53. MORTOS, MAS VIVOS
Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos (Romanos 6.11-1).
Como são intimamente ligadas as obrigações do crente aos seus privilégios! Por ele estar vivo para Deus, cumpre-lhe renunciar o pecado, visto que essa coisa corrupta pertence ao seu estado de morte.
Com que intimidade tanto seus deveres como seus privilégios estão atados com Cristo Jesus seu Senhor!
Como devemos meditar sobre esses assuntos, calculando o que é direito e apropriado, e realizando esse cálculo em suas questões práticas.
Nós temos em nosso texto:
I. UM GRANDE FATO PARA LEVAR EM CONSIDERAÇÃO.
"Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus."
1. Estamos mortos com Cristo para o pecado, por termos nele suportado o castigo. Em Cristo, nós já suportamos a penalidade e somos vistos como mortos pela lei (v. 6 e 7).
2. Somos ressuscitados com ele numa condição justificada e temos alcançado uma nova vida (v. 8).
3. Não podemos mais vir sob o pecado, assim como ele não pode (v. 9).
4. Estamos, portanto, mortos para sempre para a culpa e o poder reinante dele: "O pecado não os dominará" (v. 12-14). Esse acerto é baseado em verdade ou não seríamos exortados a isso. Calcular-se morto para o pecado para que possa gabar que você não peca mais de modo nenhum seria um acerto baseado em mentira e faria muito mal. "Não há ninguém que não peque" (1Reis 8.46; 1João 1.8). Não há quem tanto provoque a Deus como pecadores que gabam de sua própria perfeição imaginada. O calcular que não pecamos deve ou ir com a teoria antinomiana que pecado no crente não é pecado, o que é uma noção chocante; ou então nossa consciência precisa dizer-nos que pecamos em muitos modos: em omissão ou comissão, em transgressão ou deficiência, em temperamento ou em espírito (Tiago 3.2; Ec 7.20; Rm 3.23). Julgar-se morto para o pecado no sentido da Escritura é cheio de benefício tanto para o coração como para a vida. Esteja pronto a calcular desta maneira.
II. UMA GRANDE LIÇÃO PARA SER POSTA EM PRÁTICA. "Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos."
1. O pecado tem grande poder. Está em você e lutará para reinar.
- Permanece como um fora-da-lei, escondendo-se em sua natureza.
- Permanece como um conspirador, planejando a sua derrota.
- Permanece como um inimigo, guerreando contra a lei de sua mente.
- Permanece como um tirano, preocupando e oprimindo a vida verdadeira.
2. Seu campo de batalha é o corpo.
- Suas vontades - fome, sede, frio - podem se tornar ocasiões de pecado sempre que levam à murmuração, inveja, cobiça, roubo.
- Seu apetite pode desejar indulgência excessiva e, a não ser que seja continuamente cortado, facilmente levam ao mal.
- Suas dores e enfermidades, através de engendrar impaciência e outros defeitos, podem produzir pecado.
- Seus prazeres, também, prontamente podem tornar-se incitamentos ao pecado.
- Sua influência sobre a mente e espírito pode arrastar nossa nobre natureza para baixo ao rastejante materialismo da terra.
3. O corpo é mortal¸ e nós seremos completamente libertados de pecado quando formos libertados de nosso atual corpo mortal, se realmente a graça reinar dentro de nós. Até então, descobriremos o pecado escondido em um membro ou outro "deste vil corpo."
4. Enquanto isso, nós precisamos não deixá-lo reinar.
- Se reinasse sobre nós, seria nosso deus. Provaria estarmos nós sob a morte e não vivos para Deus.
- O corpo nos causaria dor e avaria sem medida se ele reinasse só por um momento. O pecado está dentro de nós, visando domínio. Reconhecer isso, junto com o fato que nós somos mesmo assim vivos para Deus, deveria:
- Auxiliar a nossa paz, pois percebemos que homens podem ser verdadeiramente do Senhor, ainda que o pecado lute dentro deles.
- Ajudar nossa cautela, pois nossa vida divina vale ser preservada e precisa ser conservada com cuidado constante.
- Atrair-nos para usar os meios de graça, visto que neles o Senhor se encontra conosco e refresca nossa nova vida.
Vamos chegar à mesa de comunhão e a todas as outras ordenanças cristãs, como vivos para com Deus. Desta maneira, alimentemo-nos em Cristo.
PALAVRAS INSTRUTIVAS
No século IV, quando a fé cristã era pregada em seu poder no Egito, um jovem irmão procurou o grande Macarius: "Pai", disse ele, "qual é o sentido de ser morto e sepultado com Cristo?"
"Meu filho", respondeu Macarius, "você se lembra de nosso querido irmão que morreu e foi sepultado há pouco tempo? Vá agora à sepultura dele e contelhe todas as coisas maldosas que você já escutou dele e que nós estamos contentes que ele tenha morrido e agradecidos por livrarmo-nos dele, porque ele foi uma preocupação tão grande para nós e causou tanto desconforto na igreja. Vá, meu filho, e diga isso, e ouça o que ele há de responder."
O jovem ficou surpreso e duvidou se realmente tinha entendido, mas Macarius só disse: "Faça como eu mandei, meu filho, e venha e me diga o que seu irmão que partiu vai lhe dizer."
O moço fez como foi mandado e retornou. "Bem, e o que o nosso irmão disse?", perguntou Macarius. "Disse, pai!", ele exclamou. "Como podia dizer qualquer coisa? Ele está morto."
"Vá, agora de novo, meu filho, e repita todas as palavras bondosas e lisonjeiras que você ouviu sobre ele. Diga-lhe o quanto sentimos sua falta, que grande santo ele foi, que nobre obra ele fez, como a igreja inteira dependia dele, e volte e conte-me o que ele diz."
O jovem começou a entender a lição que Macarius queria lhe ensinar. Ele voltou ao túmulo e dirigiu muitos elogios ao homem morto, depois retornou a Macarius. "Ele não responde nada, pai. Ele está morto e sepultado."
"Você sabe agora, meu filho", disse o velho pai, "o que é ser morto com Cristo. Louvor e censura nada são para aquele que está realmente morto e sepultado com Cristo" (Anônimo).
Embora o mais humilde crente esteja acima do poder do pecado, o mais alto crente não está acima da presença de pecado. O pecado só arruína onde reina. Não está destruindo onde está perturbando. Quanto mais mal recebe de nós, menos mal faz a nós (William Secker).
O pecado pode se rebelar, mas nunca reinará em um santo. Acontece com o pecado nos regenerados como se dá com aqueles animais dos quais Daniel fala, cujo domínio foi tirado, contudo, suas vidas foram prolongadas por uma estação e um tempo (Thomas Brooks).
Os homens precisam não deixar um único pecado sobreviver. Se Saul tivesse destruído todos os amalequitas, nenhum amalequita teria vivido para destruí-lo (David Roland).