridos de coração.
5. Como corretivo para os mundanos.
6. Como sedativo para os frívolos (R. Andrew Griffin, em Stems and
Twigs, 1872).
VERS. 13. De que maneira se pode dizer que o Senhor se arrepende.
VERS. 14 (primeira cláusula): "A oração do moço"
foi título de um sermão do autor.
VERS. 14.
1. O maior anseio do homem é por satisfação.
2. A satisfação só pode ser encontrada na percepção
da Misericórdia Divina (C. M. Merry, 1864).
VERS. 14. Satisfaça-nos pela manhã com teu amor. Aprenda:
1. Que nossas almas não podem ter satisfação sólida
nas coisas terrenas.
2. Que só o amor, a misericórdia de Deus pode satisfazer
nossas almas.
3. Que nada senão a satisfação em Deus pode encher
nossos dias de alegria e contentamento (John Cawood, 1842).
VERS. 14.
1. Os dias mais alegres da terra se tornam mais felizes com nossos pensamentos
da misericórdia divina.
2. Os dias mais tristes da terra se tornam alegres pela consciência
do amor de Deus (G. R.).
VERS. 15.
1. A alegria da fé é proporcional à tristeza do arrependimento.
2. A alegria da consolação é proporcional ao sofrimento
na aflição.
3. A alegria dos sorrisos que voltam para Deus é proporcional ao
terror de seu olhar de censura e reprovação (G. R.).
VERS. 15. O equilíbrio da vida ou a maneira na qual nossas alegrias
são equilibradas contra nossas tristezas.
VERS. 16.
1. Nossa obrigação - "trabalho", e nosso desejo
sobre isso.
2. A porção de nossos filhos - "esplendor", e nossa
oração com referência a ela.
VERS. 17. O estabelecimento certo, ou o trabalho que perdurará -
porque ele durará e deve durar. Porque nós desejamos que
nosso trabalho seja dessa natureza, e se há elementos que duram
nele.