60. A FAMÍLIA DO REI
"Do qual toda a família no céu e na terra recebe o nome" (Efésios 3.15).
Muitos são os pesos que nos arrastam em direção à terra e às cordas que nos amarram a ela.
Dentre estes últimos nossas famílias não são os menores.
Precisamos de um impulso em direção ao alto. Ah, que possamos achá-lo no texto! Há uma ligação abençoada entre santos em baixo e santos em cima.
Ah, sentir-se que todos nós somos uma família.
I. ENTENDAMOS A LINGUAGEM DO TEXTO.
1. A palavra chave é "família".
- Um prédio apresenta a unidade do desenho do construtor.
- Um rebanho, unidade da posse do pastor.
- O título de cidadão implica unidade de privilégio.
- A idéia de um exército mostra unidade de objetivo e busca/perseguição. Aqui, temos algo mais próximo e ainda mais instrutivo: "a família".
- O mesmo Pai, portanto, unidade de relacionamento.
- A mesma vida, portanto, unidade de natureza.
- O mesmo amor mútuo crescendo da natureza e relacionamentos.
- Os mesmos desejos, interesses, alegrias e cuidados.
- O mesmo lar para moradia, segurança e apreciação.
- A mesma herança para em breve ser possuída.
2. A palavra de ligação é "toda". "Toda a família no céu e na terra." Há apenas uma família, e ela é um inteiro. Na terra encontramos uma porção da família:
- Pecando e arrependendo-se, ainda não tornada perfeita.
- Sofrendo e desprezada, estranhos e estrangeiros entre os homens.
- Morrendo e gemendo, porque ainda estão no corpo.
No céu, encontramos uma outra parte da família:
- Servindo e regozijando-se. Sem pecado e livre de toda enfermidade.
- Honrando a Deus e honrada por ele.
- Livre de suspiros e interessada em cantar.
Os militantes e os triunfantes são uma só família não dividida.
3. A palavra de coroação da frase é "recebe o nome".
Nosso nome recebemos do primogênito, o próprio Jesus Cristo.
Assim, todos somos reconhecidos como sendo tão verdadeiramente filhos como o Senhor Jesus, pois o mesmo nome nos é dado.
Assim, ele é grandemente honrado entre nós. O nome dele é glorificado por cada um que verdadeiramente leva este nome.
Assim, somos grandemente honrados nele ao levar tão augusto nome.
Assim, somos ensinados a quem imitar. Precisamos justificar o nome.
Assim, somos forçadamente lembrados de seu grande amor para conosco, de sua grande dádiva para conosco, de sua união conosco e da valorização que faz de nós.
II. VAMOS PEGAR O ESPÍRITO DO TEXTO
Vamos agora tentar sentir e mostrar um sentimento de família.
1. Como membros de uma família, apreciemos as coisas que temos em comum. Todos nós temos:
- As mesmas ocupações. É nossa comida e bebida servir o Senhor, para abençoar a irmandade e salvar almas.
- Os mesmos deleites: comunhão, segurança e expectativa.
- O mesmo amor vindo do Pai.
- A mesma justificação e aceitação com nosso Deus.
- Os mesmos direitos ao trono da graça, ministração dos anjos, provisão divina e iluminação espiritual.
- A mesma antecipação de crescimento em graça, perseverança até o fim e glória no final.
2. Como membros de uma única família, vamos nos familiarizar uns com os outros.
3. Como membros de uma só família, vamos ajudar um ao outro de modo prático.
4. Como membros de uma só família, vamos abandonar todos os nomes, alvos, sentimentos, ambições e crenças que dividem as pessoas.
5. Como membros de uma só família, empenhemo-nos pela honra e pelo reino de nosso Pai que está no céu.
Vamos buscar os membros perdidos da família.
Vamos estimar os membros esquecidos da família.
Vamos nos empenhar pela paz e unidade da família.
PALAVRAS SELETAS
A Escritura conhece apenas dois lugares para o recebimento de todos os crentes, ou o céu ou a terra. Portanto, quando o apóstolo quer nos contar onde todos eles estavam convergindo sob Cristo como seu cabeça e redentor, ele os arranja na seguinte ordem: "coisas no céu, e coisas na terra" (Ef 1.10); o apóstolo se esqueceu do limbo lá, e do purgatório aqui. Como a Escritura só conhece dois tipos de santos, assim também dois lugares, o céu para os triunfantes, a terra para os militantes (Paul Bayne).
"A família inteira no céu e na terra", não as duas famílias, não a família dividida, mas a família inteira no céu e na terra. Parece, à primeira vista, como se estivéssemos efetivamente divididos pela mão da morte. Será possível sermos uma família quando alguns de nós continuamos trabalhando e outros dormem sob o gramado? Houve uma grande verdade na sentença que Wordsworth pôs na boca da criança pequena, quando ela disse: "Ó mestre, nós somos sete."
"Mas eles estão mortos: aqueles dois morreram,
Seus espíritos estão no céu!", alguém dizia.
Foi lançar fora palavras. Ela repete.
A pequenina quis o que queria.
E diz: "Não, nós somos sete."Será que nós não deveríamos falar assim da família divina? Pois a morte com certeza não tem poder para separar a família de Deus (C. H. S.).
"Quando eu era menino," diz alguém, "eu pensava no céu como uma grande cidade brilhante, com vastas paredes e cúpulas e torres, e com ninguém nela a não ser tênues anjos brancos, que me eram estranhos. Mais tarde meu irmãozinho morreu, e eu pensei em uma grande cidade com muros e cúpulas e torres, e uma revoada de anjos frios desconhecidos, e um garotinho que eu conhecia; ele era o único que eu conhecia naquele tempo. Depois outro irmão morreu, e havia dois que eu conhecia. Depois meus conhecidos começaram a morrer, e o bando cresceu continuamente. Mas só quando um de meus filhinhos foi para o seu Avô--Deus--, eu comecei a pensar que eu tinha entrado um pouquinho eu mesmo. Um segundo foi, um terceiro foi, um quarto foi e até lá eu já tinha tantos conhecidos no céu que eu não via mais paredes e cúpulas e torres. Comecei a pensar nos moradores da cidade celestial. E agora já foram tantos de meus conhecidos para lá, que às vezes me parece que eu conheço mais no céu do que conheço na terra" (Handbook of Illustrations).
Thomas Brooks menciona uma mulher que vivia perto de Lewes, em Sussex, na Inglaterra; ela estava doente e foi visitada por uma de suas vizinhas que, para alegrá-la, disse-lhe que se ela morresse ela iria ao céu, e estaria com Deus e Jesus Cristo, e os santos e os anjos. A mulher doente, em toda a sua simplicidade, respondeu: "Ah, minha senhora, eu não tenho parentes lá! Não, nem uma fofoqueira, uma conhecida, e como não conheço ninguém, eu antes preferiria muito mais parar com você e as outras vizinhas, do que ir e morar no meio de estranhos." É de se temer que se muitos falassem o que pensam, falariam mais ou menos a mesma coisa.