Então Jesus lhe disse: "Levante-se! Pegue a sua maca e ande" (Jo 5.8).

Foi no sábado! Onde Jesus passaria aquele dia, e como? Podemos ter total certeza de que ele não o passaria de maneira profana nem leviana. O que faria? Praticaria o bem, pois é lícito praticar o bem no sábado. Onde praticaria o bem? Ele sabia da existência em Jerusalém de uma vista especialmente dolorosa -- várias pessoas pobres, cegas, e mancas, bem como paralíticas, que ficavam deitadas ao redor de um tanque de água, esperando um benefício que quase nunca vinha. Jesus resolveu praticar o bem ali, pois era ali que o bem fazia mais falta. Queira Deus que todos os servos de Cristo considerassem que a necessidade mais urgente tivesse a preferência máxima deles, -- que onde há a maior necessidade, existia o exercício da máxima bondade, e que nenhuma maneira de gastar o sábado possa ser melhor que a de levar o evangelho da salvação a quem tem mais necessidade dela. Mas era um dia festivo, também. Era um grande festival dos judeus, e Jesus subira a Jerusalém para guardar a festa. Onde ele festejará? Alguém o convidou para casa. Havia Maria e Marta e Lázaro lá em Betânia. Convidariam-no? Às vezes mesmo os fariseus e os publicanos abriam para ele suas casas, e lhe ofereciam um banquete. Não lhe faltaria algum banquete. Para onde iria? Era uma escolha singular para ele dizer a si mesmo: "Minha festa será celebrada entre os cegos, os mancos e os paralíticos?". Não, não era singular, pois ele já dissera a quem o convidara para casa: "Quando você der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos" (Lc 14.13). O que ele conclamava outros a fazer, ele certamente o faria pessoalmente. Era típico dizer: "Passarei meu dia festivo em um hospital. Empregarei esse dia, sagrado tanto à alegria quanto ao repouso, indo aonde os doentes jazem aglomerados, pois para mim, ser misericordioso é estar feliz: abençoar as pessoas é achar repouso para o coração". Cristo nunca festeja mais alegremente do que quando faz o bem para o próximo; e quanto maior o ato da sua liberalidade -- quanto mais sublime o ato poderoso levado a efeito pelo seu amor -- tanto mais sua natureza bendita se enche de repouso e alegria.

Olhem, portanto, o Salvador descendo até o tanque de Betesda, determinando que, no lugar onde a tristeza e a enfermidade reinavam supremas, ele exerceria sua misericórdia e venceria o mal. Convidarei vocês a ir comigo, e com o Salvador, para o tanque de Betesda, lá embaixo. Vou chamá-lo Hospital dos Esperançosos. Enquanto estivermos ali, notaremos que Jesus Cristo fixou seu olhar na pessoa mais desamparada daquele grupo que fica esperando. E depois, em terceiro lugar, teremos que notar com alegria como o Senhor lidou com o homem de modo evangélico.

 

I. Em primeiro lugar, falei que desceríamos até o tanque de Betesda com seus cinco pórticos, ao que chamei o hospital dos esperançosos: isso porque todas as pessoas ali faziam uma única coisa -- esperavam pela agitação das águas. Não havia mais nada que pudessem fazer. Jaziam doentes, com os olhares ansiosos, presos naquele tanque pequeno, esperançosos de vê-lo borbulhar -- ver um círculo sempre maior aparecer na superfície plácida: esperando para mergulhar nele imediatamente, pois o que entrava primeiro, receberia a cura -- uma só, e não mais. Não falei com verdade que era o hospital dos esperançosos?

Hoje em dia, é fácil acharmos um grande grupo de esperançosos. Gostaria que não fosse assim, mas muitas pessoas sempre aguardam. Acho que conheço delas suficientes para encher os cinco pórticos.

Algumas aguardam a ocasião mais conveniente, e têm o conceito, talvez, de que essa ocasião lhes virá no leito da enfermidade, ou possivelmente, no leito da morte. Já ouviram o evangelho, e acreditam ser ele a verdade, embora não o tenham aceitado. Freqüentam com regularidade um local de culto, e dizem entre si: "Esperamos que, em um dia destes, conseguiremos firmar-nos em Cristo, e seremos curados da enfermidade que é o pecado, mas não agora". Há quantos anos alguns de vocês estão esperando pela ocasião conveniente -- cinco anos, seis, oito, dez, vinte? Conheço alguns que estão esperando há vinte anos ou mais. Lembro-me de ter conversado com eles a respeito de sua alma, e disseram, na ocasião, que não pretendiam negligenciar a questão; estavam aguardando, e a hora certa ainda não chegara. Não explicaram exatamente o empecilho, mas era algo que sairia do caminho dentro de poucos meses -- acho que se tratava mesmo de semanas; mas o empecilho ainda não saiu, e ainda estão aguardando; e receio que aguardarão sempre até a chegada do dia do juízo, que os alcançará sem serem salvos. Sempre contam com o bom amanhã, mas amanhã é o dia que você não achará no almanaque; não se acha em nenhum lugar senão no calendário do tolo. O sábio vive o dia de hoje; o que a sua mão acha para fazer, ela o faz imediatamente, com todas as forças. Hoje é o dia determinado por Deus, e quando formos salvos, será o nosso dia. Mas, infelizmente, muitos ficam deitados, aguardando, até lhes endurecerem as juntas, falharem os olhos, ficarem pesados os ouvidos, e o coração cada vez mais insensível. Ó, simplórios, será assim para sempre? Vão esperar até serem lançados no inferno?

No segundo pórtico, a multidão de esperançosos aguarda sonhos e visões. Vocês, talvez, pensam ser bem poucos, mas não são tão poucos quanto imaginam; e têm a idéia de que talvez, em uma noite destas, terão um sonho tão vívido do juízo que acordarão alarmados, ou uma visão tão brilhante do céu, que acordarão fascinados por ela. Andaram lendo na biografia de alguém que ele viu algo nos ares, ou ouviu uma voz, ou teve um texto das Escrituras "aplicado ao coração" (como se fala); estão aguardando, digo, até sinais e maravilhas semelhantes acontecerem com eles. Sou testemunha da muita ansiedade para isto ou aquilo lhes acontecer, mas seu engano é que o querem, ou esperam que aconteça mesmo, e ficam deitados ali à beira do tanque de Betesda esperando, e esperando, e esperando, como se não pudessem crer em Deus, mas em um sonho, sim, acreditariam -- não podiam confiar nos ensinos das Sagradas Escrituras, mas acreditariam em uma voz que imaginavam estar soando nos seus ouvidos, embora pudesse ser o chilrear de um pássaro, ou nada. Podiam confiar na imaginação, mas não podem confiar na Palavra de Deus escrita no volume inspirado. Querem algo em acréscimo à palavra segura do testemunho; o testemunho de Deus não é suficiente para eles. Exigem o testemunho da imaginação, ou o testemunho do sentimento, e estão aguardando no pórtico à beira do tanque até chegar semelhante testemunho. O que é isso, senão a incredulidade ofensiva? O Senhor não merece crédito até que o sinal ou a maravilha confirme seu testemunho? Aguardar assim é uma provocação contra o Altíssimo.

O terceiro pórtico cheio de gente será achado, nos que aguardam um tipo de compulsão. Ouviram falar que os que vêm a Cristo são atraídos pelo Espírito de Deus. Acreditam nas doutrinas da graça, e estou contente que seja assim, porque elas são verdadeiras; mas interpretam erroneamente aquelas doutrinas, e supõem que o Espírito de Deus obriga os homens a fazer isto ou aquilo contra sua vontade, mediante o exercício da força. Sua noção parece ser que as pessoas são levadas ao céu pelas orelhas, ou arrastadas para lá pela força; e, porque falamos dos laços do amor e dos vínculos humanos, pegam a linguagem figurada e a interpretam erroneamente. Ora, vocês podem acreditar em mim que o Espírito de Deus nunca age com o coração humano do modo que vocês ou eu pudéssemos agir com uma caixa da qual perdemos a chave. Ele não o força, nem o arromba. Segundo as leis da nossa natureza, ele age com homens como homens. Ele os atrai com cordas, mas são cordas de amor -- com laços, mas não laços humanos. Pela iluminação do juízo que ele influencia a vontade. Leva-nos a ver as coisas com uma iluminação diferente, mediante a instrução que nos oferece, e mediante essa luz mais clara, influencia o entendimento e o coração; percebemos que as coisas que amamos são más, e passamos a odiá-las; e as coisas que antes odiávamos, percebemos boas, e optamos por elas. As pessoas imaginam que serão obrigadas a crer, querendo ou não -- forçadas a crer em Cristo, querendo ou não; mas não é assim que o Espírito Santo age.

Quero adverti-los do grande pecado de colocar o Espírito Santo em contraste ou rivalidade com Jesus Cristo. Agora, o evangelho é: "Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo"; e se você disser: "Estou aguardando o Espírito Santo", isso equivale a colocar Jesus em um tipo de oposição contra o Espírito Santo; ao passo que o Pai, o Filho, e o Espírito Santo concordam entre si como um só; e são mesmo um só, e o testemunho de Jesus é o testemunho do Espírito Santo; e quando o Espírito Santo opera nos homens, opera com as coisas de Cristo, e não com quaisquer coisas novas. Toma das coisas de Cristo e as mostra a nós. Se alguém rejeitar o evangelho que diz: "Creia e viva", rejeita ao Espírito Santo, e o Espírito não oferecerá qualquer outro evangelho, mas restringirá o homem a duas escolhas: ou crer em Cristo, ou morrer nos seus pecados. Vocês precisam ter Cristo, ou perecer; caso se recusem a obedecer à sua palavra nos Evangelhos, nem Deus Pai nem Deus, o Espírito Santo, se interporá para livrá-los. Jesus Cristo tem o Espírito para dar testemunho dele, e quando este vem, convence os homens dos seus pecados porque não crêem em Cristo, e os leva, não a confiar na obra adicional à obra de Jesus, mas para confiar simples e somente na expiação que Cristo forneceu. Ai dos que ficam parados em qualquer posição aquém desta!

O quarto pórtico é atraente para muitas pessoas, em especial nesse tempo específico. Aguardam o avivamento. Ouvimos boas novas, nas quais nos regozijamos, de grandes avivamentos em diferentes regiões da Inglaterra, da Escócia, e da Irlanda; e há alguns que dizem: "Queira Deus que um avivamento viesse para cá, eu me converteria"; senão, o argumento é assim: "Se os dois servos honrados de Deus viessem aqui, e realizassem cultos, então, decerto, seríamos convertidos". Confiam nos homens e nas comoções. Dou graças a Deus por todo avivamento genuíno, e sempre quando Deus opera, me regozijo; mas se alguém supõe que a ordem do evangelho fique suspensa por algum tempo, até vir o avivamento, está supondo uma mentira. O evangelho diz: "Arrependam-se e sejam batizados, cada um de vocês". Assim disse Pedro no dia do Pentecoste, ou, em outras palavras: "Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo". O chamado do evangelho é: "Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração" (Hb 3.15). Não diz: "Esperem, esperem, esperem até os tempos do refrigério; esperem até que venha o avivamento". Minha tendência é acreditar que, mesmo que viesse o avivamento, as pessoas que agora dão desculpas para se demorar, estariam em condições bem improváveis para dele obter a bênção; ou, se imaginassem ter obtido uma bênção, seria, com toda a probabilidade, um engano total, porque dependeriam dos homens, ou na emoção carnal, e sem fixar os olhos em Jesus, que é tão capaz de salvá-los agora quanto no avivamento futuro; e tão capaz de salvá-los por meio da minha voz agora, ou mesmo por meio de nenhuma voz, quanto seria capaz de fazê-lo por meio de qualquer outro homem, por mais útil que este tivesse sido. Receio que haja muitas pessoas esperando nesse pórtico.

Muitos estão esperando no pórtico da impressão aguardada. Querem uma impressão, e desejam que o ministro pregue um sermão muito alarmante. Que-rem que ele fale com coração caloroso e com muito fervor (como deve mesmo falar), mas querem que ele os traspasse, que atire uma flecha na carne deles, que fiquem aflitos e feridos no coração -- é por isso que aguardam. Chegam para cá todos os domingos, e ficam muito tocados, e deixados muito inquietos, sentem que não podem permanecer sentados, mas o conseguiram, e deram conta de esperar, e esperar. Quando vou alcançar vocês? De que maneira acham que devo pregar? Certamente, se eu soubesse de que maneira pudesse levá-los a Jesus, eu me deleitaria em usar esse método; mas não posso pregar qualquer outro evangelho, e não posso fazê-lo de modo mais claro, e acho que não posso pregar com mais sinceridade, porque desejo, com toda a alma, a salvação dos pecadores. Muitos talvez preguem melhor, mas ninguém com mais sinceridade de coração do que eu; e se vocês esperam que eu faça algo mais do que isso, esperarão em vão, pois nada tenho de melhor para oferecer. Indiquei-lhes as feridas do Salvador, que fluem com sangue, e digo que olhem para ele e vivam; e se vocês não quiserem aceitar a salvação da parte dele, não tenho outra esperança para colocar diante de vocês. Se os homens não quiserem escutar o evangelho que sempre preguei, não serão convertidos ainda que alguém ressuscitasse dentre os mortos.

Assim, mostrei-lhes os cinco pórticos cheios dos que ficam aguardando. Vou lhes contar por que acho que estão errados por aguardarem. Vou colocar diante de vocês a teoria deles. Aquelas pessoas estavam esperando porque um anjo vinha agitar as águas, e o primeiro que entrasse nelas depois disso, ficaria curado. Era essa a idéia delas. Não estavam olhando para Jesus. Não tinham ouvido falar que Jesus estava curando os enfermos? Nunca ouviram falar da mulher que veio por trás dele na pressão da multidão, e tocou na orla das suas vestes, e foi estancado o fluxo de sangue que ela sofria? Nunca ouviram sobre o filho de um oficial real, à beira da morte, e que teve a vida restaurada? Não ouviram falar a respeito de tudo isso? Não sei, mas fica certo que nunca tentaram chegar até Jesus, nem clamaram a ele por ajuda. Confiavam totalmente no tanque, no anjo e na agitação da água. Ah, a mim me parece que se tivessem sido sábios, diriam: "Isso aqui é incerto, e só acontece de vez em quando; mas Jesus diz: 'Quem vier a mim eu jamais rejeitarei' (Jo 6.37), e ele pode salvar totalmente os que por meio dele se chegam a Deus. Não seria melhor engatinharmos com o que pudermos, até aqueles pés queridos, e levantarmos os olhos para o seu rosto, e dizermos: 'Filho de Davi, tem misericórdia de nós'?".

Aí está a teoria -- a teoria da oposição ao evangelho. Desejo despedaçá-la, se Deus o Espírito Santo me ajudar -- a teoria de aguardar, a teoria de esperar alguma coisa, mas de não olhar para Cristo, e para ele somente. Essas pessoas atribuíam muita importância ao lugar. Ficavam sempre à beira do tanque de Betesda. Aquele seria o lugar certo. Se obtivessem algum bem, o obteriam ali; e assim percebo que quem fica aguardando muitas vezes atribui grande importância ao lugar do culto; esperam achar a salvação somente ali. Você não sabe que Jesus pode salvar-lhe a alma amanhã cedo no curtume, tão bem como o pode fazer no domingo que vem no Tabernáculo? Você não sabe que Jesus é tanto o Salvador no sábado quanto no domingo? Você não sabe que, enquanto anda pelas ruas, no bairro de Cheapside ou no Borough, se você respirar uma oração a ele, Jesus é tão poderoso para salvá-lo como se você estivesse de joelhos, ou em casa, ou sentado aqui ouvindo o evangelho. Ele está presente onde houver um coração que o deseja. Onde quer que haja um olho para contemplá-lo com o olhar da fé, ali está Jesus. Agora não existem mais tanques de Betesda para monopolizar a dispensação da misericórdia divina:

Oh, cheguem a ele, pois, nestes bancos da igreja, pois é este um lugar onde ele está, e se vocês estiverem deitados no leito da enfermidade, eu lhes direi que ele está ali; e se vocês estiverem na banca do carpinteiro, manipulando uma plaina, ou nos campos dirigindo o arado, eu nada mais lhes diria senão o seguinte: "A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração, isto é, a palavra da fé que estamos proclamando: Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo" (Rm 10.8). Essa teoria, de que devemos aguardar à beira do tanque das ordenanças, é o evangelho do anticristo; o evangelho de Cristo é: "Creia no Senhor Jesus Cristo e você será salvo".

Além disso, dizem que devem aguardar sinais e maravilhas. Os que ficaram esperando em Betesda aguardavam um anjo. Não sei se eles realmente viram o anjo, ou se a água era agitada misteriosamente por uma asa invisível; mas certamente esperavam um anjo -- um mistério. As pessoas gostam de mistérios, mas cobiçá-los é um mal, pois embora o evangelho seja, em determinado aspecto, o mistério da piedade, no entanto, no que diz respeito a vocês, pecadores, é a coisa mais singela no mundo. É a seguinte: "Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo".

Deus apresentou-o como propiciação pelo pecado. O sangue de Jesus é a oferta vicária à justiça de Deus, como substituto por nossa morte, e quem confiar em Cristo para assumir seu lugar, e assim aceita Cristo para ser seu substituto, é salvo. Hoje em dia, os sacerdotes querem fazer de tudo um mistério, e é esta palavra que está escrita na testa da meretriz da Babilônia, segundo o Apocalipse: "Mistério: Babilônia, a grande; a mãe das prostitutas" (17.5). Sua missa é um mistério, e suas cerimônias são todas misteriosas; a língua latina é usada para fazer das litanias um mistério; o próprio sacerdote é um mistério; o batismo é um mistério. Ora, no evangelho de Jesus Cristo, a verdade essencial é clara como água. "Legíveis somente pela luz que elas mesmas irradiam, constam as palavras que vivificam a alma, -- creiam e vivam". Confie em Cristo; aceite Jesus como seu substituto diante de Deus, e você será salvo ali mesmo -- salvo em um só instante. Mas não, eles aguardam o mistério; anseiam por ele. Até supõem que o próprio Espírito Santo deve vir sobre eles para derrotar o evangelho, ao passo que ele realmente torna o evangelho mais claro para nós, e quando chega, arranca para longe o mistério, remove as escamas dos olhos, e nos leva a ver que coisa singela é recebermos a Jesus e tornar-nos filhos de Deus.

Além disso, esses esperançosos que ligam tanta importância à localidade, e que esperam mistérios, parecem também esperar uma influência intermitente. De vez em quando o anjo agitava o tanque; de modo que há pessoas que imaginam a existência de certos tempos e ocasiões em que Cristo está disposto a receber pecadores, e intervalos nos quais tenham a esperança de achar a salvação; ao passo que a misericórdia do meu Deus não é como o tanque de Betesda, agitado de vez em quando; pelo contrário, ela é como a fonte de água que sempre jorra, e quem crer em Jesus, mesmo que seja aos dezesseis minutos para as oito horas, ou quer que seja às oito em ponto, descobrirá que Cristo está disposto a receber os pecadores; pois "tudo está preparado. Venham para o banquete de casamento!" (Mt 22.4b), é uma das proclamações do evangelho. Está pronto, e pronto agora, não às vezes, mas em todos os momentos -- não de vez em quando, por vezes, os domingos, nos dias santos, e nos dias de avivamento, mas "Hoje, se vocês ouvirem a sua voz" (Hb 3.7). "Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!" (2Co 6.2). Portanto, porque essas pessoas acham que existe certa influência intermitente, acreditam que precisam aguardar sua vinda de modo muito singular. Oh, se eu fosse condenado à forca amanhã cedo, e soubesse que uma petição fora feita a favor do meu perdão, aguardaria o resultado; mas de qual maneira vocês acham que aguardaria? Suponhamos que eu não tivesse esperança do céu, e soubesse que seria enforcado amanhã, e eu tivesse uma leve esperança ser perdoado, ficaria aguardando; mas de qual forma aguardaria? Dormiria nesta noite? Faria uma festa, e ficaria bêbado com os bêbados? Oh, não! Minha vida, minha vida, minha vida está correndo risco, não é brincadeira! Como os marinheiros em um navio naufragado aguardam o bote salva-vidas? Vocês acham que ficam inativos? Não, forçam os olhos na busca de socorro, e se ocupam com sinais de perigo, implorando o socorro. Vão dormir no navio naufragado, dizendo: "Se tivermos de salvar-nos, seremos salvos. Vamos dormir?". Não, estão esperando, mas se chegar um rojão até o navio, puxando uma corda, estariam prontos a lançar mão dele em um momento, e não esperar mais. É mentira, em 90% das vezes, quando os homens dizem esperar em Cristo, visto que não têm essa terrível ansiedade, a inquietude dolorosa da mente, que acompanha a verdadeira espera. Não passa de falsa espera, de uma mera desculpa; mas seja qual for o tipo de espera, é totalmente oposta ao evangelho, que não diz nada a respeito de esperar, mas que ordena os homens a crer e viver.

Além disso, essas pessoas aguardam uma influência muito limitada. Somente uma pessoa era curada por vez em Betesda -- a primeira pessoa a entrar na água; portanto, quando os que aguardam ouvem dizer que alguém foi salvo, acham que ele estava em circunstâncias mais favoráveis, que estava colocado em uma posição melhor para obter a salvação. Eles mesmos parecem estar nas últimas fileiras, incapazes de chegar ao tanque maravilhoso. Tudo isso é um engano; Jesus Cristo está tão próximo do que o busca quanto ao outro. Se um homem teve vida moral, o evangelho lhe diz: "Creia"; se teve vida imoral, o evangelho exclama: "Creia". Se for um rei, o evangelho lhe ordena a "crer"; se for um mendigo, também lhe manda "crer". Se o homem estiver cheio da própria retidão, o evangelho lhe indica Cristo, e o manda abrir mão da suposta justiça na carne; e se o homem estiver cheio de vícios, e podre com pecados, o evangelho lhe indica Cristo e o manda abrir mão dos pecados, e olhar para Jesus; assim, o evangelho coloca todos os pecadores no mesmo nível ao se dirigir a eles. Não tem menos para dizer, nem mais, para o filho da prostituta ou para o filho da matrona cristã. Apresenta o mesmo perdão ao grande pecador e ao pequeno pecador (caso exista), e vem com a mesma rica bênção para o principal dos pecadores, como aos filhos de pais piedosos. Não fiquem com noções falsas na cabeça. O mesmo Senhor sobre todos é rico para com todos os que o invocam. A fé semelhante obtém bênção semelhante. Existe um limite, pois "o Senhor conhece os que são dele", mas na pregação do evangelho, não estamos amarrados pelo decreto secreto, mas pelas nossas ordens de marcha: "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo" (Mc 16.15,16). Quem me mandou pregar a todas as pessoas não me mandou isentar uma única alma da minha mensagem.

Procurei, assim, demonstrar por que tantos esperam, e acrescentarei só mais uma coisa a essa questão. Algumas dessas pessoas que estão esperando dependem bastante de outras pessoas, da mesma maneira que o pobre homem disse: "Não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque". Recebo cartas todas as semanas de pessoas mentalmente aflitas, que me pedem que ore por elas, o que faço de muita boa vontade, mas como regra geral, digo-lhes: "Meus caros amigos, rogo que não tentem aquietar a mente ao pedir que ore por vocês. Não é esta a base da sua esperança. 'Creia no Senhor Jesus Cristo, e será salvo', quer tenham recebido oração, quer não". Procuro afastar essas pessoas de toda dependência das orações de outrem, para olhar somente para Jesus. Oh, não diga: "Vou pedir que meus amigos orem por mim, e então terei paz". Você pode dizer isso, se quiser, mas não confie totalmente nisso, rogo-lhe. Lembre-se de que em Jesus Cristo devemos confiar -- e não nas orações, mesmo das melhores pessoas: se você confiar em Jesus, terá salvação imediata; mas se toda a igreja de Deus ficar de joelhos de imediato, e continuar assim durante os próximos cinqüenta anos orando por você, sua perdição seria absoluta se não cresse em Jesus. Se você orar a favor de si mesmo, e confiar exclusivamente em Jesus, certamente será salvo. E isto não é bastante para dizer a respeito do hospital dos esperançosos?

 

II. Agora, dedicaremos uns poucos minutos à segunda divisão. Jesus Cristo entra no hospital, olha ao redor, e seleciona o homem mais desamparado no mundo inteiro. Fiquei contente ao notar no folheto que anuncia os cultos nos teatros uma linha que declara: "As pessoas mais pobres são as mais bem-vindas". Essa frase é evangélica. É assim mesmo com o próprio Cristo. Ele sempre dá sua misericórdia a quem mais precisa dela. Ali jazia o homem, e não estava pensando em Cristo, mas Jesus ficou ali em pé e olhou para ele: ele não conhecia Jesus Cristo, mas Jesus o conhecia, e sabia que passara longo tempo naquela situação. Sabia que passara 38 anos nessa enfermidade; sabia tudo isso; e sabia, antes de o homem lhe contar, que passara por muitas decepções, e, realmente o pobre coitado tinha mesmo. Tinha muitas vezes tentado, dentro dos limites da capacidade do seu corpo paralítico, entrar na água, mas alguém, mesmo um cego que conseguira chegar mais perto da beirada, e que tinha o uso das suas pernas, mergulhara dentro, e saíra com os olhos abertos, ao passo que essa pobre criatura nervosa não conseguira entrar na água em nenhuma ocasião. Ele vira muitas outras pessoas curadas, e isso tornara a doença mais dolorosa para ele, e, em vez de o encorajar, deixava-o mais triste. Era o homem mais irresoluto e mais sem energia que se podia conhecer. Leia a história do homem cujos olhos foram abertos por Cristo, e que disse: "Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!" (Jo 9.25). Aí temos um homem magnífico, bem realista! Do tipo escocês. Mas o que estava à beira do tanque era totalmente irresoluto, sem jeito, de personalidade fraca. Você conhece pessoas assim -- talvez você as tenha na família. É impossível ajudá-las. Se as estabelecer no comércio, certamente irão à falência. Tudo o que fizerem nunca sai bem-sucedido. São pessoas de tipo pobre, fraco, infantil, que precisam ser colocadas em uma cesta e carregadas nas costas de alguém pelo mundo inteiro. Existem pessoas desse tipo na questão da religião; e esse homem era assim. Ansiava fortemente pela cura, mas não chegou a dizê-lo, pois quando Jesus lhe perguntava: "Você quer ser curado?", ele não respondeu: "Ó Senhor, desejo isso de todo o meu coração", mas foi contando uma história enrolada, dizendo: "Não tenho ninguém para me colocar na água", e assim por diante. Quando o Senhor o curou, ele não perguntou (se você notou) o nome de Cristo, e, quando descobriu isso depois, foi como bobo aos fariseus, e lhes contou diretamente quem era seu benfeitor, e assim causou problemas para o Senhor. Ainda existem pessoas desse tipo por aí. Não sabem o que querem; sabem que desejam a salvação, mas quase nem chegam a dizer isso. Podem se impressionar do modo certo, mas também ficam impressionadas, quase tão facilmente, no sentido oposto; são irresolutos e instáveis. Ora, meu Senhor e Mestre selecionou esse mesmo homem para ser alvo de sua energia curadora. As maravilhas da graça pertencem a Deus! Ele mesmo disse: "Naquela hora Jesus, exultando no Espírito Santo, disse: 'Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado (Lc 10.21). Isso porque "Deus escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o forte, ele escolheu o que para o mundo é insignificante, desprezado e o que nada é, para reduzir a nada o que é" (1Co 1.27,28).

Esse pobre homem desafortunado, desamparado, paralítico, com o cérebro quase tão paralítico quanto o corpo, recebeu a compaixão do Senhor gracioso. Ora, quem é o homem mais desamparado neste lugar? Quem é a mulher mais desamparada neste lugar? Sei que alguns de vocês estão dizendo: "Receio que seja eu mesmo". Tenho boas notícias para você. Você é exatamente o tipo de pessoa a quem o Senhor ama logo de início; não fique ofendido com essa descrição, mas esteja disposto a aplicá-la a si mesmo. Provavelmente, relembrando sua vida passada, você se sinta obrigado a dizer: "Pois bem, é realmente isso que tenho sido. Tenho bastante cabeça para os meus negócios, e sou bastante inteligente para isso; mas quando se trata da religião, lastimo ser um tolo desse tipo; não possuo resolução. Não tenho determinação firme. Sempre sou puxado pela orelha por uma tentação, ou atraído para o caminho errado por maus companheiros". Agora, meu pobre amigo, fique deitado diante de Jesus Cristo, você que é tão desamparado, tolo, e ore para o Senhor olhar para você. Certo irmão me disse, em determinada ocasião: "Meu caro senhor, gostaria que nunca falasse com ninguém senão com os pecadores sensatos". Respondi: "Pois bem, sinto-me muito contente em pregar aos pecadores sensatos quando eles vierem me escutar, mas tantos pecadores insensatos os acompanham, que me sinto obrigado a pregar a eles, também". E assim faço. Apresento o evangelho aos que se consideram em tudo lerdos e sem inteligência, e que se classificam entre os bobos. Jesus veio buscar e salvar pobres pecadores perdidos, arruinados e mortos, e oro para ele olhar vocês nesta ocasião.

 

III. Agora, a terceira consideração é como Jesus Cristo lidou com ele. Se Jesus Cristo pertencesse a determinada classe de ministros, teria dito: "Está certo, meu homem, você jaz à beira do tanque das ordenanças, e é melhor continuar deitado ali". Jesus não pertencia àquela facção; e por isso não disse nada desse tipo, nem disse, como dizem alguns irmãos: "Meu caro amigo, você deve orar". Esse conselho é muito adequado em alguns aspectos, como sabem, mas Jesus não o ofereceu; ele era sábio demais para isso. Ele não disse "Pois bem, você deve começar a orar e esperar diante do Senhor". Essa é a coisa certa para dizer a algumas pessoas, mas não é o evangelho para os pecadores. Jesus Cristo não disse aos discípulos: "Vão ao mundo inteiro, e mandem as pessoas orar". Não. "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo" (Mc 16.15).

Pois bem, o que Jesus Cristo fez com ele? Deu-lhe uma ordem. "Levante-se, pegue a sua maca, e ande"; as palavras soam como três trovões. "Mas ele não pode. Ele não pode. É paralítico, meu bom senhor! Ele é paralítico". Sim, mas o evangelho é uma ordem, pois lemos a respeito de alguns que desobedecem ao evangelho. Ora, um homem não pode desobedecer ao que não é uma ordem, não pode ser desobediente a não ser que haja um mandamento em primeiro lugar. Jesus levou a bênção evangélica da cura a ele como mandamento. "Levante-se", disse ele, "pegue a sua maca, e ande". Tratava-se de um mandamento que subentendia a fé, porque o homem, por conta própria, não podia levantar-se, nem pegar a maca, e nem andar, mas, se cresse em Jesus Cristo, poderia levantar-se, poderia pegar na maca, e poderia andar; era realmente um mandamento para exercer fé em Jesus, e para comprová-la mediante obras postas em prática. "Mas o homem não poderia fazê-lo". Isso não tem nada que ver; o poder não está no pecador, mas no mandamento. Ele não podia se levantar, mas Jesus Cristo podia levá-lo a fazê-lo; e quando eu, ou qualquer outro ministro do Senhor Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo, me dirijo a você, pecador escolhido, e lhe dizemos: "Confie em Jesus Cristo", não o fazemos por crermos que haja qualquer força em você, como não a possuía o paralítico, mas porque falamos em nome de Jesus de Nazaré, que nos enviou para lhe dizermos: "Levante-se e ande". Confio no meu Senhor para enviar seu poder com o evangelho; sei muito bem que não tenho poder próprio, mas o que me enviou abençoará sua mensagem como lhe agrada. Se é para receber a salvação, você a receberá pela crença em Jesus, e ao levantar-se imediatamente da condição em que está, mediante seu divino poder, pelo ato simples de crer nele, você será curado.

O homem creu em Jesus. Foi a única coisa que fez. Embora fosse simplório e sem ação, irresoluto e tudo isso, possuía bom senso suficiente, e Deus lhe concedeu graça, para simplesmente crer em Jesus. Resolveu que experimentaria suas pernas, e, para surpresa dele -- como deve ter ficado atônito! -- as pobres o sustentavam! Ficou em pé, e descobriu que conseguia se inclinar para a frente; e, assim, enrolando seu colchão leve, pegou-o, e saiu andando, carregando-o. Que alegria lhe percorreu todo o corpo. Estava doente, mas o Senhor o restaurou, e você se levantou, e achou-se capacitado para andar; não era um deleite? Conheço bem a sensação. O que deve ser, ficar paralítico durante 38 anos! E então, ser capacitado a curvar-se, enrolar o colchão, e sair andando com ele! Deve ter sido um deleite sentir a nova vida correndo pelos nervos, pelos tendões, e pelas artérias. Ora, se o pecador disser: "Pois bem, nunca o experimentei antes, mas, pela graça de Deus, confiarei minha alma às mãos de Jesus,

Pecador, você se levantará e andará de imediato. Ficará surpreso ao sentir a poderosa transformação que Deus opera em você pelo bendito Espírito mediante o ato singelo da fé, e você vai descer pelas escadas do Tabernáculo, sem saber onde está, cantando de alegria porque o Senhor o tirou do hospital dos que aguardam, e o colocou entre os crentes. Ele disse, pois: "Então os coxos saltarão como o cervo [...] Águas irromperão no ermo, e riachos no deserto" (Is 35.6).

Jesus Cristo tratou esse homem de modo evangélico, pois o modo pelo qual a fé entrou nesse homem é muito notável. O homem nem conhecia Jesus Cristo; por que creu nele? Ora, aconteceu o seguinte. Ele não sabia quem era Jesus, mas percebeu tratar-se de uma pessoa muito maravilhosa. Havia nele um aspecto nobre, um brilho de majestade no seu olhar, uma força maravilhosa no tom da voz, um poder no erguer do dedo, muito diferente de tudo o que o homem vira antes. Não sabia de quem se tratava, nem sabia seu nome; mas, de alguma maneira, a confiança nasceu-lhe na alma. Quanto mais, portanto, a fé pode chegar a vocês que sabem que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Sabem que ele morreu e fez plena expiação pelo pecado, ressuscitou dentre os mortos, e está assentado à destra de Deus, do próprio Pai, -- e que todo o poder lhe foi dado no céu e na terra, e "é capaz de salvar definitivamente os que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles" (Hb 7.25). Não diga: "Tentarei obter fé". Não é assim que se faz. Se eu quiser acreditar em uma declaração, como o faço na prática? Pois bem: escuto-a, e a fé vem pelo ouvir. Se tiver alguma dúvida a respeito, escuto-a de novo, e peço sua repetição, e, depois de a ter escutado de novo, a convicção raia sobre mim. Assim também Jesus diz no evangelho: "Dêem-me ouvidos e venham a mim; ouçam-me, para que sua alma viva. Farei uma aliança eterna com vocês, minha fidelidade prometida a Davi" (Is 55.3). "Ouçam-me; creiam em mim" -- este é, em resumo, o evangelho que Jesus prega ao coração humano. Ora, Deus dá seu testemunho a respeito de Cristo ser seu Filho, pois do céu ele falou: "Este e meu filho amado, em quem me agrado"; vocês não querem crer nele? O Espírito, a água, e o sangue sempre dão testemunho, e estes três são unânimes. Acreditem em Jesus Cristo. É forte a evidência, entregue a ele sua alma, e achará alegria, paz e vida eterna.

A crença desse homem em Jesus, ativamente comprovada por ele se colocar em pé, decidiu a questão. Ficou em uma situação bem diferente daquela de estar deitado aguardando. Penso mesmo que esse homem, se tivesse jeito suficiente, voltaria para os outros que estavam deitados aguardando, e lhes diria: "O quê! Ainda deitados aguardando! Ora, eu passei 38 anos deitado e aguardando, e não ganhei nada com isso. E vocês, tampouco". Por simplório que fosse, teria dito: "Vou lhes contar o que é melhor que ficar deitado aguardando. Existe um homem entre nós, Jesus Cristo, o Filho de Deus, e se confiarmos nele, ele nos curará, pois cura todos os tipos de doença. Se vocês não conseguirem chegar até ele, enviem-lhe um mensageiro, porque ele curou o filho de um oficial do rei, a muitos quilômetros de distância. É só crer nele, e dele virá poder, pois não é possível que alguém creia nele sem ser curado". Acho que eu teria gostado de ser aquele homem, por mais simplório que fosse, para ter ido contar às pobres almas deitadas ali aguardando, qual a diferença entre ficar deitado esperando e crer imediatamente. Eu o colocaria da maneira mais singela que pudesse, pois eu mesmo estava aguardando quando era criança. Ouvi muitas pregações que me levaram a ficar esperando, e acho que teria continuado nessa espera, se não tivesse ouvido o irmão metodista idoso exclamar: "Olhe, jovem, olhe agora!". Olhei, sim, ali mesmo naquele instante, e achei a salvação de imediato, e nunca a perdi.

Nada mais tenho para dizer, senão: "Há vida em olhar para o Crucificado", e cada um que olhar, a receberá aqui, agora, imediatamente. Quem dera que muitos olhassem! Vocês não compreendem a mensagem? Cristo suportou em si mesmo a ira de Deus, a favor dos que nele confiam. Jesus Cristo tomou sobre si os pecados de todos os que nele confiam, e foi castigado no lugar de todo o que nele crê, como substituto deles, de modo que Deus não castigará o crente, porque já castigou Cristo em lugar deste. Cristo morreu a favor da pessoa que nele crê, de modo que seria injustiça da parte de Deus castigar essa pessoa, porque como castigará duas vezes pelo mesmo delito? A fé é o selo e a evidência de que você foi redimido mil e novecentos anos atrás no ensangüentado madeiro do Calvário, e estará justificado, e quem levantará acusação contra você? "É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou" (Rm 8.33,34). É este o evangelho da sua salvação. "Oh, mas não estou sentindo". Mas será que falei alguma coisa a respeito de sentir? Você sentirá algo depois de ter fé. "Mas não estou vivendo corretamente". Não me importo quanto a isso, pois Jesus diz: "Asseguro-lhes que o que crê tem a vida eterna" (Jo 6.47). "Oh, mas... " Fora com seus "mas". Aqui está o evangelho: "Quem quiser, beba de graça da água da vida. O Espírito e a noiva dizem: 'Vem!' ". E o que tanto o Espírito quanto a noiva de Cristo dizem, certamente eu posso dizer, e assim faço; e que Deus abençoe esta pregação, e que vocês a aceitem, vocês que estão aguardando. Que vocês olhem, creiam e vivam, por amor a Jesus! Amém.