61. A CABEÇA E O CORPO
A Cabeça, Cristo: dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza sua função (Efésios 4.15-16).
As palavras são tão compactadas como é o próprio corpo.
Não tentaremos uma completa e nem mesmo uma exposição exata do original, mas ficaremos com a metáfora do texto, sem dúvida uma metáfora bíblica, e cheia de instrução aproveitável.
Quatro assuntos são trazidos diante de nós no texto:
I. NOSSA UNIÃO COM CRISTO.
"O cabeça, Cristo."
1. Essencial para a vida. Separado dele, somos mortos.
2. Essencial para o crescimento. Crescemos nele que é o Cabeça.
3. Essencial à perfeição. O que seríamos nós sem um ou uma Cabeça.
4. Essencial a cada membro. O mais forte precisa de união à cabeça tanto quanto o mais fraco.
II. NOSSA INDIVIDUALIDADE.
"Cada junta", "Cada parte". Cada um precisa cuidar de seu próprio ofício.
1. Precisamos, cada um pessoalmente, cuidar de nossa própria união vital com o corpo e principalmente com o/a cabeça.
2. Precisamos cuidar de encontrar e conservar nossa posição adequada no corpo.
3. Precisamos cuidar de nossa saúde pessoal, pois um membro com uma indisposição prejudica o todo.
4. Precisamos cuidar de nosso crescimento, por amor a todo o corpo. A mais cuidadosa autovigilância não será uma medida egoísta, e sim um dever de sanidade que está envolvido por causa de nosso relacionamento com os demais.
III. NOSSO RELACIONAMENTO DE UM COM O OUTRO.
"Auxílio de todas as juntas". "Cada parte realiza sua função."
1. Nós devemos, em desejo e espírito, ser aptos a trabalhar com outras pessoas. É para termos juntas. Como pode haver um corpo sem elas?
2. Devemos suprir o óleo de juntas do amor quando fazemos isso; de fato, cada um precisa ceder sua própria influência peculiar aos outros.
3. Devemos ajudar a solidez do todo pela nossa própria solidez e firmeza saudável em nosso lugar.
4. Devemos realizar nosso serviço para todos. Devemos proteger, guiar, sustentar, nutrir, e consolar o restante dos membros, conforme seja nossa função.
IV. NOSSA UNIDADE COMPACTA COMO IGREJA.
"O corpo se edificando em amor."
1. Há apenas um corpo de Cristo, assim como ele é uma cabeça.
2. É uma união real, viva, não uma unidade meramente professada, mas um corpo vivificado pela "operação efetiva" do Espírito de Deus em cada parte.
3. É uma corporação que cresce. Aumenta pela edificação mútua, não por ser inflada por vaidades, mas por ser edificada. Cresce como resultado de sua própria vida, sustentada por alimento adequado.
4. É um corpo imortal. Porque o cabeça vive, o corpo precisa viver também.
Estamos nós no corpo de Cristo?
Não estamos nós preocupados em vê-lo perfeito?
Estamos nós ministrando o suprimento que o corpo pode bem esperar da parte de seus membros?
PARA SE AJUSTAR
Há grande justeza na ilustração da cabeça e membros. A cabeça é:
(1) A parte mais alta do corpo, a mais exaltada.
(2) A parte mais sensível, a sede do nervo e sensação, de prazer e dor.
(3) A parte de maior honra, a glória do homem, a parte do corpo humano que recebe a bênção, usa a coroa, e é ungida com o óleo da alegria e da consagração.
(4) A parte mais exposta, especialmente atacada em batalha, e capaz de ser ferida, e onde o ferimento seria mais perigoso.
(5) A parte mais expressiva, a sede de expressão, quer no sorriso de aprovação, no franzir a testa com desprazer, na lágrima de simpatia ou no olhar de amor (G. S. Bowes).
Todo mundo sabe que seria muito melhor perder nossos pés do que nossa cabeça. Adão tinha pés com os quais ficar em pé, mas nós os perdemos pela desobediência dele; contudo, glória a Deus, nós achamos um cabeça, em quem nós habitamos seguros eternamente, um cabeça que nunca perderemos (Feathers for Arrows).
No momento em que eu faço de mim e Cristo dois, eu estou totalmente errado. Mas quando eu vejo que nós somos um, tudo é tranqüilidade e paz (Lutero).
Em que condição feliz estão a igreja e os membros de Cristo! (1) Interessados no mesmo amor como o cabeça. (2) Sob o mesmo decreto de eleição como o cabeça. (3) Aliados aos mesmos parentes, interessados nas mesmas riquezas e assegurados por serem membros da mesma vida e imortalidade no mundo que virá. "Porque eu vivo, vós vivereis também" (Benjamin Keach).
De todos os símbolos que apresentaram a igreja de Cristo, prefiro este. Apresentando, tão bem quanto qualquer outro, nosso relacionamento com Cristo, e melhor do que qualquer outro nosso relacionamento mútuo, ele nos ensina lições de amor, de caridade e de terna simpatia. Quando o facão ou a tesoura de podar corta um galho de uma árvore, o ramo se curva, parece derramar algumas lágrimas, mas este seca, e os outros galhos não sofrem dor, não mostram nenhuma empatia, suas folhas dançando alegremente no vento acima do galho que está murchando em baixo. Mas uma terna simpatia invade o corpo e seus membros. Toque meu dedo rudemente, e o corpo todo o sente, machuque este pé, e isso faz tremer meu corpo, a dor sobe rápida em direção à cabeça; deixe que o coração, ou mesmo um dente, doa, e todo o sistema sofre a desordem. Com que cuidado se toca numa parte inflamada! Que esforços ansiosos fazemos para salvar um membro! Com que relutância lenta um paciente, depois de longos meses ou anos de sofrimento, consente no último remédio, a faca do cirurgião! Muitas lições santas de amor, caridade e simpatia nosso Senhor ensina com essa figura (Dr. Guthrie).
Precisamos trabalhar em comum acordo. A Bíblia dá ênfase a isso como pode ser visto de expressões como: "se dois concordarem", "cooperadores para a verdade", "com uma só mente lutando pela fé do evangelho". É como com a mão humana. Veja um dos dedos, o indicador, por exemplo; ele pode fazer muitas coisas sozinho separadamente. Eu o ponho no meu pulso, para ver como meu coração bate; eu viro a folha de um livro com ele. Eu o uso para apontar o caminho para um estranho. Eu o coloco nos meus lábios para indicar silêncio. Eu escolho o indivíduo para quem eu diria: "Tu és o homem." Eu o sacudo em aviso ou ameaça. Mas a mão pode fazer, não cinco vezes o que um dedo pode, não cinqüenta vezes tanto, não quinhentas vezes tanto, mas cinco mil vezes - e mais. Assim com as igrejas cristãs; é preciso não só haver esforço individual, como também esforço combinado e unido, de acordo com o princípio neotestamentário: "Conforme cada um recebeu o dom, que ele ministre" (Ef 4.12) (Dr. Culross).