34. VIGIANDO, AGUARDANDO, ESCREVENDO
Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que o Senhor me dirá e que resposta terei à minha queixa. Então o Senhor me respondeu: Escreva claramente a visão em tábuas, para que se leia facilmente. Pois a visão aguarda um tempo designado; ela fala do fim, e não falhará. Ainda que demore, espere-a; porque ela certamente virá e não se atrasará. Escreva: O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade (Habacuque 2.1-4).
A promessa de Deus demorou, e os ímpios triunfaram.
Aqui estava o antigo problema de Davi em outra forma.
"Então porque toleras os perversos?" (Hc 1.13) é apenas uma repetição de "Tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios" (Sl 73.3).O mesmo problema ocorre em nós, e este texto pode ajudar-nos. Observe com entendimento:
I. O SENTIDO NO QUAL HÁ UMA DEMORA NA PROMESSA.
Não é toda demora aparente que é real. Nosso tempo e o tempo de Deus não são medidos no mesmo mostrador.
1. Cada promessa aguardará o seu próprio tempo para o cumprimento: "Pois a visão aguarda um tempo designado".
2. Cada promessa no fim se mostrará verdadeira: "Ela fala do fim, e não falhará."
3. Cada promessa irá recompensar nossa espera: "Ainda que demore, espere-a."
4. Cada promessa será pontual em sua hora: "Ela certamente virá e não se atrasará." A palavra do Senhor é tão certa quanto ao tempo como quanto ao assunto. Para ele seu tempo de amadurecer é curto: apenas para nós demora.
II. A ATITUDE DE UM CRENTE ENQUANTO A PROMESSA DEMORA.
Devemos vigiar pelo aparecimento do Senhor em cumprimento de sua promessa, e devemos estar preparados para receber repreensão bem como bênção.
O profeta assumiu:
1. Uma atitude determinada e pensativa: "Tomarei posição e aguardarei."2. Uma atitude atenta: "para ver o que o Senhor me dirá." Ele está absorto neste único ponto: ele só deseja ser ensinado pelo Senhor.
3. Uma atitude paciente: "Tomarei posição sobre a muralha." Sentado numa torre. É como se fosse colocado lá como uma sentinela resolvida a ficar em seu posto.
4. Uma posição solitária, se preciso. Ele fala dele próprio sozinho.
5. Uma atitude mental humilde e submissa: "aguardarei para ver o que o Senhor me dirá e que resposta terei à minha queixa."
Em todos os aspectos, o homem de Deus está pronto para seu Senhor.
A demora é evidentemente uma bênção para ele.
A bênção será maior quando vier.
III. A OBRA DO SERVO DO SENHOR ENQUANTO A PROMESSA DEMORA.
1. Pela fé coloque a visão. Realize o cumprimento da palavra divina em sua própria alma. "Aguarde para ver o que o Senhor dirá."
2. Declare-a como certa: registre-a por escrito, como um fato a não ser questionado. "Escreva a visão em tábuas."
3. Declare-a claramente, para que o estafeta possa lê-la.
4. Declare-a de modo prático, para que aquele que o ler possa se apressar em conseqüência da leitura.
5. Declare-a permanentemente: escreva a matéria para um registro que sirva de referência; grave-a em tabletes como registro para a perpetuidade. A fé simulada nega-se prudentemente mencionar suas expectativas. É considerado presunçoso, fanático e imprudente ser positivo de que Deus guardará sua promessa; e quanto mais mencionar isso. O crente verdadeiro não pensa assim, mas age com as promessas do Senhor como agiria com compromissos feitos em negócio por homens honestos: ele os trata como reais, e queria ver outros fazerem o mesmo.
IV. A DIFERENÇA VISTA EM HOMENS QUANDO A DEMORA DA PROMESSA OS TESTA.
1. O homem que não tem a graça é soberbo demais para aguardar a Deus como o servo do Senhor fará. "O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons.".
- Ele próprio é desonesto, e assim suspeita de seu Deus.
- Isso o impede de encontrar consolo na promessa.
2. O homem justo crê na palavra de um Deus santo.
- Ele aguarda serenamente, em plena certeza.
- Ele vive no sentido mais alto pela sua fé.
"Descanse somente em Deus, ó minha alma" (Sl 62.5).
O que pode fazer aquele que não tem fé em seu Criador? (Hb 11.6).
DE NOSSOS TABLETES
Era costume entre os romanos os afazeres públicos de cada ano serem registrados pelo pontifex maximus, ou sumo sacerdote, e publicados numa mesa. Assim eram expostos aos olhos do público, para que as pessoas pudessem ter oportunidade de tomar conhecimento deles. Também era comum dependurar leis aprovadas e registradas em tabuletas de bronze nos mercados e nos templos, para que pudessem ser vistos e lidos (Tacitus).
De maneira semelhante, os profetas judeus costumavam escrever e expor suas profecias publicamente em mesas, ou em suas próprias casas, ou no templo, para que todos que passassem pudessem entrar e lê-las (Burder).
O bom velho Spurstow diz que algumas das promessas são como a amendoeira - "elas desabrocham apressadamente bem cedo, mesmo na primavera", ele diz, "mas há outras que se assemelham à amoreira - são muito lentas para abrir suas folhas!" Então o que um homem deve fazer, se ele tem uma promessa de amoreira, que tarda em florir? Ora, ele deve esperar até que dê flores, visto que não tem o poder de apressá-la. Se a visão tarda, exercite a preciosa graça chamada paciência, e o tempo devido certamente lhe trará uma recompensa rica (C. H. S.).
As promessas de Deus são datadas, mas com um caráter misterioso; e, por falta de habilidade nossa na cronologia de Deus, somos levados a pensar que Deus se esquece de nós; quando, de fato, nós nos esquecemos de nós mesmos de tal modo a colocar Deus num tempo nosso, e ficar zangados que ele não venha exatamente naquele tempo para nós (Gurnall).
Se fôssemos mais humildes, seríamos mais pacientes. Um pedinte, que está com fome, aguardará no portão do homem rico por horas seguidas com a esperança de receber sobras de comidas; mas o doutor, que não sofre nenhuma falta, logo vai embora se a porta não for aberta quando ele bater. Nós já fizemos o Senhor esperar bastante e não precisamos ficar admirados se ele puser à prova a nossa fé e paciência com atrasos aparentes. Em todo caso, vamos assentar isso em nossos corações, que ele há de cumprir suas promessas. Nosso texto mostranos um Deus pontual, alguém que espera com paciência, e uma confiabilidade publicada, mas isso acaba com um descrente orgulhoso. Ou, se preferir, é o homem pronunciando uma decisão corajosa, e o Senhor respondendo à fé dele; razões apresentadas à fé paciente, e repreensões ao orgulho impaciente.