SALMO 41


TÍTULO
Ao mestre da música. Um salmo de Davi. Esse título é freqüente e serve para lembrar-nos o valor do salmo, ao vermos que não foi entregue a nenhum músico de menor mérito; e também nos informa quanto ao autor que fez de sua própria experiência a base de um canto profético, no qual um muito maior do que Davi é colocado. Que ampla variedade de experiência foi a de Davi! Que força isso lhe deu para a edificação de futuras épocas! E que pleno tipo de nosso Senhor ele próprio se tornou! O que era amargura para ele provou ser uma fonte de doçura infalível para muitas gerações de fiéis.
Jesus Cristo traído por Judas Iscariotes é evidentemente o grande tema deste salmo, mas cremos que não o seja exclusivamente. Ele é o antitipo de Davi, e todo o seu povo é, nas devidas medidas, como ele; por isso, palavras adequadas ao Grande Representante são muito aplicáveis àqueles que estão nele. Aqueles que recebem uma vil paga por bondade contínua dada a outros podem ler esse cântico sentindo muito consolo, pois verão que é, por infelicidade!, comum demais até o melhor dos homens ser recompensado por sua caridade santa com crueldade e desprezo; e quando, por caírem no pecado, tirou-se vantagem de sua humilhação, suas boas ações ficaram esquecidas e a mais vil malevolência se desencadeou sobre eles.


DIVISÃO
O salmista, em Sl 41.1-3, descreve as mercês prometidas àqueles que consideram os pobres, e isso ele utiliza como prefácio para seu próprio rogo pessoal por socorro: em Sl 41.4-9, ele declara seu próprio caso, passa à oração em Sl 41.10, e encerra com ações de graça em Sl 41.11-13.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1 (primeira cláusula). As bênçãos incidentais resultantes de se considerar os pobres piedosos.
1. Aprendemos gratidão.
2. Vemos paciência.
3. Muitas vezes notamos os triunfos de grande graça.
4. Obtemos luz sobre a experiência cristã.
5. Temos as orações deles.
6. Sentimos o prazer da beneficência.
7. Entramos em comunhão com o humilde Salvador.
VERS. 1. Lembra o apoio às vítimas de varíola (ou outras doenças contagiosas). (Bispo Squire, 1760). Dezenas de sermões dessa natureza já foram pregados baseados nesse texto.


VERS. 2. Ele o fará feliz na terra. Que bênçãos de natureza terrena o caráter piedoso recebe, e, no geral, o que é ser abençoado com respeito a esta vida.
VERS. 2 (segunda cláusula). O que é ser livrado na aflição. Da impaciência, do desespero, de expedientes pecaminosos, de ataques violentos, de perder a comunhão com Deus.


VERS. 3. Força na fraqueza. Força interior, dada divinamente, sustentada conti-nuamente, perdurando até o fim, triunfante na morte, glorificando a Deus, provando a realidade da graça, ganhando outros à fé.
VERS. 3 (última cláusula). O celestial arrumar a cama.


VERS. 4 (primeira cláusula). Uma fala que vale a pena repetir: Eu disse. Expressa penitência, humildade, sinceridade, fé, importunação, temor de Deus.
VERS. 4. Cura-me, cura minha alma.
1. A doença hereditária, vindo à tona em muitas desordens - pecado exposto, descrença, diminuição de graça.
2. Saúde espiritual lutando com a pessoa ao mesmo tempo; mostrando-se em dor espiritual, desejo, oração, esforço.
3. O médico comprovado. Já curou, e curará, pela sua palavra, seu sangue, seu Espírito.
VERS. 4. Pequei contra ti. Essa confissão é pessoal, fica clara, sem pretensão de desculpa, compreensiva e inteligente, pois revela o próprio cerne do pecado - é "contra ti".


VERS. 5. O que podemos esperar. O que nossos inimigos desejam. O que nós podemos portanto valorizar, isto é, o poder da vida e do nome cristão. O que devemos fazer - contar tudo para o Senhor em oração. E que bem sairá então do mal.


VERS. 6 (primeira cláusula). A tolice e o pecado de visitas frívolas.
VERS. 6 (segunda e terceira cláusulas). De igual para igual, ou o modo em que o caráter atrai para si o seu igual. O mesmo assunto pode ser tratado sob o título de The Chiffonier, ou o colecionador de trapos. O que ele junta; onde ele o põe - em seu coração; o que ele faz com isso; o que ele ganha por isso; e o que acontecerá com ele.


VERS. 7-12. Num leito de enfermidade, um homem descobre não só os seus inimigos e amigos, mas a si próprio e ao seu Deus, mais intimamente.


VERS. 9. A perfídia de Judas.


VERS. 11. Livramento da tentação é sinal de favor divino.


VERS. 12. Este texto revela o emblema daqueles que a graça já distinguiu.
1. Sua integridade é manifesta.
2. Seu caráter é sustentado divinamente.
3. Eles habitam no favor de Deus.
4. Sua posição é estável e contínua.
5. Seu futuro eterno é seguro.


VERS. 13.
1. O objeto de louvor - Jeová, o Deus da aliança.
2. A natureza do louvor - sem começo e sem fim.
3. Nossa participação no louvor - "Amém e Amém".
Os antigos rabis viam nos Cinco Livros do Saltério a imagem dos Cinco Livros da Lei. Essa maneira de olhar os salmos como um segundo Pentateuco, o eco do primeiro, passou para a igreja de Cristo, e encontrou acolhida em alguns pais da igreja primitiva. Bons expositores, como o dr. Delitzsch, adotaram a idéia, e chamam o Saltério "a palavra quíntupla da congregação ao Senhor, assim como o Torá (a Lei) é a palavra quíntupla do Senhor para a Congregação". Isso pode ser mera imaginação, mas sua existência desde tempos antigos mostra que a divisão quíntupla foi notada e atraiu interesse logo cedo (William Binnie, D.D.).
Deus apresentou a Israel a Lei, um Pentateuco, e Israel agradecido respondeu com um Saltério, um Pentateuco de louvor (F.L.K.).