10. DE NADA NÃO SAI NADA

"Quem pode extrair algo puro da impureza? Ninguém" (Jó 14.4).

 

Jó tinha uma profunda necessidade de estar limpo diante de Deus, e realmente ele era limpo de coração e de mão mais do que seus companheiros. Mas ele viu que não podia de si produzir santidade em sua própria natureza e, portanto, fez essa pergunta e deu-lhe uma resposta negativa sem hesitar. Os melhores dos homens são tão incapazes quanto os piores dos homens de tirar da natureza humana aquilo que não está ali.

 

I. QUESTÕES DE IMPOSSIBILIDADE NA NATUREZA.

1. Crianças inocentes de pais decaídos.

2. Uma natureza santa da natureza depravada de qualquer indivíduo.

3. Atos puros de um coração impuro.

4. Atos perfeitos de homens imperfeitos.

5. Vida celestial de morte moral da natureza.

 

II. ASSUNTOS DE CONSIDERAÇÃO PRÁTICA PARA TODAS AS PESSOAS.

1. Que precisamos ser limpos para sermos aceitos.

2. Que nossa natureza caída é essencialmente imunda.

3. Que isso não nos livra de nossa responsabilidade; não temos menos obrigação de sermos limpos porque nossa natureza inclina-nos a sermos imundos; um homem que é um velhaco até o cerne de seu coração não fica por isso livre da obrigação de ser honesto.

4. Que não podemos fazer a obra necessária de limpeza pela nossa própria força.

- Depravação impede de sermos retos diante de Deus.

- Corrupção impede que sejamos aptos para falar com Deus.

- Falta de santidade impede que estejamos adequados para habitar com Deus.

5. Que será bom olharmos àquele que é forte quando é para ter força, para o justo para ter justiça, para o espírito criador para uma nova criação. Jeová trouxe todas as coisas do nada, luz das trevas, e ordem da confusão, e é para um operador como ele que precisamos olhar para ter salvação de nosso estado caído.

 

III. PROVISÕES PARA ENFRENTAR O CASO.

1. A justiça do evangelho para pecadores. "Quando ainda não tínhamos força, no devido tempo Cristo morreu pelos ímpios." O evangelho contempla fazer por nós aquilo que nós não podemos tentar para nós mesmos.

2. O poder purificador do sangue. Jesus não teria morrido se o pecado pudesse ser removido por outro meio.

3. A obra renovadora do Espírito. O Espírito Santo não nos teria regenerado se pudéssemos regenerar a nós mesmos.

4. A onipotência de Deus em criação, ressurreição, avivamento, preservação e aperfeiçoamento. Isso vem ao encontro de nossa inabilidade e morte. Desespere de tirar qualquer bem do poço seco da criatura. Tenha esperança para a máxima limpeza, visto que Deus se tornou o operador disso.

 

OBSERVAÇÕES

A palavra que nós apresentamos como "limpo" significa brilhante, lindo: uma substância tão pura e transparente que nós podemos enxergar do outro lado, tão pura que é livre de toda mancha ou poluição, de todo pretume e escuridão. Quem pode tirar uma tal coisa tão limpa de uma imunda? A palavra hebraica (tama) chega perto da palavra (contaminatum) que é usada pelas línguas latinas para dizer não limpo, "imundo", e fala da maior poluição, da baixeza e imundície de hábito, o sangue coagulado, a água barrenta, qualquer coisa repugnante ou desagradável. Todos estes significados são encontrados e formam o sentido dessa palavra: "Quem pode tirar uma coisa limpa desta falta de limpeza?" (Caryl).

A depravação do homem é universalmente hereditária. Diz-se que Adão gerou "um filho na sua própria semelhança," pecaminoso como ele foi, bem como igualmente mortal e miserável. Sim, o santo mais santo na terra comunica uma natureza corrupta e pecadora a seu filho; como o judeu circuncidado gerava um filho não circuncidado, e como o trigo, limpo e abanado, sendo plantado cresce com uma casca (João 3.6) (Gurnall).

Seria trabalho em vão tentar limpar o córrego de uma fonte poluída. Não, a fonte precisa ser mudada, ou o fluxo não será alterado. Pode-se podar o caranguejo como queira, ele não dará maçãs: nem um espinho sob o melhor cultivo produzirá figos. Regeneração é uma mudança de natureza, mas não é de modo nenhum uma mudança natural; é sobrenatural em sua origem, execução e conseqüências. Deve ser lavrada por um poder do alto, visto que não existe nem vontade nem poder de operá-la a partir de baixo.