TÍTULO
O Michtam de Davi. Seu sentido é geralmente entendido como o SALMO
DOURADO, e tal título é muito apropriado por ser a matéria
como o mais fino ouro. Ainsworth o denomina "A jóia de Davi,
ou o cântico notável". O dr. Hawker, que está
sempre atento para passagens interessantes, clama piedosamente: "Alguns
têm-no chamado de precioso, outros, de dourado, e outros ainda, de
jóia preciosa; e como o Espírito Santo, pelos apóstolos
Pedro e Paulo, nos mostrou que é todo sobre o Senhor Jesus Cristo,
o que aqui é dito sobre ele é precioso, é dourado,
é realmente uma jóia!" Não nos deparamos antes
com o termo Michtam, mas ao chegarmos aos salmos 56, 57, 58, 59 e 60, nós
o veremos de novo, e observaremos que, como o presente, esses salmos, embora
comecem com oração, e dêem a entender dificuldades,
estão cheios de santa confiança e terminam com cantos de
certeza quanto à segurança e alegria final. O dr. Alexander,
cujos comentários são de valor inestimável, acredita
que a palavra seja, provavelmente, mais um simples derivado de uma palavra
que significa esconder, significando um segredo ou mistério, e que
indica a profundidade de importância doutrinária e espiritual
contida nestas composições sacras. Se esta for a verdadeira
interpretação, está bem de acordo com a outra, e quando
as duas se unem, compõem um nome do qual todo leitor se lembrará,
e que trará imediatamente à lembrança o assunto precioso:
O SALMO DO PRECIOSO SEGREDO.
ASSUNTO
Não nos restam apenas os intérpretes humanos para termos
a chave para esse mistério dourado, pois, falando pelo Espírito
Santo, Pedro nos diz: "Davi falou com respeito a ELE" (At 2.25).
Mais adiante neste seu sermão memorável, ele disse: "Irmãos,
posso dizer-lhes com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado,
e o seu túmulo está entre nós até o dia de
hoje. Mas ele era profeta e sabia o que Deus lhe prometera sob juramento,
que colocaria um dos seus descendentes em seu trono. Prevendo isso, falou
da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado
no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição"
(Atos 2.29-31). Nem é este nosso único guia, pois o apóstolo
Paulo, dirigido pela mesma inspiração infalível, cita
este salmo e testifica que Davi escreveu sobre o homem através de
quem se prega a nós o perdão de pecados (At 13.35-38). Em
geral, os comentadores têm aplicado o salmo tanto a Davi, aos santos,
e ao Senhor Jesus, mas nós arriscaremos crer que nele "Cristo
é tudo", visto que nos versículos 9 e 10, como os apóstolos
no monte, nós podemos ver "nenhum homem senão somente
a Cristo".
DIVISÃO
O todo é tão compacto que é difícil desenhar
linhas definidas de divisão. Talvez baste notar a oração
de fé do Senhor, versículo 1; a confissão de fé
em Jeová somente, 2, 3, 4, 5; o contentamento de sua fé no
presente, 6, 7; e a alegre confiança de sua fé para o futuro
(8, 11).
DICAS PARA O PREGADOR
Michtam de Davi. Sob o título de "O salmo dourado", Canon
Dale publicou um pequeno volume, valioso por ser uma série de boas
dissertações simples, mas talvez não devesse ter sido
chamado de "uma exposição". Achamos por bem dar
os cabeçalhos dos capítulos nos quais seu volume está
dividido, porque há muito brilho, e pode haver alguma solidez nas
sugestões.
VERS. 1. A procura do ouro. O crente cônscio do perigo, confiando
somente em Deus por livramento.
VERS. 2, 3. A posse do ouro. O crente procura justificação
apenas na justiça de Deus, enquanto mantém a santidade pessoal
por meio do companheirismo com os santos.
VERS. 4, 5. A prova do ouro. O crente encontra sua porção
presente e espera sua herança eterna no Senhor.
VERS. 6. A apreciação ou valorização do ouro.
O crente se congratula pelo quanto é agradável sua habitação
e quão boa a sua herança.
VERS. 7, 8. A utilização do ouro. O crente busca instrução
dos conselhos do Senhor à noite, e realiza sua promessa de dia.
VERS. 9, 10. A somatória ou o cálculo do ouro. O crente se
alegra e louva a Deus pela promessa de um descanso em esperança
e da ressurreição na glória.
VERS. 11. O aperfeiçoamento do ouro. O crente realiza à mão
direita de Deus a plenitude de alegria e os prazeres para todo o sempre.
Sobre este salmo, oferecemos algumas sugestões, selecionadas dentre
muitas:
VERS. 1. A oração e a petição. Aquele que preserva,
e aquele que confia. Os perigos dos santos e o local de sua confiança.
VERS. 2. "Tu és o meu Senhor." A alma com sua apropriação,
lealdade, segurança e voto de dedicação.
VERS. 2, 3. A influência e a esfera da bondade. Nenhum lucro para
Deus, ou para santos ou pecadores que já partiram, mas sim para
homens vivos. Necessidade de presteza.
VERS. 2, 3. Evidências de fé verdadeira.
1. Lealdade à autoridade divina.
2. Rejeição de justiça própria.
3. Prática do bem aos santos.
4. Apreciação de excelência santa.
5. Deleite na sociedade deles.
VERS. 3. Os notáveis na terra. A tradução pode ser
nobres, maravilhosos, magníficos. São assim em seu novo nascimento,
natureza, roupas, atendimento, herança.
VERS. 3. "Em quem está todo o meu prazer." A razão
pela qual os cristãos devem ser objetos de nosso prazer. Por que
não nos deleitamos mais neles. Por que eles não se deleitam
em nós. Como tornar mais prazerosa nossa comunhão, nosso
tempo juntos.
VERS. 3. Sermão de coleta para crentes pobres.
1. Santos.
2. Santos sobre a terra.
3. Estes são excelentes.
4. Nós precisamos ter prazer neles.
5. Nós precisamos estender a eles a nossa bondade (Matthew Henry).
VERS. 4. As tristezas da idolatria ilustradas em pagãos e em nós
mesmos.
VERS. 4 (segunda cláusula). O dever de separar-se completamente
dos pecadores na vida e na conversa.
VERS. 5. A herança futura e o copo presente encontram-se em Deus.
VERS. 6.
1. "Lugares agradáveis." Belém, Calvário,
Monte das Oliveiras, Tabor, Sião, o Paraíso.
2. Propósitos agradáveis, que fizeram essas divisas caberem
a mim.
3. Louvores agradáveis. Por serviço, sacrifício e
cântico.
VERS. 6. (segunda cláusula).
1. Uma herança.
2. Uma boa herança.
3. Eu a tenho.
4. Sim, ou o testemunho do Espírito.
VERS. 6. "Uma boa herança." O que faz bela a nossa porção
é:
1. A estima de Deus com ela.
2. O fato de vir da mão do Pai.
3. Que vem através do pacto da graça.
4. Que é a aquisição do sangue de Cristo.
5. Que é uma resposta de oração, e uma bênção
do alto sobre empenhos honestos.
VERS. 6. Podemos colocar esse reconhecimento na boca de:
1. uma criança favorecida pela providência.
2. um habitante deste país favorecido com o Evangelho.
3. um cristão com respeito à sua condição espiritual
(William Jay).
VERS. 7. Aceitar a opinião de um conselheiro. De quem? Sobre o quê?
Por quê? Quando? Como? E depois?
VERS. 7. Para cima e para dentro, ou duas correntes de instrução.
VERS. 8. Coloque o Senhor sempre diante de si como:
1. seu protetor.
2. seu líder.
3. seu exemplo.
4. seu observador (William Jay).
VERS. 8, 9. Uma percepção da presença divina é
o nosso melhor apoio. Isso nos dá:
1. Uma boa confiança a respeito das coisas externas. "Não
serei abalado."
2. Alegria boa no íntimo. "Meu coração se alegra."
3. Música boa para a língua viva. "No íntimo
exulto."
4. Esperança boa para o corpo que morre. "Mesmo o meu corpo".
VERS. 9. (última cláusula).
1. O sábado dos santos (descanso).
2. O seu sarcófago (tranqüilo - em esperança).
3. A sua salvação (pela qual ele espera).
VERS. 9, 10. Jesus foi alegrado aguardando a morte pela segurança
de sua alma e corpo, e nosso consolo nele é no mesmo sentido.
VERS. 10. Jesus morto, o lugar de sua alma e de seu corpo. Tópico
difícil, porém, interessante.
VERS. 10, 11. Porque ele vive nós também viveremos. Os crentes,
portanto, também podem dizer: "Tu me farás conhecer
a vereda da vida." Essa vida significa a bem-aventurança reservada
no céu para o povo de Deus após a ressurreição.
Tem três características. A primeira diz respeito à
sua fonte - flui da "tua presença". A segunda é
a respeito de sua plenitude - é "plenitude de alegria".
A terceira é sobre sua permanência - "eterno prazer"
(William Jay).
VERS. 11. Um doce quadro do céu.