Nosso Arsenal

A Palavra Inspirada

Começaremos com NOSSO ARSENAL. Esse arsenal é para mim--e espero que seja para cada um de vocês--A BÍBLIA. Para nós, a Escritura Sagrada é como "a torre de Davi, construída como arsenal. Nela estão pendurados mil escudos, todos eles escudos de heróicos guerreiros" (Ct 4.4). Se quisermos armas devemos buscá-las na Bíblia, e apenas aqui. Quer procuremos a espada de ofensa quer o escudo de defesa, devemos achá-lo no volume da inspiração. Se outros têm qualquer outra fonte, confesso imediatamente que não tenho nenhuma outra. Nada mais tenho a pregar quando acabar esse livro. Na verdade, não teria mais vontade de pregar se não pudesse falar sobre os assuntos que encontro nessas páginas. O que mais valeria à pena ser pregado? Irmãos, a verdade de Deus é o único tesouro pelo qual procuramos, e a Escritura é o único campo no qual cavamos à sua procura.


Nada mais do que aquilo que Deus achou por bem revelar

Não precisamos de nada mais do que aquilo que Deus achou por bem revelar. Certos espíritos errantes nunca estão em casa até que estejam viajando pelo exterior: têm fome de algo que nunca encontrarão "no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20.4) enquanto tiverem o pensamento que têm agora. Nunca descansam, porque não querem ter nada que ver com uma revelação infalível, por isso, eles estão fadados a perambular através do tempo e da eternidade e a não encontrar nenhuma cidade em que possam descansar. Pois, no momento, eles se gloriam como se satisfeitos com seu último brinquedo novo, mas em poucos meses o esporte deles será quebrar em pedaços todas as noções que anteriormente prepararam com cuidado e exibiram com deleite. Sobem um morro apenas para descê-lo de novo. De fato, dizem que a busca da verdade é melhor do que a própria verdade. Gostam de pescar mais do que do peixe; o que pode bem ser verdade, visto que seus peixes são muito pequenos e cheios de ossos.


Esses homens são tão profícuos em destruir suas teorias, como certos indigentes em esfarrapar suas roupas. Mais uma vez começam de novo, vezes sem conta; sua casa está sempre com os alicerces expostos. Devem ser bons em inícios, pois desde que os conhecemos sempre estão começando. São como aquilo que roda no redemoinho, ou "como o mar agitado, incapaz de sossegar e cujas águas expelem lama e lodo" (Is 57.20). Embora sua nuvem não seja aquela que indica a presença divina, contudo está sempre andando à frente deles e suas tendas nem estão bem armadas e já é tempo de levantar de novo as estacas. Esses homens nem mesmo procuram certeza; seu céu é evitar toda verdade fixa e seguir toda quimera de especulação; estão sempre aprendendo, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade.


Quanto a nós, lançamos âncora no abrigo da Palavra de Deus. Eis aí nossa paz, nossa força, nossa vida, nosso motivo, nossa esperança, nossa felicidade. A Palavra de Deus é nosso ultimato. Aqui nós o temos. Nosso entendimento clama: "Encontrei"; nossa consciência afirma que aqui está a verdade; e nosso coração encontra aqui um suporte ao qual toda sua afeição pode se agarrar e, por isso, descansamos contentes.

 

A revelação de Deus é suficiente para nossa fé

O que poderíamos acrescentar se a revelação de Deus não fosse suficiente para nossa fé? Quem pode responder essa pergunta? O que qualquer pessoa proporia acrescentar à Palavra sagrada? Um momento de reflexão nos levaria a escarnecer das mais atraentes palavras de homens, se fosse proposto acrescentá-las à Palavra de Deus. O tecido não estaria em uma peça única. Você adicionaria remendos a uma veste real? Você guardaria a sujeira das ruas no tesouro do rei? Você juntaria as pedrinhas da praia aos diamantes preciosos da antiga Golconda? Qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus posta diante de nós para que creiamos e preguemos como se fosse a vida do homem nos parece totalmente absurda, contudo, enfrentamos uma geração de homens que sempre querem descobrir uma nova força motriz e um novo evangelho para suas igrejas. A manta de sua cama parece não ser suficientemente longa, e eles querem pegar emprestado um metro ou dois de tecido misto e incongruente dos unitaristas, agnósticos ou mesmo dos ateístas.


Bem, se existe qualquer força espiritual ou poder dirigido aos céus, além daquele relatado nesse Livro, acho que podemos passar sem ele. Na verdade, deve ser uma falsificação tão grande que estamos melhor sem ela. As Escrituras em sua própria esfera são como Deus no universo--Todo-suficiente. Nelas estão reveladas toda a luz e poder que a mente do homem pode precisar em relação às coisas espirituais. Ouvimos falar de outra força motriz além daquela encontrada nas Escrituras, mas cremos que tal força é um nada muito pretensioso. Um trem está descarrilado, ou incapaz de prosseguir por outro motivo, quando chega a turma do conserto. Trazem locomotivas para tirar o grande impedimento. A princípio parece que nada se mexe: a força da locomotiva não é suficiente. Escutem! Um garotinho tem uma idéia. Ele grita: "Pai, se eles não têm força suficiente, eu empresto meu cavalo de balanço para ajudá-los". Ultimamente, recebemos a oferta de um considerável número de cavalos de balanço. Pelo que vejo, eles não têm conseguido muito, mas prometeram bastante. Temo que o efeito disso tenha sido mais maléfico que benéfico: eles já levaram pessoas a zombar e as retiraram dos lugares de culto que antes gostavam de freqüentar. Os novos brinquedos foram exibidos, e as pessoas, depois de olhá-los um pouco, foram adiante, à procura de outras lojas de brinquedos. Esses belos e novos nadas não lhes fizeram bem nenhum e nunca farão enquanto o mundo existir.


A Palavra de Deus é suficiente para atrair e abençoar a alma do homem ao longo dos tempos; mas as novidades logo fracassam. Alguém pode bradar: "Certamente, precisamos acrescentar nossos pensamentos a isso". Meu irmão, pense o que quiser, mas os pensamentos de Deus são melhores do que os seus. Você pode ter lindos pensamentos, como as árvores no outono soltam suas folhas, mas há alguém que sabe mais sobre seus pensamentos do que você e os julga de pouco valor. Não é verdade que está escrito: "O Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como são fúteis?" (Sl 94.11). Comparar nossos pensamentos aos grandes pensamentos de Deus, seria total absurdo. Você traria sua vela para mostrá-la ao sol? O seu nada para reabastecer o todo eterno? É melhor calar diante do Senhor, do que sonhar em complementar o que ele falou. A Palavra do Senhor está para a concepção dos homens como um pequeno jardim, para o deserto. Mantenha-se no escopo do livro sagrado e estará na terra que mana leite e mel; por que tentar lhe acrescentar as areias do deserto?

 

Não jogar fora nada do livro perfeito

Tente não jogar fora nada do livro perfeito. O que você encontra nele permita que ali fique, e o faça seu para pregar conforme a analogia e o tamanho da fé. Aquilo que é digno de ser revelado por Deus é digno de nossa pregação--isso é o mínimo que posso dizer a respeito. "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4.4; Dt 8.3). "Cada palavra de Deus é compro-vadamente pura; ele é um escudo para quem nele se refugia" (Pv 30.5). Permita que cada verdade revelada seja apre-sentada a seu tempo. Não procure assunto em qualquer outro lugar, pois com tal infinitude de temas diante de você não há necessidade de assim fazer; com tão gloriosa verdade para pregar seria uma audaciosa crueldade fazer isso.


Já testamos a adoção de toda essa provisão para nossa guerra

Já testamos a adoção de toda essa provisão para nossa guerra: as armas de nosso arsenal são as mais excelentes; pois já as experimentamos e sabemos que são. Alguns de vocês, irmãos mais jovens, até agora só testaram um pouco a Escritura; mas outros de nós, já de cabelos prateados, podemos assegurar que já testamos a Palavra, como a prata é testada em uma fornalha de terra, e ela passou em todos os testes, até setenta vezes sete. A Palavra sagrada suportou mais crítica do que a mais bem aceita forma de filosofia ou ciência e sobreviveu a toda prova. Como disse um clérigo abençoado: "Quando os atuais críticos da Bíblia morrerem, os sermões funerais deles serão pregados com esse Livro--sem se omitir um só versículo--da primeira página de Gênesis à última página de Apocalipse". Alguns de nós, por muitos anos, temos vivido em conflito diário, sempre pondo à prova a Palavra de Deus e, com honestidade, podemos garantir que dá resultado em qualquer emergência. Depois de usar essa espada de dois gumes contra vestes de malha de metal e escudos de bronze, não encontramos nenhuma fenda nela. Não está quebrada nem perdeu o gume nos embates. Cortaria o próprio demônio do topo da cabeça à sola do pé, e mesmo assim não apresentaria nem um sinal qualquer de falha.


Hoje ainda é a mesma poderosa Palavra de Deus que foi nas mãos do Senhor Jesus. Como ela nos fortalece quando lembramos as muitas almas conquistadas com essa espada do Espírito! Será que algum de vocês já conheceu ou ouviu falar de conversão operada por qualquer outra doutrina que não aquela que está na Palavra? Gostaria de ter um catálogo das conversões realizadas pelas teologias modernas. Compraria um exemplar de tal obra. Não digo o que faria com ela depois que a tivesse lido; mas pelo menos aumentaria as vendas em um exemplar, só para ver o que a doutrina da divindade progressista diz ter feito. Conversões por meio da doutrina de restituição universal! Conversões feitas por doutrinas de inspiração duvidosa! Conversões ao amor de Deus e à fé em seu Cristo ao ouvir que a morte do Salvador foi apenas a consumação de um grandioso exemplo, mas não um sacrifício vicário! Conversões por meio de um evangelho do qual todo o evangelho foi drenado! Eles dizem: "As maravilhas nunca cessarão"; mas tais maravilhas nunca começaram.


Que eles relatem a mudança de coração operada desse modo, e nos dêem oportunidade para testá-la, talvez assim possamos considerar se vale nosso tempo deixar aquela Palavra que experimentamos em centenas e em alguns de nós, em milhares e milhares de casos, e que sempre tem sido eficaz para a salvação. Sabemos por que eles zombam das conversões. Estas são as uvas que tais raposas não podem alcançar, portanto, dizem que estão verdes. Como cremos no novo nascimento e esperamos vê-lo em milhares de casos, nos apegamos àquela Palavra de verdade pela qual o Espírito Santo opera a regeneração. Em suma, em nossa guerra ficaremos com a velha arma da espada do Espírito, até que encontremos uma melhor. Hoje, nosso veredicto é: "Não há nada como ela, e eu a quero para mim".


Quantas vezes já vimos a Palavra ser eficaz para consolar! Como um irmão expressou em oração, é difícil tratar de corações partidos. Tenho me sentido tão tolo quando tento tirar um prisioneiro do Castelo do Desespero Gigante! Como é difícil persuadir o próprio desconsolo a ter esperança! Tenho tentado muito capturar minha presa, empregando toda arte que conheço, mas quando quase consigo tê-lo em minha mão, a criatura já cavou outro buraco! Já o tirara de vinte buracos, mas depois tenho que começar de novo. O pecador convicto usa todo tipo de argumento para provar que não pode ser salvo. As invenções do desespero são tantas quanto os estrata-gemas da autoconfiança.


Não há como deixar a luz entrar no porão escuro da dúvida, a não ser pela janela da Palavra de Deus. Nas Escrituras há um bálsamo para cada ferida, um ungüento para cada machucado. Ah, o poder maravilhoso da Bíblia para criar uma alma de esperança nas costelas do desespero e levar luz eterna para as trevas que fizeram uma longa noite no íntimo da alma! Com freqüência, experimentamos a Palavra do Senhor como "cálice da consolação" (Jr 16.7), e ela nunca deixou de alegrar o desconsolado. Sabemos sobre o que falamos, pois testemu-nhamos os fatos abençoados: as Escrituras da verdade, aplicadas pelo Espírito Santo, têm trazido paz e alegria àqueles que se sentavam no escuro e no vale da sombra da morte.


Também observamos a excelência da Palavra na edificação de crentes e na produção de justiça, santidade e benefício. Hoje, sempre nos falam sobre o lado "ético" do evangelho. Tenho pena daqueles para quem isso é novidade. Não descobriram isso antes? Sempre estivemos lidando com a ética do evangelho; na verdade, ele é inteiramente ético. Não há doutrina verdadeira que não tenha sido abundante em boas obras. Payson, com sabedoria, disse: "Se há um fato, uma doutrina ou promessa na Bíblia que não produziu nenhum efeito prático em seu temperamento ou conduta, tenha certeza de que você não creu sinceramente". Todo ensino bíblico tem um objetivo e um resultado prático; e o que temos a dizer, não como matéria de descoberta, mas como assunto de simples senso comum, é o seguinte: se temos tido menos frutos do que desejaríamos com a árvore, suspeitamos que não haverá nenhum fruto quando a árvore não estiver mais ali e as raízes já tiverem sido arrancadas. A própria raiz da santidade está no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e removê-la, visando mais frutos, seria a maior insensatez.


Já vimos as doutrinas da graça produzirem excelente moralidade, séria integridade, delicada pureza, e, mais ainda, devota santidade. Vemos consagração na vida, calma resignação na hora do sofrimento, alegre confiança no que se refere à morte, e todas essas coisas, não em poucos casos, em geral, são resultado da fé inteligente nos ensinos das Escrituras. Maravilhamo-nos mesmo com os sagrados efeitos do velho evangelho. Embora acostumados a ver isso com freqüência, isso nunca perde seu encanto. Já vimos pobres homens e mulheres se entregando a Cristo e vivendo por ele de uma forma que faz nosso coração se curvar em adoração ao Deus da graça. E dizemos: "Apenas o evangelho verdadeiro este que pode produzir vidas como essas". Se não falamos tanto em ética como alguns, lembramos um velho conceito do povo do campo: "Vá a tal lugar para ouvir falar de boas obras, mas vá a outro lugar para vê-las". Muita fala, poucas obras. Muito barulho é sinal de pouca lã.


Alguns têm pregado boas obras até que dificilmente sobre uma pessoa decente na igreja, enquanto outros pregam a graça e amor vicário de tal modo que pecadores se tornam santos, e santos se tornam galhos carregados de frutos para o louvor e a glória de Deus. Em vista da colheita que vem de nossa semente não vamos mudá-la de acordo com os ditames desta era cheia de caprichos.


Vimos e testamos a eficácia da Palavra de Deus, em especial, quando estamos junto ao leito de doentes. Há poucos dias, estive ao lado de um de nossos presbíteros que parecia estar morrendo e conversar com ele foi como estar no céu aqui na terra. Nunca vi tanta alegria em um casamento como vi naquele calmo aposento. Ele esperava estar logo com Jesus e estava cheio de alegria com a expectativa. Ele disse: "Não tenho nenhuma dúvida, nenhuma sombra, nenhuma dificuldade, nenhuma falta; não, nem mesmo tenho nenhum desejo. A doutrina que você me ensinou serviu para eu viver de acordo com ela e agora, para morrer de acordo com ela. Descanso no precioso sangue de Cristo e isso é um firme fundamento". E acrescentou: "Como me parecem tolas agora todas aquelas palavras contra o evangelho! Li algumas delas e vi os ataques contra a velha fé, mas elas me parecem bastante absurdas agora que estou à beira da eternidade. O que a nova doutrina poderia fazer por mim agora?"


Terminei minha entrevista bastante fortalecido e alegre pelo testemunho do bom homem, fiquei pessoalmente mais confortado, porque foi a Palavra que eu mesmo pregara constantemente que trouxera tão grande bênção para meu amigo. Senti que a Palavra em si devia ser mesmo boa já que Deus a reconhecera, mesmo vindo de tão pobre instrumento. Não fico tão feliz em meio a gritos de jovens se divertindo como no dia em que ouvi o testemunho moribundo de quem descansa no evangelho eterno da graça de Deus. O resultado final, como se vê em um leito de morte, é um teste verdadeiro e inevitável. Preguem o que pode capacitar os homens para enfrentar a morte sem medo e pregarão apenas o velho evangelho. Irmãos, vestiremos o que Deus nos supriu no arsenal da Escritura inspirada, porque testou-se e comprovou-se de muitas formas cada arma dela e nunca qualquer parte de nossa panóplia nos falhou.


Além disso, sempre nos conservaremos perto da Palavra de Deus, porque temos a experiência de seu poder em nós mesmos. Não faz tanto tempo a ponto de você se ter esquecido o modo que, como martelo, a Palavra de Deus quebrou seu coração duro, empedernido e derrubou sua vontade obstinada. Pela Palavra do Senhor, você foi trazido à cruz e consolado pela expiação. Essa Palavra soprou em você uma nova vida e quando, pela primeira vez, reconheceu ser filho de Deus, você sentiu o poder enobrecedor do evangelho recebido pela fé. O Espírito Santo operou sua salvação por meio da Santa Escritura. Tenho certeza que você traça sua conversão até a Palavra do Senhor; pois só ela é "perfeita, e revigora a alma".


Não importa quem foi o homem que falou ou o livro em que leu, não foi a palavra nem o pensamento do homem a respeito da Palavra de Deus, mas a Palavra em si fez com que você conhecesse a salvação no Senhor Jesus. Não foi lógica humana, nem força de eloqüência, nem poder de persuasão moral, e sim a onipotência do Espírito, aplicando a Palavra em você que lhe deu descanso, e paz, e alegria em crer. Nós mesmos somos troféus do poder da espada do Espírito; e ele nos dirige, os cativos voluntários de sua graça, em triunfo em todo lugar. Que nenhum homem se admire por nos atermos a ela.


Quantas vezes, desde sua conversão, a Escritura Sagrada tem sido tudo para você! Imagino que você teve seus ataques de desânimo: você não foi restaurado pelo precioso alimento da promessa do Deus Fiel? Um texto da Escritura acolhido no coração rapidamente desperta o débil coração. Os homens falam de líquidos que reavivam os espíritos, e de tônicos que fortificam o físico; mas, vezes sem-fim, a Palavra de Deus tem sido mais do que isso para nós. A Palavra do Senhor nos preserva em meio a cruciantes e fortes tentações e ferozes e amargas provações. Em meio a desalentos, que diminuem nossa esperança, e desapontamentos, que ferem nosso coração, sentimo-nos fortes para fazer e suportar, porque as garantias de socorro que encontramos na Bíblia nos nutrem com energia secreta, invencível.


Irmãos, temos tido experiência da elevação que a Palavra de Deus pode dar--elevação em direção a Deus e ao céu. Se você estuda livros que se opõe àquele inspirado, será que não está consciente de que isso leva ao declínio? Conheci algumas pessoas para as quais tal leitura tem sido como um vapor pestilento, cercando-os com o frio da morte. Além disso, acrescente-se que deixar de ler a Bíblia, mesmo para fazer um estudo minucioso de bons livros, em pouco tempo acarreta um abatimento consciente da alma. Você ainda não descobriu que mesmos livros agradáveis podem ser como uma planície sobre a qual olha para baixo, em vez de aspirar ao cume? Há muito tempo você ultrapassou o nível deles e ao lê-los não chegará mais alto: é inútil gastar um tempo precioso debruçado sobre eles. Será que foi sempre assim com você e o Livro de Deus? Alguma vez, você se levantou acima do mais simples ensinamento dele, e sentiu que ele tinha a tendência de levá-lo ao declínio? Nunca! À medida que sua mente se torna saturada com a Santa Escritura, você fica consciente de ser imediatamente elevado e conduzido para cima, como se estivesse sobre asas de águias.


Poucas vezes você desce de uma leitura solitária da Bíblia sem sentir que se aproximou de Deus. Digo solitária, pois o perigo de ler com outras pessoas é que os comentários sem interesse possam ser como moscas no pote de ungüento. O estudo da Palavra com oração não é apenas um meio de instrução, mas também um ato de devoção no qual o poder transformador da graça é muitas vezes exercido, nos mudando à imagem daquele em quem a Palavra é espelhada. Por fim, será que há algo que seja como a Palavra de Deus quando livros abertos encontram corações abertos? Quando leio sobre as vidas de homens tais como Baxter, Brainerd, McCheyne e muitos outros, eu me sinto como alguém que se banhou em algum riacho fresco depois de ter feito uma viagem através de um campo árido que o deixou empoeirado e deprimido; e isso é resultado do fato de que tais homens incorporaram a Bíblia em suas vidas e a ilustraram em sua experiência.


O lavar-se pela Palavra foi o que eles tiveram, e é o que nós precisamos. Precisamos obter isso no lugar em que eles o encontraram. Ver os efeitos da verdade de Deus nas vidas de homens santos confirma a fé e estimula a aspiração santa. Não há outras influências que nos ajudem a chegar a tão sublime ideal de consagração. Se você ler os livros babilônicos de hoje, alcançará o espírito deles, e é um espírito estranho que o desviará do Senhor seu Deus. Você também pode sofrer grande dano com sacerdotes que têm a pretensão de falar o dialeto de Jerusalém, mas metade de sua mensagem é de Asdode: eles confundirão sua mente e profanarão sua fé. Pode acontecer que um livro que em seu todo seja excelente, com poucas máculas, possa lhe fazer mais mal do que um completamente mau. Cuide-se, obras dessa natureza são lançadas como nuvens de gafanhotos.


Quase não se pode achar nesses dias um livro que seja inteiramente isento do levedo moderno, e a menor partícula dele fermenta até produzir o erro mais insano. Ao ler livros da nova ordem, embora possa não aparecer nenhuma mentira palpável, você fica consciente de estar recebendo uma distorção e um declínio no tom de seu espírito, portanto, esteja alerta. Mas com a Bíblia você sempre pode estar descansado; ali todo sopro de cada direção traz vida e saúde. Se você se conserva próximo do livro inspirado, não sofrerá mal algum; ao contrário, estará no manancial de todo bem moral e espiritual. Isso é alimento adequado para homens de Deus: é o pão que nutre a vida mais elevada.


Depois de pregar o evangelho durante quarenta anos, e imprimir os sermões que preguei durante mais de trinta e seis anos, chegando agora a 2200 sermões, feitos em semanas sucessivas, ganhei o direito de falar sobre a superabundância e riqueza da Bíblia como o livro do pastor. Irmãos, ela é inesgotável. Se permanecermos junto ao livro sagrado não teremos nenhum problema de frescor nos textos. Não há dificuldade alguma para encontrar temas totalmente distintos daqueles que tratamos antes; a variedade é tão infinita quanto a plenitude. Uma longa vida será suficiente apenas para margear as costas desse imenso continente de luz. Em meus quarenta anos de ministério só toquei a orla da veste da verdade divina, mas quanta verdade fluiu dela! A Palavra é como seu Autor, infinita, imensurável, sem-fim. Se você fosse ordenado para ser pregador ao longo da eternidade, teria diante de si um tema à altura das demandas eternas.


Irmãos, será que em alguma parte entre os corpos celestes cada um de nós terá um púlpito? Teremos uma igreja de milhões de léguas? Teremos vozes tão fortalecidas a ponto de alcançar constelações atentas? Seremos testemunhas para o Senhor da graça a miríades de mundos que ficarão atônitos e maravilhados ao ouvir sobre o Deus encarnado? Estaremos rodeados por inteligências puras perguntando sobre o mistério do Deus manifesto na carne e tentando entendê-lo? Os mundos não caídos desejarão ser instruídos no glorioso evangelho do Deus abençoado? E cada um de nós terá uma história pessoal para narrar nossa experiência de amor infinito? Acho que sim, visto que o Senhor nos salvou para "que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais" (Ef 3.10). Se tal é o caso, nossas Bíblias serão suficientes ao longo de eras futuras para prover novos temas a cada manhã, e cantos e mensagens novas por eras sem-fim.


Estamos resolvidos, portanto, visto que temos esse arsenal vindo do Senhor e que não queremos nenhum outro, a usar somente a Palavra de Deus, e usá-la com grande energia. Estamos resolvidos--e espero que não haja discordância entre nós--a conhecer melhor nossas Bíblias. Será que conhecemos o volume sagrado tão bem, pelo menos metade de como deveríamos conhecer? Temos trabalhado para ter um conheci-mento tão completo da Palavra de Deus, como muitos críticos têm conseguido de seu escritor clássico favorito? É possível que ainda nos deparemos com passagens da Bíblia que são novas para nós? Isso devia acontecer? Há qualquer passagem do que o Senhor escreveu que você nunca leu? Foi interessante a observação do meu irmão, Archibald Brown. Ele se impressionou com a constatação de que a não ser que lesse toda a Bíblia, de ponta a ponta, poderia haver ensinos inspirados que nunca conheceria, portanto, resolveu ler os livros na ordem em que são apresentados; e, depois de ler uma vez, ele continuou com o hábito. Será que qualquer um de nós deixou de fazer isso? Vamos começar imediatamente.


Amo ver com que prontidão alguns de nossos irmãos apresentam uma passagem apropriada, depois citam outra semelhante e coroam tudo com uma terceira. Parecem conhecer exatamente o texto que acerta em cheio. Eles têm suas Bíblias, não só em seus corações, mas na ponta dos dedos. Esse é um conhecimento muito valioso para o ministro. Um bom textualista é um bom teólogo. Alguns outros, que estimo por outras coisas, ainda são fracos nesse ponto e raramente citam um texto da Escritura corretamente; na verdade, fazem alterações que ferem o ouvido do leitor da Bíblia. Infelizmente, é comum que ministros acrescentem ou suprimam uma palavra da passagem, ou de alguma forma desvalorizem a linguagem do relato sagrado. Ouço, com freqüência, irmãos falarem sobre garantir "seu chamado e salvação"! Provavelmente, não se deleitaram tanto quanto nós com a palavra calvinista "eleição" e, por essa razão, deduzem seu significado; mais ainda, em alguns casos o contradizem.


Nossa reverência pelo grande Autor das Escrituras deveria proibir qualquer dilaceração de suas palavras. Nenhuma alteração da Escritura pode de forma alguma melhorá-la. Os crentes, em relação à inspiração, devem ser muito cuidadosos para ser verbalmente corretos. Os senhores que vêem erros na Escritura podem se achar competentes para consertar a linguagem do Senhor dos exércitos, mas nós que cremos em Deus e aceitamos as palavras específicas que ele usa, não podemos ousar fazer isso. Citemos as palavras como estão em sua melhor versão, melhor ainda seria saber o original e corrigir quando nossa versão não dá o sentido correto. Quanto dano poderá surgir da alteração acidental da Palavra! Abençoados aqueles que estão de acordo com o ensino divino e recebem seu sentido verdadeiro, conforme o Espírito Santo os ensina! Ah, que possamos conhecer totalmente o Espírito da Santa Bíblia, bebendo-o até que estejamos impregnados dele! Essa é a bênção que queremos alcançar.


Crer mais intensamente na Palavra de Deus

Pela graça de Deus firmamos o propósito de crer mais intensamente na Palavra de Deus. Há crença, e crenças. Você crê em todos seus irmãos aqui reunidos, mas em alguns deles tem uma confiança real visto que em uma hora de dificuldade, eles o ajudaram e provaram ser irmãos nascidos para a adversidade. Você tem certeza absoluta que pode confiar nestes, pois os testou pessoalmente. Você tinha fé antes, mas agora sente uma confiança superior, mais firme, mais segura. Creia no livro que foi inspirado do início ao fim. Creia em todo ele, completamente, com todas as forças de seu ser. Deixe que as verdades da Escritura se tornem os principais elementos de sua vida, as principais forças operantes em sua ação. Que os grandes relatos da história do evangelho sejam fatos tão reais e práticos como qualquer outro que encontra no ambiente doméstico ou no mundo lá fora, verdades tão vívidas quanto seu corpo presente, com suas dores e sofrimentos, seus apetites e alegrias. Se pudermos deixar a esfera de ficção e imaginação e entrar no mundo real, encontraremos um veio de poder que nos trará um grande tesouro de fortaleza. Assim, tornar-se "poderoso na Escritura" significa se tornar "poderoso por meio de Deus".

 


Citar mais a Bíblia Sagrada

Também devemos decidir que vamos citar mais a Bíblia Sagrada. Os sermões devem estar cheios da Bíblia; adoçados, fortalecidos e santificados com a essência da Bíblia. A espécie de sermões que as pessoas precisam ouvir são os que brotam da Bíblia. Se não gostam de ouvi-los, essa é mais uma razão pela qual devem ser pregados para eles. O evangelho tem a singular faculdade de criar o gosto por ele. As pessoas que ouvem a Bíblia de verdade tornam-se amantes da Bíblia. A mera apresentação de textos em conjunto é uma maneira infeliz de fazer sermões; embora alguns o tenham tentado, e não duvido que Deus os tenha abençoado, uma vez que fizeram seu melhor. É muito melhor apresentar os textos, do que despejar os medíocres pensamentos pessoais em uma torrente estéril. Pelo menos, haverá algo sobre o que se pensar e para lembrar se a Palavra Santa for citada; caso contrário, pode não haver nada.


Contudo, os textos bíblicos não precisam ser apresentados em conjunto, eles devem ser apresentados de maneira adequada para trazer agudeza e sentido à mensagem. Eles são a força do sermão. Nossas palavras são meras bolinhas de papel se comparadas com o tiro de canhão da Palavra. A Escritura é a conclusão de tudo. Não há argumento depois que sabemos que "está escrito". Para a maioria dos ouvintes, no coração e na consciência, o debate está terminado quando o Senhor fala. "Assim diz o SENHOR" é o fim de qualquer discussão para os cristãos; mesmo os iníquos não podem resistir à Escritura sem resistir ao Espírito que a escreveu. Para ser convincentes devemos falar biblicamente.


Pregar apenas a Palavra de Deus

Também estamos resolvidos a pregar apenas a Palavra de Deus. Em grande parte, a alienação das massas ao ouvir o evangelho se explica pelo triste fato de que nem sempre é o evangelho que ouvem quando se dirigem aos lugares de culto, e tudo o mais fracassa em fornecer o que suas almas precisam. Será que você nunca ouviu falar de um rei que fez uma série de grandes banquetes e convidou muitas pessoas, semana após semana? Ele tinha um bom número de servos encarregados de servir sua mesa; e, nos dias marcados, estes saíram e falaram com as pessoas. Mas, de alguma forma, depois de um tempo a maior parte das pessoas não vinha às festas. O número de convidados que comparecia era decrescente; a grande massa de cidadãos dava as costas aos banquetes. O rei indagou e descobriu que o alimento providenciado não parecia satisfazer os homens que vinham olhar os banquetes e, por isso, não vinham mais. Ele resolveu examinar pessoalmente as mesas e os alimentos servidos. Viu muita coisa fina e muitas peças expostas que não eram de seus armazéns. Olhou a comida e disse: "Mas o que é isso? Como esses pratos chegaram aqui? Não são do meu suprimento. Meus bois cevados foram mortos, mas não vejo carne de animais engordados, e sim carne dura de gado magro e faminto. Os ossos estão aqui, onde está a gordura e o tutano? O pão também é de má qualidade, onde está o meu que é feito do melhor trigo? O vinho está misturado com água, e a água não é de um poço limpo".


Um dos presentes respondeu: "Ó rei, achamos que o povo estaria farto de tutano e gordura, assim lhes demos osso e cartilagem para pôr seus dentes à prova. Achamos também que estariam cansados do melhor pão branco, por isso assamos uns poucos em nossas casas, nos quais deixamos o farelo e a casca dos cereais. É opinião dos doutos que nosso alimento é mais adequado a esses tempos do que aquele que vossa majestade prescreveu há tanto tempo. Em relação aos vinhos com borra, o gosto dos homens não é esse na época atual; além disso, um líquido tão transparente como a água pura é uma bebida leve demais para homens que estão acostumados a beber do rio do Egito, cujo gosto é do barro que vem das montanhas da Lua".


Assim, o rei entendeu porque as pessoas não vinham aos banquetes. Será que esse é o motivo pelo qual a casa de Deus tem se tornado tão desagradável para uma grande parcela da população? Creio que sim. Será que os servos do Senhor têm picado seus restos de miscelâneas e pequenas máculas para com isso fazer uma carne cozida para os milhões de fiéis, e, por isso, estes se afastam? Ouça o resto da minha parábola. O rei indignado exclamou: "Esvaziem as mesas! Joguem todo esse lixo para os cães. Tragam os barões da carne, mostrem minha comida real. Tirem essas bugigangas do salão e aquele pão adulterado da mesa e lancem fora a água do rio barrento". Eles fizeram como o rei mandou, e se minha parábola estiver certa, logo houve um rumor pelas ruas de que verdadeiras delícias reais eram oferecidas ali, o povo encheu o palácio e o nome do rei tornou-se de grande excelência por toda terra. Vamos experimentar esse plano. Quem sabe logo estaremos nos regozijando em ver o banquete do Mestre cheio de hóspedes.


A certeza de sua inspiração

Portanto, estamos resolvidos a usar mais plenamente o que Deus providenciou para nós neste Livro, pois temos certeza de sua inspiração. Deixe-me repetir. TEMOS CERTEZA DE SUA INSPIRAÇÃO. Note que, com freqüência, os ataques são contra sua inspiração verbal. A forma escolhida é mero pretexto. Inspiração verbal é a forma verbal do assalto, mas o ataque está realmente apontado à própria inspiração. Você não tem de ler muito do ensaio antes de descobrir que a pessoa que começou a contestar a teoria de inspiração, nunca aceita por nenhum de nós, por fim revela as cartas que tem na mão, e essas cartas travam guerra contra a própria inspiração. Aí está o verdadeiro ponto. Não damos muita importância para qualquer teoria de inspiração: na verdade, não temos nenhuma. Para nós, a plena inspiração verbal da Santa Escritura é fato, não hipótese. É uma pena teorizar sobre um assunto que é profundamente misterioso e exige fé, não imaginação. Creia na inspiração da Escritura, e creia da maneira mais intensa. Você não crerá em uma inspiração mais verdadeira e mais plena do que a que existe de fato. Ninguém pode errar nessa direção, mesmo que haja possibilidade de erro. Se você adotar teorias que tiram um pedacinho aqui, negam autoridade a uma passagem ali, no fim não restará nenhuma inspiração merecedora desse nome.


Esse Livro é infalível

Se esse livro não for infalível, onde vamos encontrar infalibilidade? Já desistimos do Papa, pois ele já errou muitas vezes e de maneira terrível; mas em seu lugar não estabeleceremos um bando de papazinhos saídos há pouco da universidade. Esses revisores das Escrituras são infalíveis? É certo dizer que nossas Bíblias não estão corretas, mas que seus críticos estão? A prata antiga deve ser depreciada, mas a prata alemã que a substitui deve ser aceita a preço de ouro. Moleques que acabam de ler o último romance lançado querem corrigir os conceitos de seus pais, homens de peso e caráter. Doutrinas que produziram a geração mais piedosa que viveu na face da terra são refutadas e desprezadas como pura tolice.


Nada é tão odioso para essas criaturas como o que cheira a puritanismo. O narizinho de cada um desses homens se empina celestialmente ao ouvir o som da palavra "puritano", embora seja verdade que se os puritanos estivessem aqui de novo, eles não ousariam tratá-los arrogantemente; pois quando estes lutavam, logo ficavam conhecidos como Ironsides, e seu líder dificilmente poderia ser chamado de tolo, mesmo por aqueles que o estigmatizavam como "tirano". Cromwell e seu seguidores não eram pessoas de mente fraca, não é mesmo? Estranho que tenham sido louvados às alturas pelos mesmos homens que menosprezam seus verdadeiros sucessores, crentes na mesma fé. Mas onde se encontra a infalibilidade? "O abismo diz: 'Em mim não está'" (Jó 28.14), contudo aqueles que não têm nenhuma profundidade querem que imaginemos que está neles ou esperam encontrá-la por meio da mudança perpétua.


Devemos crer agora que os eruditos possuem a infalibilidade? Ora, fazendeiro Smith, amanhã cedo, depois de ler sua Bíblia e se deleitar com suas promessas preciosas, você deve descer a rua para perguntar ao homem de erudição, lá na casa pastoral, se essa porção da Bíblia pertence à parte inspirada da Palavra ou se é de fonte duvidosa. É bom você saber se foi escrita pelo Isaías original ou pelo segundo dos "dois Obadias". Toda possibilidade de certeza é transferida do homem espiritual para uma classe de pessoas cuja erudição é pretensiosa e nem mesmo simula espiritualidade.


Aos poucos ficamos tão cheios de dúvidas e críticas, que apenas uns poucos, mais profundos, saberão o que é ou não Bíblia e determinarão todo o resto para nós. Não tenho fé na misericórdia deles nem em sua precisão teórica: eles nos tirarão tudo que estimamos como mais precioso e orgulhar-se-ão desse ato cruel. Não suportaremos esse reinado de terror, pois ainda cremos que Deus se revela a inocentes bebês mais do que aos doutos e prudentes, além de estarmos plenamente confiantes de que nossa versão das Escrituras é suficiente para homens simples em todos os propósitos de vida, e de salvação e de religiosidade. Não desprezamos o saber, mas nunca diremos sobre a cultura ou a crítica: "Eis aí os seus deuses, ó Israel!" (Êx 32.4).


Você percebe por que os homens querem diminuir o grau de inspiração da Escritura Sagrada a uma quantidade infinitesimal? Porque para eles a verdade de Deus deve ser suplantada. Se você for a uma loja à noite para comprar alguns itens que dependem da cor e da textura, não seria melhor julgá-las à luz do dia? E, quando você entrar, se o comerciante diminui o lume ou tira o lampião, e depois lhe mostra a mercadoria, você fica desconfiado e conclui que ele quer lhe vender um artigo inferior. Tenho mais do que suspeita de que esse é o joguinho dos depreciadores da inspiração bíblica. Sempre que uma pessoa começa a baixar a visão que você tem sobre a inspiração, ela tem uma segunda intenção, um truque que não pode ser feito na claridade. Ele alega ser uma sessão de espíritos maus e pede: "Diminuam a luz". Nós, irmãos, estamos dispostos a atribuir à Palavra de Deus toda a inspiração que lhe possa ser atribuída e, corajosamente, dizemos que se nossa pregação não está de acordo com essa Palavra é por que não há luz nenhuma em nossa pregação. Queremos ser experimentados e testados por isso de todas as maneiras e contamos com os mais nobres de nossos ouvintes, aqueles que examinam as Escrituras diariamente, para ver se as coisas são assim, mas não nos sujeitamos nem por um momento àqueles que depreciam a inspiração.

 

Ouço alguém dizer: "Mas você precisa se sujeitar às conclusões da ciência, não é?". Ninguém está mais pronto do que nós para aceitar os fatos evidentes da ciência. Mas o que você quer dizer com ciência? Essa coisa chamada "ciência" é infalível? Será que o nome ciência não é utilizado de forma enganosa? A história da ignorância humana que se denomina a si mesma "filosofia" é absolutamente idêntica à história dos tolos, exceto quando se desvia para loucura. Se outro Erasmo surgisse e escrevesse a história da tolice, ele deveria dedicar vários capítulos à filosofia e à ciência, e esses capítulos seriam mais reveladores do que quaisquer outros. Eu mesmo não ouso dizer que, no geral, os filósofos e cientistas são tolos; mas permitiria que falassem uns dos outros, e no fim eu diria: "Senhores, vocês são menos elogiosos um em relação ao outro do que eu teria sido".

 

Deixaria os sábios de cada geração falarem da geração que os antecedeu, ou hoje cada metade de uma geração poderia falar da meia-geração anterior, pois pouca teoria da ciência de hoje sobreviverá por vinte anos e menos ainda verá o século XX. Agora viajamos em tão rápida velocidade que passamos por conjuntos de hipóteses científicas tão depressa como passamos por postes de telégrafo quando viajamos em um trem expresso. Tudo de que estamos certos hoje é o seguinte: aquilo de que os doutos tinham certeza há poucos anos está agora jogado no limbo do esquecimento de erros descartados. Eu creio na ciência, mas não naquilo que é chamado "ciência". Nenhum fato provado na natureza é oposto à revelação. Não podemos reconciliar com a Bíblia as bonitas especulações dos pretensiosos, e não o faríamos se pudéssemos.


Sinto-me como o homem que disse: "Posso entender em algum grau como esses grandes homens descobriram o peso das estrelas, a distância que têm uma da outra e até como, pelo espectroscópio, descobriram de que materiais são compostas; mas não posso adivinhar como descobriram seus nomes". Apenas isso. A parte fantasiosa da ciência, tão valorizada por tantos, é o que não aceitamos. Essa é a parte importante para muitos--aquela parte que é mera adivinhação, pela qual lutam com unhas e dentes. A mitologia da ciência é tão falsa como a dos pagãos, mas é assim que se faz um deus. Repito, os fatos da ciência nunca estão em conflito com as verdades da Sagrada Escritura, mas as deduções extraídas desses fatos e as invenções classificadas como fatos são opostas à Escritura, e isso por que necessariamente o que é mentira não concorda com a verdade.


Dois tipos de indivíduos têm forjado grande dano, contudo, nenhum desses deve ser considerado como juiz no assunto: ambos são desqualificados. É essencial que um juiz conheça os dois lados da questão, e nenhum destes tem esse conhecimento. O primeiro é o cientista sem religião. O que ele sabe sobre religião? O que pode saber? Ele está fora de lugar quando a pergunta é: a ciência concorda com a religião? Obviamente, aquele que pode responder essa pergunta precisa conhecer os dois lados da questão. O segundo é um homem melhor, mas capaz de causar mais dano ainda. Refiro-me ao cristão não-cientista que se preocupará em conciliar a Bíblia com a ciência. É melhor que ele deixe isso de lado e não comece seu conserto. O erro foi cometido por homens que ao tentar resolver uma dificuldade distorceram a Bíblia ou a ciência. Essa solução logo foi considerada errônea, e depois ouvimos os clamores de que a Escritura foi derrotada.


Nada disso; de forma alguma. Isso não passa de um comentário inútil que foi removido como um verniz inútil. Eis aí, um bom irmão escreve um tremendo livro para provar que os seis dias da criação representam seis grandes períodos geológicos e mostra como as camadas geológicas, e os organismos delas, seguem a ordem da história da criação de Gênesis. Pode ser assim ou não, mas se depois de pouco tempo qualquer pessoa mostrar que as camadas não estão em tal ordem, qual seria minha resposta? Eu diria que a Bíblia nunca ensinou que estão nessa ordem. A Bíblia diz: "No princípio Deus criou os céus e a terra" (Gn 1.1). Isso deixa qualquer espaço de tempo para as eras de fogo e períodos de gelo e tudo isso antes do estabelecimento da presente era do homem.


Depois, chegamos aos seis dias em que o Senhor fez os céus e a terra e descansou no sétimo. Nada é dito sobre longos períodos de tempo, ao contrário, "a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia" (Gn 1.5), e "a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia" (Gn 1.8); e assim por diante. Não apresento nenhuma teoria, simplesmente digo que se o grande livro de nosso amigo é todo lorota, a Bíblia não é responsável por isso. É verdade que sua teoria parece ter suporte no paralelismo que descobre entre a vida orgânica das eras e aquela dos sete dias, mas isso pode ser explicado pelo fato de que Deus geralmente segue uma certa ordem, quer opere em longos quer em curtos períodos. Não sei e não me importo tanto com a questão; mas devo dizer, se você derruba uma explicação não pode imaginar que prejudicou a verdade bíblica, que lhe pareceu exigir uma explicação: você só queimou as estacas de madeira, com as quais homens bem intencionados pensavam proteger um forte invencível que não precisava de tal defesa.


No geral, é melhor deixarmos a dificuldade como está, em vez de criar outra dificuldade com nossa teoria. Por que fazer um segundo furo na chaleira para remendar o primeiro? Especialmente, quando o primeiro furo não está lá e não precisa de nenhum remendo. Creia, não há muita coisa provada na ciência. Não precisa temer que sua fé seja sobrecarregada. Assim, creia em tudo que está dito claramente na Palavra de Deus, quer seja provada por evidência exterior quer não. Nenhuma prova é necessária quando Deus fala. Se ele o disse, isso é prova suficiente.


Mas nos ensinam que devemos desistir de parte de nossa teologia antiquada para salvar o restante. Viajamos em uma carruagem pelas estepes da Rússia. Os cavalos são impulsionados furiosamente, mas os lobos se aproximam! Você não vê seus olhos de fogo? O perigo é iminente. O que fazer? Propõe-se que joguemos uma criança ou duas. Até que comam a criança, já teremos ganhado um pouco de distância, mas o que faremos se nos alcançarem de novo? Ora, bravo homem, jogue fora sua esposa! 'O homem dará tudo que tem por sua vida'; lance fora quase toda a verdade na esperança de salvar uma. Jogue fora a inspiração, e deixe que os críticos a devorem. Jogue fora a eleição e todo o velho calvinismo; faremos uma festa caprichada para os lobos, e os senhores que sagazmente nos aconselharam ficarão felizes ao ver as doutrinas da graça arrancadas uma por uma. Lance fora a depravação natural, o castigo eterno e a eficácia da oração. A carruagem ficou bem leve. Agora, mais uma coisa para jogar fora. Imole o grande sacrifício! Acabe com a expiação!


Irmãos, esse conselho é vil, assassino; escaparemos desses lobos com tudo ou estaremos perdidos com tudo. Deve ser "a verdade, toda a verdade e nada além da verdade", ou nada. Nunca tentaremos salvar metade da verdade, lançando fora qualquer parte dela. O "sábio" conselho que nos foi dado envolve trair Deus e desapontar a nós mesmos. Ficaremos firmes, ou tudo ou nada. Dizem que se desistirmos de alguma coisa, os adversários também desistirão de algo, mas não nos importa o que eles farão, pois não temos nem um pouco de medo deles. Eles não são os conquistadores imperiais que pensam ser. Não exigimos clemência pela insignificância deles.


Temos o pensamento do guerreiro a quem ofereceram presentes para comprá-lo e a quem disseram que se aceitasse tanto ouro ou território, ele poderia voltar para casa em triunfo e se gloriar no ganho fácil. Mas ele disse: "Os gregos não dão valor a concessões. Encontram glória não em presentes, mas em espólio". Com a espada do Espírito manteremos toda a verdade como nossa e não aceitaremos parte dela como concessão dos inimigos de Deus. Manteremos a verdade de Deus como a verdade de Deus, e não a reteremos por que a mente filosófica permite fazer isso. Se os cientistas concordam que creiamos em uma parte da Bíblia, não os agradeceremos por nada: já cremos nela quer queiram quer não. O consentimento deles não tem mais conseqüência para nossa fé que a permissão de um francês para que um inglês defenda Londres, ou que o consentimento da toupeira para que a águia tenha uma visão perspicaz. Deus estando conosco, não cessaremos esse gloriar, manteremos toda a verdade revelada até o fim.


Mas agora, irmãos, apesar de manter essa primeira parte de meu tema, talvez longa demais, eu lhes digo que crendo nisso, aceitamos a obrigação de pregar tudo que está na Palavra de Deus até onde vemos. Não queremos esquecer voluntaria-mente qualquer porção da revelação de Deus, pois queremos poder dizer no final: "Não deixamos de lhes transmitir todo conselho de Deus". Que mal pode haver em se deixar de fora qualquer porção da verdade ou acrescentar um elemento alheio a ela! Todos os homens bons concordarão quando digo que a adição do batismo infantil à Palavra de Deus--, pois certamente não está lá--é um perigo. Regeneração batismal anda nos ombros do pedobatismo. Agora falo do que conheço.


Tenho recebido cartas de missionários, não-batistas, mas weslianos e congregacionais que me têm dito: "Depois que estive aqui (não mencionarei as localidades para não pôr os bons homens em dificuldades) encontramos um grupo de pessoas, filhos de ex-convertidos, que foram batizados e, por isso, são chamados de cristãos; mas não são nem um pouquinho melhores do que os pagãos a sua volta. Parecem pensar que são cristãos por causa de seu batismo, mas, ao mesmo tempo, sendo considerados cristãos pelos pagãos, sua vida má é escândalo perpétuo e uma terrível pedra de tropeço". Em muitos casos, isso deve ser verdade. Uso o fato apenas como ilustração.


Mas supondo que seja algum outro erro inventado ou alguma grande verdade negligenciada, acabará por produzir o mal. No caso das terríveis verdades que conhecemos como "o terror do SENHOR" (2Cr 14.14), sua omissão produz os mais tristes resultados. Um homem bom que não aceitamos que esteja ministrando exatamente a verdade sobre esse assunto sério, não obstante, tem muito fielmente escrito para os jornais repetidas vezes, dizendo que a grande fraqueza do púlpito moderno é ignorar a justiça de Deus e o castigo do pecado. Seu testemunho é verdadeiro, e o mal que ele aponta é incalculavelmente grande. Não se pode omitir essa parte da verdade que é tão obscura e solene, sem enfraquecer a força de todas as outras verdades que pregamos. Você rouba o brilho e a importância premente das verdades que tratam da salvação da ira vindoura.


Irmãos, não omitam nada. Tenham ousadia suficiente para pregar a verdade indigesta e impopular. O mal que fazemos acrescentando ou tirando da Palavra do Senhor pode não acontecer em nossos dias; mas se chegar à maturidade em outra geração seremos igualmente culpados. Não duvido que, mais tarde, a omissão de certas verdades pela igreja primitiva levou a sério erro, enquanto certas adições na forma de ritos e cerimônias, que pareceram bastante inocentes em si, levaram ao ritualismo e depois à grande apostasia do romanismo! Tenham muito cuidado. Não passem uma polegada além da linha da Escritura, e não fiquem uma polegada aquém dela.


Conservem-se na linha reta da Palavra de Deus, até onde o Espírito Santo lhe ensinou e não retenham nada que ele lhe tenha revelado. Não seja tão ousado a ponto de abolir as duas ordenanças que o Senhor Jesus estabeleceu, embora alguns tenham se aventurado nessa grave presunção; nem exagere aquelas ordenanças em canais inevitáveis de graça, como supersticiosamente outros têm feito. Mantenha-se na revelação do Espírito. Lembre-se, você terá que prestar contas e não será com alegria se tiver brincado falsamente com a verdade de Deus. Lembre a história de Gilipo, a quem Lisandro confiou sacos de ouro para levar às autoridades da cidade. Os sacos estavam amarrados e lacrados, Gilipo achou que se cortasse a parte de baixo dos sacos poderia tirar uma parte das moedas, depois costurar o fundo de novo, assim os lacres não seriam quebrados e ninguém suspeitaria que o ouro fora tirado. Para seu horror e surpresa, havia um papel em cada saco declarando quanto deveria conter, e assim ele foi descoberto.


A Palavra de Deus tem cláusulas auto-verificadoras, de modo que você não pode sumir com uma parte dela, sem que o restante do texto o acuse e sentencie. Como você responderá "naquele dia" se tiver acrescentado ou tirado da Palavra do Senhor? Não estou aqui para decidir o que você deve considerar ser a verdade de Deus; mas seja o que você julgar que seja, pregue-a toda, definitiva e claramente. Se formos igualmente honestos, diretos, e tementes a Deus, não devemos discordar em muita coisa. O caminho para alcançar a paz não é o da ocultação de convicções, e sim o da expressão honesta delas no poder do Espírito Santo.


Pregar tudo que está na Palavra de Deus, de modo definido e distinto

Mais uma palavra. Aceitamos a obrigação de pregar tudo que está na Palavra de Deus, de modo definido e distinto. Será que não há muitas pessoas que pregam sem significado claro, manuseando a Palavra de Deus de maneira enganosa? Você freqüenta o ministério deles durante anos e não sabe no que crêem. Ouvi falar de certo pastor cauteloso, a quem um ouvinte perguntou: "Qual é sua visão da expiação?". E ele respondeu: "Meu caro senhor, justamente isso, eu nunca contei a ninguém, e não vou dizer agora". Essa é uma estranha condição moral para a mente de um pregador do evangelho. Temo que ele não seja o único que tem esse tipo de relutância. Dizem que eles consomem sua própria fumaça, isto é, guardam suas dúvidas para o consumo caseiro. Muitos não ousam dizer no púlpito o que dizem sub rosâ (em particular) em uma reunião particular de pastores. Isso é honesto?


Temo que aconteça com alguns o mesmo que se deu com um professor de uma cidade do sul dos Estados Unidos. Um grande professor negro antigo, Jasper, ensinara seus alunos que o mundo é plano como uma panqueca, e que o sol o circula todos os dias. Não tivemos essa parte de seu ensino, mas certas pessoas sim, e um deles foi com seu filho até o professor e perguntou: "Você ensina às crianças que o mundo é redondo ou plano?". O professor cautelosamente respondeu: "Sim". O indagador ficou confuso, mas pediu uma resposta mais clara: "Você ensina seus alunos que o mundo é redondo ou que é plano?". A resposta do professor estado-unidense foi: "Isso depende da opinião dos pais". Desconfio que mesmo na Grã-Bretanha, em alguns poucos casos, muito depende da tendência do diácono principal, ou do contribuinte principal ou do jovem de ouro da congregação. Se isso acontece, o crime é repugnante.


Mas se por essa ou qualquer outra razão ensinamos com língua dissimulada, o resultado é extremamente prejudicial. Ouso citar aqui uma história que ouvi de um amado irmão. Um pedinte bateu à porta da casa de um pastor para conseguir dinheiro com ele. O bom homem não gostou muito da aparência do pedinte e lhe disse: "Eu não me interesso por seu caso e não vejo nenhuma razão especial por que você deva vir a mim". O pedinte respondeu: "Estou certo que você me ajudaria se soubesse que grande benefício tenho recebido de seu ministério abençoado". O pastor retrucou: "E qual foi?". O pedinte respondeu: "Ora, senhor, quando eu primeiro vim ouvi-lo não ligava nem para Deus nem para demônio, mas agora, sob seu abençoado ministério, passei a amar os dois". Que maravilha se por causa da fala volúvel de alguns homens, as pessoas viessem a amar tanto a verdade como a mentira! As pessoas dirão: "Gostamos dessa doutrina e da outra também". O fato é que gostariam de qualquer coisa caso um enganador esperto pusesse isso plausivelmente diante deles. Admirariam Moisés e Aarão, mas não diriam uma palavra contra Janes e Jambres.


Não nos uniremos à confederação que parece visar tal compreensão. Precisamos pregar o evangelho de modo tão distinto que as pessoas saibam o que estamos pregando. "Se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará para a batalha?" (1Co 14.8). Não confunda seu povo com falas duvidosas. Alguém disse: "Bem, eu tive uma idéia nova um dia desses. Não a expandi; joguei-a fora!". Essa é uma coisa boa para fazer com a maioria de suas idéias novas. Lance-as fora, sim, de qualquer maneira, mas veja onde você está quando o faz; porque se você lançá-las do púlpito, podem acertar alguém e ferir a fé da pessoa. Lance fora suas idéias, mas primeiro navegue sozinho em um barco por mais de um quilômetro mar adentro. Depois que você tiver jogado ali suas cruas bagatelas, deixe-as com os peixes.


Hoje, temos a nossa volta uma classe de homens que pregam Cristo e até o evangelho, mas depois eles pregam muitas outras coisas que não são verdade e assim destroem todo o bem que entregam e levam os homens ao erro. Eles querem ser classificados como "evangélicos" e, na verdade, são antievangélicos. Olhe bem para esses senhores. Ouvi dizer que uma raposa, quando acossada de perto pelos cães sabe fingir que é um deles e corre com a matilha. Isso é o que certos homens visam hoje: as raposas querem passar por cães. Mas no caso da raposa, seu cheiro forte a trai, e os cães logo a descobrem, do mesmo modo, o cheiro da doutrina falsa não é facilmente ocultado, e a presa não a segue por muito tempo. Há ministros que é difícil saber se são cães ou raposas; mas todos os homens devem saber de que espécie somos ao longo de nossa vida e não ter dúvida em relação àquilo que cremos e ensinamos. Não hesitemos em falar nas palavras mais robustas que possamos encontrar e nas sentenças mais claras que pudermos formar aquilo que mantemos como verdade fundamental.


Assim, disse tudo isso e ainda estou no primeiro tema, portanto, os outros dois precisam ocupar menos tempo, embora eu julgue que sejam de primeira importância.