SALMO 42


TÍTULO
Ao mestre da música, Maschil, para os filhos de Corá. Dedicado ao mestre da música, este salmo é digno de seu ofício; aquele que melhor sabe cantar, nada melhor tem para cantar do que este salmo. É chamado Maschil, um poema instrutivo, e cheio de expressões profundamente experimentais, calculadas à instrução daqueles peregrinos cuja estrada para o céu é tão cheia de provações como foi a de Davi. É sempre edificante ouvir a experiência de um santo tão cheio de graça e tão afligido.


Aquele seleto grupo de cantores, os filhos de Corá, são instruídos a tornarem esse salmo tão deleitoso um de seus especiais. Eles foram poupados quando seu pai e toda a sua companhia, e todos os filhos de seus associados, foram engolidos vivos em seu pecado, Nm 27.11. Foram os poupados da graça soberana. Preservados, nem sabemos por quê, pelo favor distinto de Deus; pode-se conjeturar que depois de sua eleição admirável à misericórdia, eles se encheram tanto de gratidão que aderiram à música sacra a fim de que suas vidas poupadas pudessem ser consagradas à glória de Deus. Em todo caso, nós que já fomos salvos de descer ao abismo do inferno, por mero prazer gracioso de Jeová, podemos também cantar este salmo, e de fato todos os cantos que mostram os louvores de nosso Deus e os suspiros de nossos corações por ele. Embora Davi não seja mencionado como sendo o autor, este salmo com certeza vem de sua pena; é tão davídico, cheira ao filho de Jessé, leva sinais de seu estilo e experiência em cada letra. Mais fácil seria duvidar da autoria da segunda parte do livro de Bunyan, O peregrino, do que questionar o fato de Davi ser o compositor deste salmo.


ASSUNTO
É o grito de um homem que está longe das ordenanças exteriores e culto de Deus, suspirando pela antiga casa, já há muito estimada, de seu Deus, e ao mesmo tempo é a voz do crente espiritual, sob depressão, desejando ardentemente a renovação da presença divina, lutando com suas dúvidas e temores, contudo, ainda mantendo-se em pé pela fé no Deus vivo. A grande maioria da família do Senhor já velejou no mar que aqui é tão graficamente descrito. É provável que a fuga de Absalão que Davi fez possa ter sido quando ele compôs este Maschil.


DIVISÃO
A estrutura do canto nos leva a considerá-la em duas partes que terminam com o mesmo refrão; Sl 42.1-5 e depois Sl 42.6-11.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1. O coração que suspira e a corça que suspira comparados.
VERS. 1, 2. Aqueles que já apreciaram a presença de Deus nos atos públicos da religião desejarão muito, se deles foram privados, poder desfrutar deles novamente. Ficar sem poder assistir aos cultos públicos da casa de Deus pode ser transformado em um meio de grande benefício para a alma:
1. Ao renovar nosso gosto pelas provisões da casa de Deus, que tão depressa e tantas vezes esmorece.
2. Ao nos fazer valorizar muito mais os meios de graça. Há, através da degeneração humana, uma tendência a dar menos valor às coisas, por mais excelentes que sejam, por causa de se tornarem comuns, ou abundantes, ou de fácil aquisição.
3. Ao nos dirigir mais diretamente da parte de Deus (H. March).
VERS. 1-3. A saudade da alma. O que a desperta na alma? A que é dirigida, ou para que aponta ou a que tende? Com que é satisfeita? Com o alimento amargo, mas muitas vezes saudável, de lágrimas (J.P. Lange).


VERS. 2.
1. O que tem sede? "minha alma".
2. De quê? "de Deus".
3. De que modo? "quando eu vier".
Ou então: a causa, os incentivos, as excelências e os privilégios da sede espiritual.
VERS. 2 (última cláusula). A visão verdadeira do culto público.
VERS. 2 (última cláusula). Aparecer diante de Deus aqui e no porvir (Isaque Watts. D.D., Dois sermões).


VERS. 1-3. A saudade da alma. O que a desperta na alma? A que é dirigida, ou para que aponta ou a que tende? Com que pode ser satisfeita? Com o alimento amargo, mas muitas vezes sadio de lágrimas (J.P. Lange).
VERS. 3. A quaresma do crente, e suas carnes salgadas.
1. O que causa a tristeza?
2. O que a remove?
3. Que benefício virá dela?


VERS. 3, 10. O porte dos inimigos de Davi.
1. A natureza dele, e o porte dele era de reprovação.
2. Sua expressão: Pois me perguntam.
3. Sua constância: diariamente, ou o dia todo.
4. Sua especificação, numa pergunta de zombaria e opróbrio: Onde está (agora) o teu Deus? (Thomas Horton).


VERS. 4.
1. É comum a mente, em tempos de tristeza, buscar alívio do presente em recordações do passado.
2. Em recordações de prazeres passados, aqueles ligados ao culto em sociedade serão especialmente benquistos para o servo de Deus.
3. O homem é um ser social, portanto, é ajudado pelo culto em união.
VERS. 4. Quando me lembro destas coisas choro angustiado. A inutilidade de introspecção apreensiva.
VERS. 4. Eu costumava ir com a multidão. A companhia, se for boa, é uma acomodação muito bendita e confortável, em muitos respeitos.
1. É um exercício das faculdades humanas e das forças e capacidades da mente.
2. É uma cerca contra o perigo e um preservativo contra a tristeza e as tentações.
3. Uma oportunidade de fazer mais bem (Thomas Horton).
VERS. 4. Eu costumava ir. Memórias ensolaradas, suas lições de gratidão e esperança.
VERS. 4 (última cláusula). Não os famosos contos dos peregrinos de Canterbury (séc. XIV), e sim os contos de Davi sobre os peregrinos de Jerusalém.
VERS. 4. Com cantos de alegria. O canto da congregação toda é defendido, exaltado, discriminado e estimulado.


VERS. 5. O sofrimento colocado em questão, ou o Catecismo Consolador.
VERS. 5. A doçura, a segurança e a integridade da esperança em Deus. Lugar de firmar bem a âncora.
VERS. 5. A música do futuro, Ainda o louvarei.
VERS. 5. De ti me lembro, ou o poder sustentador da presença de Deus.
VERS. 5. Por que você está assim tão triste?
1. A mente, mesmo de um homem santo, pode estar indevidamente abatida e inquieta.
2. Em casos de depressão e inquietude, o remédio apropriado é convencer a alma, e dirigi-la para a única fonte de alívio verdadeira.
3. Discutir com a alma em horas de tensão, é então o que gera o seu próprio fim, quando leva a uma busca imediata de Deus (H. March).
VERS. 5. Uma discussão de interrogação ou indagação. Davi reclama de si mesmo uma explicação por sua paixão e desassossego interior. Uma ênfase de reprovação ou censura; Davi se critica e reclama de si mesmo pelo desassossego que sente agora. "Por que você está assim tão pertur-bado?"(Thomas Horton).
VERS. 5, 11. Ou auxílio e saúde.


VERS. 6. De ti me lembro. A consolação que se pode ter de pensamentos em Deus.
VERS. 6. Por isso de ti me lembro. Há duas maneiras de entender isso; cada uma delas instrutiva e proveitosa.
1. Pode ser considerada uma expressão de determinação de lembrar-se de Deus se acaso ele se encontrasse em tais lugares e condições. Crentes podem supor o pior e, contudo, esperar pelo melhor.
2. A linguagem pode ser considerada como expressão de encorajamento derivado de reflexão. Ele tinha estado nessas situações e circunstâncias, e tinha experimentado em tais condições mostras de providência e graça divina (W. Jay).
VERS. 6. Ebenezeres, muitos, variados, lembrados, de auxílio.


VERS. 7. Abismo chama abismo. Um mal convida outro.
1. A variedade de males - de um mal a outro.
2. A combinação de males - um mal convida outro.
3. A junção de males, ou dependência e referência mútua - um mal sobre o outro (T. Horton).
VERS. 7. A profundidade tríplice a que os santos e servos de Deus são sujeitos aqui nesta vida.
1. A profundidade da tentação.
2. A profundidade da deserção, de ser deixado só.
3. A profundidade da aflição e calamidades humanas -(T. Horton).
VERS. 7, 8. Em tempos de aflição, os servos de Deus se distinguem dos outros pela sua percepção imediata e pelo reconhecimento da mão de Deus em suas tribulações (H. March).


VERS. 8. Misericórdia a cada dia e canto a cada noite; as misericórdias da luz do sol e da sombra.
VERS. 8 (última cláusula). A abençoada alternância entre o louvor e a súplica.
VERS. 8. O Deus da minha vida. Autor, sustentador, consolador, objetivo, coroa, consumação.
VERS. 8. O Deus da minha vida. Há uma vida tríplice da qual partilhamos, e Deus é o Deus de cada um para nós. Primeiro, a vida da natureza; segundo, a vida da graça; terceiro, a vida da glória (T. Horton).


VERS. 9. Deus minha Rocha. Nomes de Deus, de acordo com as circunstâncias.
VERS. 9. Minha rocha. Ver as metáforas contidas.
VERS. 9.
1. Por que tu?
2. Por que eu?
3. Por que ele? É um por que para todos os três. Para Deus, Por que te esqueceste de mim? Para o próprio Davi, Por que devo sair pranteando e vagueando? Para o adversário de Davi, quem quer que tenha sido, Por que sou oprimido pelo inimigo? (T. Horton).


VERS. 10. O mais doloroso dos insultos.


VERS. 11. Meu Deus.
1. É uma palavra de interesse - Meu Deus, como em uma aliança com ele.
2. Uma palavra de consentimento - Meu Deus, como me submetendo a ele.
3. Uma palavra de afeto - Meu Deus, como tendo prazer e alegrando-se nele (T. Horton).
VERS. 11. Um catecismo, um consolo, uma recomendação.
VERS. 11.
1. A experiência de Deus que Davi tem. Ele é a saúde, ou seja, a ajuda da expressão calma de meu rosto.
2. Seu relacionamento com Deus, e seu interesse nele - E meu Deus ( T. Horton).