48. ELE PRECISA

Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe disse, "Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa hoje". Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria (Lucas 19.1-9).

 

Nosso Salvador, pela primeira vez, se convidou para a casa de um homem. Assim, ele provou a sutileza e a autoridade de sua graça. "Sou achado pelos que não me procuraram" (Is 65.1). Devemos, sim, convidá-lo aos nossos lares. Pelo menos aceitar alegremente sua oferta de vir a nós. Talvez nesta hora ele se pressione para vir a nós.

Contudo, podemos nos achar anfitriões tão pouco prováveis de nosso Senhor como Zaqueu nos pareceu. Ele era um homem:

- Numa vocação desprezada--um publicano, ou cobrador de impostos.

- Com cheiro impopular perto de pessoas respeitáveis.

- Rico, com a suspeita de conseguir seus muitos bens de modo errado.

- Excêntrico, porque de outro modo não teria trepado numa árvore.

- Excomungado, por ter se tornado um cobrador de impostos romanos.

- De forma alguma a escolha da sociedade.

A um homem desses Jesus veio, e ele pode vir a nós, mesmo que sejamos desprezados por nossos vizinhos e estivermos dispostos a temer que ele nos passará de largo.

 

I. CONSIDEREMOS A NECESSIDADE QUE PESAVA SOBRE O SALVADOR PARA FICAR NA CASA DE ZAQUEU.

Ele sentiu uma necessidade urgente de:

1. Um pecador que precisava e que aceitaria sua misericórdia.

2. Uma pessoa que ilustraria a soberania de sua escolha.

3. Um caráter cuja renovação exaltaria sua graça.

4. Um anfitrião que o receberia com hospitalidade genuína.

5. Um caso que anunciaria seu evangelho (v. 9 e 10). Havia uma necessidade de predestinação que a deixou verdadeira: "Hoje preciso ficar em sua casa." Havia uma necessidade de amor no coração gracioso do Redentor. Havia também uma necessidade a fim de abençoar outros através de Zaqueu.

 

II. VAMOS PERGUNTAR SE TAL NECESSIDADE EXISTE EM REFE-RÊNCIA A NÓS MESMOS.

Nós podemos verificar isso respondendo às seguintes perguntas, que são sugeridas pelo comportamento de Zaqueu para com nosso Senhor.

1. Vamos recebê-lo hoje mesmo? "Ele desceu rapidamente".

2. Vamos recebê-lo de coração? "Ele o recebeu com alegria."

3. Vamos recebê-lo digam o que disserem os outros? "Eles começaram a se queixar."

4. Vamos recebê-lo como nosso Senhor? "Ele disse: 'Olha, Senhor.'"

5. Vamos recebê-lo de modo a colocar o que temos sob o controle de suas leis (v. 8)?

Se estas coisas são assim, Jesus precisa ficar conosco.

Ele não pode deixar de vir onde será bem-vindo.

 

III. VAMOS ENTENDER O QUE ESTA NECESSIDADE ENVOLVE. SE O SENHOR JESUS VEM PARA HABITAR EM NOSSA CASA:

1. Precisamos estar prontos para enfrentar objeções em casa.

2. Precisamos nos livrar de tudo em nossa casa a que ele faria objeção. Talvez haja muitas coisas que ele não toleraria.

3. Não podemos admitir alguém que possa entristecer o nosso hóspede celestial. A amizade dele precisa pôr fim a nossa amizade com o mundo.

4. Precisamos deixar que ele governe a casa e nós mesmos, sem rival nem reserva, daqui em diante e para sempre.

5. Precisamos deixá-lo usar-nos e aos nossos como instrumentos para a difusão de seu reino.

 

TEXTOS DIGNOS DE NOTA

Tivesse nosso Salvador dito nada mais do que "Zaqueu, desça", o pobre homem teria se achado repreendido por sua ousadia e curiosidade: seria melhor não ter sido identificado do que notado por mau procedimento. Mas como as palavras seguintes o consolaram. "Quero ficar em sua casa hoje!" Que doce familiaridade se mostrava aqui! Como se Cristo tivesse conhecido Zaqueu durante muitos anos, a quem só agora via pela primeira vez. Contrário ao costume, o anfitrião é convidado pelo hóspede e chamado a um entretenimento inesperado. Nosso Salvador ouviu muito bem o coração de Zaqueu convidandoo, embora sua boca não o fizesse: desejos são a linguagem do espírito e são ouvidos por aquele que é o Deus dos espíritos (Bispo Hall).

Ora, Cristo começa a chamar Zaqueu da árvore para ser convertido, como Deus chamou Adão dentre as árvores do jardim para ser julgado (Gn 3.8-9). Antes, Zaqueu estava muito baixo e, portanto, quis subir, mas agora ele está muito alto e por isso precisa descer (Henry Smith).