SALMO 88
TÍTULOUm canto ou salmo para os filhos de Corá. Este lamento triste tem pouca semelhança com um canto, nem podemos entender como pode ter recebido um nome que significa um canto de louvor ou triunfo; contudo, talvez tenha sido intencionalmente assim chamado para mostrar como a fé "gloria também em tribulações". Com certeza, se existem cantos de lamentação e salmos de tristeza, este é um deles. Os filhos de Corá, que muitas vezes se uniram para salmodiar poemas jubilosos, são agora encarregados de cuidar destas frases tristonhas como se fossem um hino. Servos e cantores não têm muita escolha. Ao mestre dos músicos. Ele precisa dirigir os cantores e certificar-se de que cumpram bem a sua obrigação, pois tristeza santa deve ser expressa com tanto cuidado como o mais alegre louvor; nada deve ser feito de qualquer jeito na casa do Senhor. É mais difícil expressar bem a tristeza do que fazer soar notas de alegria. Sobre Mahalath Leannoth. Isso se traduz por Alexander: "com respeito à doença aflitiva", e, se estiver correto, indica a doença mental que ocasionou este canto tristonho. Maschil. Este termo já ocorreu várias vezes, e o leitor se lembrará que indica um salmo instrutivo ou didático: as tristezas de um santo são lições para outros; ensino experimental é extremamente valioso. De Hemã, o ezraita. O que nos indica a sua provável autoria; pode ter sido escrito por Hemã; mas qual deles não é fácil determinar, embora talvez não erremos muito ao supor que seja o homem mencionado em 1Re 4.31, como irmão de Etã, um dos cinco filhos de Zerá (1Cr 2.6), o filho de Judá, e, portanto, chamado "o ezraíta": se isso estiver certo, ele era famoso por sua sabedoria, e sua estadia no Egito durante o tempo da opressão do Faraó pode ajudar a explicar o baixo profundo de sua composição, e a forma antiga de muitas das expressões, que parecem mais de acordo com o estilo de Jó do que com o de Davi. Houve, no entanto, um Hemã no tempo de Davi que fazia parte do grande trio de músicos principais, "Hemã, Asafe e Etã" (1Cr 15.19), e não podemos provar que não tenha sido o compositor. Mas isso não é muito importante; quem quer que tenha escrito esse salmo era uma pessoa que possuía uma profunda experiência, que havia lidado nas grandes águas da tribulação da alma.
ASSUNTO E DIVISÃO
Este salmo é fragmentário, e a única divisão útil para nós é a sugerida por Albert Barnes, ou seja, uma descrição dos sofrimentos do homem doente (Sl 88.1-9), e uma oração por misericórdia e livramento (Sl 88.10-18). No entanto, consideraremos cada versículo separadamente, e assim mostraremos melhor a incoerência da aflição do autor. Antes disso, é melhor o leitor fazer uma leitura rápida do salmo todo.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1.
1. Confiança em oração - "Deus que me salva".
2. Sinceridade na oração - "A ti clamo".
3. Perseverança na oração - "Dia e noite".
VERS. 2. Oração como um embaixador.
1. Um público procurado, ou o benefício do acesso.
3. Atenção solicitada, ou a bênção do sucesso.
4. O processo explicado, ou a oração vem e Deus se inclina.
VERS. 3.
1. Um bom homem é exposto a problemas internos.
(a) A dificuldades da alma.
(b) À alma cheia de problemas.
2. A dificuldades externas. "Minha vida".
(a) De perseguições externas.
(b) De aflições internas.
3. Para dificuldades internas e externas ao mesmo tempo: a alma "desce à cova" e o homem "já não tem forças" (G. R.).
VERS. 4 (última cláusula). Fraqueza consciente, sentida com dor, a certas horas, em vários serviços. Isso com a intenção de conservar-nos humildes, fazer-nos cair de joelhos, e trazer maior glória a Deus.
VERS. 4-5.
1. A semelhança do homem justo com os maus.
(a) Na morte natural.
(b) Em enfermidades do corpo.
2. As diferenças deles. Ele é "contado com eles", mas não é um deles.
(a) Ele só passa pela morte natural.
(b) Sua força é aperfeiçoada na fraqueza.
(c) Para ele, morrer é ganho (G. R.).
VERS. 6-7.
1. O que as aflições do povo de Deus parecem ser para eles.
(a) Extremas - "Puseste-me na cova mais profunda".
(b) Inexplicável - "na escuridão".
(c) Humilhantes - "nas profundezas".
(d) Severas - "Tua ira pesa".
(e) Exaustivas - "com todas as tuas ondas me afligiste".
2. O que são na realidade.
(a) Não extremas, mas leves.
(b) Não inexplicáveis, e sim de acordo com a vontade de Deus.
(c) Não humilham, mas elevam. "Humilhai-vos sob".
(d) Não severas, e sim leves. Não em ira, e sim em amor.
(e) Não exaustivas, mas parciais. Não todas as tuas ondas, mas apenas algumas ondinhas. O movimento leve no porto quando há um oceano barulhento além dele (G. R.).
VERS. 8 (última cláusula). Isso pode ser uma descrição de nós quando a depressão é crônica, quando os problemas nos acabrunham, quando a doença nos prende em casa, quando nos sentimos restringidos na obra cristã, ou obstruídos na oração.
VERS. 9.
1. Tristeza diante de Deus - "Minhas vistas".
2. Oração a Deus - "a ti ergo".
3. Esperando por Deus - "clamo cada dia"
4. Dependendo de Deus - "ergo as minhas mãos". Estas mãos nada podem fazer sem ti (G. R.).
VERS. 10-12.
1. A suposição.
(a) Que um filho de Deus possa ser totalmente morto.
(b) Que ele fique para sempre na sepultura.
(c) Que ele seja destruído.
(d) Que ele fique para sempre na escuridão.
(e) Que ele seja esquecido inteiramente, como se nunca tivesse existido.
2. As conseqüências envolvidas nessa suposição.
(a) As maravilhas de Deus a eles cessariam.
(b) O louvor deles a Deus seria perdido.
(c) O amor de Deus por eles seria desconhecido.
(d) A fidelidade de Deus seria destruída.
(e) As maravilhas que Deus faz por eles seriam ignoradas por outros.
(f) A justiça anterior de Deus para com eles seria esquecida.
3. O rogo fundamentado nessas conseqüências: "Acaso mostras". Não é possível que teu louvor pela graça mostrado ao teu povo seja perdido, e ninguém, senão eles mesmos, pode render esse louvor. "Então o que farás com teu grande nome?" (G. R.).
VERS. 13.
1. Bênçãos prolongadas pela oração - "A ti".
2. Bênçãos antecipadas pela oração - "De manhã". Misericórdias diárias antecipadas pelas orações matutinas (G. R.).
VERS. 13 (última cláusula). As vantagens das reuniões de oração bem cedo de manhã.
VERS. 14.
l. Aflições são misteriosas embora justas.
2. Justas embora misteriosas (G. R.).
VERS. 14. Indagações solenes a serem seguidas de exames penetrantes, confissões tristes, abnegações sérias e doces restaurações.
VERS. 15.
1. As aflições dos justos podem continuar por muito tempo, e, ainda assim, serem rigorosas. "Desde moço tenho sofrido, e ando perto da morte."
2. Rigorosas, embora continuem por muito tempo.
(a) Dolorosas - "Os teus terrores".
(b) Ameaçadoras - "Ando perto da morte".
(c) Aterrorizantes - Sofro "teus terrores".
(d) Levam ao desespero - Já "levaram-me" (G. R.).
VERS. 15. Os sofrimentos pessoais de Cristo pela salvação de seu povo. (Sermão de Robert Hawker).
VERS. 16.
1. Homens bons muitas vezes são homens provados.
2. Homens experimentados muitas vezes julgam erradamente os procedimentos do Senhor.
3. O Senhor não os prende à palavra deles - ele é melhor do que os temores deles (G. R.).
VERS. 18. Com a perda de amigos, tendemos a nos lembrar da nossa própria mortalidade, a desmamar da terra, a confiar mais completamente no Senhor, a punir-nos pelo pecado, e nos deixar atrair ao grande lugar de encontro.
VERS. 18. As palavras de nosso texto nos levarão a observar que:
1. A felicidade da vida depende muitíssimo de amizades íntimas.
2. O processo da separação de amigos íntimos é muitíssimo doloroso.
3. Nesta, bem como em toda aflição, na verdade, o melhor consolo é o que se tira de crer e meditar na providência governadora de Deus (Joseph Lathrop, 1845).