62. FILHO DA LUZ E OBRAS DE TREVAS

"Não participem das obras infrutíferas das trevas, antes exponham-nas à luz" (Efésios 5.11).

 

Orientações sobre como viver enquanto se está aqui em baixo são muito necessárias. Constantemente, entramos em contato com homens incrédulos; isso é inevitável. Mas aqui somos ensinados a evitar tal comunhão com eles que venha a nos fazer participantes de seus atos maus.

Três verdades são mencionadas incidentalmente: obras más são estéreis, são obras das trevas, e elas merecem repreensão.

Nós precisamos não ter nenhuma comunhão com eles, nem em qualquer tempo, nem em qualquer maneira, nem em qualquer grau.

 

I. O QUE É PROIBIDO?

"Comunhão com as obras das trevas".
Esta comunhão pode ser produzida de vários modos:

1. Pessoalmente, cometendo os pecados assim descritos ou unindo-se com outros para fazê-los acontecer.

2. Ensinando fazer o mal, ou de forma clara ou dando a entender.

3. Constrangendo, mandando ou tentando por ameaça, pedido, persuasão, indução, compulsão, suborno ou influência.

4. Provocando, levando à ira, emulação ou desânimo.

5. Deixando de repreender: especialmente pais e mestres que usam de forma inadequada sua posição e permitindo males conhecidos dentro da família.

6. Aconselhando, ou direcionando mal por seu exemplo.

7. Consentindo, concordando e cooperando. Sorrindo de uma tentativa má, e, no fim, aproveitando-se do que foi ganho. Aqueles que se unem com igrejas que estão erradas vêm sob esse título.

8. Sendo conivente com o pecado: tolerando, escondendo e dando-lhe pouca importância.

9. Aprovando, aceitando, defendendo e desculpando o erro já feito e aprovando-o contra aqueles que estão a favor de expor, denunciar e punir.

 

II. O QUE É ORDENADO.

"Repreenda-os".
"Reprovar" no original é uma palavra de sentido amplo.

1. Repreenda. Declare o erro disso, e mostre sua aversão a isso.

2. Convença. Assim como o Espírito Santo reprova o mundo do pecado, você terá a meta de provar o erro do mundo, com o fim de ganhar as pessoas, retirando-as dos caminhos do mal.

3. Converta. Essa será sua meta contínua com aqueles à sua volta. Você deverá reprovar de modo a convencer as pessoas a saírem do caminho do mal. E ganhá-las. Ah, que tivéssemos mais reprovação honesta e amorosa de todos os males!

 

III. POR QUE ISTO ME É ORDENADO?

É especialmente meu dever estar isento dos pecados de outros homens:

1. Como um imitador de Deus e um filho amado (v. 1).

2. Como pessoa herdeira do reino de Deus (v. 5-6).

3. Como alguém que saiu das trevas para a maravilhosa luz do Senhor (v. 8).

4. Como um que dá fruto, o próprio fruto do Espírito que é todo bondade, justiça e verdade (v. 9).

5. Como um que não estaria associado àquilo que é vergonhoso ou tolo (v. 12, 15). Se nossa comunhão é com Deus, nós precisamos abandonar os caminhos das trevas.

 

IV. O QUÊ PODE RESULTAR DE OBEDIÊNCIA À ORDEM DADA.

Mesmo se não pudéssemos ver nenhum bom resultado, nosso dever estaria bastante claro; mas muitos benefícios podem resultar:

1. Nós estaremos isentos de cumplicidade com as obras das trevas.

2. Nós seremos honrados nas consciências dos ímpios.

3. Nós podemos assim ganhá-los ao arrependimento e à vida eterna.

4. Nós glorificaremos Deus por nosso andar separado e pela perseverança piedosa com que nos aderimos a ele.

5. Nós podemos assim estabelecer outros em santo não-conformismo com o mundo. Usemos o texto como um aviso a professores mundanos. Usemos o texto como um diretório em nossas conversas com os ímpios.

 

EXEMPLOS

Um membro da congregação do senhor Hill começou a ir ao teatro freqüentemente. O senhor Hill foi falar com ele e disse: "Isso não dá certo nunca - um membro de minha igreja com o hábito de ir ao teatro!" A pessoa em questão respondeu que, com certeza, tratava-se de um engano, pois ele não tinha o hábito de ir ao teatro, embora fosse verdade que ele ia uma vez ou outra como passeio especial. Rowland Hill respondeu: "Ah!, então você é o pior hipócrita, meu senhor. Suponhamos que qualquer pessoa espalhasse que eu como carniça, e eu respondesse: 'Bem, não há mal nisso; eu não como carniça todos os dias da semana, mas eu como um prato de vez em quando como prazer especial'. Ora, você diria, 'Que apetite horrível, imundo, o Rowland Hill tem, para ter que procurar carniça para um prazer especial'" Religião é o prazer mais verdadeiro do cristão. Cristo é o seu prazer" (Charlesworth, Vida de Rowland Hill).

Em certa ocasião, viajando na carruagem de correio de Portsmouth, André Fuller ficou bastante irritado com a conversa profana de dois jovens que se sentavam à sua frente. Depois de certo tempo, um deles, observando a sua seriedade, dirigiu-se a ele com ar de impertinência, perguntando, em linguagem rude e pouco delicada, se quando chegasse em Portsmouth ele não se deleitaria da maneira em que eles evidentemente pretendiam. André Fuller, fechando a cara e olhando de frente para quem fez a pergunta, replicou em tons comedidos: "Senhor, eu sou um homem que teme a Deus." Quase não se pronunciou palavra durante o restante da viagem (Memórias de Andrew Fuller).

Mateus Wilks uma vez andou de carruagem com um jovem nobre e uma passageira moça. O nobre começou uma conversa imprópria com o cocheiro e a mulher. Quando teve uma oportunidade favorável, Wilks disse: "Meu senhor, mantenha a sua posição." A reprovação foi sentida e seguida. Que o cristão sempre mantenha a sua posição.

Uma senhora cristã distinta recentemente passou algumas semanas num hotel em Long Branch, e tentou-se induzi-la a assistir a um baile a fim de que a festa pudesse ter o prestígio que sua presença conferia a esses eventos, visto que era pessoa da alta sociedade. Sua resposta foi negativa a todos os convites dos amigos e, por fim, um senador honrado tentou persuadi-la a estar presente, dizendo-lhe que "[...] tratava-se de uma festinha que não faz mal a ninguém, e queremos ter a honra excepcional de sua presença." "Senador", respondeu a senhora, "não posso fazer isso. Sou uma cristã. Nunca faço nada em minhas férias, ou onde quer que vá, que prejudique a influência que tenho sobre as meninas de minha classe da escola dominical." O senador curvou-se, e disse: "Eu a honro. Se houvesse mais cristãos como a senhora, mais homens como eu nos tornaríamos cristãos" (Dr. Pentecos).

Críticas devem sempre ser feitas em amor; nunca lave o rosto de um homem em óleo cáustico ("vitriol"). Algumas pessoas queimariam uma casa toda para se livrar de um camundongo. A menor falta é denunciada como um grande crime, e um bom irmão é cortado do companheirismo, resultando maus sentimentos, quando uma dica gentil teria feito a correção com muito mais eficácia (C. H. S.).