32. TEOCRACIA

"E agora? Onde está o seu rei que havia de salvá-lo em todas as suas cidades?" (Oséias 13.10).

 

Esta foi a declaração de Deus a Israel, satisfazendo uma grande necessidade e salvando o povo de um grande peso. Seriam salvos da despesa e do perigo que incorreriam com um monarca humano e encontrariam governo e liderança no próprio Deus.

Isso não contentou sua natureza natural, e eles desejavam um rei, como as nações em volta. Com esse desejo aborreceram o Senhor e perderam um grande privilégio.

Para nós, o Senhor apresenta o mesmo privilégio num sentido altamente espiritual, e se somos sábios nós o aceitaremos.

 

I. O DESEJO DA NATUREZA.

"Dá-me um rei."

Não vamos discutir do ponto de vista político para dizer se está certa ou errada essa questão da monarquia no sentido abstrato: seria uma discussão aborrecida e inconveniente para nosso interesse atual. Estamos satisfeitos com a forma de governo de nosso próprio país. Mas falamos moral e espiritualmente da necessidade individual. O homem estava feliz no jardim enquanto Deus era seu rei, mas quando ele começou. . .
"Dá-me um rei", a frase é:
1. Um grito de fraqueza. O homem precisa de alguém para admirar.

2. O suspiro de aflição. Em apertos, ele suspira pelos sábios e os fortes para aconselhar e socorrê-lo.

3. A oração do pensativo.

- Anarquia de alma é terrível; cada paixão luta para ser a mais importante.

- Uma vida sem rei, sem-direção é uma miséria. Ócio é um trabalho penoso: aqueles a quem falta propósito são infelizes.

- O rei eu-mesmo é um mestre cruel e ingrato.

4. O desejo da experiência.

- A tolice nos faz desejar um legislador.

- O perigo sentido faz-nos penar por um protetor.

- A responsabilidade pesando sobre nós faz-nos suspirar por um superior, que se incumbirá de escolher nosso caminho, e nos dirigir nele.

 

II. A RESPOSTA REAL DA GRAÇA.

"Eu serei teu rei".

1. Condescendendo eminentemente. Nosso Deus vem para reinar sobre um reino:

- Arruinado, na bancarrota, desolado.

- Esfacelado por pretendentes que disputam entre si.

- Cercado por inimigos poderosos e implacáveis.

- Cheio de membros indisciplinados.

- Nada senão amor infinito poderia induzi-lo a assumir um trono desses, ou usar uma coroa que lhe custasse tanto, tanto. "Eis o seu rei!"

2. Abundantemente satisfatório, pois:

- Ele tem poder para subjugar todo rebelde interno.

- Ele tem um caráter digno de domínio. É uma grande honra submeter-se a tal príncipe.

- Ele tem mais do que a sabedoria de Salomão para tratar todo assunto.

- Ele tem bondade para abençoar, e está tão pronto que é capaz de tornar seu reino um período de felicidade, paz e prosperidade.

- Ele tem amor com o qual exigir obediência afeiçoada.

3. É infinitamente consolador:

- Ser protegido por sua onipotência.

- Ser regido por perfeição absoluta.

- Ser governado por um rei que não pode nem ser derrotado, nem morrer, nem abdicar, nem mudar.

- Encontrar em Deus muito mais grandeza e bondade do que se pode-ria sonhar que existisse na melhor das soberanias terrestres.

4. É gloriosamente inspirador:

- Viver e morrer por tal líder.

- Reivindicar posse de corações humanos para um benfeitor assim. -Ter tal exemplo para imitar obedientemente.

- Ser para sempre ligado com um potentado tão majestoso.

 

III. A DELÍCIA DA LEALDADE. NOSSA RESPOSTA À PROMESSA DO TEXTO É ESTA:

"Tu és meu Rei, Ó Deus" (Sl 44.4).
Se nós aceitarmos o nosso rei sem reservas:
1. Nós esperamos ver e compartilhar a sua glória dentro em breve (Is. 33.17).

2. Esperamos livramentos no presente (Sl 44.4).

3. Descansamos na confiança deliciosa da sabedoria, bondade e imutabilidade de todos os seus planos.

4. Buscamos estender os seus domínios (Mt 6.10).

5. Gloriamos em seu nome com alegria indizível. Sua história é a nossa meditação, sua promessa é nossa sustentação, suas honras são a nossa glória, e sua pessoa é nossa adoração. Seu trono é nosso porto e nosso céu. Ele, ele mesmo, é toda a nossa salvação, e todo o nosso desejo (2Sm 23.5).

 

PLANOS PARA HOMENAGEM

Será Jesus de fato e em verdade o meu rei? Onde está a prova disso? Estou eu vivendo no reino dele de "justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" agora? (Rm 14.17). Estou eu falando a linguagem daquele reino. Estou eu seguindo "o costume do povo" (Jr 10.3) que não é seu povo? Ou será que eu "diligentemente aprendo os modos de seu povo"? Tenho eu rendido homenagem do coração a ele? Estou eu com coragem e honestidade defendendo a causa dele, por ser dele, não meramente porque aqueles em volta de mim fazem assim? A minha lealdade está fazendo qualquer diferença prática em minha vida de hoje? (Miss Havergal).

Deus é o fundamento básico de toda a sociedade humana; sem ele não se consegue cimentar nem governar a sociedade. Uma louca tentativa foi feita na França. O conselho que governava decretou que não havia nenhum Deus. Qual foi o resultado? Anarquia, confusão, licenciosidade, derramamento de sangue, terror. Robespierre, um dos principais mentores da Revolução, teve de declarar a seus camaradas reunidos em assembléia reservada: "Se não existe nenhum Deus, nós precisamos fazer um - não conseguimos governar a França sem ele" (J. Cynddylan Jones).

O que, então, vamos retribuir por este inestimável favor, ao nos tomar para ser seus súditos? Ah, ofereçamos a ele não só os dízimos de nossos trabalhos, como também os primeiros frutos de nossos afetos: abramos não só as portas de nossos lábios, mas também os portões de nossos corações, para que entre o rei da glória. E quando tu te dignas, Ó meu Senhor, de vir com tua alta majestade sob meu teto baixo, e operar um milagre, tendo aquela grandeza que o mundo não contém, contido em um pequeno canto de meu peito, digna-te mandar também tua graça como precursor de tua glória!

Possua-me inteiramente, Ó meu Soberano! Reina em meu corpo, por obediência a tuas leis, e em minha alma, por confiança em tuas promessas: estruture minha língua para louvar-te, meus joelhos para reverenciar-te, minhas forças para servir-te, meus desejos para querer-te e meu coração para abraçarte (R.Baker, "A Oração do Senhor").

O Senhor em nosso texto assume o trono, não tanto pela eleição de seus súditos como pela eleição dele dos súditos; e o ato não é um ascender a uma dignidade mais alta do que a que ele naturalmente possua, e sim uma descida de amor a uma posição que é para nosso ganho em vez do dele. Ele vem a nós com esta doce prontidão para reinar sobre nós, e é sabedoria nossa aceitar alegremente os privilégios infinitos de seu domínio eterno.