45. RESISTÊNCIA À SALVAÇÃO

"E gritou em alta voz: 'Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes" (Marcos 5.7).

 

A vinda de Jesus a um lugar põe tudo em agitação. O evangelho é um grande perturbador de paz pecaminosa.

Como o sol entre animais ferozes, corujas e morcegos, cria um movimento. Neste caso, uma legião de demônios começou a se mexer.

 

I. O DEMÔNIO GRITA CONTRA A INTROMISSÃO DE CRISTO.

"Que tenho eu contigo?"

1. A natureza de Cristo é tão contrária àquela do diabo que guerra é inevitável logo que Jesus sai de cena.

2. Não há planos de graça para Satanás e, portanto, como ele nada tem para esperar de Jesus, ele teme a sua vinda.

3. Ele deseja ser deixado em paz, pois, descuido, estagnação e desespero combinam com os planos dele.

4. Ele reconhece sua falta de poder contra o Filho do Altíssimo Deus, e não deseja tentar uma queda-de-braço com ele.

5. Ele teme sua sentença, pois Jesus não hesitará em atormentá-lo à vista de bem feito, e mal vencido.

 

II. HOMENS SOB A INFLUÊNCIA DO DIABO GRITAM CONTRA A VINDA DE CRISTO PELO EVANGELHO.

1. A consciência é temida por eles; não desejam que seja perturbada, instruída e colocada no poder.

2. A mudança é temida por eles; pois amam o pecado, os seus ganhos e prazeres, e sabem que Jesus guerreia contra essas coisas.

3. Reivindicam o direito de ser deixados em paz; esta é sua idéia de liberdade religiosa. Não querem ser questionados nem por Deus nem pelo homem.

4. Argumentam que o evangelho não os pode abençoar.

- Não esperam nada dele, pois não conhecem suas ricas bênçãos, nem o poder da graça soberana, todo-poderosa.

- Acham-se muito pobres, muito ignorantes, muito ocupados, muito pecaminosos, muito fracos, muito envolvidos e até muito velhos para receber qualquer bem do evangelho.

5. Eles vêem Jesus como um atormentador, que lhes roubará prazer, ferroará suas consciências e os dirigirá a deveres detestáveis.

- Portanto clamam: "Que temos nós que ver contigo?"

 

III. HOMENS SÓBRIOS PODEM RESPONDER A ESSES GRITOS.

Eles procuram responder à pergunta: O que tenho eu a ver contigo?"

Eles lembram um fato e fazem uma pergunta.

1. Eu tenho a ver com ele inevitavelmente.

- Ele veio salvar, e eu sou responsável por aceitar ou recusar sua graça.

- Eu sou criatura dele, já que ele é o Filho de Deus, e ele tem poder sobre mim, e tem direito à minha obediência.

- Eu estou sob seu governo, e ele me julgará no dia final.

2. Tem ele a ver comigo graciosamente?

- Ele tem a ver comigo pelo evangelho que ele me enviou.

- Ele tem muito abundantemente a ver comigo se trabalhou o arrependimento, a fé, a oração em mim.

- Ele tem tudo a ver comigo se já me concedeu perdão, paz, santificação.

 

IV. HOMENS SALVOS DE SATANÁS LEVANTAM UM GRITO OPOSTO.

De acordo com o caso diante de nós nesta narrativa:

1. Eles rogam para sentar-se aos pés de Jesus, vestidos, e em pleno uso de suas faculdades mentais.

2. Eles pedem para estar com ele sempre, e nunca deixarem de atender pessoalmente a ele.

3. Eles vão ao seu mando, e publicam a todos que grandes coisas Jesus já fez por eles.

4. Daqui em diante eles nada têm a fazer senão viver por Jesus, e por ele somente. Venham, vocês desprezadores, e enxerguem-se como um espelho! Olhem até que se vejam transformados.

 

CASOS A RESPEITO

A conversão é temida por homens naturais como sendo um grande perigo, com receio de que sejam incumbidos da dor e trabalho de piedade; pois homens não fogem de nada senão daquilo que compreendem como mau, perigoso e, portanto, do verdadeiro objeto de medo. Ora, quando Felix e Agripa estavam ambos na roda do grande Oleiro, eu não posso dizer que a conversão foi formalmente iniciada, contudo, materialmente foi mesmo. Um tremeu, e estava com tanto medo que fugiu, e guardou Paulo para outra ocasião. Ele viu o perigo da graça (Atos 24.25-26) e fugiu dela. O outro disse que ele já era meio cristão (mas foi a metade mais pobre), e "ele se levantou, e saiu" (Atos 26.28, 30). "Seus olhos eles fecharam, para que em nenhum tempo vissem com seus olhos, e ouvissem com seus ouvidos, e entendessem com seu coração, e fossem convertidos, e eu os sarasse" (Mt 13:15), em cujas palavras é evidente que a conversão é temida como um mal.

Um patife uma vez brincou que ele esteve um dia em perigo de ser apanhado, quando um pastor puritano, conforme ele disse, "estava pregando com poder divino, e evidência do Espírito de Deus" (Samuel Rutherford).

Diz-se que Voltaire, sendo pressionado em seus últimos momentos a reconhecer a divindade de Cristo, se voltou para o outro lado e disse fracamente: "Pelo amor de Deus, não mencione aquele homem--permita-me morrer em paz!"

Certa noite, alguns jovens estavam sentados num armazém no sítio, contando no que eles não acreditavam, do que não tinham medo de acreditar e o que não tinham medo de fazer. Finalmente, o líder do grupo observou que, por ele, estaria disposto em qualquer tempo a assinar desistência de todo seu interesse em Cristo por uma nota de cinco dólares. "Será que eu entendi bem o que você está dizendo?", perguntou um velho lavrador que também estava no armazém e ouviu o comentário. "Eu disse que por cinco dólares eu desistiria de todo meu interesse em Cristo, e eu o farei." O velho fazendeiro, que tinha aprendido a conhecer o coração humano até bem, puxou sua carteira de couro, tirou de lá uma nota de cinco dólares e a colocou na mão do dono da loja. Depois, pedindo tinta e papel, ele disse: "Meu jovem amigo, se você vier à mesa agora e escrever como eu ditar, o dinheiro é seu." O jovem pegou a caneta, e começou. "Na presença destas testemunhas, eu, A..... B........, pela soma de cinco dólares recebidos, agora, de uma vez por todas, e para sempre, assino que desisto de todo o meu interesse..." E então deixou cair a caneta, e com um sorriso forçado, disse: "Eu retiro tudo, eu estava só brincando." O jovem não teve coragem de assinar aquele papel. Por quê? Ele tinha uma consciência que o acusava. Sabia que havia um Deus. Acreditava em religião. Tencionava, um dia, ser cristão. E você também, leitor. Apesar de sua aparente indiferença, sua conduta frívola, falar se gabando, você não assinaria essa desistência hoje de seu interesse em Jesus Cristo nem por dez mil dólares. Você não deseja nem espera perder o céu (The Congregationalist American).