73. A ARCA DA ALIANÇA DELE

Então foi aberto o santuário de Deus nos céus, e ali foi vista a arca da sua aliança. Houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e um grande temporal de granizo (Apocalipse 11.19).

 

Pode não ser fácil trabalhar a ligação do texto, mas tomada em si é eminentemente instrutivo. Muito que é de Deus nós deixamos de ver; para nós o templo de Deus no céu ainda está em parte fechado. É necessário que nos seja aberta pelo Espírito Santo.

Jesus rasgou o véu e assim deixou aberto, não só o lugar santo, mas o Santo dos santos, e, mesmo assim, em função da nossa cegueira, ainda precisa ser aberta para que seus tesouros possam ser vistos.

Há mentes que mesmo agora vêem o segredo do Senhor. Todos nós faremos isso lá em cima; e podemos fazer isso em certa medida enquanto estamos aqui embaixo.

Entre os principais objetos que estão para ser vistos no templo celestial está a arca da aliança de Deus. Isso significa que a aliança está sempre na mente de Deus, e que os seus propósitos mais santos e mais secretos têm uma referência àquele pacto, àquela aliança.

É um "pacto" e não um testamento. Vejamos.

 

I. O PACTO ESTÁ SEMPRE PERTO DE DEUS.

"Foi visto no seu santuário a arca da sua aliança." Aconteça o que acontecer, o pacto está de pé seguramente.

Quer o vejamos ou não, o pacto está no seu lugar, perto de Deus. Opacto da graça é sempre o mesmo, pois:

1. O Deus que o fez não muda.

2. O Cristo que é sua garantia e sua substância não muda.

3. O amor que o sugeriu não muda.

4. O princípio sobre o qual está baseado não muda.

5. As promessas contidas nele não mudam. Está, precisa estar, para sempre onde Deus no princípio o colocou.

 

II. O PACTO É VISTO POR SANTOS.

"Foi visto o seu santuário." Nós vemos em parte, e abençoados somos quando vemos o pacto.

Nós o vemos quando:

1. Pela fé, nós cremos em Jesus como o nosso cabeça do pacto.

2. Por instrução, nós entendemos o sistema e o plano da graça.

3. Por confiança, nós dependemos da fidelidade do Senhor e das promessas que ele tem feito no pacto.

4. Por oração, nós rogamos o pacto.

5. Por experiência, nós chegamos a perceber o amor-pactual correndo como um fio de prata através de todas as dispensações da providência.

6. Por um maravilhoso retrospecto, nós olhamos para trás quando chegamos ao céu e vemos todas as providências de nosso fiel Deus pactual.

 

III. O PACTO CONTÉM MUITO QUE VALE À PENA VER.

A arca da aliança pode servir-nos como um símbolo. Nele tipicamente, e no pacto realmente, nós vemos:

1. Deus habitando entre homens: como arca no tabernáculo, no centro do acampamento.

2. Deus reconciliado e comunicando-se com os homens em cima do propiciatório - trono do Senhor.

3. A lei cumprida em Cristo: as duas tábuas na arca.

4. O reino estabelecido e florescendo nele: a vara de Aarão.

5. A provisão feita para o deserto: pois na arca estava colocado o pote de ouro, que tinha maná.

6. O universo se unia para desempenhar propósitos do pacto, como foram tipificados pelos querubins no propiciatório.

 

IV. O PACTO TEM CIRCUNSTÂNCIAS SOLENES.

"Havia raios, e vozes e trovões".

É assistido por:

1. As sanções de poder divino: confirmando.

2. Os suportes de poderio eterno: realizando.

3. Os movimentos de energia espiritual: aplicando a sua graça.

4. Os terrores da lei eterna: derrubando seus adversários. Estude o pacto da graça. Voe a Jesus, que é a garantia dela.

 

OBSERVAÇÕES DE LÍDERES CRISTÃOS IDÔNEOS

A grande glória do pacto é a certeza do pacto, e este é o ponto alto da glória de Deus e do consolo de um cristão, que todas as misericórdias que estão no pacto da graça são "as misericórdias seguras de Davi," e que toda a graça que está no pacto é graça certa, e que todas as bênçãos externas, internas e eternas do pacto são bênçãos certas (Thomas Brooks).

O pacto permanece imutável. Criaturas mutáveis quebram os seus acordos e pactos, e quando não são acomodados em seus interesses, rompem-nos completamente, como as cordas de Sansão. Mas um Deus que é imutável guarda os seus. "Embora os montes sejam sacudidos e as colinas sejam removidas, ainda assim a minha fidelidade para com vocês não será abalada" (Is. 54.10) (Stephen Charnock).

A arca era um tipo especial de Cristo, e um muito adequado, porque num baú ou cofre os homens põem suas jóias, prata, moedas, tesouro e qualquer coisa que seja preciosa e que consideram. Os homens costumavam ter esse cofre em casa, onde moram, no quarto onde deitam, mesmo ao lado de sua cama; porque seu tesouro está no seu cofre, seu coração está lá também. Assim, em Cristo, "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (Cl 2.3). Ele é "cheio de graça e de verdade" (João 1.14). "Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude (Cl 1.19). Nisso Cristo é "o Filho amado" (Cl 1.13), "o seu eleito em quem tem prazer" (Is 42.10) e ele "assentouse à direita de Deus" (Hb 10.12) para sempre (William George).

Quando um amigo visitou o reverendo Ebenezer Erskine durante sua última enfermidade, disse-lhe: "Senhor Erskine, o senhor já nos deu muitos conselhos bons; por favor, o que o senhor está fazendo com sua própria alma?" "Eu estou fazendo com ela", ele disse, "o que eu fiz há quarenta anos atrás; estou descansando naquela última palavra: "Eu sou o Senhor teu Deus," e nesta pretendo morrer." A outro, ele disse: "O pacto é minha carta patente; e se não fosse por aquela palavra 'Eu sou o Senhor teu Deus', minha esperança e força teriam perecido do Senhor (Whitecross).

O arco-íris do pacto brilha em cima, raios de ira partem de baixo. Este é o fogo que parte do santuário para consumir aqueles que profanam suas leis. É a ira do Cordeiro que parte do altar sobre aqueles que rejeitaram o evangelho como um sabor de vida para a vida. É a resposta de Cristo àqueles que lhe mandam por autoridade própria que desça de sua posição elevada e se entregue às suas mãos. "Se eu for um homem de Deus, que o fogo desça do céu e os consuma." A humilhação traz o próprio Cristo do céu à terra; a ordem imperiosa traz fogo consumidor. Do mesmo templo, no qual alguns enxergam a arca do concerto, raios, vozes, trovoadas, terremotos e granizo descem sobre aqueles que profanaram suas cortes com as abominações deles (George Rogers).