3. ACORDO DE AMIZADE FIEL
E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o seu melhor amigo (1Samuel 18.3).
E Jônatas fez Davi reafirmar seu juramento de amizade, pois era seu amigo leal.
Por que tantos sermões sobre Jonas, e tão poucos sobre Jônatas? São os intratáveis mais dignos de estudo do que os gentis e generosos? Este nobre príncipe teve como grande alegria promover os interesses do homem que iria ser escolhido no seu lugar. Havia algo lindíssimo em Jônatas, e isso apareceu em seu amor altruísta, magnânimo para com Davi. Quanta beleza há no amor sem paralelos de Jesus para conosco, pobres pecadores!
I. GRANDE AMOR DESEJA SE ATAR COM AQUELE QUE É AMADO.
"Jônatas e Davi fizeram um contrato, porque ele o amou."
-O pacto foi feito não tanto por causa do amor mútuo, e sim porque Jônatas amava a Davi. "Sua amizade era, para mim, mais preciosa que o amor das mulheres" (2Sm 1.26).
1. Jesus se ligou a nós por liames de pacto. Ele assumiu cuidar de nós como nossa garantia no pacto da graça.
- Ele entrou em nossa natureza para representar-nos, assim tornandose o segundo Adão (1Co 15.47).
- Ele se comprometeu a remir-nos com o sacrifício de si próprio. "Ele me amou e se entregou por mim (Gl 2.20).
- Ele tomou-nos em união consigo mesmo. "Pois somos membros de seu corpo" (Ef 5.30).
- Ele vinculou nossas vidas futuras à dele próprio: "Sua vida está escondida em Cristo com Deus" (Cl 3.3). "Porque eu vivo, vocês também viverão" (Jo 14.19). "Pai, Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou" (Jo 17.24) "O amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja" (v. 26b, palavras de ouro).
- Ele nos fez compartilhar em tudo que ele tem, trocando de vestes conosco, como nesta narrativa (1Sm 18.4).
- Ele não podia chegar mais perto de nós, ou o teria feito.
-Em todos esses atos pactuais ele prova seu perfeito amor.
2. Jesus desejava que fôssemos atados a ele por seus laços pactuais: portanto, ele quer de nós:
- que nos submetamos ao poder salvador de seu amor.
- que o amemos pelo seu grande amor, assim como Davi amou a Jônatas.
-que admitamos que somos dele por escolha, por compra e por poder; e que façamos isso deliberada e solenemente, como homens que pactuam.
- que nos unamos ao povo dele; pois ele os avalia como sendo ele próprio.
-que mostremos bondade para com todos os que são dele, por amor a ele, assim como Davi foi bondoso para com Mefibosete (2Sm 9).
-que cada vez mais unamos nossos interesses aos dele e descubramos nosso lucro em promover a honra dele (2Co 5.14-15). "Vida... firmemente segura como a dos que são protegidos pelo Senhor, o teu Deus" (1Sm 15.19). Que linda expressão! Contudo, tão verdadeira!
3. Se este é o desejo de nosso Senhor, não o cumpriremos?
- Que os elos sejam mútuos e indissolúveis (Ct 2.10).
- Que aceitemos as dádivas inestimáveis do Príncipe, e então nos entreguemos a ele sem reservas.
- Que o amemos assim como amamos a nós mesmos, porque ele nos amou mais do que a si mesmo (Mt 27.42). Que este seja um tempo de amar, uma estação de renovar nossos votos, um tempo de um maior fundir de si com Jesus. "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gl 2.20).
II. GRANDE AMOR DESEJA RENOVADOS VOTOS DA PARTE DE SEU OBJETO.
"Jônatas fez com que Davi jurasse novamente."
- Não por egoísmo, mas por um ciúme sagrado. "O Senhor teu Deus é um Deus que tem ciúme." Ver também Cântico dos Cânticos
8.6.
- É o único retorno que o amor pode receber. Podemos amar Jesus, não podemos fazer mais que isso: "Amem o Senhor, todos vocês!" (Sl 31.23).
- É para maior benefício nosso. Atados aos chifres do altar, somos livres. Presos com solda a Cristo, somos abençoados.
- Somos tão frios que temos necessidade de renovar a chama do afeto com as brasas da carne de comunhão amorosa.
- Somos tão tentados e assaltados que quanto mais solene e mais freqüentemente renovamos nossos votos, melhor é para nós.
- Somos infelizes demais se atraídos a fugir: toda apostasia é uma infelicidade. Portanto, fiquemos atados firmemente ao nosso Senhor.
- Assim ele convida-nos a novos compromissos (Ct 8.8-9).
-Nossa primeira capitulação foi assistida com dedicação solene.
- Nosso batismo foi o sinal dado de sermos um com ele em sua morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.4).
-Nossas santas ceias devem ser renovações santificadas de nosso pacto:
"Que cada ato desta adoração hoje seja,
Como núpcias nossas contigo, ó Senhor,
Como a hora amada dos votos, na igreja
Onde aprendemos o compromisso do teu amor."
-Nossos restabelecimentos de doenças devem ser lembrados com louvor especial, e devemos pagar nossos votos na presença do povo de Deus (Sl 116.8, 14).
- Nossas condições da carne devem ser assistidas com devoção extra. Mudança, promoção, casamento, nascimento de crianças, morte de parentes etc. são ocasiões dignas de dedicação.
- Nossas ocasiões de reavivamento espiritual, quando estamos cheios de comunhão forte com o Senhor e seus santos na igreja, devem ser novas venturas.
-Venham e deixemos que se renovem nossos amores nesta boa hora.
- Fiquemos a sós e expressemos nossos desejos puros diante de nosso bem-amado, onde só ele pode nos ouvir.
- Pensemos em algum ato especial de devoção pelo qual possamos expressar nosso afeto e façamos isso de imediato. Não temos frasco de alabastro (Mt 26.7). Será que não podemos lavar os pés do Amado e beijá-los com afeto reverente?
JANELAS DE ÁGATA
Uma menininha estava brincando com a boneca no mesmo cômodo em que a mãe se ocupava de um trabalho literário. Quando ela terminou de escrever, disse:
- Você pode vir aqui agora, Alice, já fiz tudo que queria fazer nesta manhã.
A criança correu para a mãe, exclamando:
- Estou tão contente porque eu queria amá-la tanto.
- Mas pensei que você estivesse bem contente com sua bonequinha!
- Sim, mãe, eu estava, mas me canso de amá-la, porque ela não me pode amar de volta.
- E é por isso que você me ama, porque eu posso amá-la de volta?
- É, esse é um motivo, mas não é o primeiro nem o melhor.
- Qual é o primeiro e o melhor motivo?
- É porque você me amava quando eu era pequena demais para amar você de volta. Os olhos da mãe se encheram de lágrimas e ela falou bem baixinho:
- Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.
Lorde Brooks apreciava tanto a amizade de sir Philip Sydney que mandou gravar em cima de seu túmulo somente isto: "Aqui jaz o amigo de sir Philip Sydney".
Cristo e o crente que o ama vivem como se tivessem uma só alma entre eles. Não é a distância entre a terra e o céu que pode separá-los. O amor verdadeiro descobrirá Cristo onde quer que esteja. Quando ele estava sobre a terra, aqueles que o amavam procuravam-no para estar em sua companhia, e agora que ele já foi ao céu, e está fora do alcance de nossa vista, aqueles que o amam estão freqüentemente fazendo subir seus corações até ele. E assim tornaram suas almas bem conhecidas e familiares com seu Salvador crucificado (1Co 2.2) [Citado em The Morning Exercises].
"Você me ama?" "Cuide dos meus cordeiros". Foi um ato de ternura da parte de nosso Senhor permitir que Pedro expressasse três vezes o seu amor, e que em todo o resto de sua vida exercitasse esse amor, dando-lhe trabalho para fazer. Jesus, o amigo, pergunta três vezes, e então lhe dá uma obrigação a cumprir. Pedro, por amor sincero, responde três vezes, e lhe presta serviço até o fim da vida. Amor é aparente em ambos os lados.
Os santos--os cristãos--é para se verem como sendo completamente do Senhor, em oposição a toda a competição. O Senhor não dividirá com rivais; se o escolherem, então estes precisam ficar para trás. A alma até chegar dentro do pacto está em desassossego, como abelha que vai de flor em flor, ou um pássaro de arbusto em arbusto, mas quando está casada com Cristo está estabelecida com ele, e quebra os vínculos com todos os demais.
Lembre-se de que o pacto em que vocês entraram é uma liga ofensiva e defensiva. Vocês deverão ter amigos em comum e inimigos em comum com o Senhor. O povo dele precisa ser seu povo, e os inimigos dele precisam ser seus inimigos.
Lembre-se de que seus ouvidos estão grudados às entradas das portas do Senhor, você abriu sua boca para o Senhor e não pode retroceder. Você deverá ser dele até o fim e sem interrupção. É uma prática louvável de santos repassarem o acordo outra vez, firmarem-se nele, selarem-no de novo, e sempre se verem como sendo do Senhor. Há uma disposição de retrocederem até nos melhores momentos, mas uma renovação de nossa aliança é um antídoto para esse veneno. Além do mais, aquele que realmente fez tal pacto já se doou a Cristo sem reserva, e tem colocado um papel em branco na mão do Senhor, dizendo, com Paulo, "Senhor, que queres que eu faça?" Isso agrada muito ao nosso Deus (Thomas Boston).