65. A CONVERSÃO DE PAULO É MODELO

Mas por isso mesmo alcancei misericórdia, para que em mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza da sua paciência, usando-me como um exemplo para aqueles que nele haveriam de crer para a vida eterna (1Timóteo 1.16).

 

É comum a idéia de que a conversão de Paulo foi algo incomum, e, de forma alguma, era algo esperado. O texto justamente contradiz tal suposição: a própria razão para a sua salvação foi que ele pudesse ser um tipo de outras conversões.

O texto contradiz por completo tal suposição: a própria razão de sua salvação foi que ele deveria ser um tipo de outras conversões.

 

I. NA CONVERSÃO DE PAULO, O SENHOR ESTAVA COM O OLHO EM OUTROS.

O fato de sua conversão e a maneira dela:

1. Teria a tendência de interessar e convencer outros fariseus e judeus.

2. Seria usada por ele próprio em sua pregação como um argumento para converter e animar outros.

3. Encorajaria Paulo como pregador a ter esperança para outros.

4. Seria um argumento poderoso com ele para buscar outros.

5. Permaneceria, muito tempo depois da morte de Paulo, como um registro de como trazer muitos outros a Jesus. Nós somos salvos sempre com um olho em outras pessoas. Por quem você é salvo? Você está fazendo pleno o mais pleno uso de sua conversão para este fim?

 

II. EM TODA A SUA VIDA, PAULO FALA A OUTROS.

Ele foi primeiro em pecado e também em graça, e assim sua vida fala dos extremos em cada lado.

1. Em pecado. Sua conversão prova que Jesus recebe grandes pecadores.

- Ele foi um blasfemo, perseguidor e ofensivo.

- Ele foi o mais longe que pôde em ódio a Cristo e suas pessoas.

- Contudo, a graça de Deus mudou-o e perdoou-o.

2. Em graça. Ele provou o poder de Deus para santificar e preservar.

- Ele foi fiel no ministério, claro em conhecimento, fervoroso em espírito, paciente em sofrimento, diligente em serviço.

- E tudo isso não obstante o que ele tinha sido.
O primeiro no pecado pode ser salvo, e assim ninguém é excluído.
Estes devem ser e podem ser os primeiros em fé e amor quando salvos.

 

III. EM TODO O SEU ARGUMENTO, ELE APRESENTA UM QUADRO DE OUTROS.

1. Quanto à paciência longânime de Deus para com ele. Em seu caso:

- Longanimidade de sofrimento foi levada ao seu mais alto grau.

- Longanimidade foi tão grande que toda a paciência de Deus parecia ser revelada neste caso único.

- Longanimidade foi concentrada. Todo o longo sofrer que já foi visto ou será visto em outros se reuniu nele.

- Longanimidade no sofrimento se demonstrou de muitas maneiras para: Deixá-lo viver quando perseguindo santos. Permitir-lhe a possibilidade de perdão. Chamá-lo eficazmente pela graça. Dar-lhe plenitude de bênção pessoal. Colocá-lo no ministério e mandá-lo para os Gentios. Guardar e sustentá-lo mesmo até o final.

2. Quanto ao modo de sua conversão. Ele foi salvo de modo extraordinário, mas outros serão vistos como se tivessem sido salvos de maneira semelhante se olharmos com bastante atenção e não apenas superficialmente.

- Salvo sem preparo prévio de sua própria parte.

- Salvo imediatamente saindo de escuridão e morte.

- Salvo por poder divino somente.

- Salvo por fé operada nele pelo próprio Espírito de Deus.

- Salvo distintamente e além de qualquer dúvida.

Nós não somos salvos precisamente da mesma forma?

É possível reconhecermos em nós mesmos um paralelo completo com Paulo:

- Há uma triste semelhança em nosso pecado.

- Há uma similaridade na paciência divina para conosco.

- Há uma semelhança em algum grau na revelação, pois o Senhor Jesus nos pede do céu: "Por que você me persegue?"

- Não haverá uma similaridade também na fé?

- Será que não perguntamos "Quem és tu, Senhor?" e "O que queres que eu faça?"

 

IMPRESSÕES DE PROVAS

A palavra "padrão" no original é expressiva: um molde do qual cópias sem fim podem ser tiradas. Você já ouviu falar de impressão estereotipada? Quando os tipos são colocados, faz-se de tal modo que fiquem fixos, de modo que de um original se possa imprimir centenas de milhares de páginas em seqüência sem o trabalho de começar do zero novamente. Paulo diz: "Que eu possa ser um padrão nunca gasto--nunca destruído, do qual impressões de prova possam ser tiradas até o fim dos tempos." Que pensamento esplêndido, que o apóstolo Paulo, tendo se retratado como o pior dos pecadores, depois se retrata como tendo recebido perdão para um fim grandioso e específico, para que pudesse ser um padrão modelo do qual impressões possam ser tiradas para sempre, e nenhum homem possa se desesperar que tenha lido sua biografia! (Dr. Cumming).

Um irreligioso, durante sua doença, ficou convencido de sua condição terrível e, pela assistência de um professor de escola dominical, foi levado ao Salvador e encontrou salvação no sangue dele. Depois da mudança que se passou em seu coração, ele freqüentemente falava do amor de Jesus, seu Salvador, e do céu no qual esperava logo entrar. Percebendo que sua vida estava rapidamente caminhando para o fim, ele instou com o professor para que continuasse em seu glorioso trabalho; então, abrindo a janela de seu quarto, que dava para uma rua cheia de movimento e de gente, ao olhar as formas humanas, apelando para as últimas forças de que dispunha, ele gritou o mais alto que pôde: "Há misericórdia para todos. Ninguém precisa se desesperar, visto que eu, um pobre pagão, obtive misericórdia." Tendo completado seu último trabalho, exaurido pelo esforço, ele caiu para trás na cama e morreu instantaneamente (Houghton, em Bate's Cyclopaedia).

João Newton, falando da morte repentina de Robinson, de Cambridge, na casa de dr. Priestly, disse: "Acho que dr. Priestly está fora do alcance da convicção humana, mas o Senhor pode convencê-lo. E quem sabe se este derrame inesperado pode causar alguma impressão salutar em sua mente? Eu não posso colocar nenhum limite à misericórdia ou ao poder de nosso Senhor, e portanto continuo a orar por ele. Estou convencido que ele não está mais longe da verdade agora do que eu estive um dia." Com o mesmo espírito, Newton escreveu as seguintes linhas:

Cada conversão de um grande pecador à uma nova cópia do amor de Deus é uma repetida proclamação da transcendência de sua graça. Foi esse o seu projeto na conversão de Paulo. Ele colocou esse apóstolo como uma bandeira branca para convidar rebeldes a tratarem com ele e retornarem à sua lealdade. Como todo grande juízo sobre um grande pecador é como pendurar um homem em correntes para deter outros de prática semelhante, assim cada conversão é não só um ato da misericórdia de Deus ao convertido, mas também um convite aos espectadores (Stephen Carnock).