TÍTULO
Ao mestre dos músicos sobre Shoshannim. Assim, pela segunda vez,
temos um salmo intitulado "sobre os lírios". No quarenta
e um foram lírios dourados, com a fragrância doce da mirra,
e florindo nos jardins belos que rodeiam os palácios de marfim;
neste salmo temos o lírio entre espinhos, o lírio do vale,
alvo e belo, florindo no jardim do Getsêmani. Um salmo de Davi. Se
alguém indagasse "de quem fala o salmista isso? de si ou de
algum outro homem?" responderíamos, "de si e de algum
outro homem". Quem é o outro não demoramos a descobrir;
é unicamente o Crucificado quem pode dizer, "para matar-me
a sede deram-me vinagre". Suas pegadas através de todo este
salmo triste foram apontadas pelo Espírito Santo no Novo Testamento,
e por isso cremos, e temos certeza, de que o Filho do Homem está
aqui. Contudo parece ser intenção do Espírito - enquanto
dá-nos tipos pessoais, e assim mostra a semelhança do primogênito
que existe nos herdeiros da salvação - ao mesmo tempo apresenta
as disparidades entre o melhor dos filhos dos homens, e o Filho de Deus,
pois há versículos aqui que não ousamos aplicar a
nosso Senhor; quase nos arrepiamos quando vemos nossos irmãos tentando
fazer isso, como por exemplo no Sl 69.5. Notamos especialmente a diferença
entre Davi e o filho de Davi nas imprecações de um contra
seus inimigos, e as orações do outro por eles. Iniciamos
nossa exposição deste salmo com muito tremor, porque sentimos
que nós adentramos com nosso Grande Sumo Sacerdote o lugar santíssimo.
DIVISÃO
Este salmo consiste de duas partes de dezoito versículos cada. Estes
podem ser subdivididos novamente em três partes. Sob o primeiro subtítulo,
Sl 69.1-4, o sofredor desdobra sua queixa diante de Deus; depois suplica
que seu zelo por Deus é a causa de seus sofrimentos, em Sl 69.5-12;
e isso o incentiva a rogar por auxílio e livramento, em Sl 69.13-18.
Na segunda parte do salmo, ele detalha a conduta injuriosa de seus adversários,
em Sl 69.19-21, clama por serem castigados, Sl 69.22-28, e então
volta a orar, e isso numa antecipação feliz de que haverá
interposição divina e os seus resultados, Sl 69.29-36.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. Nossas aflições são como água.
1. Devem ficar fora do coração.
2. Há vazamentos, no entanto, que os permitem entrar.
3. Tome nota quando o porão está enchendo.
4. Acione as bombas, e grite por socorro.
VERS. 2-3. É o pecador apercebido de sua posição,
incapaz de esperança, dominado por medo, que não encontra
consolo na oração, nem se sente visitado por consolação
divina.
VERS. 3.
1. Aqui há fé em meio à aflição: Meu
Deus.
2. Esperança em meio ao desapontamento: Meus olhos.
3. Oração em meio ao desânimo: Cansei-me; Minha garganta.
Ou:
(a) Há o orar além da oração: Cansei-me;
(b) O esperar além da esperança: Meus olhos. (G. R.).
VERS. 4. Jesus como o restaurador. O cristão imitando-o no mesmo
trabalho; o cristianismo é um poder que fará isso para a
raça toda no devido tempo.
VERS. 5. Nossa tolice. Tanto aparece no geral, como pode se apresentar
em indivíduos; o que isso faz, e quais as medidas divinas para cuidar
disso.
VERS. 5.
1. O conhecimento que Deus tem do pecado é uma motivação
para se arrepender.
(a) Porque é tolice tentar esconder qualquer pecado dele.
(b) Porque é impossível confessar todo nosso pecado para
ele.
2. É um incentivo para se esperar o perdão.
(a) Porque, tendo pleno conhecimento de pecado, ele se declarou misericordioso
e pronto a perdoar.
(b) Porque ele fez provisão pelo perdão, não segundo
nosso conheci-mento de pecado, mas segundo o seu próprio.
VERS. 8-9.
1. Uma tribulação aflitiva.
2. Uma razão honesta para ela: por amor a Cristo.
3. Apoios consoladores para se passar por ela.
VERS. 9.
1. O objeto de zelo: tua casa; teu Sião; tua Igreja.
2. O grau de zelo: me consome. Nosso Senhor foi consumido pelo seu próprio
zelo. Paulo também: Eu já estou sendo derramado como uma
oferta.
3. A manifestação de zelo: Os insultos de tua justiça;
de tua lei; de teu governo moral; de tua misericórdia. "Ele
mesmo levou os nossos pecados" (1Pe 2.24) (G. R.).
VERS. 10-12. Uma profecia.
1. Das lágrimas do Salvador: Quando choro.
2. De seu jejum.
3. De zombaria.
4. De sua humilhação: Vestes de lamento.
5. Da deturpação perversa de suas palavras, como "Eu
destruirei este templo".
6. Da oposição dos fariseus e autoridades: Os que se ajuntam
na praça.
7. Do desprezo dos mais baixos do povo: Sou a canção (G.
R.).
VERS. 11. Falas proverbiais de natureza zombadora.
VERS. 13. No tempo oportuno. Enquanto a vida dura geralmente, e especialmente
quando estamos arrependidos, sentimos nossa necessidade, somos importunos,
damos toda a glória a Deus, temos fé em sua promessa, e esperamos
uma resposta graciosa.
VERS. 13. Teu grande amor. É visto em muita paciência e clemência
antes da conversão, inúmeros perdões, dádivas
sem conta, muitas promessas, freqüentes visitas e abundantes livramentos.
De todos esses quem consegue contar a milésima parte?
VERS. 13. A tua salvação infalível. Um tópico
instrutivo. A realidade dela, a certeza, o quanto é completa, a
eternidade, tudo ilustra a verdade sob vários aspectos.
VERS. 14-16.
1. A profundidade da qual a oração pode se erguer.
2. A altura à qual ela pode se elevar. Assim Jonas, quando estava
no fundo do mar, diz: "A minha oração subiu a ti"
(G. R.).
VERS. 17.
1. Oração: Não escondas a tua face.
2. Pessoa: O teu servo.
3. Petição: Pois estou em perigo.
4. Pressionado: Responde-me depressa.
VERS. 19.
1. Deus sabe o que o seu povo sofre; quanto, por quanto tempo, de quem,
pelo quê.
2. Seu povo deve achar consolação nesse conhecimento.
(a) Que a provação é permitida por ele.
(b) Que é distribuída em parcelas por ele.
(c) Que tem o plano dele.
(d) Que quando o projeto estiver realizado, será removido por ele.
VERS. 20. O coração partido do Salvador. Corações
partidos, tais como os que são sentimentais, são causados
por orgulho frustrado, arrependimento, compaixão.
VERS. 21. A conduta dos homens a Jesus durante toda a sua vida, dando-lhe
mal por todo seu bem, e onde o bem pareceria ser o retorno inevitável.
VERS. 22. A mesa uma cilada. O excesso de comer; soltura na conversa; falta
de princípios nos membros de um grupo; a superstição
na religião.
VERS. 23. A maldição judicial que cai sobre alguns que costumam
menosprezar a Cristo; seus entendimentos não conseguem perceber
a verdade; e eles tremem porque são incapazes de receber consolo
fortalecedor.
VERS. 29.
1. A humilhação que precede a exaltação.
(a) Profunda: Grande é a minha aflição e a minha dor.
(b) Confessada: Eu sou pobre.
2. A exaltação que segue à humilhação.
(a) Divina. Tua salvação, ó Deus.
(b) Completa: Deus nada faz pela metade.
(c) Preeminente: Proteja-me, ó Deus. "Ponha-me o teu socorro,
ó Deus, em alto refúgio" (G. R.).
VERS. 30-31.
1. O efeito do livramento sobre o povo de Deus. Isso o enche de louvor
e ações de graças.
2. O efeito em relação a Deus. Ele está mais feliz
com isso do que com quaisquer outras ofertas: "Aquele que oferece
louvor" (G. R.).
VERS. 32.
1. A alegria do coração de um homem bom está na experiência
de outros.
2. A vida de seu coração está em Deus.
VERS. 33.
1. O que as pessoas de Deus são em sua própria estima: "pobres"
e "aprisionadas".
2. O que são na estima divina: Não são despercebidos;
nem ouvidos; nem desprezados.
VERS. 34. Os mares. Como Deus é, deve ser, e será louvado
pelo mar.
VERS. 35. Salvação, edificação, preservação,
paz, plena certeza.
VERS. 36.
1. A evidência clara de sua graça: "amam o seu nome".
2. A bênção dada.
3. A natureza duradoura dela: "habitarão".
4. A herança: "a herdará": nós reinamos
com Cristo na terra, depois no céu.
5. O título.
(a) Legal: "Descendência de seus servos" - Abraão,
Jacó, Davi - Senhor e filho de Davi.
(b) Moral: "Os que amam o seu nome" (G. R.).