SALMO 22


TÍTULO
Ao mestre de música. De acordo com a melodia A corça da manhã (Aijeleth Shahar). Um salmo de Davi. Este poema de excelência singular foi entregue ao mais excelente dos cantores do templo; o chefe entre dez mil é digno de ser exaltado pelo principal Músico; nenhum mero cantor deve estar encarregado de tal composição; precisamos atentar para convocar nossas melhores habilidades quando Jesus é o tema do louvor. As palavras Aijeleth Shahar são enigmáticas, e seu sentido é incerto; alguns dizem que se referem a um instrumento musical usado em ocasiões de lamento, mas a maioria fica com a tradução de nosso subtítulo, "Concernente à corça da manhã". Esta interpretação é assunto de muita indagação e conjectura. Calmet acreditava que o salmo era dirigido ao mestre da música que encabeçava uma banda chamada "Corça da manhã", e Adam Clarke acredita ser essa a mais provável de todas as interpretações, embora pessoalmente se incline a crer que nenhuma interpretação deva ser tentada, e crê ser este um título meramente arbitrário e sem sentido, tais como os orientais sempre tinham o hábito de acrescentar a seus cânticos. Nosso Senhor Jesus é tantas vezes comparado a uma corça, e suas caçadas cruéis são descritas tão pateticamente neste salmo mais emotivo, que não podemos senão crer que o título indica o Senhor Jesus sob uma metáfora poética bem conhecida; em todo caso, Jesus é a corça da manhã sobre a qual Davi canta aqui.


ASSUNTO
Este é, acima de todos os outros, O SALMO DA CRUZ. Pode ter sido realmente repetido palavra por palavra por nosso Senhor quando estava pendurado na árvore; seria ousado demais afirmar que foi assim, mas mesmo um leitor casual poderá aventar essa possibilidade. Começa com "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" e termina, segundo alguns, no original com "Está terminado" ("Está consumado"). Em expressões lamentosas que surgem de profundezas inexprimíveis de angústia, podemos dizer que não há outro salmo igual a este. É a fotografia das horas mais tristes de nosso Senhor, o registro de suas palavras ao morrer, o lacrimatório de suas últimas lágrimas, o memorial de suas alegrias expirantes. Davi e suas aflições podem estar aqui em um sentido muito modificado, mas como a estrela é oculta pela luz do sol, aquele que vê Jesus provavelmente nem vê nem tem interesse em ver Davi. Temos diante de nós uma descrição tanto da escuridade como da glória da cruz, os sofrimentos de Cristo e a glória que se seguirá. Suspira-se pela graça de chegar perto e contemplar essa grande cena! Devemos ler reverentemente, descalçando-nos como Moisés diante da sarça ardente, pois se há terra sagrada em alguma parte da Bíblia, ela está neste salmo.


DIVISÃO
Do começo até o versículo 21, é um clamor plangente por auxílio, e do versículo 21 ao 31, um muito precioso antegozo de livramento. A primeira divisão pode ser subdividida no versículo dez, sendo os versículos 1 a 10 um apelo baseado no relacionamento pactual; e de 10 a 21 um igualmente sincero rogo que vem da iminência de seu risco de vida.


DICAS PARA O PREGADOR
SALMO INTEIRO
O volume intitulado Christ on the Cross [Cristo na cruz], do reverendo J. Stevenson, tem um sermão sobre cada versículo. Daremos os títulos por serem sugestivos. Ver. 1. O brado. 2. A queixa. 3. O reconhecimento. 4-6. O contraste. 6. A vergonha. 7. A zombaria. 8. O insulto. 9-10. O apelo. 11. A súplica. 12-13. O assalto. 14. A fraqueza. 15. A exaustão. 16. A perfuração. 17. O olhar de insulto. 18. O repartir das vestes e o sorteio. 19-21. A importunidade. 21. O livramento. 22. A gratidão. 23. O convite. 24. O testemunho. 25. O voto. 26. Satisfeitos os humildes; dos que buscam o Senhor há louvores; a vida eterna. 27. A conversão do mundo. 28. A entronização. 29. O autor da fé. 30. A semente. 31. O tema eterno e a obra. O completamento da fé.


VERS. 1. O brado do Salvador que morre.


VERS. 2. Oração não respondida. Pergunte o porquê; incentive nossa esperança a respeito; inste para que se continue na importunação.


VERS. 3. O que quer que Deus faça, precisamos ter em mente que ele é santo e é para ser louvado.


VERS. 4. A fidelidade de Deus nas eras passadas é um pedido para o tempo presente.


VERS. 4, 5. Santos antigos.
1. Sua vida. "Eles confiaram."
2. Sua prática. "Eles clamaram, choraram."
3. Sua experiência. "Não se decepcionaram."
4. Sua voz para nós.


VERS. 6-18. Cheio de sentenças marcantes sobre o sofrimento de nosso Senhor.


VERS. 11. As dificuldades de um santo, seus argumentos em oração.


VERS. 20. "Salva-me" (NVI). "Livra a minha alma" (ARA). A alma de um homem será muito preciosa para ele.


VERS. 21 (primeira cláusula). "A boca dos leões." Homens de crueldade. O diabo. Pecado. Morte. Inferno.


VERS. 22. Cristo como irmão, pregador, preceptor.
VERS. 22. Um doce assunto, um glorioso pregador, um relacionamento de amor, um exercício celestial.


VERS. 23. Um dever triplo: "louvem-no", "glorifiquem-no", "temam-no"; em direção a um objeto, "o Senhor"; para três personagens, "vocês que temem ao Senhor, descendentes de Jacó, descendentes de Israel", que são apenas uma pessoa.
VERS. 23. Glória a Deus o fruto da árvore em que Jesus morreu.


VERS. 24. Um fato consolador na história, testemunhado por experiência universal.
VERS. 24. (primeira cláusula). Um temor comum desfeito.


VERS. 25. Louvor público.
1. Um exercício deleitoso - "louvor".
2. Uma participação deleitosa - "Meu louvor".
3. Um objeto digno - "a ti".
4. Uma fonte especial - "de ti".
5. Um lugar apropriado - "na grande congregação".
VERS. 25 (segunda cláusula). Votos. Que votos fazer, quando e como fazê-los, e a importância de pagar os votos.


VERS. 26. Banquete espiritual. Os convivas, o alimento, o anfitrião e a satisfação.
VERS. 26 (segunda cláusula). Os interessados serão cantores. Quem são? O que farão? Quando? E qual a razão de esperar que o façam?


VERS. 27. (última cláusula). Vida eterna. Que vidas? Fonte de vida. Maneira de vida. Por que eternamente? Qual a ocupação? Que consolo se tira disso?
VERS. 27. A natureza da verdadeira conversão, e a extensão dela sob o reinado do Messias (Andrew Fuller).
VERS. 27. O triunfo universal do cristianismo é certo.
VERS. 27. A ordem da conversão.


VERS. 28. O império do Rei dos reis como é, e como será.


VERS. 29. Graça para os ricos, graça para os pobres, mas todos perdidos sem ela.
VERS. 29 (última cláusula). Um texto pesado sobre a vaidade da autoconfiança.


VERS. 30. A perpetuidade da igreja.
VERS. 30 (última cláusula). História da Igreja, a essência de toda a história.


VERS. 31. Perspectivas futuras para a igreja.
1. Conversões certas.
2. Pregadores prometidos
3. Gerações sucessivas abençoadas.
4. O Evangelho publicado.
5. Cristo exaltado.