TÍTULO
Ao mestre da música, Maschil, para os filhos de Corá. Dedicado
ao mestre da música, este salmo é digno de seu ofício;
aquele que melhor sabe cantar, nada melhor tem para cantar do que este
salmo. É chamado Maschil, um poema instrutivo, e cheio de expressões
profundamente experimentais, calculadas à instrução
daqueles peregrinos cuja estrada para o céu é tão
cheia de provações como foi a de Davi. É sempre edificante
ouvir a experiência de um santo tão cheio de graça
e tão afligido.
Aquele seleto grupo de cantores, os filhos de Corá, são instruídos
a tornarem esse salmo tão deleitoso um de seus especiais. Eles foram
poupados quando seu pai e toda a sua companhia, e todos os filhos de seus
associados, foram engolidos vivos em seu pecado, Nm 27.11. Foram os poupados
da graça soberana. Preservados, nem sabemos por quê, pelo
favor distinto de Deus; pode-se conjeturar que depois de sua eleição
admirável à misericórdia, eles se encheram tanto de
gratidão que aderiram à música sacra a fim de que
suas vidas poupadas pudessem ser consagradas à glória de
Deus. Em todo caso, nós que já fomos salvos de descer ao
abismo do inferno, por mero prazer gracioso de Jeová, podemos também
cantar este salmo, e de fato todos os cantos que mostram os louvores de
nosso Deus e os suspiros de nossos corações por ele. Embora
Davi não seja mencionado como sendo o autor, este salmo com certeza
vem de sua pena; é tão davídico, cheira ao filho de
Jessé, leva sinais de seu estilo e experiência em cada letra.
Mais fácil seria duvidar da autoria da segunda parte do livro de
Bunyan, O peregrino, do que questionar o fato de Davi ser o compositor
deste salmo.
ASSUNTO
É o grito de um homem que está longe das ordenanças
exteriores e culto de Deus, suspirando pela antiga casa, já há
muito estimada, de seu Deus, e ao mesmo tempo é a voz do crente
espiritual, sob depressão, desejando ardentemente a renovação
da presença divina, lutando com suas dúvidas e temores, contudo,
ainda mantendo-se em pé pela fé no Deus vivo. A grande maioria
da família do Senhor já velejou no mar que aqui é
tão graficamente descrito. É provável que a fuga de
Absalão que Davi fez possa ter sido quando ele compôs este
Maschil.
DIVISÃO
A estrutura do canto nos leva a considerá-la em duas partes que
terminam com o mesmo refrão; Sl 42.1-5 e depois Sl 42.6-11.
DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. O coração que suspira e a corça que suspira
comparados.
VERS. 1, 2. Aqueles que já apreciaram a presença de Deus
nos atos públicos da religião desejarão muito, se
deles foram privados, poder desfrutar deles novamente. Ficar sem poder
assistir aos cultos públicos da casa de Deus pode ser transformado
em um meio de grande benefício para a alma:
1. Ao renovar nosso gosto pelas provisões da casa de Deus, que tão
depressa e tantas vezes esmorece.
2. Ao nos fazer valorizar muito mais os meios de graça. Há,
através da degeneração humana, uma tendência
a dar menos valor às coisas, por mais excelentes que sejam, por
causa de se tornarem comuns, ou abundantes, ou de fácil aquisição.
3. Ao nos dirigir mais diretamente da parte de Deus (H. March).
VERS. 1-3. A saudade da alma. O que a desperta na alma? A que é
dirigida, ou para que aponta ou a que tende? Com que é satisfeita?
Com o alimento amargo, mas muitas vezes saudável, de lágrimas
(J.P. Lange).
VERS. 2.
1. O que tem sede? "minha alma".
2. De quê? "de Deus".
3. De que modo? "quando eu vier".
Ou então: a causa, os incentivos, as excelências e os privilégios
da sede espiritual.
VERS. 2 (última cláusula). A visão verdadeira do culto
público.
VERS. 2 (última cláusula). Aparecer diante de Deus aqui e
no porvir (Isaque Watts. D.D., Dois sermões).
VERS. 1-3. A saudade da alma. O que a desperta na alma? A que é
dirigida, ou para que aponta ou a que tende? Com que pode ser satisfeita?
Com o alimento amargo, mas muitas vezes sadio de lágrimas (J.P.
Lange).
VERS. 3. A quaresma do crente, e suas carnes salgadas.
1. O que causa a tristeza?
2. O que a remove?
3. Que benefício virá dela?
VERS. 3, 10. O porte dos inimigos de Davi.
1. A natureza dele, e o porte dele era de reprovação.
2. Sua expressão: Pois me perguntam.
3. Sua constância: diariamente, ou o dia todo.
4. Sua especificação, numa pergunta de zombaria e opróbrio:
Onde está (agora) o teu Deus? (Thomas Horton).
VERS. 4.
1. É comum a mente, em tempos de tristeza, buscar alívio
do presente em recordações do passado.
2. Em recordações de prazeres passados, aqueles ligados ao
culto em sociedade serão especialmente benquistos para o servo de
Deus.
3. O homem é um ser social, portanto, é ajudado pelo culto
em união.
VERS. 4. Quando me lembro destas coisas choro angustiado. A inutilidade
de introspecção apreensiva.
VERS. 4. Eu costumava ir com a multidão. A companhia, se for boa,
é uma acomodação muito bendita e confortável,
em muitos respeitos.
1. É um exercício das faculdades humanas e das forças
e capacidades da mente.
2. É uma cerca contra o perigo e um preservativo contra a tristeza
e as tentações.
3. Uma oportunidade de fazer mais bem (Thomas Horton).
VERS. 4. Eu costumava ir. Memórias ensolaradas, suas lições
de gratidão e esperança.
VERS. 4 (última cláusula). Não os famosos contos dos
peregrinos de Canterbury (séc. XIV), e sim os contos de Davi sobre
os peregrinos de Jerusalém.
VERS. 4. Com cantos de alegria. O canto da congregação toda
é defendido, exaltado, discriminado e estimulado.
VERS. 5. O sofrimento colocado em questão, ou o Catecismo Consolador.
VERS. 5. A doçura, a segurança e a integridade da esperança
em Deus. Lugar de firmar bem a âncora.
VERS. 5. A música do futuro, Ainda o louvarei.
VERS. 5. De ti me lembro, ou o poder sustentador da presença de
Deus.
VERS. 5. Por que você está assim tão triste?
1. A mente, mesmo de um homem santo, pode estar indevidamente abatida e
inquieta.
2. Em casos de depressão e inquietude, o remédio apropriado
é convencer a alma, e dirigi-la para a única fonte de alívio
verdadeira.
3. Discutir com a alma em horas de tensão, é então
o que gera o seu próprio fim, quando leva a uma busca imediata de
Deus (H. March).
VERS. 5. Uma discussão de interrogação ou indagação.
Davi reclama de si mesmo uma explicação por sua paixão
e desassossego interior. Uma ênfase de reprovação ou
censura; Davi se critica e reclama de si mesmo pelo desassossego que sente
agora. "Por que você está assim tão pertur-bado?"(Thomas
Horton).
VERS. 5, 11. Ou auxílio e saúde.
VERS. 6. De ti me lembro. A consolação que se pode ter de
pensamentos em Deus.
VERS. 6. Por isso de ti me lembro. Há duas maneiras de entender
isso; cada uma delas instrutiva e proveitosa.
1. Pode ser considerada uma expressão de determinação
de lembrar-se de Deus se acaso ele se encontrasse em tais lugares e condições.
Crentes podem supor o pior e, contudo, esperar pelo melhor.
2. A linguagem pode ser considerada como expressão de encorajamento
derivado de reflexão. Ele tinha estado nessas situações
e circunstâncias, e tinha experimentado em tais condições
mostras de providência e graça divina (W. Jay).
VERS. 6. Ebenezeres, muitos, variados, lembrados, de auxílio.
VERS. 7. Abismo chama abismo. Um mal convida outro.
1. A variedade de males - de um mal a outro.
2. A combinação de males - um mal convida outro.
3. A junção de males, ou dependência e referência
mútua - um mal sobre o outro (T. Horton).
VERS. 7. A profundidade tríplice a que os santos e servos de Deus
são sujeitos aqui nesta vida.
1. A profundidade da tentação.
2. A profundidade da deserção, de ser deixado só.
3. A profundidade da aflição e calamidades humanas -(T. Horton).
VERS. 7, 8. Em tempos de aflição, os servos de Deus se distinguem
dos outros pela sua percepção imediata e pelo reconhecimento
da mão de Deus em suas tribulações (H. March).
VERS. 8. Misericórdia a cada dia e canto a cada noite; as misericórdias
da luz do sol e da sombra.
VERS. 8 (última cláusula). A abençoada alternância
entre o louvor e a súplica.
VERS. 8. O Deus da minha vida. Autor, sustentador, consolador, objetivo,
coroa, consumação.
VERS. 8. O Deus da minha vida. Há uma vida tríplice da qual
partilhamos, e Deus é o Deus de cada um para nós. Primeiro,
a vida da natureza; segundo, a vida da graça; terceiro, a vida da
glória (T. Horton).
VERS. 9. Deus minha Rocha. Nomes de Deus, de acordo com as circunstâncias.
VERS. 9. Minha rocha. Ver as metáforas contidas.
VERS. 9.
1. Por que tu?
2. Por que eu?
3. Por que ele? É um por que para todos os três. Para Deus,
Por que te esqueceste de mim? Para o próprio Davi, Por que devo
sair pranteando e vagueando? Para o adversário de Davi, quem quer
que tenha sido, Por que sou oprimido pelo inimigo? (T. Horton).
VERS. 10. O mais doloroso dos insultos.
VERS. 11. Meu Deus.
1. É uma palavra de interesse - Meu Deus, como em uma aliança
com ele.
2. Uma palavra de consentimento - Meu Deus, como me submetendo a ele.
3. Uma palavra de afeto - Meu Deus, como tendo prazer e alegrando-se nele
(T. Horton).
VERS. 11. Um catecismo, um consolo, uma recomendação.
VERS. 11.
1. A experiência de Deus que Davi tem. Ele é a saúde,
ou seja, a ajuda da expressão calma de meu rosto.
2. Seu relacionamento com Deus, e seu interesse nele - E meu Deus ( T.
Horton).