SALMO 39


TÍTULO
Ao mestre da música, para Jedutum mesmo. O nome de Jedutum, que significa louvar ou celebrar, era muito apropriado para um líder de salmodia sagrada. Ele foi um daqueles ordenados por ordem do rei "para canto na casa do Senhor com címbalos, saltérios e harpas" 1Cr 15.6, e seus filhos depois dele parecem ter permanecido neste mesmo trabalho santo, mesmo até data tão tardia como os dias de Neemias. Ter um nome e uma posição em Sião é honra nada pequena, e manter esse lugar através de uma longa ordem de transmissão por herança pela graça é uma bênção indizível. Ó, que à nossa família nunca falte um indivíduo para prestar serviço diante do Senhor Deus de Israel. Davi deixou este poema lamentoso nas mãos de Jedutum porque achou que ele seria o mais capaz de compor a música para a letra, ou porque ele distribuiria a honra sagrada de canto entre todos os músicos que, cada um por sua vez, dirigiam o coro. Um salmo de Davi. É tal como sua vida variada produziria na certa; desabafos que cabem bem para um homem tão tentado, tão forte em suas paixões, e contudo tão firme na fé.


DIVISÃO
O salmista, encurvado por doença e tristezas, está carregado de pensamentos de descrença que resolve silenciar para que nenhum mal suceda do fato de serem falados, Sl 39.1-2. Mas o silêncio cria uma tristeza insuportável, que, por fim pede expressão, e ele a obtém na oração de Sl 39.3-6, que é quase uma queixa e um suspiro por morrer, ou, na melhor das hipóteses, é um retrato muito desanimado da vida humana. Em Sl 39.7-13, o tom é mais submisso, e o reconhecimento da mão divina é mais distinto; a nuvem passou, evidentemente, e o coração do lamentador está aliviado.


DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1-2. Porei mordaça em minha boca.
1. Há uma hora em que silenciar. Ele foi capacitado a fazer isso quando repreendido e injustamente acusado por outros. Ele o fez por bem; outros poderiam atribuí-lo ao mau humor, ou orgulho, ou timidez, ou culpa; mas ele o fez por bem. Respire num espelho polido e vai evaporar e deixá-lo mais brilhante do que antes; tente passar um pano, e a marca permanecerá.
2. Há uma hora para se meditar em silêncio. Quanto maior o silêncio, quase sempre é maior comoção interna. "Meu coração ardia." Quanto mais pensava, mais quente ficava. O fogo de dó e compaixão, o fogo de amor, o fogo de zelo santo queimava dentro dele.
3. Há uma hora para falar. "Então comecei a dizer." A hora para falar é quando a verdade está clara e forte na mente, e o sentimento da verdade está ardendo no coração. As emoções explodem como de um vulcão, Jr 20.8-9. A linguagem deve ser sempre uma representação fiel da mente e do coração (G. Rogers, Tutor da Metropolitan Tabernacle College).


VERS. 2. Há um silêncio sétuplo.
1. Um silêncio estóico.
2. Um silêncio político.
3. Um silêncio tolo.
4. Um silêncio obstinado.
5. Um silêncio forçado.
6. Um silêncio desesperado.
7. Um silêncio prudente, santo, gracioso (Thomas Brooks).


VERS. 4. Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida.
1. O que podemos desejar saber sobre nosso fim. Não a sua data, lugar, circunstâncias, mas:
(a) Sua natureza. Será o fim de um santo ou de um pecador?
(b) Sua certeza.
(c) Sua proximidade.
(d) Seus problemas.
(e) Suas exigências. Na forma de atenções, preparação, passaporte.
2. Por que pedir a Deus que nos faça conhecer isso? Porque o conhecimento é importante, difícil de adquirir e pode ser comunicado efetivamente somente pelo Senhor (W. Jackson).
VERS. 4. Davi ora:
1. Pedindo que possa ser capacitado continuamente a ter em vista sempre o fim da sua vida: todas as coisas devem ser julgadas pelo seu fim. "Então compreendi o destino deles" (Sl 73.17). A vida pode ser honrada, e alegre e virtuosa aqui; mas o fim! O que será?
2. Que ele possa ser diligente na realização de todos os deveres desta vida. A medida de seus dias, como é curta, quanto há para ser feito, o pouco tempo para fazê-lo!
3. Ele ora para que possa ganhar muita instrução e benefício das fragilidades da vida. Para que eu saiba. Minhas fraquezas podem me tornar mais humilde, mais diligente, enquanto sou capaz para o serviço ativo; mais dependente da força divina, mais paciente e submisso à vontade divina, mais maduro para o céu (G. Rogers).


VERS. 5 (última cláusula). O homem é vaidade, isto é, ele é mortal, ele é mutável. Observe o quanto essa verdade é expressa enfaticamente aqui.
1. Todo homem é vaidade, sem exceção, o eminente e o humilde, o rico e o pobre.
2. Ele é assim no seu melhor estado; quando é jovem, e forte, e saudável, em riqueza e honra.
3. Ele é inteiramente vaidade, tão vaidoso quanto se possa imaginar.
4. Verdadeiramente, ele é assim.
5. A "pausa" é anexada como uma nota exigindo observação (Matthew Henry).


VERS. 6. A vaidade do homem, como mortal, é aqui exemplificada em três coisas, e a vaidade de cada uma é mostrada.
1. A vaidade de nossas alegrias e honras: Sim, cada um vai e volta como a sombra - caminha numa apresentação vã.
2. A vaidade de nossas tristezas e temores. Em vão se agita.
3. A vaidade de nossos cuidados e trabalhos. Amontoando riqueza, sem saber quem ficará com ela (Matthew Henry).
VERS. 6. A trindade do mundo consiste: 1. De honras infrutíferas: o que lhes parecem ser honras substanciais são apenas um show vazio. 2. Em cuidados desnecessários. Em vão se agitam. Cuidados imaginários são substituídos pelos que são reais. 3. Em riquezas inúteis; as que não produzem satisfação duradoura em si, ou quando passam para outros (G. Rogers).


VERS. 7. Que hei de esperar? 1. Onde está minha expectativa? Onde está a minha confiança? A quem olharei? Eu não sou nada, o mundo não é nada, todas as fontes terrenas de confiança e consolação falham: Que hei de esperar? Na vida, na morte, num mundo moribundo, num juízo vindouro, numa eternidade prestes a vir, do que é que eu preciso? (G. Rogers).


VERS. 8.
1. A oração deve ser geral: Livra-me de todas as minhas transgressões. Precisamos dizer de novo com freqüência: "Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador". As aflições devem nos lembrar dos nossos pecados. Se oramos para ser livrados de todas as transgressões, garantimos que somos livrados por aquele pelo qual a aflição foi enviada.
2. A oração deve ser específica: Não faças de mim um objeto de zombaria dos tolos. Não me deixe falar assim nem mostrar impaciência na aflição de modo a dar ocasião, nem mesmo aos tolos, de blasfemar. Pensar que muitos nos vigiam para ver se manquejamos deve nos preservar do pecado (G. Rogers).


VERS. 9.
1. A ocasião referida. Não posso abrir a boca. Não nos é dito qual o problema que houve, para que cada um possa aplicá-lo à sua própria aflição, e porque todos devem ser vistos na mesma luz.
2. A conduta do salmista naquela determinada ocasião: Não abri minha boca.
(a) Não em ira e rebelião contra Deus em murmúrios ou queixas.
(b) Não em impaciência, ou reclamações, ou sentimentos irados contra pessoas.
(c) A razão que ele dá para essa conduta: Pois tu mesmo fizeste isso (G. Rogers).


VERS. 10.
1. Aflições são enviadas por Deus. O teu açoite. São golpes de sua mão, não da vara da lei, mas da vara do pastor. Cada aflição é pancada dele.
2. Aflições são removidas por Deus. Remova. Ele não pede milagres, mas que Deus em seu próprio modo, com o uso de meios naturais, intervenha para seu livramento. Devemos buscar sua bênção sobre os meios empregados para nosso livramento tanto para nós mesmos como para os outros. "Afasta".
3. Aflições têm sua finalidade da parte de Deus. Fui vencido pelo golpe. Deus tem uma controvérsia com seu povo. É um conflito entre sua vontade e as vontades deles. O salmista se confessa vencido e subjugado no conflito. Nós devemos ser mais ansiosos para que se realize este fim do que para ver a aflição removida, e, quando isso for realizado, a aflição será removida (G. Rogers).


VERS. 11.
1. A causa de nossas aflições: "seu pecado". Ah, essa tribulação veio tirar meu consolo, minha paz de espírito e o sorriso divino! Não, tudo isso é o fruto para tirar seu pecado - a escória, nada do ouro -o pecado, nada senão o pecado.
2. O efeito de nossas aflições. Tudo o que ele avaliou como desejável nesta vida, mas não para seu bem verdadeiro, é consumido. Suas vestes que são valorizadas pelos homens estão destruídas por traças, mas a veste da justiça sobre sua alma não pode apodrecer.
3. O intento de nossas aflições. Não são aflições penais, mas repreensões amigas e correções paternas. Sobre Cristo nossa segurança, as conseqüências penais foram colocadas, sobre nós só os castigos paternais.
4. A razoabilidade de nossas aflições. "Na verdade todo homem é pura vaidade" (ARA Sl 39.5, NVI "um sopro"). Como, num mundo assim, alguém pode esperar ser isento de tribulações! O mundo é o mesmo para o cristão como antes, e seu corpo é o mesmo. Ele tem uma alma convertida num corpo não convertido, e como pode escapar dos males externos da vida? (G. Rogers).


VERS. 12. Davi defende as boas impressões causadas nele por sua aflição.
1. Fez com que começasse a chorar.
2. Fez com que começasse a orar.
3. Ajudou-o a se despegar do mundo (Matthew Henry).
VERS. 12 (última cláusula). Será que sou um estrangeiro e um hóspede com Deus? Deixe-me perceber, deixe-me exemplificar a condição.
1. Que eu procure o tratamento que tais personagens comumente encontram.
2. E certamente se alguém de minha própria nação estiver perto de mim, eu serei íntimo com eles.
3. Que eu não esteja enrolado nos afazeres desta vida.
4. Que meus afetos estejam colocados nas coisas que são de cima, e minha conversa esteja sempre no céu.
5. Que eu não esteja impaciente para chegar ao lar, e sim para valorizá-lo (W. Jay).


VERS. 13.
1. O assunto de sua petição - não que ele escape da morte e viva sempre nesta vida, porque ele sabe que precisa sair daqui; mas: 1. Que ele possa se recuperar de suas aflições; e, 2. Que ele possa continuar por mais tempo nesta vida. Tal oração é legítima quando oferecida em submissão à vontade de Deus.
2. As razões desta petição. 1. Que ele possa remover pela sua vida neste futuro, as calúnias que foram amontoadas sobre ele. 2. Que ele possa ter evidências mais brilhantes de seu interesse no favor divino. 3. Que ele possa se tornar uma bênção para outros, sua família e nação. 4. Que ele possa ter maior paz e consolo na morte; e, 5. Que ele possa "ter uma entrada ministrada mais abundantemente" (G. Rogers).