SALMO 84


TÍTULO E ASSUNTO

Ao mestre dos músicos sobre Os Lagares. Um salmo para os filhos de Corá. Este salmo bem merecia ser confiado ao mais nobre dos filhos da hinologia. Nenhuma música poderia ser doce demais para seu tema, ou delicada demais no som para se comparar à beleza de sua linguagem. Mais doce do que a alegria do premer do vinho (pois este diz-se ser o sentido da palavra traduzida por Gittith), é a alegria das assembléias santas da casa do Senhor; nem mesmo os filhos favorecidos da graça, que são como os filhos de Corá, podem ter um assunto mais rico para cantar do que os festivais sagrados de Sião. Importa pouco quando foi escrito esse salmo, ou por quem; para nós, ele exala um perfume davídico, cheira às urzes, plantas dos montes, e aos lugares solitários desérticos, onde o rei Davi deve ter se alojado muitas vezes durante suas muitas guerras. Este poema sacro é um dos mais especiais da coleção; irradia um brilho suave, que faz merecer ser chamado A pérola dos salmos. Se o salmo 23 é o mais popular, o 103 o mais alegre, o 119 o mais profundamente experimental, o 51 o mais sentimental, este com certeza é um dos mais doces dos salmos de paz. Peregrinações ao tabernáculo eram um traço distintivo da vida judaica. Na Inglaterra, peregrinações ao santuário de Canterbury, e de Nossa Senhora de Walsingham, foram tão generalizadas a ponto de afetar toda a população, e determinar a construção de estradas, a construção de pensões, e a criação de uma literatura especial; isso pode nos ajudar a entender a influência da peregrinação sobre os antigos israelitas. Famílias viajavam juntas, formando grupos que cresciam em cada parada; acampavam em clareiras ensolaradas no meio de bosques nativos à beira dos caminhos; cantavam em uníssono ao longo das estradas, lutavam juntos para atravessar montes e brejos que aparecessem pela frente, e, na caminhada, acumulavam lembranças felizes que nunca seriam esquecidas. Se alguém fosse excluído da companhia santa dos peregrinos e do culto devoto da congregação, certamente encontraria neste salmo a expressão adequada para seu espírito pesaroso.


DIVISÃO
Faremos nossas pausas onde o poeta ou o músico as colocou, onde já se encontram no texto.


VERS. 1.
1. Por que são chamados tabernáculos"? Para incluir:
(a) O lugar santíssimo, o mais santo de todos;
(b) O lugar santo;
(c) O pátio e áreas do tabernáculo. Os pátios qualificados como "agradáveis" (NVI), "amáveis" (ARA). Os pátios "amáveis" (belos, agradáveis), o lugar santo mais agradável - o santo dos santos de todos o mais agradável.
2. Por que são chamados agradáveis ou amáveis?
(a) Por causa do modo como Deus habita aqui. Condescendência é amável? E o amor? E a misericórdia? E a graça? Estes são manifestos aqui.
(b) Por causa do propósito pelo qual ele reside aqui. Salvar pecadores: consolar santos.


VERS. 1-3. Os títulos para Deus nestes três versículos valem ser meditados. Senhor dos Exércitos, o Deus vivo, meu Rei e meu Deus (G. R.).


VERS. 3.
1. A eloqüência da aflição. Ao ser banido, Davi inveja os pardais e as andorinhas que tinham feito seus ninhos junto à casa de Deus, mais do que Absalão que havia usurpado seu palácio e seu trono.
2. A engenhosidade da oração. Por que pardais e andorinhas deveriam estar mais perto de teus altares do que eu estou, ó Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus! "Não tenham medo. Vocês valem mais do que muitos pardais" (Lc 12.7) (G. R.).


VERS. 4.
1. O privilégio sugerido - habitar a casa de Deus. Alguns pássaros voam por cima da casa de Deus - alguns ocasionalmente pousam em cima dela -, outros fazem seus ninhos e criam seus filhotes lá. Este era o privilégio que o salmista queria.
2. O fato afirmado. Como são felizes os que habitam, que fazem dela sua morada espiritual e também a de seus filhos.
2. A razão dada. Louvam-te sem cessar.
(a) Terão muito pelo que louvar a Deus.
(b) Verão muito para louvar em Deus (G. R.).


VERS. 5. O homem é abençoado.
1. Quando sua força está em Deus. Força para crer, força para obedecer, força para sofrer.
2. Quando os modos de Deus estão nele. São felizes os que em ti. Quando as doutrinas, os preceitos e as promessas de Deus são gravados profundamente no coração (G. R..).
VERS. 5. A preciosidade da intensidade e do entusiasmo na fé, no culto e vida religiosos.


VERS. 5-7. O povo bem-aventurado é descrito:
1. Pelo seu desejo sincero e pela sua determinação de fazer essa viagem, embora morasse longe do tabernáculo, Sl 84.5.
2. Pela sua viagem dolorosa, contudo com algum refrigério no caminho, Sl 84.6.
3. Pelo seu progresso constante até chegar ao destino desejado, Sl 84.7 (T. Manton).


VERS. 6. Assim como o vale de lágrimas simboliza abatimento, assim um poço simboliza a salvação e o consolo sempre fluindo (compare Jo 4.14, Is 12.3).
VERS. 6.
1. O vale de Baca. Deste vale podemos observar:
(a) Ele é bem freqüentado.
(b) É desagradável para carne e sangue.
(c) Muito saudável.
(d) Muito seguro.
(e) Muito proveitoso.
2. O esforço laborioso: torná-lo um lugar de fontes.
(a) Consolo pode ser obtido da aflição mais profunda.
(b) Consolo deve ser obtido por meio de esforço.
(c) Consolo obtido por um indivíduo é útil a outros, assim como uma fonte pode ser.
3. O suprimento celestial. As chuvas também enchem os mananciais (ou enchem cisternas). Tudo vem de Deus; o esforço não adianta sem ele.


VERS. 7.
1. Confiar em Deus nas dificuldades traz consolo presente - Prosseguem o caminho.
2. Consolo presente assegura suprimentos ainda maiores - As chuvas de outono (v.6b) (G. R.).
VERS. 7.
1. Progresso.
(a) O povo de Deus não pode ficar parado;
(b) Não pode retroceder;
(c) Deve estar sempre avançando.
2. Com vigor. De força em força.
(a) De uma ordenança a outra;
(b) De um dever a outro;
(c) De uma graça a outra;
(d) De um grau de graça a outro. Acrescente fé à fé, virtude à virtude, conhecimento ao conhecimento.
3. Completamento. Até que cada um (G. R.).


VERS. 8.
1. A oração não é limitada ao santuário. Davi, mesmo banido, diz: Ouve a minha oração.
2. Ajuda não se limita ao santuário. O Senhor dos exércitos está "aqui", bem como em seu tabernáculo. Ver Sl 84.1.
3. Graça não se limita ao santuário. Aqui, também, no deserto, está presente o Deus da aliança, o Deus de Jacó (G. R.).
VERS. 8. Rogos por respostas à oração nos títulos usados aqui.
1. Ele é Jeová, o Deus vivo, de tudo sabedor, todo-poderoso, fiel, gracioso e imutável.
2. Ele é Deus dos exércitos, tendo múltiplas agências sob seu controle; pode enviar anjos, segurar demônios, ativar homens bons, invalidar homens maus, e governar todos os demais agentes.
3. Ele é o Deus de Jacó, do escolhido Jacó, como visto no sonho de Jacó; o Deus de Jacó quando estava banido, quando lutava (e portanto um Deus que pode ser vencido por oração), Deus a perdoar os pecados de Jacó, Deus a preservar Jacó e sua semente depois dele.


VERS. 9. Observe.
1. A fé. Nosso escudo é o teu ungido - Teu ungido é o nosso escudo. Este não é Davi, porque ele diz nosso escudo, mas é o maior, o filho de Davi. Um brilhar da luz do Evangelho através das nuvens densas.
2. A oração. Olha, ó Deus. Olha. Olha sobre ele como nosso represen-tante, e olha sobre nós nele.
3. A petição.
(a) Ele tratou ser nossa defesa de tua ira;
(b) Ele foi ungido para esse ofício por ti (G. R.).
VERS. 9.
1. O que Deus é para nós.
2. O que nós queremos que ele olhe.
3. Onde nós queremos estar: escondidos atrás do escudo - visto na pessoa de Cristo.


VERS. 10. Aqui está:
1. Uma comparação de lugares. Um dia nos teus átrios. Quanto mais um dia no céu! O que, então, poderá ser uma eternidade no céu!
2. Uma comparação de pessoas. Prefiro ficar à porta. Melhor ser o menor na igreja do que o maior no mundo. Se "melhor reinar no inferno do que servir no céu" foi o primeiro pensamento de Satanás depois que caiu, só foi o primeiro pensamento (G. R.).
VERS. 10.
1. Dias nas cortes de Deus. Dias de ouvir, de se arrepender, de crer, de adorar, de ter comunhão, de avivamento.
2. Sua preciosidade. Melhor do que mil dias de vitória, de prazer, de conseguir ganhar dinheiro, de colheita, de discussão, de viajar entre belezas da natureza.
3. Razões para esse caráter precioso. São mais agradáveis, mais aproveitáveis agora, e mais preparatórios para o futuro e para o céu. A atividade, a sociedade, o prazer, o resultado, todos são melhores.


VERS. 11.
1. O que Deus é para seu povo. Um sol e um escudo.
(a) A fonte de todo o bem.
(b) Uma defesa de todo o mal.
2. O que ele dá. (a) Graça aqui. (b) Glória além.
3. O que ele retém. Tudo o que não é bom. Se ele retém a saúde ou a riqueza, ou seus próprios sorrisos de nós, é porque não são bons para nós naquele momento em particular (G. R.).


VERS. 12.
1. A única coisa que faz o homem bem-aventurado. Confiança em Deus. Como é feliz.
(a) Por todas as coisas;
(b) Em todos os tempos;
(c) Em todas as circunstâncias.
2. A bênção contida naquela única coisa. Deus mesmo torna-se nosso; temos:
(a) Sua misericórdia para perdoar-nos;
(b) Seu poder para proteger-nos;
(c) Sua sabedoria para guiar-nos;
(d) Sua fidelidade para nossa preservação;
(e) Sua suficiência completa para suprir-nos.
3. A certeza da bênção.
(a) Da própria experiência de Davi;
(b) Do solene apelo a Deus a respeito. Ó Senhor dos Exércitos (G. R.).
VERS. 12. A bem-aventurança da vida de fé acima daquela de gozo carnal, de sentimentalismo religioso, autoconfiança, viver conforme marcos e evidências, confiando no homem.