71. PURIFICAÇÃO POR ESPERANÇA

"Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro" (1João 3.3).

 

O cristão é um homem cuja principal posse está na reversão. A maioria dos homens tem uma esperança, mas a dele é peculiar, e seu efeito é especial, pois faz com que ele se purifique.

 

I. A ESPERANÇA DO CRENTE.

"Todo aquele que tem nele esta esperança."

1. É a esperança de ser como Jesus.

- Perfeito, glorioso, conquistador sobre o pecado, a morte e o inferno.

2. Baseia-se no amor divino. Ver versículo 1.

3. Surge da filiação divina. "Chamados os filhos de Deus."

4. Repousa sobre nossa união com Jesus. "Quando ele aparecer."

5. Espera distintamente nEle. "Seremos como ele".

É a esperança de sua segunda vinda.

II. A OPERAÇÃO DESSA ESPERANÇA.

"Purifica."

Não se ufana, como o conceito dos fariseus.

Não leva a vida solta, como a presunção dos antinomianos.

Mostra-nos qual curso é agradecido, é congruente com a graça, qual está de acordo com a nova natureza, e é preparatória para um futuro perfeito.

1. O crente purifica-se de:

- Seus pecados maiores. De companhias más.

- De pecados secretos, negligências, imaginações, desejos, murmurações.

- Seus pecados insistentes do coração, temperamento, corpo, relacionamento.

- Seus pecados de relação na família, no trabalho, na igreja.

- Seus pecados que surgem de sua nacionalidade, educação, profissão.

- Seus pecados de palavra, pensamento, ação e omissão.

2. Ele faz isso de um modo perfeitamente natural.

- Obtendo uma noção clara daquilo que a pureza realmente é. Guardando uma consciência sensível e entristecendo-se por suas faltas.

- Tendo um olho em Deus e sua presença contínua.

- Fazendo outros serem os seus faróis ou exemplos.

- Ouvindo repreensões para si, e aceitando-as de coração.

- Pedindo ao Senhor que o sonde, e se examinando.

- Distinta e vigorosamente, lutando contra todo pecado conhecido.

3. Ele coloca diante de si Jesus como seu modelo. "Ele se purifica, assim como ELE é puro."

- Assim ele não cultiva uma graça apenas.

- Assim ele nunca teme ser preciso demais.

- Assim ele é simples, natural, e não constrangido.

- Assim ele está sempre aspirando cada vez mais santidade.

 

III. O TESTE DESSA ESPERANÇA.

"Ele se purifica."

Ativamente, pessoalmente, com oração, intensamente, continuamente, ele visa à purificação de si, olhando para Deus por auxílio.

- Alguns se maculam por vontade própria.

- Alguns tomam as coisas como são.

- Alguns crêem que não precisam de nenhuma purificação.

- Alguns falam em pureza, mas nunca lutam por ela.

- Alguns se gloriam naquilo que é uma mera falsificação dela.

A pessoa que genuinamente espera não pertence a nenhuma dessas classes: ela realmente se purifica e com êxito.

O que é estar sem uma boa esperança?

Como pode haver esperança onde não há fé?

A graça nos adota; a adoção dá-nos esperança; a esperança nos purifica, até sermos como o filho-unigênito.

 

PALAVRAS QUE ANIMAM

(1) O trabalhador. "Todo aquele que tem esperança nele", cada um que visa ser como o Senhor Jesus no Reino de Glória é o homem que precisa empreender esta tarefa. (2) O trabalho é uma obra a ser feita por si. Ele é parte da administração doméstica do Senhor e precisa ser feita com capricho como se fosse para preparar seu próprio terreno, tirar o matinho de seu próprio milho, precisa se purificar; este é seu trabalho atual e pessoal. (3) O padrão que devese dirigir ao Senhor Jesus é sua pureza. Tome-o por modelo e exemplo, olhe para ele que é o autor e consumador de nossa fé; como você já o viu fazer, assim faça; como ele é puro, assim trabalhe você para expressar em sua vida a virtude daquele que o redimiu (Richard Sibbes).

Então você é compatível com suas esperanças de salvação quando trabalha para ser tão santo em sua conversação como é alto em suas expectativas. Isto o apóstolo insiste pela evidente compatibilidade da coisa (2Pe 3.11): "Que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda)." Certamente, fica bem a tais serem santos, até para a admiração, estes que esperam por tal dia abençoado; esperamos então ser como os anjos na glória e, portanto, devemos, se possível, viver agora como anjos em santidade. Toda alma crente é esposa de Cristo. O dia de conversão é o dia de compromissos nupciais, nos quais ela é recebida pela fé em Cristo e, como tal, vive em esperanças pelo dia de casamento, quando ele voltará e a levará para seu lugar na casa de seu pai, como Isaque fez com Rebeca na casa de sua mãe, para ali habitar com ele e viver nos abraços do amor para sempre. Ora, será que a noiva quer que o noivo a encontre em sordidez e trajes sujos: Não, certamente: "Será que uma noiva esquece seus enfeites nupciais?" (Jr 2.32). Já se soube algum dia de uma noiva que se esqueceu de mandar fazer os trajes de casamento para o dia do casamento, ou de colocá-los quando procura pela vinda do noivo? Santidade é a veste trabalhada na qual, cristã, tu deves ser trazida para teu Rei e esposo (Sl 45.14). Pois é o dia do casamento adiado tanto, só porque esta roupa leva tanto tempo na feitura? Quando isso é uma vez completado, e tu estás vestida , então chega aquele dia alegre. Lembre-se de como o Espírito Santo trabalha isso no Livro de Apocalipse: "Chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou" (Ap 19.7) (William Gurnall).

Uma boa esperança, pela graça, anima e dá vida à ação, e purifica à medida que vai, como o ribeiro da montanha que cai da rocha, e se purifica enquanto persegue seu curso até o oceano (G. Salter).

O cristão precisa de Cristo na sua redenção como o objeto de fé, para salvação; Cristo mesmo é quem se ama, para devoção e serviço; e Cristo em sua glória quando vier, o objeto de esperança, para separação do mundo (W. Haslarn).

O biógrafo de Wesitson diz sobre ele: "Ele não só acreditava na volta rápida de Cristo, como a amava, a esperava, vigiava por ela. Tão poderosa força motivadora tornou-se, que ele sempre costumava falar nela depois como trazendo consigo uma espécie de segunda conversão" (A. J. Gordon, D.D.).